Manacled | Dramione

Oleh moonletterss

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Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... Lebih Banyak

Nota da tradutora
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75. Epílogo 1
77. Epílogo 3
Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

76. Epílogo 2

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Oleh moonletterss

Hermione sentou-se na cama contando os dedos da filha, olhando para as minúsculas unhas rosadas e traçando os dedos ao longo do perfil achatado. O bebê foi pesado, examinado por meio de feitiços de diagnóstico, e então Topsy a envolveu habilmente. O cabelo castanho emaranhado estava começando a secar e a ficar em pequenos tufos sobre sua cabeça.

— Acho que ela vai acabar com o meu cabelo, coitada. Embora talvez ela fique platinada aos seis meses — disse Hermione. Ela olhou para cima, sorrindo, e descobriu que Draco estava parado perto da parede, parecendo prestes a aparatar para fora da sala.

Hermione parou e olhou para ele confusa. Ele esteve ao lado dela durante o trabalho de parto até o momento em que ela recebeu o bebê. Ela não tinha certeza de quando ele recuou.

Ginny e Topsy saíram discretamente da sala.

Hermione registrou vagamente o som da porta se fechando enquanto estudava Draco. Ele ficou branco e sua expressão era mais devastada do que qualquer outra coisa. Seus dedos continuavam se contorcendo.

— Draco... venha vê-la.

Ele engoliu em seco. — Granger...

— Ela é sua filha.

Suas mãos se contraíram e ela pôde ver os músculos de sua mandíbula se contraírem.

— Eu sei. — Seus dentes brilharam enquanto ele falava através deles. — Eu lembro como ela foi feita.

O sorriso no rosto de Hermione desapareceu e ela se encolheu, segurando o bebê mais perto. Foi como levar um tapa ou mergulhar em água gelada.

A felicidade evaporou como se fosse uma ilusão. Um sonho em que ela se escondeu.

Ela engoliu em seco e olhou para o bebê em seus braços. O silêncio na sala era tão pesado que ela sentiu como se estivesse sendo esmagada por ele.

Houve certas feridas que nunca desapareciam completamente. Isso provavelmente nunca aconteceria.

— Acho que deveria ir — Draco disse finalmente.

— Venha aqui — ela disse com voz monótona, olhando para ele novamente.

Ele parecia desesperado enquanto olhava para ela e tão pálido que era como se seu coração tivesse sido arrancado do peito e ele estivesse sangrando até a morte na frente dela. Ele não estava fazendo nenhum movimento para se aproximar.

— Draco, venha aqui — ela disse novamente.

Ele hesitou por um momento antes de avançar lentamente. Ela libertou o braço esquerdo e pegou a mão dele, puxando-o para mais perto até que ele se sentou na beira da cama ao lado dela.

Hermione respirou fundo enquanto tentava determinar o que fazer. Ela pensou que ele tinha se acostumado com a ideia do bebê, que eles tinham conseguido conciliar o que tinha acontecido antes que suas memórias retornassem.

Ele não queria estuprá-la. Ele nunca teria feito isso se houvesse outra maneira de salvá-la. Ele nunca esperou que ela o perdoasse por isso.

Talvez ele ainda não tenha feito isso.

Ela apertou a mão dele com mais força. Ele parecia não querer ter qualquer tipo de proximidade física com Hermione ou sua filha.

Sua boca estava seca. — Você... você prometeu se preocupar com ela. Se você... se você... — seu maxilar começou a tremer — se você fosse embora depois que ela nascesse, deveria ter me contado. Este foi um novo começo. Nós três. Lembra? Deixamos tudo para trás – tudo – para que pudéssemos ficar juntos. Você nem olhou para ela.

Ela mudou o bebê para mostrar melhor seu rosto, mas Draco enrijeceu e desviou o olhar. Foi como ser cortada, a rejeição foi fisicamente dolorosa.

— Olha — sua voz era feroz. — Você tem que olhar para ela.

Draco relutantemente olhou para baixo.

— Ela é apenas um bebê. Ela não vai machucar você e você não vai machucá-la. Apenas olhe.

A cabeça de Draco levantou bruscamente e ele deu uma risada curta e irregular enquanto tentava libertar sua mão. Hermione se recusou a deixar ir. Sua expressão era tensa, como se ele quisesse estar em qualquer lugar, em qualquer outro lugar do mundo, menos onde estava.

— Granger... — ele disse com uma voz tão tensa que tremia — a única coisa que faço é matar coisas.

Hermione olhou para ele e apertou sua mão com mais força.

— Não — ela disse com força. — Isso é uma mentira. Você me salvou. Você salvou Ginny e James. Você poderia ter sido um curador. Você pode ser um bom pai, eu sei disso. Pode... pode não ser natural para nenhum de nós, mas ambos faremos o nosso melhor. Você...

— Hermione... — ele soltou um suspiro profundo como se tivesse levado um chute. Sua voz estava crua e ele ainda não estava olhando para ela.

— Granger... — ele tentou novamente puxar a mão. — Granger, eu... eu já matei crianças antes. A última criança que toquei, usei a Maldição da Morte depois de executar sua mãe.

Hermione congelou, olhando para o rosto dele.

Em algum momento ela sabia que ele provavelmente havia matado crianças, mas se dissociou desse conhecimento. Ignorou.

Povo bruxo e trouxas. Amigos e estranhos. Homens e mulheres... e crianças.

Ela sabia de tudo, mas também havia esquecido.

Então ela se lembrou do tom prosaico de Stroud quando ela se ofereceu para aliviar Draco de uma criança indesejada: "Aquelas com bom potencial serão criadas para contribuir para a próxima fase do programa, e as outras serão cobaias úteis no laboratório. Ainda há tão pouco compreendido sobre o desenvolvimento mágico inicial..."

Ela engoliu em seco, tentando encontrar sua voz. — Você não teve escolha. Você não fez isso. Você não teve escolha. — Ela olhou para a filha deles. — Estamos recomeçando agora. Ela vai crescer longe da guerra, e nós... nós vamos deixar tudo isso para trás. Vamos cuidar dela e mantê-la segura. Nós dois. Nós dois vamos cuidar dela.

Hermione virou-se para Draco e o bebê ficou em seus braços entre eles. Os olhos prateados da filha olharam para eles. Seu cabelo havia secado em um halo de cachos castanhos ao redor da cabeça. Seu rosto estava rosado e ainda parecia ligeiramente achatado. Ambas as mãos escaparam do enfaixamento e estavam perto do rosto. Ela estava chupando agressivamente os nós dos dedos da mão direita.

Ela era a coisa mais linda que Hermione já tinha visto.

— Olhe para ela, Draco. Ela é nossa. Ela é toda nossa. Você não vai machucá-la.

Ele olhou para sua filha por vários segundos.

Quando ele se moveu, ela percebeu que ele havia parado de respirar. Seus dedos tiveram espasmos quando ele começou a estender a mão. Ele hesitou e então tocou levemente a palma da mão do bebê, como se esperasse que seu toque a envenenasse ou quebrasse. A pequena mão fechou-se reflexivamente em torno de seu dedo, agarrando-o.

Draco ficou congelado.

Hermione o observou e reconheceu a expressão em seus olhos enquanto ele olhava para a pequena pessoa que se agarrava tenazmente a ele.

Possessivo e adorável.

.

Aurore Rose Malfoy foi, segundo Ginny, o bebê mais fácil que já nasceu. Na aparência ela era uma réplica quase perfeita de Hermione, exceto por seus olhos prateados surpreendentemente brilhantes e pela boca de Draco.

