Manacled | Dramione

By moonletterss

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Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... More

Nota da tradutora
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Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

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By moonletterss

Hermione olhou com os olhos arregalados enquanto a silhueta de Lucius enchia a entrada do corredor.

Seus olhos percorreram as paredes e pousaram no local onde Hermione estava encolhida. Ele olhou para ela por um momento antes de começar a avançar lentamente. Draco apareceu ao lado de seu pai.

Não estrague seu disfarce. Não estrague seu disfarce, Draco. Hermione repetiu o pensamento em sua cabeça como um mantra enquanto Lucius se aproximava dela.

Lucius se sentia como um dragão em pele humana. Ele desceu o corredor em direção a Hermione com um passo indireto e sinuoso, como uma serpente; como se ele a estivesse desafiando a correr.

Seus olhos estavam brilhantes e luminosos quando ele se aproximou.

— Você se lembra do programa de repovoamento? Sou obrigado a manter uma substituta. Eu não mencionei minha paternidade iminente? — A expressão de Draco era fria, mas atenta enquanto olhava para Hermione. Ele moveu a cabeça levemente, como se quisesse avisá-la para não se mover.

— Ah sim. A sangue-ruim sobre a qual o Profeta Diário escreveu. Eu tinha esquecido que ela estava aqui. — Ele ficou a poucos centímetros de Hermione enquanto a olhava. A Magia Negra pairava ao redor dele como uma capa e fez com que seu estômago revirasse enquanto seu corpo começava a suar frio. Ela se pressionou com mais força contra a parede.

Lucius empurrou a cabeça dela para trás com a varinha até que os olhos dela encontraram os dele. Suas pupilas estavam dilatadas; havia apenas um pedaço de prata envolvendo-os. — Um ratinho preso em um ninho de serpente.

Hermione sentiu suas vestes mudarem quando a mão de Lucius deslizou levemente ao longo de seu corpo. — Você gosta dela, Draco? A vulgaridade lhe agrada? Imagino que depois de tantos anos de proibição, deve haver uma novidade em explorar a sujeira de uma sangue-ruim. Isso explicaria o fato de sua esposa ter se afastado tanto do leito conjugal. Será que o seu brinquedinho o fez desejar coisas que uma esposa de sangue puro não teria condições de satisfazer?

A voz de Lucius se transformou em um ronronar predatório enquanto ele se aproximava de Hermione. Ele cheirava a cardamomo e couro, mas estava mascarado sob o cheiro fétido e acobreado de sangue velho. A língua de Hermione coagulou e sua garganta se contraiu enquanto ela tentava engolir.

— Vamos ver quais recursos você tem para manter meu filho na Grã-Bretanha enquanto a esposa dele se diverte na França.

Não estrague seu disfarce. Não estrague seu disfarce.

Ela sentiu os botões do busto se desabotoarem. Ela tremeu imperceptivelmente, e um pequeno gemido quase escapou dela, mas ela o manteve. Seus olhos procuraram Draco, tentando avisá-lo.

Ele estava parado atrás do pai, os olhos ardendo de raiva.

Não - não - não -

A mão de Lucius fechou-se em torno de sua garganta e ele deu uma risada baixa e trêmula. Não foi curto. A risada continuou indefinidamente, em vez de parar. Toda vez que Hermione pensava que ele poderia parar, ele continuava com seu barulho baixo, implacável e triste. Os dedos dele ainda estavam em volta do pescoço dela, como se fosse quebrá-lo, e ela sentiu cada vibração.

— Ora, Draco... — ele finalmente disse, olhando por cima do ombro. — Ela está apegada a você.

A expressão de Draco instantaneamente se curvou em um sorriso cruel e arrogante quando ele encontrou o olhar de Lucius. — Sim, ela está.

Ele passou por Lucius, segurou o braço de Hermione e puxou-a com firmeza para fora do alcance de seu pai.

Draco olhou para ela antes de voltar a olhar para seu pai. —As torturas anteriores a deixaram instável e causaram uma perda de memória bastante extensa. O Lorde das Trevas tem um interesse particular nas informações que acredita que ela possui. Ele quer que ela seja mantida em segurança aqui na mansão até que eu possa extraí-la. — Ele deu um sorriso fino. — Levou apenas alguns meses e ela se apegou bastante ao seu captor. Eu sou tudo que ela tem no mundo. — Ele olhou atentamente para Hermione e sorriu. — Não sou, sangue ruim?

