Corte de Amores e Segredos...

By ledaisyy

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Quando duas irmãs se veem caçando para sobreviver, enquanto o resto de sua família apenas aproveita do dinhei... More

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prologue
two - the beast
three - she isn't human
four - your majesty
five - brother from another mother
six - high lord
seven - my real me
eight - they were fine
nine - violet eyes
ten - you're shine
eleven - what are you?
bonus - for her
twelve - back to the old house, or hell
thirteen - hello, did you miss me?
bonus - I lost
fourteen - they need us
fifteen - under the mountain
sixteen - all this for a riddle
seventeen - a deal, that's all
eighteen - sweet dream
nineteen - balls and wines
twenty - we were supposed to be dead
twenty one - no, one it's enough
twenty two - i can rest now
bonus - she is... was my sister
bonus - i felt her dying
bonus - she cannot go
epilogue
thanks
new book

one - the begin

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By ledaisyy

O Início

Mais um inverno em que eu e Feyre tínhamos que caçar.

Nós monitorávamos os limites dos arbustos havia uma hora, e meu ponto de vantagem na concavidade de um galho de árvore perdera a utilidade.

O vento forte soprava montes espessos de neve que varriam nossas pegadas, mas enterravam com elas qualquer sinal de possíveis pedras. A fome tinha nos levado mais longe de casa do que normalmente ousávamos, mas o inverno era uma época difícil. Os animais tinham se retirado, entrando mais profundamente no bosque do que poderíamos segui-los.

Feyre desde nova quis vir caçar, mesmo com minhas broncas e insistências para que não, ela era uma criança e eu jamais me perdoaria se qualquer coisa acontecesse a minha irmã. Quando a pobreza apareceu na nossa porta, passamos dias sem ter direito o que comer, eu mal sabia caçar e ainda tinha que me esconder de Feyre para que ela não me seguisse. Caçar a noite não era uma boa opção, mas se tornou a minha melhor arma. Aprendi e me esconder e me camuflar da melhor forma possível, abracei a escuridão como minha melhor amiga.

No final, minha irmã me ganhou pelo cansaço e eu me odiei por isso. De acordo com ela, se nosso pai – Feyre adorava incluir eu como filha dele – e nossas irmãs não me ajudavam, ela ajudaria.

⁛--------------⁙--------------⁛

— Não precisa fazer isso, Fey — falei enquanto sentia a pequena atrás de mim, me acompanhando até uma parte mais densa da floresta. — Não quero que tenha que ver isto.

— Me deixe te ajudar, Lay. Depois que papai ficou daquele jeito, duvido que faça algo. E Nestha e Elain... Bem, são Nestha e Elain — responde minha irmã, brincando com as folhas que estavam no chão.

Eu me perguntava como uma garotinha tão nova poderia saber tanto, observar tanto... Feyre havia tido que amadurecer rápido demais.

— E você só tem 14 anos! Se eles não podem fazer isso, você muito menos! Não quero estragar a visão que tem das coisas.

— Não vai estragar. Quero aprender! Sei subir em árvores, posso ficar em alguma e te alertar caso vir algo. E ainda consigo ver como você mexe no arco, ou com alguma dessas facas — ela diz apontando a mão para as facas que havia prendido em volta do meu corpo. Usaria elas apenas, e somente, se fosse necessário.

— Suba logo em alguma das árvores. E não saia de lá até eu chamar, entendido? Se achar que não aguenta feche os olhos e não venha mais comigo.

Pude notar um olhar de animação nela assim que subiu em uma das árvores.

Sabia que Feyre aguentaria, e sabia que ela voltaria no dia seguinte.

⁛--------------⁙--------------⁛

Lembro que conseguimos um dinheiro a mais com um pouco da carne e pele daquela caça. Não deixei as outras saberem, mas comprei alguns potes de tintas e pincéis para ela. Havíamos concordado em contar que achamos na rua, então como Feyre gostava muito de pintar e não aparentava não ter dono, pegamos e trouxemos para casa.