Ela dormia lindamente e raramente chorava. Ela ficava deitada por horas nos braços excessivamente indulgentes do pai, cochilando em seu peito enquanto ele observava Hermione trabalhar no laboratório. Aurore olhava como uma coruja para as fotos nas enciclopédias de herbologia e ficava sentada muito séria enquanto mordia os dedos protéticos do pai.

Ela era um bebê quieto e solene que combinava com a seriedade dos pais, mas seus olhos tinham fogo.

Hermione a carregava em uma tipóia, presa contra o peito, onde ela poderia envolver os braços com força e proteção ao redor do corpo minúsculo de Aurore sempre que se sentisse nervosa porque a floresta estava muito quieta ou o céu muito amplo.

Assim que Aurore pudesse sentar-se com segurança, ela passaria metade do dia sentada nos ombros de Draco, cavalgando com ele enquanto ele verificava as proteções perto da casa..

Draco conversava com Aurore mais do que com qualquer pessoa, até mesmo com Hermione.

Ele monologava com ela sobre qualquer coisa, sobre as árvores e os móveis, todas as lojas onde havia comprado livros para Hermione, sobre como estaria o tempo e o que significavam todas as cores e matizes dos feitiços analíticos. Aurore o ouvia atentamente e se preocupava quando ele se distraía ou ficava em silêncio por muito tempo.

Apesar da oposição filosófica de Hermione ao dormir junto, Aurore dormia no meio da cama entre Draco e Hermione. Não porque Aurore precisasse dos pais para dormir, mas porque eles precisavam dela. Hermione adormecia regularmente no chão ao lado da cama de Aurore, segurando a mão dela. Draco acordava várias dezenas de vezes à noite para se certificar de que Aurore ainda estava respirando.

Aurore mal tocou o chão durante o primeiro ano de sua vida. Quando Hermione ou Draco a colocavam no chão, Topsy aparecia instantaneamente e saía correndo com ela, ou Ginny a levava para brincar com James.

Aurore se sentava com Hermione, enfiando penas de pena em sua boca e descobrindo que tipos de sons ela poderia fazer se batesse na coleção de caldeirões de Hermione com varetas de madeira.

Quando ela aprendeu a andar, ela seguiu as pessoas como uma pequena sombra, observando Ginny na cozinha e nos jardins, Hermione em seu laboratório e Draco em sua rota diária testando as proteções. Ela só precisava ouvir uma regra uma vez e ela a seguiria perfeitamente.

Ela teria sido quase angelical, se não fosse pela influência de James Potter.

Com James, Aurore aprendeu a correr pela casa em uma vassoura de brinquedo a uma velocidade tão vertiginosa que Draco ficava branco; como subir colinas e árvores e arranhar os joelhos e rasgar as roupas, e fazer sopas e lama no riacho. Ela também aprendeu a lutar, para desgosto eterno de Draco.

Hermione muitas vezes acordava no meio da noite e encontrava um rosto pequeno e sério olhando atentamente para ela, tão perto que seus narizes quase se tocavam. Teria sido quase assustador se não fosse uma ocorrência regular desde que Aurore foi transferida para sua própria cama.

— Mamãe, posso abraçar você?

Aurore sempre perguntava a Hermione porque a única regra que Draco conseguiu impor foi que Aurore não tinha mais permissão para dormir com eles.

— Não acorde seu pai — Hermione sussurrou, encostando-se no peito de Draco para abrir mais espaço.

Aurore subiu na cama, enrolando-se firmemente nos braços de Hermione, as mãos apoiadas no pescoço de Hermione. Ela estava dormindo novamente em segundos.

Hermione esfregou seus narizes e fechou os olhos.

— Existem regras, Granger — Draco murmurou em seu cabelo.

Hermione abaixou a cabeça para frente. — Achei que essa fosse a minha fala — disse ela. — Além disso, eu não queria acordar você.

— Eu estava acordado no momento em que a porta se abriu. — O tom de Draco estava descontente. — Enquanto ela souber que você vai dizer sim, ela continuará vindo todas as noites.

Hermione abraçou Aurore com mais força. — Ela não vai querer abraçar para sempre.

Draco se mexeu e deslizou a mão pelo quadril de Hermione. — Você vem dizendo isso há mais de um ano.

Hermione enterrou o nariz no cabelo de Aurore. Cheirava a musgo e casca de árvore. — Bem, tem sido verdade o tempo todo. Ela vai superar isso algum dia. Nunca saberei qual será a última vez que ela perguntará.

Draco suspirou. A mão dele deslizou possessivamente pela cintura de Hermione, segurando-a com tanta força quanto ela segurava Aurore.

.

A vida na ilha era idílica, como algo saído de um conto de fadas. Gradualmente, durou o suficiente para que Hermione começasse a confiar nela. A única interrupção em seu mundo oculto era a chegada regular de notícias, que Draco, Hermione e Ginny leriam à noite, quando James e Aurore estivessem na cama.

Os ataques de pânico de Hermione lentamente se tornaram coisa do passado.

Quando Aurore foi desmamada, Draco e Hermione enfeitaram suas aparências e deixaram a ilha com muito cuidado para levar Hermione a um curandeiro mental para descobrir o que havia acontecido com seu cérebro.

De acordo com o curador mental, havia tanta atividade mágica anômala na mente de Hermione que era difícil determinar tudo o que havia ocorrido. A estrutura da memória era mantida de forma tão precária que havia pouco a ser feito. A curandeira aconselhou fortemente um ambiente de baixo estresse e o mínimo possível de interferência mágica em seu cérebro pelo resto de sua vida. Havia algumas poções leves que ela poderia tomar para sua ansiedade, mas havia muitas fontes conflitantes de magia permanentemente presentes para que houvesse soluções fáceis. O dano foi agravado pelo uso contínuo de Magia Negra antes de ser ferida.

Draco ficou quieto por um longo tempo durante a viagem de volta.

— O Coração de Ísis geralmente funciona por proximidade, não é? — ele finalmente perguntou.

Hermione estava olhando pela janela do trem e fechou os olhos, encolhendo-se. Esta era uma conversa que ela esperava nunca ter com ele, esperando que fosse um detalhe que ele perderia.

Depois de um minuto, ela assentiu lentamente. — Sim. Para pequenas quantidades de Magia Negra, a proximidade temporária é suficiente.

— E para quantidades maiores? Digamos: lançar feitiços repetidamente para analisar e desconstruir a Magia Negra e até mesmo lançar as próprias maldições para determinar um método de reversão, quanto seria isso de Magia Negra, na sua opinião de especialista? — Sua voz era enganosamente casual.

Hermione se afastou, cruzando os pés enquanto olhava pela janela. — Dependeria.

Houve uma pausa pesada e Hermione olhou para baixo, ajustando a bainha da camisa para que ficasse plana. Ela podia sentir o olhar de Draco perfurando-a.

Ela limpou a garganta. — Poderia acumular-se rapidamente se um indivíduo fosse obrigado a fazê-lo com frequência porque havia muitas novas maldições que exigiam análise e eles não tinham tempo ou recursos para realizar rituais regulares de purificação.

Ela podia ver Draco acenar com a cabeça pelo canto do olho.

— Onde você guardou o Coração de Ísis antes de usá-lo em mim?

Sua garganta apertou. — Às vezes, debaixo da minha cama, mas... geralmente eu o tinha preso em uma corrente em volta do pescoço. Foi... — ela engoliu em seco — estava escondido dentro de um amuleto protetor que eu costumava usar.

— O que aconteceu com o amuleto?