Hermione não precisou fingir a maneira como sua mandíbula tremia ou a velocidade cada vez maior com que seu peito começava a tremer quando ela deu um pequeno aceno de cabeça. Sua mão tremia quando se levantou e ela fechou o vestido.

Draco olhou para ela. Sua boca se torceu com escárnio. — Acalme-se e respire. Meu pai dificilmente encontrará alguém como você que valha a pena olhar.

Lucius estava assistindo com ávida diversão. Ela se forçou a lembrar disso quando encontrou o olhar cruel de Draco e sentiu-se murchar por dentro.

— Ela geralmente fica em seu quarto, longe de sua caminhada diária. Ela devia estar ansiando por mim para ter ido tão longe. — Os lábios de Draco se curvaram.

Sua expressão ficou fria enquanto ele olhava para seu pai. — O Lorde das Trevas não quer que ela seja mexida por ninguém, por mais divertido que seja. Existem regras rígidas em relação às substitutas. Mantê-la e recuperar as memórias que ela perdeu é considerado fundamental. Você vai me desculpar; Tenho que levá-la de volta para o quarto para garantir que ela não tenha um colapso mental em algum lugar ao longo do caminho.

Draco começou a puxar Hermione pelo corredor, mas então parou e olhou para Lucius. — Sua ala da mansão foi mantida. Acredito que Astoria redecorou em algum momento do ano passado. Venha, sangue-ruim.

Ele arrastou Hermione com força pelo corredor, movendo-se tão rapidamente que ela mal conseguia se manter de pé enquanto segurava o vestido e tentava respirar.

Ela olhou por cima do ombro e viu Lucius observando-os partir, uma expressão ilegível no rosto.

Assim que chegaram à Ala Norte, Draco parou e puxou-a com força para seus braços.

— Desculpe. Eu sinto muito. — Ele virou o rosto dela para cima para poder olhar para ela. A mão dele estava quente contra a pele dela enquanto ele estudava seu rosto, afastando o cabelo dos olhos. — Ele chegou sem qualquer aviso. Você está bem? Eu sinto muito.

— Estou bem... estou bem... — Hermione forçou as palavras enquanto seu peito continuava tendo espasmos e ela lutava para não começar a chorar. — Eu só estava com medo que ele fizesse alguma coisa e você estragasse seu disfarce.

A mão de Draco deslizou possessivamente pelo cabelo dela na base da cabeça, e ele a puxou para mais perto. — Ele não vai chegar perto de você. Eu vou matá-lo se ele tocar em você novamente. Direi ao Lorde das Trevas que ele passou dos limites e não tive escolha.

Hermione enterrou o rosto nas vestes de Draco e fechou os olhos com força. Ela estava indo tão bem. Ela estava calma, não entrava em pânico há dias, mas agora sentia como se suas pernas tivessem sido violentamente arrancadas de debaixo dela.

Draco deu um suspiro agudo e irritado. — De todas as vezes que o Lorde das Trevas o chamou de volta.

Hermione engoliu em seco e olhou para cima. — Ele está aqui para rastrear a pessoa responsável pela destruição da horcrux, não está? O último membro da Ordem. Isso foi o que ele disse.

Draco ficou em silêncio por vários segundos enquanto olhava nos olhos dela.

— Ele está — ele finalmente disse, seu queixo caindo ligeiramente. Ele estendeu a mão gentilmente e reabotoou o vestido dela. — O Lorde das Trevas ficou desapontado por eu não ter conseguido prender a pessoa responsável. Ele chamou meu pai de volta à Grã-Bretanha para transferir a tarefa.

A garganta de Hermione ficou seca. — O que... o que isso significa?

O canto de sua boca se curvou e seus dedos se ergueram e passaram por sua bochecha. — Não imagino que ele encontre alguma coisa antes de você partir. Pouco importará depois disso. Você ficará no seu quarto; não será por muito tempo.

Hermione se encolheu e balançou a cabeça. — Tenho coisas que preciso procurar na biblioteca. Eu estava esperando por você porque tive uma ideia...

