Manacled | Dramione

By moonletterss

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Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... More

Nota da tradutora
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75. Epílogo 1
76. Epílogo 2
77. Epílogo 3
Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

62. Flashback 37

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By moonletterss

Julho de 2003

Ela acordou assustada e se viu deitada em uma cama baixa e improvisada, Draco inclinado sobre ela.

Ela recuou e depois parou e olhou em volta, percebendo que estava na casa segura dele em Whitecroft. Ela olhou para Draco e tudo voltou correndo. Ela respirou fundo e sentiu como se estivesse sendo esmagada até a morte. — O que aconteceu?

Sua boca se contraiu quando ele se endireitou e olhou para ela. A expressão dele era uma máscara, mas ela podia ver a raiva contida em seus olhos.

— Apesar de — a palavra foi mordida — sua garantia para mim ontem, você estava em Hogwarts. Quando descobri, tentei agarrá-la e você aparatou em um riacho. Eu tive que atordoar você; Achei que você poderia se afogar antes de perceber que era eu.

Ela sentou-se cautelosamente, ainda um pouco dolorida e atordoada. Ela balançou a cabeça, tentando limpá-la do torpor restante. — Você estava mascarado; Eu não reconheci você.

Ela olhou para baixo. Suas roupas estavam secas. Seus pulmões pareciam limpos, como se já tivesse passado muito tempo desde que ela foi nocauteada. Ela olhou para o relógio e seu estômago embrulhou bruscamente. As horas se passaram. Já era quase noite.

— Há quanto tempo você me deixou aqui, inconsciente? — A voz dela estava incrédula quando ela olhou para Draco.

Sua expressão era fria. — Eu não estava disponível para desaparatar com você. Assim que tirei a água de seus pulmões e você estava seguro, tive que voltar para cumprir meus deveres.

Hermione desviou o olhar.

Harry.

Rony.

Quase todo mundo esteve em Hogwarts. Além de Severus, ela pode ser o único membro ativo remanescente da Ordem.

Ela apertou os lábios por um minuto, recompondo-se antes de olhar para cima. — Eu não entendo. O que aconteceu? Como eles encontraram nossa prisão?

Ele desviou o olhar, suas mãos estavam cerradas em punhos. Ela quase podia sentir a raiva fervilhando ao redor dele.

— Não sei os detalhes de quão precisamente isso ocorreu. Eu te disse, o Lorde das Trevas está desconfiado agora. Ele quase não confia em ninguém e fornece informações diferentes para cada general na tentativa de identificar para onde está indo a inteligência. Fui informado de dez planos diferentes de ataque e nenhum deles era legítimo. O que sei é que ele esteve em Sussex ontem à noite, trabalhando sozinho, de acordo com todos os relatórios que recebi. Quando soube que tínhamos a sua prisão, a Resistência já estava em Hogwarts. Não houve oportunidade de enviar uma mensagem.

Hermione sentou-se na beira da cama enquanto absorvia isso. Ela se sentiu muito atordoada e devastada para sequer pensar com clareza.

Draco estava fervendo. Suas mãos continuavam abrindo e fechando como se estivesse reprimindo a vontade de quebrar alguma coisa.

Ele ficou ao lado dela por mais um momento e então se virou e começou a andar pela sala como se fosse um animal enjaulado. — Achei que este deveria ser o golpe final da Ordem? Potter achava que deixar o Lorde das Trevas matá-lo de alguma forma venceria a guerra? Ou ele simplesmente decidiu desistir?

Hermione se contraiu.

— Harry era uma horcrux — ela disse com uma voz morta.

Draco congelou e olhou para ela severamente. Ela baixou os olhos e olhou para seu colo. Sua calça jeans estava rasgada em ambos os joelhos.

Ela engoliu em seco e puxou os pés para trás. — Eu não sabia... até hoje. Só percebi isso depois que a batalha começou. Houve uma profecia feita há vinte anos: 'um deve morrer nas mãos do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver'. Harry pensou que se todas as outras horcruxes fossem destruídas, se o Lorde das Trevas o matasse, os dois morreriam.