— Bem — ela contraiu o ombro, com a voz desdenhosa, — eu tive que quebrá-lo para ter acesso ao coração. Então joguei os pedaços fora depois.

Draco ficou em silêncio por vários minutos.

— Eu gostaria que você tivesse me contado — ele finalmente disse, com a voz abafada.

A boca de Hermione se pressionou em um sorriso melancólico. — Nenhum de nós era muito bom em pedir ajuda. Não creio que nenhum de nós tenha feito muitas escolhas com a expectativa de sobreviver à guerra por tempo suficiente para se arrepender delas.

Hermione se virou para olhar para ele. Ele estava olhando fixamente para o compartimento do trem, com o olhar distante. Era a expressão que ele usava quando relembrava o passado, tentando identificar o que poderia ter feito de diferente.

Ela estendeu a mão e pegou a mão dele, entrelaçando os dedos. — Se eu pudesse mudar o passado, eu sempre salvaria você.

Sua expressão não se iluminou nem mudou. Ela descansou em seu ombro e fechou os olhos. — Vamos nos amar para sempre, Draco.

Ela o sentiu beijar o topo de sua cabeça.

— Tudo bem.

Hermione quebrou um frasco de poção quando um grito agudo percorreu a casa, seguido por outro.

A guerra inteira passou por ela como uma inundação ao som de gelar o sangue. Ela pegou sua varinha e uma faca próxima e correu pela casa, quase colidindo com Draco e Ginny quando todos eles invadiram a sala, varinhas em punho, e encontrou Aurore com James preso embaixo dela enquanto ela batia na cabeça dele com um livro de capa dura. enquanto gritava com raiva incandescente.

Os joelhos de Hermione quase cederam de choque e alívio quando ela colocou a faca em uma prateleira e cambaleou pela sala. Seu peito estava em espasmo enquanto ela lutava para respirar.

Aurore bateu na cabeça de James uma última vez enquanto Hermione a arrastava e a carregava para um canto enquanto Ginny pegava James que uivava e o abraçava.

— O que ocorreu? — A voz de Draco era mortal.

— Ele rasgou! — Aurore estava gritando. Seu rosto estava branco de raiva. — Ele rasgou meu novo livro!

Hermione e Draco congelaram e se entreolharam, olhos arregalados de descrença. Draco estava tão pálido quanto Aurore e seus dedos tremiam em volta da varinha.

— Eu só estava tentando ver! Aurore não estava me deixando ver! — James gritou do outro lado da sala em meio às lágrimas, enquanto Ginny tentava verificar se havia hematomas nele. — Eu disse a ela para compartilhar e ela não ouviu!

Aurore deu outro grito de raiva. — Era meu! — Ela se virou e caiu nos braços de Hermione. — Mãaaaaae, ele rasgou meu livro. Meu novo livro! Ele rasgou a página com cavalos!

Hermione a abraçou e se obrigou a parar de tremer de terror.

Ela abraçou Aurore com mais força, enterrando o rosto nos cachos emaranhados, enquanto lutava para respirar com calma.

— Eu sei. Eu sei. — Ela acariciou a cabeça de Aurore através de seu cabelo grosso e encaracolado. — Mas não batemos nas pessoas, nem com as mãos nem com um livro.

— Ele rasgou meu livro! — A raiva de Aurore se transformou em desespero e ela começou a chorar.

— EU SÓ QUERIA VER! — James gritou do outro lado da sala.

— Era meu!

— Aurore!— Hermione disse, sua voz ficando mais nítida à medida que o choque passava: — Nós não batemos! Você não tem permissão para bater; você conhece essa regra. O que é mais importante, pessoas ou coisas?

Os olhos cinzentos de Aurore se arregalaram. Ela abaixou a cabeça e estudou os pés. — Pessoas — ela disse com uma voz relutante.

— Sim. Pessoas. — Hermione se forçou a respirar fundo. — As pessoas são sempre as mais importantes. Um livro podemos consertar ou substituir, mas as pessoas não são substituíveis. Não as recuperamos depois de perdê-las. Nós nunca as machucamos. Se algo nos perturba, usamos as nossas palavras, não o nosso corpo. Estou... tão decepcionada agora.

O rosto de Aurore se contraiu e ela inclinou a cabeça para trás e gritou.

Hermione pegou Aurore e a abraçou enquanto ela atravessava a sala para ver James.

O rosto de James estava enterrado no ombro de Ginny.

— Ele está bem?

Gina assentiu. — Nem mesmo machucado. Acho que ele está principalmente em choque porque foi Aurore quem perdeu a paciência.

Hermione suspirou de alívio. — Estou chocada.

Ginny deu uma risada nervosa, mas seus olhos pareciam tão tensos quanto Hermione ainda se sentia. — Bem, estou feliz em saber que não sou a única com uma criança travessa. Eu estava começando a me preocupar se era minha paternidade.

Hermione deu uma risada tensa e aliviada e balançou a cabeça. — Acho que devemos tirar uma soneca e depois algumas conversas sérias. Aurore, você quer pedir desculpas a James por bater nele?

Aurore espiou através do cabelo emaranhado. — Era o meu livro — disse ela com a voz trêmula.

Hermione estremeceu. — Certo. Teremos que pedir desculpas um pouco mais tarde. Sinto muito, James.

O rosto de James ainda estava enterrado no ombro de Ginny e ele não respondeu.

Quando Aurore estava dormindo em seu quarto, Hermione se virou e caiu nos braços de Draco.

— Achei que alguém tivesse nos encontrado — disse ela, com a voz trêmula. — Quando a ouvi gritar, pensei... pensei que ela tivesse sido amaldiçoada. Quando passei pela porta, pensei que a encontraria morrendo.

Draco a segurou com força, e suas mãos ainda tinham espasmos. Ela o sentiu assentir e ele descansou a cabeça na dela. Ela deu um soluço baixo e tentou se recompor. Ela podia ouvir os batimentos cardíacos dele, correndo para igualar os seus.

— Eu não percebi como ainda estava esperando — disse ela depois de ficarem em silêncio por vários minutos. — Ainda está tudo lá. Peguei uma faca. Não parei para pensar, apenas peguei uma faca e corri.

.

A Frente de Libertação chegou à Grã-Bretanha poucos dias antes do terceiro aniversário de James, mas demorou quase um ano até que o último reduto de Voldemort fosse derrubado. Thicknesse e a maioria dos outros funcionários do Ministério foram presos, junto com todos os Comensais da Morte marcados. Em troca de sentenças mais brandas, vários Comensais da Morte cooperaram na remoção das algemas dos prisioneiros libertados em Hogwarts e de todos os substitutos do Programa de Repovoamento.

Voldemort nem apareceu. Ele se escondeu dentro de seu castelo e depois de dezenas de tentativas fracassadas de atacá-lo, a Frente de Libertação o deixou lá. Foi mantido sob forte vigilância e foi expressada a esperança de que ele simplesmente morresse; sua fortaleza acabou se tornando seu sarcófago. Tal como Grindelwald, disseram repetidamente os jornais, como se isso encerrasse todo o assunto.