— Hermione. — Ele a interrompeu com uma voz dura e retirou a mão. — Meu pai viverá na mansão em um futuro próximo. Não é uma coincidência que ele tenha sido chamado de volta agora, uma vez que o Lorde das Trevas não tem mais suas memórias para usar. Vou acompanhá-la nas caminhadas, posso desculpar que é clinicamente necessário. No entanto, meu pai é instável e imprevisível. Não se pode confiar ou esperar que ele siga as instruções do Lorde das Trevas de maneira confiável quando ele tem uma ideia em sua cabeça. Qualquer coisa que ele veja, o Lorde das Trevas poderá ver.

Hermione engoliu em seco e tentou falar.

Draco deu um suspiro baixo e seus ombros caíram. — Desculpe. Lamento profundamente. Vou trazer livros para você. Eu sei que não é isso que você quer. Se eu pudesse fazer melhor, eu faria.

Ele olhou para o outro lado do corredor por um momento. — Vou levá-la para o seu quarto agora. Então eu deveria ir. Parece que não consigo mais passar meu tempo com você.

O coração de Hermione parecia chumbo enquanto ela o seguia pelos corredores e observava enquanto ele inspecionava e testava as proteções em seu quarto por vários minutos antes de sair.

A presença de Lucius na mansão parecia veneno no ar. Narcissa estava pálida e nervosa em seu retrato, mas continuou sua vigília constante por Hermione. Topsy apareceu à noite, com as mãos cobertas de queimaduras e a cabeça com hematomas roxos na testa, a pele dividida em vários locais.

— O que aconteceu? — Hermione perguntou, horrorizada enquanto segurava levemente as mãos minúsculas e enrugadas e percebia o dano.

Topsy retirou as mãos e as escondeu atrás das costas. — Mestre Lucius não está gostando da redecoração da Ala Sul. Ele está ordenando que todos os elfos sejam punidos — disse Topsy, desviando os olhos.

— Mas... mas ele não é mais seu mestre. Draco é o senhor da propriedade agora.

Topsy olhou para Hermione com seus olhos enormes. — Elfos estão ligados à magia. Mestre Lucius ainda é um Malfoy.

Hermione soltou um suspiro agudo. — Mas Draco o substitui. Se Draco disser para não fazê-lo, a lei mais elevada de um elfo doméstico é a ordem de seu mestre, você não deveria ter que se punir se Draco disser para não fazê-lo. Por que ele não disse para você não fazer isso?

Topsy se mexeu e esfregou o pé na perna. — Os elfos domésticos não devem fazer nada que possa fazer Mestre Lucius pensar que Mestre Draco não gosta de ser um Comensal da Morte. Mestre Draco deve sempre ser um filho muito leal ao Mestre Lucius, que gosta muito de ser um Comensal da Morte. Isso é o mais importante.

— O quê ele fez pra você? — Hermione disse, puxando a mão de Topsy de trás das costas. Eles estavam com bolhas e em carne viva.

— Topsy deveria passar as mãos por um minuto cada e bater-se dez vezes com um balde de carvão. — Topsy contraiu um ombro ossudo. — Topsy está bem. Mestre Lucius nunca gostou de elfos, Topsy está acostumada com isso há anos.

A garganta de Hermione estava grossa e seus olhos ardiam enquanto ela engolia.

— Eu gostaria de poder curar você. — Sua boca se torceu. — Eu costumava ser uma curandeira – quando tinha magia. Você tem poções? Eu tenho alguma essência Murtlap. Não é muito, mas vai aliviar as queimaduras e ajudar nos hematomas.

Topsy deu um tapinha gentil na bochecha de Hermione. — Os elfos estão tomando Poções, mas se as usarmos muito cedo, Mestre Lucius vai querer nos punir novamente.

Draco estava visivelmente pálido e tenso quando chegou ao quarto dela mais tarde naquela noite. Ele atravessou rapidamente a sala, segurou o rosto dela entre as mãos e estudou seus olhos como costumava fazer durante a guerra.

— Eu deixei claro para ele que você está grávida e que o Lorde das Trevas está usando isso como um mecanismo para recuperar suas memórias — disse ele depois de um minuto. —Eu não imagino que ele hesitaria em te machucar, apesar das regras relativas a substitutos, mas espero que o interesse específico do Lorde das Trevas na gravidez seja suficiente.

Hermione levou a mão à bochecha dele. Ele era preocupantemente legal de tocar. — O que você fez, Draco?