A visão da expressão de Harry ficando vazia passou diante de seus olhos. Sua garganta se contraiu e todo o seu corpo tremeu. Suas maçãs do rosto e peito doíam. Ela sentiu como se estivesse prestes a se despedaçar.

Ela era de vidro, a apenas um sopro de se quebrar.

Ela agarrou a beira da cama e viu os nós dos dedos ficarem brancos. — Perdemos uma. Há outra horcrux. Eu pensei... pensei que tínhamos encontrado todas elas... mas me enganei.

Sentiu uma dor aguda no fundo da garganta enquanto ela engolia. — Temos que encontrá-la.

— A Resistência perdeu — Draco disse em uma voz monótona. — A guerra acabou.

Hermione estremeceu bruscamente com as palavras de Draco, e houve uma onda de calor que explodiu através dela.

— Eu sei. Você não precisa me dizer. Eu sei que perdemos! — Sua voz estava rouca.

Ela respirou fundo e ardeu em seus pulmões. Ela apertou os lábios e pressionou as mãos contra os olhos enquanto exalava e tentava se controlar.

— Não estou dizendo que a guerra não acabou. — Sua voz ainda tremia ligeiramente. — Estou dizendo que temos que encontrar a horcrux. Temos que encontrá-la. Se pudermos destruí-la, ele morrerá - talvez não imediatamente, mas se perder todas as suas horcruxes, ele morrerá. — Ela continuou falando, cada vez mais rápido. — Os Comensais da Morte não compartilham objetivos com os Seres das Trevas, o regime irá desmoronar sem ele. Não é como se ele algum dia fosse preparar um sucessor. Nós apenas... temos que encontrá-lo.

Havia uma sensação de fratura física atravessando-a enquanto ela estava sentada ali. Ela sentiu como se seu coração tivesse se partido, mas ainda estava chocada demais para sentir isso.

Ela abaixou a cabeça e pressionou o queixo contra o ombro. — A Resistência... está perdida. Eu sei. Talvez ainda restem algumas células que estavam menos envolvidas com a Ordem, mas a maior parte de nossa força capaz estava em Hogwarts hoje. Algumas pessoas podem escapar, mas por outro lado, Severus e eu somos os únicos membros ativos da Ordem que restam. Nós... — ela se sentiu como se estivesse sendo transformada em pó. O peso de tudo era demais. — Até encontrarmos a horcrux restante, não podemos tentar resgatar ninguém. Todos eles serão rastreados, não podemos arriscar que você e Severus tentem libertá-los. A horcrux tem que ser a prioridade. Essa é a única maneira de realmente acabarmos com isso e realmente salvá-los.

— Não existe nós. Você está deixando a Grã-Bretanha.

Hermione olhou para Draco.

Seus olhos ainda ardiam de raiva, mas sua expressão estava firme. — Eu a encontrarei. Você está indo embora. Não há mais nenhuma Ordem para ficar com você. Potter está morto.

Ela se encolheu.

Ele parou por um momento e pareceu estar avaliando o que iria dizer a seguir. — Weasley estará morto dentro de uma semana. Não há razão para você ficar. Você não pode permanecer ativa; será mais fácil para mim trabalhar se o Lorde das Trevas assumir a vitória. Se ele achar que a Ordem ainda é uma ameaça, será mais difícil encontrar quaisquer horcruxes restantes.

A boca de Hermione se contraiu. — Tudo bem — ela finalmente disse com uma voz tensa. — Posso colaborar à distância inicialmente.

Os olhos de Draco piscaram por um breve momento, e ela sabia que era sua intenção tornar o acordo permanente. Ele faria tudo ao seu alcance para impedi-la de retornar à Grã-Bretanha se achasse que isso representava algum risco.

Ela engoliu em seco e olhou para ele.

— Eu irei com uma condição.

Ela observou Draco ficar tenso e calcular.

— Ginny Weasley, ela tem que vir comigo.