Alguns julgamentos e condenações aconteceram rapidamente. O regime dos Comensais da Morte tinha registros detalhados que documentavam suas atrocidades. De acordo com o The New York Seer, "Após a morte de Antonin Dolohov na explosão do Laboratório Sussex, o Comensal da Morte Severus Snape teve uma forte influência nos registros e na estrutura dentro do regime dos Comensais da Morte. A causa da explosão nunca foi oficialmente confirmada e a maioria dos registros do laboratório foram destruídos. Segundo Snape, o acidente, que matou centenas das mentes mais valorizadas da Europa, poderia ter sido evitado com uma supervisão mais coesa. Na sequência, as prisões e os laboratórios foram obrigados a manter registros detalhados num local externo, com detalhes meticulosos e as assinaturas de todos os envolvidos, criando um registo em papel cristalino listando todos os envolvidos e tornando inegável quem era o responsável em cada ramo. Snape foi assassinado em um golpe de estado na Romênia no verão de 2005 e nunca percebeu que suas rigorosas exigências do pós-guerra construíram casos legais herméticos contra centenas de seus colegas e companheiros Comensais da Morte."

Outros aspectos do regime eram mais confusos e horríveis e, à medida que surgiam, a rotação política começou.

A Confederação Internacional não podia negar o conhecimento do Programa de Repovoamento, mas alegou total desconhecimento das circunstâncias. O Supremo Mugwump fez um discurso insistindo que a Confederação Internacional foi informada de que a participação como substituta era voluntária e que, se soubessem que as prisioneiras estavam sendo usadas ​​como ratos de laboratório, estupradas e engravidadas à força, teriam intervindo anos antes.

A curandeira Stroud fugiu da Europa e desapareceu muito antes do início dos testes do Programa de Repovoamento.

Hermione teve que tomar poções de ansiedade para poder ler tudo sem hiperventilar. Ela sabia que tinha sido horrível, mas ler os testemunhos nos julgamentos que começaram foi tão devastador que ela sentiu como se fosse sucumbir à culpa. Todas as substitutas sobreviventes foram trazidas para testemunhar. Hannah Abbott era uma sombra, encolhida no banco das testemunhas e escondendo o lado esquerdo do rosto quando questionada sobre as compulsões e o que havia sido feito com ela.

Devido à baixa virilidade da maioria dos Comensais da Morte, muitas substitutas receberam fortes doses de poções de fertilidade, resultando em nascimentos múltiplos. Parvati Patil foi levada ao tribunal grávida e tinha dois filhos, que mal andavam e agarrados às suas vestes.

Quando as substitutas conceberam fetos que apresentavam baixo potencial mágico, as gestações foram abortadas e as tentativas foram imediatamente retomadas com poções de fertilidade mais prejudiciais, na tentativa de 'controlar' os resultados. Muitas das substitutas tornaram-se inférteis com graves danos internos. Aquelas que permaneceram férteis tiveram seis semanas para se recuperarem após o parto antes de serem devolvidas ao programa para ter outro bebê. Angelina Johnson tinha um cobertor vazio e esfarrapado que ela segurava nos braços e se recusava a largar.

Para indignação de Hermione, a Confederação Internacional estava em conflito sobre o que deveria ser feito. Houve esforços para reestruturar o Ministério da Magia em algo mais democrático, o que deixaria menos espaço para alguém como Voldemort se infiltrar nos bastidores e começar a controlá-lo, mas apesar de seu horror com os testemunhos do julgamento, a Sociedade Bruxa Britânica estava profundamente apegados à sua 'aristocracia' de sangue puro.

Voldemort nem era sangue puro, dizia um editorial. Seria uma farsa ver as famílias antigas da Grã-Bretanha pagarem o preço. O importante era resolver as coisas na Justiça, fazer as reparações necessárias e seguir em frente.

Hermione encontrou sua boca se curvando em um rosnado, e ela largou o papel para se forçar conscientemente a respirar.

As crianças e as gravidezes resultantes do programa de repovoamento estavam todas relacionadas com algumas das famílias mais antigas da Grã-Bretanha, a maioria das quais tinha agora pais que cumpriam múltiplas penas de prisão perpétua. Quem deve criar os filhos? O que deve ser feito com as substitutas? Os editoriais opinaram sobre isso indefinidamente.

Algumas das mulheres não queriam nada com os filhos que foram forçadas a ter, algumas queriam abortos, enquanto outras protegiam ferozmente a gravidez e recusavam-se a deixar os filhos fora dos seus braços. Depois de quase três anos convivendo com compulsões, muitas das substitutas as internalizaram tão profundamente que flutuavam entre a subserviência compulsiva e a rebeldia viciosa.

Os tribunais começaram a agir em favor das famílias bruxas, que estavam muito interessadas em ver suas linhagens mantidas e seus herdeiros criados adequadamente. Os seus advogados argumentaram que os substitutos eram profundamente instáveis; seria do interesse de todos remover as crianças, fornecer alguma compensação monetária aos substitutos e deixar todos "seguirem em frente".

— Eu vou voltar — Ginny disse abruptamente depois de ler o jornal mais recente sobre os testes do Programa de Repovoamento. — Estou pensando nisso há alguns meses e acho que preciso.

Hermione e Draco ficaram em silêncio.

Ginny olhou para o papel em suas mãos, os nós dos dedos brancos. — Eles estão tentando apagar tudo. Julgamentos, e dinheiro, e tirar as crianças e entregá-las a famílias idosas com exatamente a mesma ideologia que iniciou a guerra. Eles agem como se uma vez que tudo estivesse resolvido, tudo ficaria melhor. Eles vão destruir e enterrar tudo e se apresentar como os salvadores da Grã-Bretanha, e deixar tudo o que aconteceu e todos os que morreram simplesmente desaparecerem. Eles não se importam com os sobreviventes. Eles nem estão falando sobre as pessoas que morreram. É como se eles estivessem tentando lidar com tudo o mais rápido possível para fingir que nada aconteceu e que não são colaboradores.

Ginny soltou um suspiro de raiva e olhou para Hermione. — Eu vou matá-lo. Eu vou matar Voldemort. Ele não merece morrer sozinho em algum castelo. Depois que aquele bastardo morrer, vou garantir que ninguém esqueça todas as pessoas que morreram lutando. — Ela engoliu em seco, seu rosto estava cinza. — Então, preciso que você cuide de James para mim, para que eu possa voltar.

Hermione sentiu-se esfriar.

— E... — Ginny hesitou e respirou fundo, — Eu preciso que vocês dois me ajudem a me preparar. Aquela bomba que você fez para Hogwarts, preciso saber como fazê-la. Eu preciso praticar duelo. Já se passaram anos desde que lutei. Eu vou – vou tentar ir depois do aniversário de 5 anos de James. — Os olhos de Ginny estavam começando a se encher de lágrimas. — Assim tenho tempo para me despedir, caso... caso eu não volte.

— Ginny...

— Eu tenho que fazer isso — Ginny disse bruscamente. — Sempre conto a James como seu pai e toda a minha família foram heróis que sempre lutaram para proteger as pessoas. Não posso continuar olhando nos olhos como os de Harry, dizendo isso e não fazendo nada além de viver nesta ilha pelo resto da minha vida. James não pode viver nesta ilha pelo resto da vida. Ele tem que ir para a escola em Hogwarts e ver o mundo que seu pai morreu para proteger... — A voz de Ginny foi cortada, e ela enxugou os olhos. — Ainda não fiz a minha parte. Esta é a minha parte. Tenho pensado nisso desde que a Frente de Libertação chegou à Grã-Bretanha, mas continuei a dizer a mim mesma para deixar a Confederação Internacional tratar do assunto. Mas eles estão fazendo isso errado. Não consigo mais sentar e ler sobre isso.

Hermione esticou o braço por cima da mesa, tentando agarrar a mão dela. — Ginny. Ginny, se você fizer isso, você pode morrer. Não... não deixe James órfão.