Ele encolheu a mão dela. — Eu adicionei mais algumas proteções. Quero saber se ele tenta acessar a Ala Norte. Ele levantaria suspeitas se eu o mantivesse totalmente afastado, mas posso atrasá-lo o suficiente para chegar aqui primeiro.

— Você usou magia de sangue, não foi? Você parece prestes a desmaiar. — Ela o puxou em direção à cama. — Sente-se. Topsy! Eu preciso de uma Poção de Reabastecimento de Sangue. Tenho certeza que você as tem. — Ela pressionou as pontas dos dedos contra o pulso dele. — E uma poção fortalecedora.

Ela puxou a varinha dele do coldre em seu braço e a colocou em sua mão. — Faça um diagnóstico para mim. Preciso saber quanto sangue você usou.

Ele acenou com a varinha e ela estudou os resultados cuidadosamente. Quando Topsy reapareceu, Hermione pediu vários restauradores.

Ela o observou cuidadosamente enquanto ele tomava as poções e a cor lentamente retornava às suas feições. Ela pressionou a mão novamente em sua bochecha e sentiu o calor voltar para sua pele enquanto pressionava os lábios contra sua testa. — Eu não vou sair do meu quarto sem você. Você não precisa se preocupar.

Seus ombros caíram de exaustão e ele assentiu lentamente.

Draco chegou depois do almoço para sua caminhada diária. Enquanto eles estavam na porta do quarto dela, ela olhou para a mão dele. — Suponho que não deveríamos mais nos tocar. Apenas caminhe, como costumávamos fazer no inverno passado.

Ele assentiu, sua expressão tensa.

Eles caminharam pelo jardim de rosas. Os botões estavam apenas começando a florescer.

Quando eles contornaram a mansão, ambos congelaram. Havia um largo rastro de sangue saindo dos portões de ferro da propriedade; o cascalho branco estava encharcado.

Lucius estava na porta da frente da mansão com um centauro a seus pés.

O centauro foi atingido no torso pela maldição da necrose; a podridão estava se espalhando lentamente pelo estômago. Os tendões de cada perna foram brutalmente cortados. O centauro gemia baixinho e lutava para ficar de pé, com a pele cinzenta pela perda de sangue. O centauro tentou se levantar e caiu pesadamente no chão com um gemido agonizante.

Lucius estava vestido de couro e pingando sangue. Seu cabelo claro estava manchado de vermelho. — Ah, Draco... eu esperava que você estivesse aqui. Guarde sua sangue-ruim. Se você pudesse mudar as proteções para me permitir levar cativos diretamente para minha ala, isso seria útil. Então não serei obrigado a arrastá-los pela propriedade.

— Montando um zoológico, pai? — Draco ficou observando a cena com uma expressão cuidadosamente fechada.

Lucius bufou. — Esta fera veio da Floresta Proibida. Tenho certeza de que ele sabe alguma coisa sobre a origem daquela flecha ou, se não souber, pode me dizer quem sabe.

O peito de Hermione se contraiu dolorosamente enquanto Lucius continuava — Infelizmente, eles são criaturas tão pouco cooperativas, espero que o processo exija - persuasão.

Draco suspirou e ergueu uma sobrancelha. — Existem prisões onde você pode interrogar. Isso mantém o sangue longe do cascalho.

— Ah, sim — Lucius disse, agitando sua varinha em círculos preguiçosos. Sua voz tornou-se vagamente monótona. — As prisões. As prisões cheias de guardas e Comensais da Morte ambiciosos, ansiosos para ver nossa família ser derrubada. Essas prisões. Talvez se você fosse mais cuidadoso, já teria apreendido nossa presa. Por que eu deveria usar uma prisão quando tenho minha própria ala redecorada da mansão? Não. A mansão servirá muito bem. Já faz tanto tempo que não volto em casa. Agora, Draco, talvez você possa fazer a gentileza de transportar meu projeto até o fim. A menos que você prefira, eu também o arrasto pelos corredores.

Houve uma pausa enquanto Draco ficou entre Hermione e seu pai.

— Topsy — Draco chamou, sua voz dura.

Topsy apareceu diante de Draco com um pop. Seus hematomas haviam desbotado para amarelo e verde.