— Não. — Sua expressão era fria. — Você disse que não há resgate.

— Não é um resgate. Ela está em uma casa segura. Apenas Ginny. Eu não vou... — ela vacilou e sua garganta ficou presa. — Não vou pedir para você salvar mais ninguém. Mas tenho que levar Ginny comigo. Eu não irei sem ela. Ela está apenas em um esconderijo. Eu posso ir buscá-la.

Sua mandíbula se apertou e havia algo ilegível em sua expressão.

Hermione avançou. — Tenho que enviar uma mensagem às casas seguras, garantir que saibam que a Ordem está comprometida e dizer-lhes para se esconderem. Então vou chamar Ginny e nós... nós iremos.

Ela ficou. Ela estava tão fortemente apoiada em sua oclumência que quase se sentia removida de seu corpo. Fisicamente, ela estava abalada pela dor. Sentia uma dor no peito, como se o esterno estivesse refratado. Uma dor fantasma que sempre parecia ocorrer quando ela estava estressada.

Mas ela estava conseguindo obstruir um pouco os aspectos mentais.

Draco se mexeu enquanto ela estendia a varinha para lançar um patrono.

Ela sacudiu a mão no movimento familiar e disse as palavras.

Nada.

Ela engoliu em seco e forçou as paredes de oclumência com mais firmeza, respirando fundo antes de tentar novamente.

— Expecto Patronum — Ela disse isso com firmeza.

Nada.

Nem mesmo um raio de luz prateada.

Ela olhou para sua varinha.

Harry a ensinou como lançar um patrono. Sua lontra.

Enquanto ela estava ali, ela percebeu que provavelmente nunca mais o veria. Sua garganta doía devido ao esforço necessário para não chorar.

Harry estava morto. Ele estava morto. Não havia nada que ela pudesse fazer para trazê-lo de volta. Mesmo no mundo mágico, chamar de volta os mortos nada mais era do que um conto de fadas.

Cada lembrança feliz que ela teve foi contaminada, transformada em cinzas. Seu passado foi uma extensão infinita de perdas. Sua infância, com pais com novas vidas e novos nomes e nenhuma lembrança de terem tido uma filha da qual se orgulhassem.

Todos os seus anos em Hogwarts foram definidos por uma guerra que ela havia perdido; por pessoas que ela havia perdido.

Ela agarrou a varinha até os nós dos dedos ficarem brancos e baixou-a lentamente, engolindo em seco.

Não pense nisso. Aguente o dia. Ela tinha que chamar Ginny. Ela prometeu a Harry que sempre cuidaria de Ginny.

Isso era tudo em que ela conseguia se concentrar.

— Terei que ir pessoalmente às casas seguras — disse ela finalmente, depois de lutar por um momento para fazer sua voz funcionar. — Meu feitiço de patrono parece não funcionar mais.

— Não.

Ela olhou para cima, com o queixo tenso. — Eu tenho que avisá-los, Draco. Não vou fugir sem avisá-los. Eu tenho que ir buscar Ginny. Nada disso é negociável.

Os olhos de Draco piscaram. Ele olhou para baixo e deu um suspiro agudo, como se estivesse desapontado com alguma coisa.

— Granger... — ele disse depois de hesitar por um momento. — Os Comensais da Morte estão com sua prisão. Eles também têm todos os esconderijos da Ordem.

A sala inclinou-se sob os pés de Hermione. Ela tropeçou para trás e quase caiu. — O que? Por que você não me contou?

Ela foi em direção à porta, e Draco a pegou pelo braço e puxou-a pelas costas. Quando ela tentou fugir, ele a prendeu contra a porta, com uma expressão furiosa. — Isso... é por isso que eu não ia te contar. Sua idiota, você vai se jogar em uma armadilha.

Ela olhou para ele e uma sensação de frio tomou conta dela. Os dedos dela se fecharam em torno do pulso dele enquanto ela olhava para ele, incrédula. — Você me interceptou e me trouxe aqui para que eu não pudesse voltar.