Ginny olhou para Hermione do outro lado da mesa. — Acho que não posso continuar vivendo comigo mesma se não fizer isso — disse ela com voz monótona. Seu rosto se contorceu. — Você se sente culpada por estar aqui e se vendeu para tentar vencer a guerra. Você foi presa em um buraco em algum lugar de Hogwarts enquanto eu estava aqui fazendo jardinagem; você foi estuprada e quase morreu mais vezes do que eu provavelmente imagino enquanto eu estava aprendendo a fazer tortas de carne; e você se sente culpada por estar aqui, mesmo que um curador mental tenha dito que voltar provavelmente iria matá-la. — Ginny olhou para baixo e engoliu em seco. — Ficar por causa de James é apenas uma desculpa para mim, sei que ele estará seguro com você.

Hermione assentiu.

.

Hermione relutantemente compilou todas as suas pesquisas sobre fabricação de bombas. Ela teve tempo para aperfeiçoá-la. Ela refinou a análise e a técnica como um quebra-cabeça mental. Ela não tinha planejado compartilhá-la ou usá-la novamente.

Draco ensinou Ginny a duelar. Ele foi mais desagradável treinando-a do que havia sido treinando Hermione, e foi muito mais exigente. Hermione não tinha se dado conta de quanto tempo e consideração Draco havia investido na elaboração de estratégias e na determinação da melhor maneira de matar Voldemort. Hermione os observou treinar e percebeu, horrorizada, que se os tremores psicossomáticos dele não se manifestassem severamente sob estresse, ele provavelmente teria voltado e tentado matar Voldemort depois que Hermione criou sua segunda prótese.

Hermione ensinou a Ginny todas as técnicas básicas envolvidas no projeto de uma bomba. Draco forneceu a Hermione o máximo de informações que conseguia lembrar sobre como funcionavam os encantamentos no castelo.

Ginny olhou tudo e depois para Hermione. — Você deveria colocar seu nome nisso. Será óbvio que não fui eu quem inventou isso. Mesmo que você queira que as pessoas pensem que você morreu, você deveria receber o crédito por inventá-la.

Hermione deu um sorriso tenso e olhou para baixo. — Eu não quero, Ginny. Não quero que ninguém comece a me investigar. Se eles perguntarem, diga que foram informações da Ordem que você obteve quando fugiu e que não sabe quem as desenvolveu.

No aniversário de James, Ginny fez uma viagem ao continente com Draco e James. Eles voltaram com um cachorrinho de pernas longas chamado Padfoot.

— Eu tenho que viajar, mas você tem que ficar aqui e ajudar o tio Draco a manter a ilha segura — Ginny disse a James. — Padfoot vai ajudar você a ser corajoso como um Grifinório, não vai?

James assentiu seriamente.

Os olhos de Ginny brilhavam de lágrimas. — Vou escrever para você – todos os dias. Os elfos trarão grandes maços de cartas minhas, e tia Hermione irá lê-las todas para você, e talvez ela o ajude a escrever algumas cartas para mim. Você tem que ouvir tia Hermione e tio Draco, certo? E cuide bem de Aurore – ela é sua melhor amiga. Vocês dois têm que ficar juntos. Ok? Isso é o que os melhores amigos fazem.

.

Ginny partiu em novembro de 2008, deixando Hermione e Draco com dois filhos para criar.

A ausência de Ginny teve um efeito profundamente preocupante em James. Apesar dos esforços para esconder a sombra da guerra de James e Aurore, as crianças tinham um inegável senso de consciência sobre o mundo precário e anômalo em que viviam.

Depois que Ginny foi embora, James ficou mais sério. Ele seguiria Draco pela casa quando Draco verificasse as proteções. Aurore se tornou a travessa.

Draco adicionou um cômodo adicional à ala deles da casa para que James não ficasse sozinho em outra parte da casa.

Hermione colocou James na cama na primeira noite após a partida de Ginny, com Padfoot na cama ao lado dele. — Draco e eu estamos no final do corredor.

James estava sentado na cama, com os braços em volta de Padfoot. — Sou da Grifinória como mamãe e papai, então sou corajoso — disse James com a voz trêmula.

Houve uma dor aguda no coração de Hermione. Ela passou os braços em volta de James, beijando o topo de sua cabeça através de seu cabelo ruivo selvagem.

— Eu também fui da Grifinória, você sabe — ela disse com uma voz grossa. — Nós, grifinórios, precisamos de muitos abraços para sermos tão corajosos, então teremos que dar todos os abraços grifinórios um ao outro até sua mãe voltar. Se você precisar de algum extra, estou no fim do corredor.

Hermione acordou no meio da noite quando Aurore não apareceu pedindo para abraçar.

Draco sentou-se quando Hermione o fez. Eles procuraram no quarto de Aurore e o encontraram vazio. Eles abriram a porta do quarto de James e encontraram as duas crianças enroladas com Padfoot entre elas.

Draco olhou com os olhos semicerrados por vários momentos antes de se aproximar e levar Aurore de volta para seu quarto.

Na manhã seguinte, Aurore estava dormindo no quarto de James mais uma vez.

.

Lorde Voldemort morreu em janeiro de 2009, uma semana após o terceiro aniversário de Aurore.

De acordo com os jornais, seu castelo foi invadido por uma equipe de elite de aurores MACUSA acompanhados por Ginny Weasley, o último membro sobrevivente da Ordem da Fênix. Eles usaram um novo tipo de magia avançada para romper as barreiras. O castelo foi então meticulosamente desconstruído para tirar Voldemort de seu esconderijo e trazer seu corpo em decomposição à luz do dia.

A maioria dos aurores foram mortos no processo e Ginny quase morreu. O auror que liderou o ataque ordenou que todos recuassem, mas Ginny recusou. Ela entrou e lançou sua primeira e última Maldição da Morte.

Os jornais de todo o mundo publicaram uma foto de Ginevra Weasley emergindo dos escombros de um castelo, com o rosto sujo e manchado de sangue. A cicatriz brutal em seu rosto foi a primeira coisa que a foto deixou claro. Ela jogou a cabeça para trás, sua expressão uma mistura de exaustão e triunfo frio quando ela apareceu, arrastando o cadáver de Voldemort atrás dela.

Não havia como negar o heroísmo de Ginny, apesar das perguntas sobre onde ela havia se escondido nos últimos anos. Ginny não deu muita informação; ela havia sido confinada devido a uma doença e uma família de bruxos a havia escondido. Ela retornou quando percebeu que a Frente de Libertação não pretendia matar Voldemort. Ela não queria ser tratada como uma heroína; só queria que sua família e seus amigos fossem lembrados.

Os esforços de reconstrução passaram lentamente das linhas firmes de "seguir em frente" para a memorialização dos caídos: a Resistência, os membros da Ordem, os substitutos. Ginny Weasley permaneceu impassível em sua solidariedade com as substitutas. Ela não se importava com o quão antigas eram as famílias bruxas ou suas tradições. Os ideais de sangue puro de antigas famílias bruxas que não se incomodavam em falar contra as atrocidades cometidas na frente deles permitiram a guerra. Eles não mereciam criar outra geração com a mesma ideologia que resultou na Guerra Bruxa.

Os tribunais decidiram provisoriamente conceder a guarda às mães que a desejassem. Os títulos e propriedades das famílias antigas foram retirados dos pais, e as mães substitutas receberam o controle das propriedades até que seus filhos atingissem a maioridade. As mães substitutas que não quisessem a custódia dos filhos recebiam uma "indenização", e as crianças eram colocadas em um orfanato criado especificamente para criá-las e, por fim, ocupar o lugar da família.