Sabia que havia pedido que ela mentisse, e que havia estragado um pouco da sua pureza com aquilo, mas saber que Elain e Nestha chorariam e implorariam pelo dinheiro – um dinheiro que elas nem mesmo se importavam em saber como eu havia conseguido, que a única importância era quantas roupas ou acessórios elas conseguiriam comprar – fez eu engolir a sensação de falha e continuar com a pequena mentira.

Feyre pintou qualquer canto possível da casa, e a cômoda de quatro gavetas no nosso quarto ganhou detalhes especiais. Na gaveta de Nestha foi pintado chamas, flores na de Elain, raios de sol na gaveta de Feyre e um céu estrelado na minha.

Ela sempre foi minha fiel conselheira, assim como eu era a dela, então sempre contei sobre meus sonhos: aquela cidade distante, que eu não conhecia, mas que possuía um céu maravilhoso; os olhos violetas que apareciam quando eu parecia estar em perigo.

— Melhor parar de divagar em pensamentos, irmã, e se importar no que realmente vale a pena. Comida. Feyre sussurra, estava em cima de uma árvore, como nos velhos tempos. A diferença é que agora nós duas tínhamos um arco e facas espalhadas pelo corpo. Quem visse primeiro atirava.

— Engraçadinha. Tenho impressão de que é mais fácil ver de onde esta. Não tem tanta neve e arbustos atrapalhando — bufo em irritação, colocando para trás uma mecha de cabelo que havia caído no meu rosto.

— Não sabia que isso tinha virado uma competição... — ela dá um risadinha, divertindo-se com minha irritação. — Acho que você deveria melhorar seu humor, irmã querida.

Ela para de falar quando escutamos farfalhos vindo dos arbustos. O instinto dominando meu corpo fez com que eu virasse a cabeça na direção do barulho, tentando encontrar algo no meio de toda aquela neve.

As vezes era insuportável a chegada do inverno, não pelo frio, mas pelo poder que corria em mim. Era sufocante ver toda aquela neve e não tomá-la como minha.

— Consegue ver algo? — sussurro, preparada para mirar meu arco com sua confirmação.

— Sim. Uma corça, não muito grande, mas ainda sim é uma corça.

Sinto que Feyre também está preparada para atirar, com sorte teríamos dinheiro o suficiente com aquela corça.

— Mais fácil para você ou para mim? — escuto outro farfalhar, dessa vez mais leve do que o anterior. Uma hora nesse inverno e somente agora os animais resolveram aparecer. — O que foi esse?

— Lobos. Dois. Estão encarando a corça, é como se tivéssemos acabado de perder nossa refeição.

— Não. Nem pense nisso. Parecem lobos comuns? — pergunto já trocando minha flecha por uma de freixo. Lobos ficavam perto de suas alcateias, encontrá-los sozinhos não era um bom sinal: ou porque o restante estava perto, ou porque não era realmente lobos.

— Não. Grandes demais, olhos brilhantes demais — olhei para trás apenas para ver minha irmã trocando sua flecha por uma de freixo também, voltando logo a olhar para frente. — Se você se abaixar mais conseguirá vê-los, deve conseguir mirar também.

— Bom, então parece que agora temos comida e algumas peles.

O que significava que tínhamos dinheiro o suficiente e talvez uma sentença de morte, mas eu não contaria essa última parte a ela – não agora pelo menos.

Faço o que Feyre havia falado e me abaixo, consegui ver perfeitamente os lobos e a corça. Para mim seria mais fácil mirar no da direita, e uma breve olhada para trás fez eu perceber que Feyre já tinha entendido isso e mirava no da esquerda. Não podíamos errar, era uma chance de acertar, a segunda flecha de freixo teria que ser usada apenas para ter certeza de que morreriam.

A floresta parecia ter ficado em silêncio, o vento havia morrido e até a neve parado. Não podia hesitar, não agora, não sem saber se minhas irmãs teriam ou não algo a comer. Sabia dos riscos que traria matar dois feéricos, mas isso não importava – talvez mais tarde eu parasse para pensar nisso –, agora eu só precisava garantir comida para todos nós.