A expressão de Draco era dura. — Esse não era todo o exército do Lorde das Trevas em Hogwarts. Ele tem concentrado as tropas aqui no último mês. Assim que chegaram os relatórios sobre o ataque em Hogwarts, ficou claro que suas casas seguras estariam vulneráveis. Para onde você acha que o resto do exército foi enviado?

Hermione sentiu a devastação inundá-la, como se ela estivesse sangrando até a morte por causa disso. — Você me manteve aqui, inconsciente, por horas. — Sua voz estava crua de tristeza e traição. — Eu poderia tê-los tirado se você tivesse me dado uma chance.

A expressão de Draco era fria e sem remorso. — Você não poderia tê-los salvado. Você teria morrido ou sido capturada junto com todos os outros.

— Bem, não saberemos agora, não é? Já que você nunca me deu uma chance... — Sua voz falhou.

Sua boca se contraiu e ele desviou o olhar. Sua mão pousou levemente em seu ombro. — Eu só tive tempo de te afastar. Saí do meu posto quando percebi que você estava em Hogwarts, não tive tempo para fazer mais nada.

Sua mandíbula tremia e seu peito tremia enquanto ela tentava respirar e não chorar. — Eu ia pegar Ginny. Tenho que pegá-la, isso não é negociável. Não vou embora sem ela. Ela estava em uma das casas seguras mais protegidas. Eles podem não ter invadido ainda.

Draco não se comoveu.

— Eu não vou embora sem Ginny. — A voz dela era dura e ela encontrou os olhos dele. — Você não pode me fazer ir embora sem ela.

Seus olhos piscaram e seus dedos em seu ombro se contraíram. — Certo. Vamos desiludir e verificar.

Hermione engoliu em seco e assentiu.

Ela segurou Draco com força enquanto o aparatava em um local na rua de Grimmauld Place.

Eles foram imediatamente atingidos pelo som de sirenes estridentes. O ar estava mutilado com magia negra e cheiro de queimado. Havia veículos de emergência trouxas enchendo as ruas, com as luzes piscando.

O número doze Grimmauld Place estava em ruínas. A frente da casa estava aberta, como se tivesse sido bombardeada ou destruída. As casas adjacentes de cada lado foram danificadas e havia paramédicos carregando corpos. Já havia dezenas de corpos alinhados na rua; pedestres, os lutadores da Resistência que montavam guarda em Grimmauld, várias enfermeiras e curandeiros que estavam no saguão quando Hermione saiu.

Parte da magia sobre a casa ainda era mantida, os socorristas trouxas se moveriam em direção ao Número Doze, então parariam e se virariam, como se estivessem cientes da casa, mas os feitiços repelentes dos trouxas os impedissem de se aproximar dela.

Antes que Draco pudesse impedi-la ou aparatá-los, Hermione saiu correndo, passando por baixo da fita adesiva e correndo em direção à porta. Os degraus eram divididos e irregulares, e ela tropeçou ao subir por eles.

Ela ouviu Draco xingar enquanto a perseguia.

Ela sacudiu a varinha, o feitiço arrancou os restos da porta das dobradiças e caiu no saguão. Houve um baque e o som de um corpo caindo. Várias maldições mortais saíram de dentro. Hermione caiu e rolou para o lado.

Mormordre! — Ela ouviu Draco estalar e viu a Marca Negra deslizar pela porta aberta e preencher o hall de entrada.

Ele superou sua desilusão e entrou em Grimmauld. Hermione ficou congelada na porta. Havia dezenas de corpos no chão; todos os feridos que foram enviados de Hogwarts para Grimmauld Place.

— Perdão, senhor, pensamos que eram membros da Ordem — um homem magro e de rosto cruel saiu das sombras ao avistar Draco.

—Eu percebi isso,— Draco mordeu as palavras; sua expressão era de fúria fria. Ele se virou para examinar o Largo Grimmauld. — Quero um relatório sobre o prédio.