Falava-se em demolir Hogwarts e construir uma nova escola mágica, mas Ginny se recusava a ouvir falar nisso. Ela havia sido o primeiro lar de Harry Potter e o local de nascimento da Armada de Dumbledore. Hogwarts seria reconstruída; teria aulas que ensinariam sobre o que havia acontecido para que as atrocidades da Guerra Bruxa nunca mais acontecessem e nunca mais fossem esquecidas.

Quando houve rumores sobre a maldição no cargo de DCAT de Hogwarts, Ginny anunciou sua intenção de se tornar a professora.

.

Na ilha, a vida se adaptou à ausência de Ginny. James e Aurore ficaram intensamente ligados um ao outro a ponto de Draco e Hermione frequentemente lançarem olhares preocupados um para o outro quando observavam isso.

— Ela não vai aguentar isso — Hermione disse enquanto observava Aurore e James andando na praia. Padfoot corria para cima e para baixo na costa, latindo loucamente para as gaivotas. — Ela é tão possessiva. Não sei se será melhor ou pior começar a prepará-la para isso.

Draco assentiu lentamente. Sua mão segurava a de Hermione, mas seus olhos observavam atentamente Aurore enquanto ela corria pela praia atrás de James, arrastando um longo pedaço de alga marinha atrás dela.

Ginny voltou antes do sexto aniversário de James. O reencontro foi alegre. Ela trouxe fotos antigas que foram recuperadas, fotos de Harry, Ron e Hermione na escola.

James ficou muito feliz ao ver sua mãe, mas Ginny não estava lá para ficar. Ela iria levar James de volta para a Grã-Bretanha. Eles iriam morar na vila reconstruída de Hogsmeade e ajudar na reconstrução antes que a Escola de Hogwarts fosse reaberta no ano seguinte.

— Volte comigo, Hermione — Ginny disse enquanto Draco estava fora verificando as proteções. — Você deve voltar. Tudo o que estou dizendo e fazendo são ideias suas. Estou apenas repetindo-as. Você seria melhor nisso do que eu. Todas as maneiras pelas quais você costumava querer mudar o mundo mágico - você poderia fazer a maior parte delas se voltasse. As pessoas deveriam saber que você é a razão pela qual foi possível matar Voldemort.

O peito de Hermione apertou, mas ela se forçou a dar uma pequena risada.

— Acho que você e Draco também tiveram algo a ver com isso. Como exatamente isso funcionaria? Eu traria Aurore comigo e a teria lá enquanto tento limpar o nome de Draco, ou simplesmente deixaria os dois para trás?

A expressão de Ginny ficou tensa e ela desviou o olhar.

— Você não pode limpar o nome dele. Eu sei que você acha que ele é um herói trágico, mas ninguém mais o verá assim, mesmo que você explique por que ele fez o que fez. Trabalhei com os aurores e advogados. Eu vi os registros. Hermione, você sabe quantas pessoas ele matou? As listas são tão longas...

— Eu sei — Hermione a interrompeu.

Ginny cruzou os braços com força.

— Ele é como Voldemort era quando éramos crianças. As pessoas sussurram quando dizem Alto Reeve. Ninguém sequer diz Malfoy se puderem evitar. Sua assinatura está em todos os registros do julgamento. Não é como se Voldemort tivesse assinado alguma coisa. Pela forma como os registos do regime aparecem, poderia pensar-se que era ele quem realmente estava no poder no pós-guerra. Tudo o que aconteceu, ele pelo menos foi informado.

O estômago de Hermione revirou, mas sua mandíbula ficou tensa.

— É difícil desestabilizar um regime sem ser informado — disse ela com voz seca.

Ginny deu um suspiro resignado e desviou o olhar novamente.

Hermione olhou para ela pelo canto do olho.

— Eu não vou deixá-lo, Ginny. Não existe nenhuma versão de eu ter sobrevivido à guerra sem Draco. Acreditar um no outro é a única razão pela qual nós dois sobrevivemos. Estou cansada demais para tentar reconstruir o mundo mágico com base em uma mentira sobre como consegui sobreviver.

Ginny olhou para Hermione e seus lábios se contraíram como se ela estivesse debatendo alguma coisa.

— Hermione... — Ela respirou fundo e endireitou os ombros. — Hermione, eu sei que disse que não diria mais nada, mas tenho que dizer tudo isso pelo menos uma vez antes de ir e deixar você aqui. — Sua garganta se apertou enquanto ela engolia. Sua cicatriz estava avermelhada e se destacava nitidamente, como sempre acontecia quando ela estava chateada. — Você é toda a família que me resta, além de James. Você é mais importante para mim do que qualquer outra pessoa no mundo. Devo minha vida a você e amo você, e Harry e Ron amaram você; então eu tenho que dizer isso uma vez. Eu sei que você ama Draco. Eu só... acho que você não percebe o quão desumanamente frio ele é com qualquer pessoa que não seja você e Aurore. O resto do mundo poderia queimar e ele mal se importaria. Não é como se fosse um feitiço simples que ele usou para matar todas aquelas pessoas. Você deve estar se referindo à Maldição da Morte...

— Eu sei como ele é, Ginny. — Hermione a interrompeu. — É a razão pela qual você e eu estamos vivas.

A frustração passou pelo rosto de Ginny e ela começou a abrir a boca novamente. Hermione olhou para ela.

— O que você pensou quando usou a Maldição da Morte em Voldemort? — Hermione perguntou.

A mandíbula de Ginny se fechou e ela enrijeceu enquanto olhava para Hermione com os olhos arregalados. Então ela apertou os lábios com força até que sua expressão se distorceu e ficou angustiada.

— Oh Deus. Em Harry — ela finalmente disse, sua voz embargada de tristeza, os nós dos dedos ficando brancos enquanto ela cerrava os punhos trêmulos. — Eu estava pensando em tudo que ele fez com Harry.

Hermione assentiu, sem surpresa.

Ela olhou para o anel de ônix em sua mão por vários segundos antes de falar.

— O amor nem sempre é tão bonito ou puro como as pessoas gostam de pensar. Há uma escuridão nisso às vezes. Draco e eu andamos de mãos dadas. Eu fiz dele quem ele é. Eu sabia o que suas runas significavam quando o salvei. Se ele é um monstro, então sou seu criador. Qual você acha que foi a fonte de toda a raiva dele?

.

Quando Aurore percebeu que Ginny iria levar James embora, ela inicialmente ficou sem entender e depois, quando eles se prepararam para sair, ficou histérica.

— Ele é meu! Ele é meu! Ele é meu melhor amigo! Você não pode levá-lo embora!

Ela não queria ser consolada por Draco ou Hermione. Ela se agarrou a James e se recusou a soltá-lo. James estava dolorosamente em conflito sobre ir embora, embora não tenha largado a mão de Ginny nem por um momento.

— Ela pode vir conosco — disse ele, — eu cuidarei dela.

— Não. Não. Aurore tem que ficar comigo e com o pai dela até ficar mais velha — Hermione disse enquanto tentava tirar Aurore de cima de James.

— Eu quero ir também! — Aurore disse enquanto Hermione tirava os dedos das vestes de James. — Eu também quero morar na Grã-Bretanha. Por que não podemos ir também?

— Sinto muito, Aurore, não podemos.

— Por que? — Aurore caiu no chão e tentou rastejar de volta para James antes que Hermione pudesse pegá-la.

Hermione puxou-a do chão e segurou-a com força.