— Leve a sangue-ruim de volta para o quarto dela e certifique-se de que ela fique lá. — Draco desabotoou os punhos das mangas e arregaçou-as. — Tenho assuntos mais importantes para tratar.

Topsy balançou a cabeça e pegou a mão de Hermione, levando-a rapidamente para longe. Hermione olhou por cima do ombro e observou Draco caminhar em direção ao pai, a varinha pendurada na ponta dos dedos.

Hermione estava em seu quarto há apenas meia hora quando a gritaria começou.

Mesmo do outro lado da mansão, o som era audível. A agonia desumana reverberou pela casa como se estivesse emergindo das paredes.

Narcissa estremeceu violentamente, levantando-se de um salto, seu rosto ficando cinza enquanto ela soltava um suspiro sufocado de horror.

Foi o primeiro som que Hermione ouviu do retrato.

— É... é um centauro — Hermione disse. — Lucius o pegou.

Narcisa olhou para Hermione por um momento e depois caiu de volta na cadeira, com as mãos caindo no colo.

A gritaria continuou e continuou.

Hermione desviou o olhar e tentou engolir, mas sua saliva estava azeda. Suas mãos tremiam enquanto ela tentava virar a página do livro. As palavras nadaram diante de seus olhos.

Ela se perguntou se era a maldição de esfolar. A maneira como os gritos continuaram a lembrou de Colin.

O livro escorregou de seus dedos e caiu no chão. Ela mal percebeu.

Ela desejou ter sua oclumência. Ou pelo menos a capacidade de recompor sua mente para que todas as mortes não permanecessem tão em evidência.

Ela pressionou as mãos sobre os olhos e tentou clarear a mente.

Todo o sangue. Haveria muito sangue. E pele. E músculo. Eventualmente órgãos. Camada após camada. Até os ossos.

Ela queria se aconchegar no canto do quarto. Para se esconder do som e do conhecimento de que isso estava acontecendo e ela não tinha capacidade de fazer nada a respeito.

Se ela tentasse fazer alguma coisa, tentasse implorar a Draco para parar, isso colocaria ele, ela, a filha deles, Severus, Ginny, James em perigo.

Ela atravessou o quarto em direção ao canto, tentando não ouvir os gritos que não paravam.

Enquanto caminhava, ela olhou para o retrato. A expressão de Narcissa continuou vacilando, como se ela estivesse tentando não chorar enquanto se sentava estoicamente em sua cadeira.

Hermione parou e hesitou por um momento antes de caminhar em direção ao retrato.

Hermione estendeu a mão. Seus dedos tiveram espasmos quando ela os apoiou contra a tela. Narcissa olhou para Hermione e sua expressão era rígida. Seu nariz se torceu e seus lábios se curvaram defensivamente enquanto ela recuava na cadeira.

Hermione esperou.

Então os olhos azuis de Narcissa piscaram e sua boca se torceu enquanto sua mandíbula tremia. Ela foi até a beirada da cadeira e estendeu a mão até que seus dedos pintados pousaram na tela abaixo dos de Hermione.

Hermione ficou parada diante do retrato até a gritaria parar.

Assim que a mansão ficou em silêncio, a mão de Hermione escorregou da moldura e ela se virou. Seu estômago estava tão revirado que era como se ela estivesse sendo estrangulada por dentro. Ela caminhou atordoada até a cama e ficou ao lado dela por vários minutos. Ela ainda podia ouvir os gritos, como se estivessem tatuados em seus tímpanos.

Ela se enrolou firmemente no canto entre a cama e a parede e olhou fixamente para o chão.

Ela piscou e encontrou Draco ajoelhado na frente dela. Sua expressão era hesitante e preocupada, as sobrancelhas franzidas enquanto ele a estudava, a boca formando uma linha fina e plana.

Ele estava usando roupas diferentes e ela percebeu que ele havia tomado banho. Seu cabelo estava penteado para trás e ainda úmido.

Ela olhou para ele em silêncio. Ela não sabia o que dizer.

Sua expressão ficou cada vez mais tensa quando ele encontrou os olhos dela.

Ele não se aproximou dela. Ele não falou. Eles simplesmente se entreolharam e sentiram o peso de tudo isso.

Ele parecia estar esperando que ela iniciasse alguma coisa, se aproximasse dele ou desviasse o olhar.