O homem coçou a cabeça com a ponta da varinha. — Temos algumas dezenas que fugiram de Hogwarts. — Mandei todos de volta. Sua boca se contorceu em um sorriso cruel e satisfeito. Vários outros Comensais da Morte apareceram, emergindo de cômodos mais distantes da casa. — Assim que os mensageiros pararem de chegar, faremos o inventário do prédio.

Ele chutou uma cama de hospital e o corpo inerte caiu no chão. — Quando terminamos com os de fora, não havia nada além dos curandeiros e quase mortos. Acabou com os moribundos e enviou os prisioneiros ao Diretor. — Ele apoiou o pé no corpo e balançou-o.

Draco ficou inexpressivo.

— Há uma sala de guerra que encontramos lá em cima depois que varremos o prédio. — O homem gesticulou com o polegar. — Alas extras, deu um pouco de trabalho para entrar.

— Mostre-me — Draco disse.

Eles começaram a subir as escadas e estavam na metade do caminho quando Draco de repente se virou, sua varinha brilhando. Houve luzes de uma dúzia de feitiços rápidos e todos os homens que o rodeavam congelaram por um momento antes de caírem mortos. Draco olhou para a porta e Hermione entrou, passando pelos corpos, tentando não se permitir olhar para nenhum deles.

Havia uma figura minúscula caída ao pé da escada; Os enormes olhos azuis de Dobby olhavam fixamente para onde ele estava caído. Hermione desviou o olhar. As escadas balançaram quando ela subiu rapidamente, passando por Draco, indo em direção ao quarto de Ginny.

A porta foi aberta e o corpo de Padma caiu, de bruços, na porta. Uma poça de líquido preto escorria do que restava dela. O pé de Hermione tremeu quando ela passou por cima do corpo de Padma e olhou para a sala vazia.

— Eles devem tê-la levado para Hogwarts — sua voz estava trêmula. — Nós... teremos que tirá-la de Hogwarts.

Houve um som gorgolejante atrás dela. Hermione se virou bruscamente, com a varinha em punho, e viu Padma se mover.

— Mione? — Padma se mexeu e levantou a cabeça parcialmente.

Hermione olhou horrorizada e abandonou sua desilusão. A maldição pela qual Padma foi atingida a estava dissolvendo. Era quase impossível que ela ainda estivesse viva.

— Padma — a voz de Hermione estava quebrada, estrangulada enquanto ela rapidamente fazia um diagnóstico. O que restava dos órgãos de Padma estava fechando; a maldição estava a poucos minutos de seu coração.

— Mione. Eles levaram Ginny para Sussex — disse Padma. Sua voz estava ligeiramente distorcida e ela tossiu, o líquido preto escorrendo de sua boca e descendo pelo queixo. — Ginny. Disse...doente...bom motivo.

Hermione sentiu sua garganta fechar enquanto um horror violento e doentio a invadia.

Padma tossiu novamente e mais líquido acre jorrou de sua boca. Hermione olhou para ela; seu coração parecia chumbo no peito.

— Padma... sinto muito... — A voz de Hermione falhou. — Eu não posso – eu não posso curar isso.

A boca de Padma se torceu. — Eu sei. Parv-está...? — Ela engasgou e tossiu.

— Sinto muito, não sei onde Parvati está. — Hermione tocou Padma suavemente na testa, tirando uma mecha de cabelo dos olhos. — Desculpe. Vou pegar uma poção para você. Isso será rápido.

Hermione começou a se mover em direção ao seu armário de poções.

— Não se preocupe. — Draco deu um passo à frente de onde estava.

A expressão de Padma era de confusão e horror lento quando Draco se ajoelhou ao lado dela. Antes que Hermione pudesse se mover, ele descansou a ponta da varinha na testa de Padma.

— Avada Kedavra. — Ele disse isso em voz baixa, como se estivesse pronunciando o encantamento em vez de lançá-lo.

Houve um flash de luz verde. A expressão de Padma ficou vazia e ela ficou mole na poça de seus restos mortais.