— Não é seguro irmos para lá. É por isso que moramos nesta ilha e não na cidade com lojas, lembra? Mamãe teria dores de cabeça lá, e os curandeiros disseram a mamãe que ela não pode ir a lugares que lhe causem dores de cabeça.

— Mas James é meu melhor amigo. Nós ficamos juntos. Melhores amigos deveriam fazer isso — Aurore soluçou no ombro de Hermione.

Draco ficou parado, parecendo completamente perdido; seus dedos estavam com espasmos.

James soltou a mão de Ginny e foi até Aurore.

— Rory, você tem que ficar com sua mãe e seu pai. Não é seguro na Grã-Bretanha.

— Eu posso ir. Eu também sou da Grifinória — disse Aurore com a voz quebrada.

Draco estremeceu.

— Sim — James disse lentamente, e sua expressão ficou dolorida. — Mas você não pode ir porque tem que cuidar do Padfoot. Lá não é seguro para um filhote de cachorro. Ele não vem quando mandamos e late demais.

A cabeça de Aurore saltou do ombro de Hermione.

— Realmente? — ela disse com a voz trêmula.

— Sim. — James assentiu seriamente. — Não é seguro para um filhote de cachorro. Você precisa cuidar dele. O tio Draco não gosta dele e a tia Miney não sai muito de casa. Ele precisa passear todos os dias, então você tem que fazer isso. — James estava segurando a coleira de Padfoot com força. — Mas ele ainda é meu cachorro.

Aurore assentiu lentamente e James deu-lhe a coleira de Padfoot.

Depois que Ginny e James partiram com a chave de portal, Aurore sentou-se na varanda, abraçando Padfoot e chorando.

Quatro anos depois.

Aurore correu para o laboratório e subiu no colo de Hermione, com um pedaço de papel entre os dedos.

— Mamãe. Olha mamãe. Meu pai me levou ao mercado e havia uma senhora... ela tinha isso amarrado e me deu um. — Aurore desenrolou os dedos e na palma da mão segurava um pequeno Tsuru de origami amassado.

Hermione deu um pequeno suspiro e seu coração apertou enquanto ela olhava para aquilo.

— Oh, Aurore, isso é adorável.

— Ela disse que se eu ganhar mil, realizarei um desejo. — Aurore olhou para o Tsuru com seus olhos prateados acesos, então a luz desapareceu quando ela murchou. — Mas... os desejos são apenas imaginários.

— O que você desejaria? — Hermione perguntou, mesmo tendo certeza de que já sabia a resposta.

Aurore olhou para Hermione hesitante.

— Eu gostaria que pudéssemos ir para a Grã-Bretanha.

Hermione apertou os lábios em um sorriso tenso.

— Isso seria divertido, não seria?

Aurore assentiu e olhou melancolicamente para o Tsuru que segurava.

Ela perdeu a maior parte de sua diversão depois que James foi embora. Draco e Hermione tentaram trazer de volta a faísca. Draco a levou ao continente para visitar playgrounds e mercados, Hermione até ia com eles de vez em quando. Aurore não queria ser amiga de outras crianças.

Havia muitos obstáculos. No mundo trouxa, ela foi advertida contra fazer qualquer referência à magia. No mundo mágico, Draco e Hermione a avisaram com muito cuidado que ela não poderia contar a ninguém o nome de seus pais, onde moravam, ou mencionar como Draco e Hermione haviam alterado suas aparências.

As regras deixavam Aurore estressada. Como resultado, ela não brincava. Ficava quieta à distância, observando as outras crianças brincarem com uma expressão de desejo, mas recusando todos os convites para participar, mesmo quando Draco e Hermione a incentivavam. Depois de quatro anos, James continuava sendo o único amigo de quem ela falava.

— Mãe... posso ir quando tiver idade suficiente para ir para Hogwarts?

O estômago de Hermione revirou e ela piscou devido à dor de cabeça que já estava tentando ignorar.

— Achei que você iria para uma escola na Nova Zelândia? Para que seu pai e eu possamos visitá-la e você possa voltar para casa nas férias.

— Você não pode me visitar em Hogwarts?

A mandíbula de Hermione se contraiu ao pensar na Torre de Astronomia com os corpos dos Weasley pendurados abaixo do cadáver de Harry; sobre o corredor sinuoso pelo qual ela foi arrastada antes de ser trancafiada; de sentar no Salão Principal enquanto era treinado como substituto.

— Eu... provavelmente teria dores de cabeça se visitasse você em Hogwarts. Algumas coisas muito tristes aconteceram comigo lá, e eu pensaria em todas elas se estivesse lá.

Aurore estava quieta.

— Acho que a Nova Zelândia tem uma boa escola — disse ela depois de um minuto, pegando a grua e alisando delicadamente alguns vincos.

Hermione podia ouvir o desejo em sua voz. Ela estendeu a mão e endireitou as asas e depois arrumou o pássaro de origami para que ficasse em pé.

— Você sabia? Dobrei mil Tsurus uma vez.

Aurore olhou por cima do ombro.

— Você realizou seu desejo?

Hermione assentiu e deu um pequeno sorriso.

— Eu penso que sim.

— O que você desejou?

— Bem... — A garganta de Hermione se apertou, e ela estendeu a mão e afastou os cachos selvagens de Aurore. — Não me lembro exatamente como foi meu desejo, mas acho que desejei você. Eu acho que desejava um lugar para estar com as pessoas que amava; onde eu não estaria mais sozinha. Houve um tempo em que me senti muito sozinha. E agora eu sempre tenho você e o papai. Então eu realizei meu desejo.

Os olhos de Aurore brilharam.

— Você pode me ensinar como fazer um Tsuru?

Hermione ficou imóvel por um momento, seu coração batendo dolorosamente.

— Não. Sinto muito, não me lembro mais como fazê-los. Tentei aprender de novo, mas isso sempre me escapa.

— Por que?

Hermione apertou os lábios e engoliu em seco.

— Bem, quando eu estava grávida de você, machuquei minha cabeça. Ela se machucou por dentro. Poderia ter sido um ferimento muito, muito grave. Ruim o suficiente para que eu não conseguisse me lembrar de muitas coisas. Por muito tempo, achamos que eu começaria a me esquecer de mais e mais coisas. Mas... — um sorriso se curvou nos lábios de Hermione. — Mesmo sem ter nascido, você usou sua magia e a envolveu nas partes do meu cérebro que estavam machucadas para que eu não esquecesse mais nada. Mas as partes do meu cérebro que estão envolvidas em sua magia, eu não posso alcançá-las agora. Elas estão bem fechadas para que não possam se romper. Isso significa que mesmo que você me diga certas coisas ou que eu tente aprendê-las, eu as esqueço novamente.

— Minha magia consertou você? — Os olhos de Aurore estavam arregalados

Hermione assentiu.

— Sim. É chamado de microquimerismo mágico fetomaterno. É assim que os curandeiros chamam. É muito, muito raro. Contanto que eu tome muito cuidado e não faça coisas que me façam respirar rápido ou ter dores de cabeça, os curandeiros acham que vou continuar me lembrando da maioria das coisas até que você cresça e tenha seus próprios filhos.

— Talvez você pudesse ter outro filho para consertar seu cérebro se começar a esquecer.

Hermione deu um sorriso tenso.

— Os curandeiros disseram que não haveria mais bebês para mim. Só você.

Draco apareceu na porta com o cabelo ainda castanho e as feições suavizadas pelos feitiços. Hermione enrijeceu quando o viu.

— Mamãe estava me contando como minha magia consertou seu cérebro — disse Aurore.