Sem pensar em mais nada disparei a flecha, Feyre fez o mesmo. Eles não tentaram fugir quando viram as flechas indo em suas direções, apenas aceitaram o fim que teriam. Óbvio, deveria0m estar lá exatamente para isso, o que me fez pensar que alguma coisa estava acontecendo acima da muralha e eu teria que descobrir. Enquanto a flecha de Feyre acertou o olho do lobo em que mirou, a minha acertou sua barriga.

Recitei baixinho, para que nem Feyre me escutasse, uma oração, mas duvido que a Mãe tenha me escutado.

— Mataram a corça. Mas da para pegar a pele deles e carregar ela até o chalé — Feyre disse enquanto descia da árvore e vinha em minha direção.

— Bem, então vamos rápido antes de que outro animal chegue.

Ou antes que mais algum feérico apareça.

«——————⁜—⁜——————»

Ao chegar em casa, chutei as botas contra o batente da porta de pedra, tirando a neve do solado. Pedaços de gelo se desprenderam das pedras cinza do chalé, revelando as marcas de proteção desbotadas entalhadas no portal. Quando abri a porta vi Elain na minha frente, a terceira irmã, enrolada em um cobertor, os cabelos castanho-dourados, que minhas irmãs herdaram, estavam perfeitamente presos em um coque.

— Layla, Feyre! — olhei para trás a tempo de ver Feyre parando ao meu lado. Enquanto eu colocava a corça em cima da mesa, Feyre colocava as peles em cima de uma cadeira. Pude ver as marcas da tinta na quina da mesa, quando as coisas ainda eram melhores, lembranças que traziam uma mínima felicidade ao meu coração. — Onde conseguiram isso?

— Onde acha que conseguimos? — a voz de Feyre tinha ficado rouca. Se foi do frio ou da sua raiva eu não saberia dizer.

— Vai demorar muito para limparem? — Elain perguntou, seus olhos ainda vidrados na corça. Sua boca parecia salivar de fome, e, mesmo com tudo que ela fazia, agradeci por ter voltado com comida.

Meu padrasto e Nestha ainda estavam sentados à lareira, aquecendo as mãos, e minha irmã o ignorava, como sempre.

— Feyre — a voz profunda e rouca de meu padrasto veio da lareira. A barba escura estava perfeitamente aparada, o rosto impecável – como os de minhas irmãs. — Que sorte você teve hoje de nos trazer tal banquete — ao seu lado Nestha riu com escárnio. Decidi não me abalar com o fato de que ele fingiu que eu não estava ali, ou a falta menção que eu também tinha ajudado a caçar. Foi sempre assim, não é agora que mudaria.

Feyre começou a dar instrução do que poderíamos a fazer com a carne e as peles quando percebi que a lenha não estava cortada. Decidi ir lavar minhas mãos e procurar se realmente não haviam cortado a lenha.

— Eu adoraria um manto novo — comentou Elain.

— Preciso de um novo par de botas — resmungou Nestha.

Decido desligar minha mente do que provavelmente viraria uma discussão. Pude escutar meu padrasto levantando, mas estava tão cansada que nem reparei no que falava, e nem no que Feyre respondia. Quando achei que havia tirado o suficiente de sangue das minhas mãos, dei mais uma olhada pela casa e reparei que não haviam realmente cortado a lenha.

— Não cortaram a lenha. Por quê? — perguntei, interrompendo qualquer que fosse a conversa que tinham. Caminhei na direção da lareira e vi que só havia um pedaço de madeira ali.

— Odeio cortar lenha. Sempre fico com farpas no dedo. Além do mais, Feyre sabe fazer isso melhor que eu. Leva metade do tempo que eu levo, e tem as mãos melhores que a minha.

Tentei segurar minha raiva, mas sua voz de desdém, o jeito que colocava todas as funções em Feyre, como não conseguia cortar uma simples lenha... foi o suficiente para eu explodir.