Draco se levantou e olhou para Hermione, sua expressão fria.

Hermione ficou congelada por um momento. — Você tinha que dizer uma Imperdoável.

— Nunca me importei com a Resistência, além do fato de que eles eram úteis e importantes para você. — Sua voz era indiferente. — Foi mais rápido que uma poção.

Ela apertou os lábios e deu um pequeno aceno de reconhecimento enquanto se ajoelhava e fechava suavemente os olhos de Padma.

Ela tirou a mão do rosto de Padma, levantando-se e caminhando em direção ao armário de poções.

Ginny estava em Sussex por causa do glamour spattergroit.

Ela se sentiu atordoada de horror.

O armário foi arrombado e revistado. Os depósitos de poções eram uma pilha despedaçada e fumegante no chão.

Ela sacou a varinha e começou a lançar feitiços nas paredes até que todos os compartimentos cuidadosamente escondidos se abrissem. Ela puxou tudo para fora, colocando-os em uma velha bolsa de contas onde ela colocou um feitiço de expansão.

— Granger, estamos indo embora. — Draco apareceu na porta.

— Tenho que pegar tudo isso — disse ela com voz aguda. Ela reuniu todas as poções que havia escondido. Todos os materiais que sobraram da bomba. Ela colocou tudo em sua bolsa até não sobrar mais nada. Ela tirou as facas do compartimento no chão.

— Estamos saindo agora — disse ele, fechando a mão em volta do braço dela. — Weasley se foi. A Resistência desapareceu.

Ele a puxou escada abaixo e até a porta de Grimmauld Place, com a varinha em punho. Ele desiludiu os dois e aparatou assim que eles saíram das enfermarias restantes.

Eles reapareceram na cabana.

— Eu tenho que pegar Ginny — Hermione disse no momento em que pousaram. Ela caiu de joelhos e começou a vasculhar tudo o que havia trazido.

— Ela está em Sussex.

—Eu sei. Eu tenho que pegá-la. — Seu peito estremeceu e ela lutou para evitar que sua voz vacilasse. — Oh, Deus... — As palavras eram um soluço baixo, e suas mãos tremiam enquanto ela lutava para manter a calma. — Nós temos de ir agora. Você... você pode me usar... me leve até lá como prisioneira e, quando entrarmos, poderemos tentar encontrá-la. Ou... posso criar uma distração e você pode pegá-la.

Os olhos de Draco estavam gelados. — Ela está em Sussex. As pessoas não saem vivas daquele prédio.

Hermione balançou a cabeça. — Eu vou buscá-la. Se você não me ajudar, irei sozinha.

Sua expressão tornou-se assassina e ele caminhou em direção a ela. — Seria suicídio. Você disse que não há resgates. A horcrux tem que ser a prioridade. Se ela está tão doente que a levaram direto para Sussex, em vez de mandá-la primeiro para Hogwarts, de qualquer maneira, não vale a pena salvá-la.

Hermione engoliu em seco. — Ginny está grávida.

Draco congelou.

— Ela não está doente, ela está grávida, e eu escondi isso da Ordem com glamour porque... porque é o bebê de Harry. — Ela estava começando a tremer. — Se ela estiver em Sussex, os glamoures que usei, não enganarão o diagnóstico. Eles vão perceber... e... e... — seu peito começou a ter espasmos enquanto ela lutava para respirar. — Há coisas que Vold – que o Lorde das Trevas poderia fazer com o bebê de Harry. Draco – eu tenho que pegá-la.

Draco ficou pálido e se afastou dela. Hermione estendeu a mão para ele.

— Ele... ele poderia usar o bebê para fazer outra poção de regeneração — disse Hermione. — Isso poderia... poderia dar a ele mais dez anos. Prometi a Harry que cuidaria de Ginny e de seu bebê. Foi... foi a última coisa que eu disse a ele.

Draco ficou imóvel como se ela o tivesse petrificado.

— Por favor, Draco.

Ele não olhava para ela.