Os olhos prateados de Draco piscaram e ele assentiu concisamente.

Hermione deu um beijo na cabeça de Aurore.

— Querida, você pode perguntar a Topsy o que tem para o jantar? Seu pai e eu precisamos conversar.

Aurore pegou seu Tsuru de papel e foi embora. Conforme os passos desapareceram ao longe, o sorriso no rosto de Hermione desapareceu.

Draco olhou para ela e ergueu uma sobrancelha.

— O que está errado?

Hermione engoliu em seco e sentiu como se houvesse uma pedra na garganta. Ela enfiou a mão debaixo de uma pilha de papéis e retirou um jornal mágico.

"Criminosa de guerra encontrada afogada."

Os olhos de Draco brilharam por uma fração de segundo enquanto ele lia.

— Eles encontraram Stroud afogada na costa do Brasil — disse Hermione em voz baixa. Seus dedos se contraíram contra o papel. — Ela foi encontrada em um necrotério trouxa. A causa oficial da morte foi um ataque cardíaco durante a natação.

Houve um breve silêncio.

— É uma pena que ninguém a tenha matado — disse Draco, com frieza, enquanto passava a mão protética e murmurava "finito" para tirar o glamour do cabelo e das feições.

— Alguém fez isso — disse Hermione com uma voz que era quase um silvo.

Draco apenas olhou para Hermione sem expressão.

— Não. Não se atreva a mentir para mim. — Seu coração estava começando a bater dolorosamente em seu peito.

Draco olhou para baixo e deu um suspiro baixo. Em uma fração de segundo, a nitidez dele ressurgiu como uma lâmina crua.

A versão de si mesmo que ele usava tão perfeitamente na ilha sempre que Aurore podia vê-lo, a suavidade, os sorrisos tortos e os monólogos tranquilos. Tudo isso desapareceu como se fosse uma fantasia que ele vestia. A persona perfeita e infalível do pai que ele queria ser.

Agora ele era real novamente. Tão frio e brilhante quanto aço afiado.

Hermione olhou para ele, sentindo como se houvesse um abismo dentro dela.

— Dissemos que terminamos.

— Não — disse ele, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. — Você disse que terminamos e eu não discuti com você.

A mandíbula de Hermione tremeu e ela olhou para baixo.

— Você poderia ter sido pego. Se eles tivessem te pegado, você teria sido morto.

Sua cabeça latejava e seu esterno doía como se ele a tivesse quebrado ao meio.

— Sou muito difícil de matar. Consideravelmente mais difícil de matar do que uma curandeira de meia-idade. — Seus olhos eram gelados.

— O que você fez? — Ela encontrou o olhar dele. — Cruciatus até ela se afogar?

O canto de sua boca se contraiu quando ele desviou o olhar.

— Inteligente como sempre.

Hermione não disse mais nada. Ela continuou olhando para ele, esperando que ele olhasse para ela.

— Ela merecia morrer — disse ele finalmente, olhando fixamente pela janela. — Você devia saber que eu iria matá-la no momento em que chegaram os relatórios de que ela havia fugido. Você sabia que eu a encontraria.

Hermione tentou engolir. Seus ombros tremiam enquanto ela se mantinha rígida.

— Você mentiu para mim. Você mentiu para mim. Você escondeu o que estava fazendo. Você disse que precisava visitar o Canadá para tratar de uma transferência financeira. Agora, toda vez que você for embora, vou me perguntar o que você realmente está fazendo e vou me preocupar com a possibilidade de você nunca mais voltar... — A voz dela falhou.

A expressão de Draco mudou e ele estendeu a mão na direção dela.

Hermione levantou-se bruscamente para evitar o toque dele, pressionando a mão contra o esterno.

— Isso não é suficiente para você? Ter uma vida é tão insatisfatório que a vingança vale todo esse risco? — Seus olhos estavam queimando. — Em alguns anos, teremos que contar a Aurore. Ela irá para a escola e ouvirá sobre a guerra em suas aulas, sem poder dizer nada. Eles vão falar sobre você. Vão contar a ela todas as coisas que você fez.

A mandíbula de Draco apertou.

Hermione respirou fundo.

— Isso vai abalar o mundo dela - mesmo que ela ouça isso de você primeiro. Não podemos ter todas as coisas que queremos nesta vida, Draco. Foi você quem me disse isso. Você disse que havia um momento em que eu tinha de perceber que não conseguiria tudo o que queria e que eu tinha de escolher algo e deixar que fosse suficiente. Eu escolhi você. Sempre. Eu sempre escolhi você.

Seus pulmões começaram a ter espasmos tão violentos que causou um gemido tenso em sua garganta. Ela pressionou as mãos sobre a boca. Draco estremeceu visivelmente e estendeu a mão para ela novamente.

Hermione olhou para ele.

— Se não é mais isso que você quer escolher, você me deve pelo menos me contar primeiro.

— Granger, não foi assim — ele disse, sua voz tensa enquanto se aproximava dela lentamente.

Ela recuou.

— Realmente? Você acabou de encontrá-la enquanto estava a um continente inteiro de onde disse que estaria? Você esteve procurando por ela esse tempo todo, não foi?

Ele assentiu com relutância, mas seus olhos ainda não se desculpavam.

— Ela merecia morrer depois do que fez com você. Eu não poderia deixá-la quando sabia onde ela estava escondida.

A boca de Hermione se torceu e ela desviou o olhar.

— Então você não deveria ter procurado. Deveria ter deixado para lá. — Ela deu um soluço baixinho. — A pior parte é que estou tão feliz por ela estar morta. Estou feliz que ela tenha sofrido. Eu só não queria que fosse você - por que é sempre você?

Draco deu dois passos rápidos pela sala e agarrou-a pelo braço antes que ela pudesse recuar.

Hermione hesitou por um momento antes de se enterrar nos braços dele.

— Eu a odiei. Eu a odiei tanto. Eu a odiei.

— Eu sei — disse ele, embalando o rosto dela e pressionando as testas enquanto ela lutava para respirar. — Eu sei

Ela deu um soluço baixo.

— Eu juro, terminei agora. Por favor, respire. — Ele a segurou firmemente em seus braços. — Não haverá mais ninguém.

.

Dez anos depois.

Hermione ficou na Estação Central de Wellington observando as chamas verdes de uma grande lareira morrerem.

— Somos só nós dois agora — ela disse com uma voz melancólica.

Draco ficou em silêncio enquanto estava ao lado dela. A mão dele deslizou pela cintura dela, quente e possessiva.

Ela descansou a cabeça no ombro dele.

— Você percebe por que ela está indo, não é?

Houve uma pausa antes de Draco dar um suspiro de dor.

— Sim...

Um sorriso apareceu no canto de sua boca.

— Suponho que era quase inevitável.

Ela olhou para Draco, que ainda estava olhando para a lareira; uma expressão de amargura e resignação estava em seu rosto. Ele olhou para baixo e encontrou o olhar dela.

Suas feições estavam escondidas atrás de glamour, mas seus olhos eram sempre os mesmos. Não importa quanto tempo ela os estudasse, sempre parecia haver nuances na forma como a cor mudava que ela ainda não havia descoberto. Ele sentia as coisas tão intensamente, mas em particular. Eles eram parecidos nesse aspecto.

Enquanto ele olhava para ela, seus olhos eram prateados derretidos.

O mundo ao seu redor desapareceu.

Seu batimento cardíaco acelerou.

— O que fazemos agora?

O canto da boca dele se curvou em um sorriso que só tinha sido para ela.

— O que você quiser, pelo tempo que quiser.

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