— Disse algo que poderia incriminar você? — Hermione finalmente perguntou.

Os olhos de Draco piscaram e ela viu os nós dos dedos dele embranquecerem. — Não. Eu já cobri meus rastros.

A boca de Hermione se contraiu e ela deu um pequeno aceno de cabeça.

Tudo o que você faz está na minha cabeça também. Cada feitiço.

— Está tarde. Você vai comer esta noite? — Draco perguntou, estudando-a.

Hermione olhou para o relógio. Já era início da tarde quando Draco a levou para fora, agora eram sete horas.

Ela havia perdido o dia inteiro. Ela não fez nenhum progresso na pesquisa. Ela nem tinha pensado. Ela simplesmente ficou parada diante de um retrato, horrorizada, e ouviu um centauro ser torturado até a morte.

Ela não conseguiu fazer nada. Não antes de sua memória retornar. Não após. Ela era uma sombra da pessoa que tinha sido antes. Como o retrato de Narcissa pendurado na parede, ela era apenas uma sombra marcada de alguém que Draco amava.

Sua mandíbula tremeu.

— Hermione...

Ela olhou para Draco.

Sua expressão estava devastada enquanto ele a observava. Ele começou a alcançá-la, mas depois parou e retirou a mão. — Você vai comer?

Ela apertou os lábios e balançou a cabeça. Seus olhos piscaram, mas ele não parecia surpreso.

Ele se levantou, olhando para longe dela. — Vou enviar sono sem sonhos. Meu pai está esperando que eu vá jantar esta noite. Avise Topsy se precisar de alguma coisa.

Isso foi tudo o que ele disse antes de partir.

Ela deveria pesquisar mais. Era o que ela deveria fazer.

Ela não se mexeu.

Topsy apareceu com um frasco de sono sem sonhos que ela colocou ao lado de Hermione sem dizer uma palavra.

Hermione ainda estava sentada no canto ao lado da cama quando o relógio do corredor bateu meia-noite e Draco apareceu silenciosamente no quarto.

— Você ainda está acordada.

— Eu queria saber quando você voltou. — Ela levantou.

Ela se aproximou e enterrou o rosto nas vestes dele. Faltava pouco mais de uma semana para o aniversário da Batalha de Hogwarts.

Ele pousou uma mão hesitante na cabeça dela.

Ela olhou para ele, observando a forma como seus olhos prateados brilhavam na penumbra.

Ela se forçou a dar um sorriso pálido. — Venha para a cama. Está frio sem você.

.

— Espera-se que Severus chegue nos próximos seis dias — Draco disse enquanto eles vagavam pelo labirinto.

Hermione sentiu seu estômago embrulhar. — Oh.

Ela não sabia o que dizer. Ela caminhou às cegas até chegar a um beco sem saída e então ficou olhando para a parede de teixo, engolindo em seco e tentando pensar em algo para dizer.

Ela finalmente se virou e olhou para Draco, parado atrás dela.

— Posso ir à biblioteca mais uma vez? Só uma vez. Eu só quero olhar mais uma vez.

Draco olhou para ela por um momento e assentiu. — Meu pai saiu hoje. Eu te levo.

Ela sentiu os olhos dele sobre ela enquanto vagava de corredor em corredor, como se houvesse um peso em seu olhar.

Ela olhou para ele enquanto puxava da prateleira uma enciclopédia de fórmulas de aritmancia do século XV, e seus dedos tremeram contra a lombada quando ela avistou a expressão dele.

Melancólica.

Para ele, ela estava roubando tempo deles. Se ela não encontrasse nada, tudo seria desperdiçado. Todo esse tempo que ela poderia ter passado com ele.

Sua mandíbula tremeu. Ela olhou para baixo e mordeu o lábio enquanto tirava a enciclopédia da prateleira, bem como os quatro livros ao lado, juntando-os a uma pilha.

— Estes também.

.

— Eu encontrei o que estava faltando para remover sua Marca Negra — Hermione disse quando Draco passou pela porta do quarto dela depois do almoço no dia seguinte. Ela estava sentada na beira da cama, de mãos vazias, a refeição intocada.

Ele parou na porta. — Oh?

Os cantos de sua boca se contraíram e ela olhou para as mãos.