— Draco, eu tenho que trazer Ginny de volta. — Ela engoliu em seco e se forçou a respirar fundo. — Eu vou... nunca mais pedir nada a você depois disso. Mas... eu tenho que pegar Ginny.

Ela tentou tocá-lo, mas ele se esquivou do contato.

— Granger... — Sua voz estava fria. Inflexível.

Eu cuidarei deles enquanto eu viver.

Qualquer coisa.

— Vou deixar a guerra — disse ela, com a voz desesperada. — Eu vou parar... tudo. Se você conseguir Ginny para mim, farei o que você quiser, eu juro. Eu irei embora. Eu nunca voltarei. O que você quiser, qualquer coisa que você pedir, se você conseguir Ginny para mim.

Ela tocou as costas da mão dele, implorando silenciosamente que ele olhasse para ela.

Ela foi recebida com silêncio.

Ela quase podia sentir Draco avaliando sua oferta.

— Você poderia? — ele finalmente disse, virando-se para olhar para ela, seus olhos atentos.

Ela encontrou o olhar dele e deu um breve aceno de cabeça. — Eu vou.

Ele a estudou, os olhos estreitados e calculistas. — Esses são os seus termos? A garota Weasley, e você vai?

— Eu irei. Juro.

Seus olhos brilharam, triunfo e algo... algo mais.

Ele olhou para o outro lado da sala e assentiu lentamente. — Tudo bem. Se esses são os seus termos, eu vou buscá-la para você.

Hermione deu um suspiro baixo quando o alívio a inundou. Seu peito estremeceu, mas ela se forçou a manter a compostura. —Obrigada. Obrigada, Draco.

O canto de sua boca se curvou.

Hermione endireitou os ombros e o estudou. — O que você precisa que eu faça?

Ele olhou para ela e sua expressão se distorceu com escárnio. — Fique aqui.

Ela abaixou o queixo e franziu as sobrancelhas enquanto olhava para ele. — Tem certeza? Eu trouxe algumas coisas — ela apontou para sua bolsa — Eu poderia...

— Chamará menos atenção se eu entrar sozinho — disse ele, interrompendo-a bruscamente. — Se você quiser que eu a tire de lá, você ficará aqui e me deixará trabalhar sem sucumbir à sua necessidade desesperada de se inserir em tudo. — Seu tom era legal e cada palavra cortada.

Ele caminhou até o canto mais distante da sala e traçou uma série de runas na parede. Ele deslizou os dedos pelo painel de madeira até ouvir um clique. Ele puxou e a parede se afastou, revelando uma grande seleção de armas e artefatos sombrios.

Ele puxou vários itens da parede e os colocou em suas vestes antes de se virar para olhar para ela novamente, com uma expressão fria.

— Estarei de volta dentro de uma hora. Fique aqui.

Isso foi tudo o que ele disse antes de desaparecer.

Hermione esperou. Ela organizou o conteúdo de sua bolsa. Ela examinou os suprimentos de cura de Draco.

Ela ignorou o peso em seu peito. Se ela prestasse atenção nisso, isso a esmagaria até a morte.

Se ela não se mantivesse preocupada, suspeitava que sua culpa a engoliria inteira.

Ela estava deixando todo mundo para trás. A Ordem, Os Weasleys, AD, A Resistência. Ela estava deixando todos eles para trás.

Você realmente acha que vamos simplesmente morrer? Angelina, eles não vão fechar Sussex quando vencerem a guerra. Somos gado. Você não viu os prisioneiros que eles trouxeram da última divisão de maldição. Eles estavam... Eles estavam se dissolvendo, apodrecendo, esfolados e ainda vivos, havia coisas rastejando dentro deles... Os que ainda podiam falar me imploraram para matá-los.

Ela os estava deixando com isso. Os sortudos poderiam morrer durante o interrogatório, mas Sussex seria o destino de todos os outros.

Seu estômago revirou e ela pressionou as mãos sobre a boca enquanto lutava para não entrar em pânico ou vomitar.