— Eu não ligo para quanto tempo leva, Nestha! — me viro para olhá-la. Pude sentir seu olhar de surpresa cair sobre mim. Sempre foi dura com elas, mas nunca perdi o controle. Agora era diferente. — Eu e Feyre caçamos durante todo maldito dia! Você e Elain apenas ficam aqui, pedindo coisas com o que conseguimos. Nem se dão a porra do trabalho de cortar uma lenha! Eu e Feyre vamos nos lavar, tirar o sangue de nós que estava tanto reclamando e espero que quando sairmos daquele banheiro a lenha já esteja cortada. E se alguém aqui — corro os olhos por meu padrasto e Elain, para depois voltar a Nestha — tem um pouco de dignidade, acho bom cortarem um pouco da carne, pelo menos para o jantar. Vamos, Fey.

Puxo Feyre pela mão, em direção ao mini banheiro que tínhamos ali. Era inverno, então teríamos que tomar um banho – se é que pode ser chamado de banho – na água fria. No entanto, antes de poder chegar ao corredor, escuto Nestha resmungar.

— Agora recebo ordens de uma bastarda. Por que mesmo ela continuou com a gente? — me viro para trás rapidamente. Seus olhos estavam cravados em mim, ela queria que eu escutasse. Mas não daria esse gosto para ela, não hoje.

— Não ligo se sou ou não bastarda, Nestha. Estou falando isso para seu próprio bem, porque se terminarmos o banho e não tiver lenha cortada, ou algum pedaço de carne, farei isso apenas para mim e para Feyre, e farei questão de que essa carne e toda aquela pele seja apenas para nós duas. E aí você vai ter que entrar na floresta caçar algo para você e para Elain, e de quebra para seu pai, que tanto odeia. E farei mais questão ainda de que as facas e flechas que estão nessa casa agora sejam usadas apenas por mim e Feyre. Então, irmã, é melhor cortar a merda da lenha.

«——————⁜—⁜——————»

Era de noite, todos estávamos reunidos em volta da lareira. Nestha e Elain em um canto, abraçadas e rindo. Meu padrasto sentado na cadeira, dormindo, com a bengala sobre seus joelhos. Eu e Feyre encostadas no sofá, abraçávamos uma a outra na tentativa de nos esquentarmos um pouco mais.

Havíamos ido a aldeia mais cedo, conseguimos um bom dinheiro, repartimos ele entre nós quatro e compramos algumas coisas. Nestha e Elain não conseguiram comprar o manto e a bota que tanto queriam, mas isso não impediu elas de voltarem com seja lá o que, não deixaram eu ver o que compraram, mas não havia sobrado um único centavo.

Nestha aparentemente havia começado a fazer algum esforço. Cortou a lenha ontem depois da discussão, hoje de manhã – por mais que eu tenha certeza que isso foi apenas uma tentativa de ganhar minha simpatia e um pouco mais de dinheiro – e quando chegamos da aldeia.

— O que acha que aquela mercenária quis dizer? — Feyre sussurrou.

— Em que parte exatamente? — a mercenária havia dito tantas coisas, tantos conselhos. Sobre a floresta em que caçávamos, sobre o que poderia estar acontecendo acima da muralha, sobre os feéricos que havíamos matado.

— Sobre os ataques que estão acontecendo. Sobre, talvez, os Grãos-Senhores terem soltado a coleira do que quer que viva lá.

O pensamento me fez estremecer. Se eles realmente haviam soltando a coleira dos feéricos de suas cortes isso significava que poderiam vir atrás de mim, os Grão-Senhores poderiam ter descoberto que morei em Prythian quase como uma foragida, poderiam ter feito o amigo de meu pai ser punido por nos ajudar.

— Sabe que aqueles dois lobos que matamos eram, na verdade, feéricos, né? — ela concordou com a cabeça. — Então podemos estar em...

Não pude terminar de falar. Não quando um rugido quase ensurdecedor ressoou, e minhas irmãs gritaram quando a neve irrompeu na sala e uma silhueta enorme, grunhindo, surgiu à porta.

Comentem o que acharão desse primeiro capítulo, e votem bastante.

Pode ser que, de início, esteja parecido com os primeiros capítulos de Acotar, mas isso é necessário para que a história se desenvolva. Com o tempo a história focará mais na Layla, sobre o passado dela e seus sentimentos. 

Até o próximo!

xoxo, l.

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