— Eu descobri isso com aritmancia. Até pedi para Topsy anotar todos os números para mim, para ter certeza de que calculei corretamente. — Sua voz estava vazia. Ela olhou para baixo e seu queixo tremeu antes de se forçar a olhar para Draco. — Lágrimas de Fênix. Eu seria capaz de removê-la se tivesse um frasco de Lágrimas de Fênix.

Ela poderia muito bem ter dito que precisava da lua.

Draco ficou olhando para ela por um minuto antes de piscar.

As Fênix raramente choravam. Quando o faziam, era sempre por causa de um ferimento, e não em um frasco para que as lágrimas pudessem ser guardadas ou usadas em uma poção. Tentar comprar lágrimas de Fênix custaria uma fortuna, e o comprador teria maior probabilidade de acabar com sangue de unicórnio diluído. Pode levar anos para conseguir localizar um vendedor com lágrimas reais de Fênix.

Ela engoliu em seco e se mexeu, enrolando o tecido de suas vestes entre os dedos. — Talvez... se eu começar de novo, eu possa encontrar alguma coisa. Posso ter abordado isso do ângulo errado...

Ela se contraiu e seu ombro estremeceu.

— Ou... uma bomba. Eu poderia construir uma bomba, como as que usei em Sussex. — Ela prendeu o lábio inferior entre os dentes e o mordeu. — Eu acho... eu me lembro principalmente de como. Se você me trouxer uma análise das proteções do castelo de Voldemort, talvez eu consiga projetar uma bomba para elas. Poderíamos explodi-lo.

A expressão de Draco estava fechada, mas seu olhar era irritantemente paciente enquanto ele caminhava até ela. — Você pode construir uma bomba sem magia?

Hermione engoliu em seco e sua boca se torceu. — N-não... Mas... eu poderia te dizer como...

— Você consegue manusear os materiais com segurança durante a gravidez?

Sua mandíbula tremeu e ela percebeu que essa era uma ideia que ele provavelmente já havia considerado e descartado em algum momento anterior.

— Não. Mas você poderia colocar proteções ao meu redor, isso silenciaria os efeitos e eu posso lhe mostrar as técnicas de antemão. Poderíamos trabalhar juntos...

Draco pegou a mão direita dela e pressionou a esquerda contra ela. Seu polegar e indicador se contraíram levemente. A mão inteira de Hermione teve um espasmo contra a dele.

— Qual de nós tem mãos firmes o suficiente para construir uma bomba?

Hermione puxou a mão, fechando-a em um punho tão apertado que ela podia sentir os ossos metacarpais sob as pontas dos dedos. Ela podia sentir o sangue sendo drenado de sua cabeça e sentiu como se fosse cair da beirada da cama.

Ela pressionou a outra mão firmemente contra o colchão para se firmar. — Talvez eu possa..m

— Hermione, estou cansado.

Ela olhou para ele e viu isso em seus olhos.

A guerra o devorara; restava tão pouco dele. Os fantasmas em seus olhos, a guerra, era quase tudo que existia.

Os outros Comensais da Morte se aposentaram da guerra após a Batalha de Hogwarts, mas Draco não teve a habilidade, nunca teve esse luxo. Ele continuou, porque não conseguiu encontrá-la, porque fez uma promessa de derrotar Voldemort.

Seu melhor para derrotar Voldemort.

Seu melhor.

Sempre o seu melhor.

Dia após dia.

Ele só queria um ponto final para olhar.

— Draco... eu...

Ele pegou a mão dela, passando o polegar sobre o anel. — Gostaria de me despedir de você antes de partir.

Sua garganta ficou presa quando ela olhou para ele. Sua mandíbula tremia visivelmente, e ele nadou em seus olhos quando ela assentiu lentamente e enterrou o rosto em seu peito. Ele passou os braços em volta dos ombros dela e suspirou.

Ela passou os braços ao redor dele, mas sua mente disparou.

No minuto em que ele saiu, ela voltou a pesquisar. Ela pediu mais livros aos elfos domésticos. Quando ele voltou, tarde da noite, ela os guardou. Ela não mencionou isso. Ela sabia que ele sabia de qualquer maneira.

Ela o beijou. Ela o empurrou de volta contra a cama e deslizou a perna até estar em seu colo, os dedos entrelaçados em seus cabelos enquanto acariciava seus lábios com os dela.

Ela tirou as vestes dele dos ombros e desabotoou a camisa, passando os dedos pelas clavículas e seguindo-as com os lábios. As mãos dela deslizaram pelos braços dele. Ela guiou as mãos dele até a cintura e depois puxou a boca dele de volta para a dela.

Suas mãos a agarraram. Seu polegar pressionou contra sua costela inferior e ele a arqueou contra seu peito. A outra mão dele se levantou e envolveu sua garganta, puxando-a impossivelmente para perto e inclinando a cabeça para trás enquanto aprofundava o beijo.

Ela começou a desabotoar o vestido. Suas mãos tremiam e seus dedos se atrapalhavam com os botões. Ele recuou e tentou fechar as mãos sobre as dela. Ela os soltou.

— Eu quero isso — ela disse com uma voz tensa e trêmula. — Eu quero isso. Quero isso em nossos termos antes de partir. — Sua voz vacilou. — Isto era nosso...

Ela engoliu em seco e piscou com força antes de encontrar seus olhos prateados. — Era nosso.

Ela contraiu os ombros e o vestido escorregou e amontoou-se na cintura. Ela passou os braços em volta do pescoço dele, puxando-o para perto e beijando-o novamente.

Ela ficou montada nele enquanto avançavam, à medida que as coisas ficavam mais quentes e o mundo ao seu redor se desvanecia. Não havia nada além de Draco, suas mãos e olhos, as batidas de seu coração. Ela reexplorou seu corpo. Ele era diferente, sentia-se ferido nas mãos dela. Ele tinha cicatrizes que ela não reconhecia, e seus dedos às vezes se contraíam quando ele a puxava para mais perto e passava as mãos pela pele dela.

Ela se deitou contra o comprimento de seu corpo, saboreando o calor dele enquanto sua mão traçava a curva de sua coluna. Ele beliscou seu ombro até que ela soltou um gemido baixo e seu corpo estremeceu contra o dele. Ela beijou sua garganta e ao longo de suas clavículas e notou como ele reagiu, a maneira como ele ficou tenso e sua respiração presa, a maneira como seus dedos torceram em seu cabelo e deslizaram possessivamente por sua garganta.

Meu. Ela podia sentir isso em seu toque, mas ele não disse isso.

Meu.

Seus olhos não eram como os de um lobo. Eles eram de um dragão, mortais e possessivos. Ele olhou para ela como se ela fosse tudo o que importava no mundo. Isso fez seu sangue queimar.

Suas coxas cercaram seus quadris enquanto ela montava nele e se mexia. Ela encontrou os olhos dele. Seu coração batia forte no peito e seu pulso estava acelerado, e ela sabia que ele podia sentir isso.

Ela levou as mãos dele aos quadris enquanto se abaixava lentamente. Seus olhos ficaram pretos e sua mandíbula ficou tensa quando ele soltou um silvo baixo entre os dentes, mas ele não a apressou quando ela fez uma pausa e se ajustou à sensação e então girou os quadris para frente.

Era... familiar, tanto no bom quanto no ruim.

Sobre a mesa, ela tentou não prestar atenção, não em como era a sensação, como a tocava por dentro, na sensação ou no movimento. Ela desviou sua mente e se concentrou na mordida da mesa contra seus quadris, no relógio, na textura da madeira sob as pontas dos dedos. Poesia. Poções. Algo mais.

Sempre foi uma questão de experimentá-lo o menos possível.

Agora ela queria perceber como era. Eles estavam conectados. Ele estava nela e abaixo dela. Suas mãos guiando seus quadris enquanto ela se movia com ele.

Foi bom. Ela se sentia assim quando eles faziam sexo, ela tinha certeza.

O calor do seu toque era como um fogo. Não foi muito rápido ou demais para ela. Ele foi tão lento quanto ela precisava.

Costumava ser lento. Ela se lembrou disso. Lento e íntimo enquanto ele sussurrava contra sua pele. A reverência ardente de seu toque enquanto ele fazia amor com ela.

Foi isso que aconteceu. Fazendo amor.

Isso é o que eles tinham.

Seus olhos ardiam e ela abaixou a cabeça enquanto seus ombros tremiam.

— Eu amo você. — Ela segurou a mão dele com tanta força que até doeu. — Eu queria que toda a minha vida lhe mostrasse isso.

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