Ela não conseguia pensar nisso. Ela não podia. Draco não podia arriscar seu disfarce tentando salvá-los.

Ele e Severus foram cruciais para encontrar a horcrux restante. Tentar tirar alguém de Hogwarts colocaria em risco a única esperança da Ordem de realmente derrotar Voldemort.

Assim que Ginny estivesse em segurança, a horcrux teria que ser a prioridade.

Suas mãos tremiam e ela vasculhou os suprimentos de Draco até encontrar uma Poção da Paz.

O ar se moveu, silencioso, e Draco reapareceu no meio da sala, o corpo inerte de Ginny em seus braços.

O glamour na pele e na barriga de Ginny desapareceu.

Hermione se jogou pela sala, puxando Ginny para longe de Draco e executando dezenas de diagnósticos nela enquanto ela se ajoelhava no chão, segurando-a com força em seus braços.

Não havia nenhum vestígio preso em nenhum dos pulsos de Ginny.

— O que aconteceu? Você a nocauteou? Onde ela estava quando você a encontrou?

— Ela estava em um laboratório. Eles tinham acabado de remover os glamoures quando cheguei. Eu os contive. — A voz de Draco estava calma. Plana.

Hermione fez um diagnóstico na barriga de Ginny e observou a luz grande e tremulante com alívio. A expressão inconsciente de Ginny era de terror congelado. Ela recebeu uma espécie de poção de estase temporária. Hermione lançou vários outros feitiços para garantir que nada fosse feito com ela.

— Depois que você confirmar que ela está ilesa, precisamos ir. Levará algumas horas para chegar à casa segura e garantir que tudo esteja organizado.

Hermione estava examinando ansiosamente seu diagnóstico, mas lentamente invadiu seu subconsciente que havia algo enervante no tom de Draco.

Hermione olhou para ele.

Havia uma longa queimadura em sua mandíbula, e ele estava olhando para Hermione com uma expressão que era ao mesmo tempo melancólica e faminta.

A maneira como Harry olhava para ela.

Houve uma sensação de queda em seu peito quando ela percebeu isso.

— O que é? — Ela colocou o corpo inconsciente de Ginny no chão e se levantou, estendendo a mão para ele enquanto fazia um diagnóstico. — O que está errado?

O canto da boca de Draco se contraiu e então se curvou em um leve sorriso quando ela se aproximou e seus dedos passaram ao longo de sua mandíbula.

Ele olhou para o chão por um momento antes de olhar para cima e encontrar os olhos dela. — Eu estraguei meu disfarce ao libertar a garota Weasley para você.

Hermione ficou congelada, sua varinha escorregou de seus dedos e caiu no chão. — O que?

Ela tentou novamente. — Você... você o quê?

Ela olhou nos olhos dele, certa de que o estava entendendo mal. Mas estava nos olhos dele.

Ele estava se despedindo dela. Ele ia morrer.

Ela balançou a cabeça lentamente. — Não.

Foi como naquele momento em Cambridge, quando ele ativou o artefato e todo o oxigênio desapareceu. Sem ar. Nenhum som. Apenas silêncio.

O espaço tranquilo entre os batimentos cardíacos mais lentos, até o momento em que o coração não bateu novamente.

Foi esse som. O espaço negativo. O som de nada.

— Não — ela disse novamente.

— Não havia outro jeito.

— Não. — Seu coração começou a bater novamente. Cada vez mais rápido.

— Eu lhe disse, existem extensas medidas de contraespionagem em vigor. Há registros de que estive lá, de que entrei em laboratórios com acesso altamente controlado. Eu dificilmente poderia incendiar o prédio e lutar para sair carregando uma bruxa inconsciente e grávida. Amanhã, quando o serviço de guarda for transferido para um novo turno, o laboratório será encontrado. Os registros mostrarão que fui o único que saiu vivo.

Ela balançou a cabeça. — Não.

— Devíamos ir agora.

— Não. Draco, podemos voltar. Ela se virou para sua bolsa. — Deve haver uma maneira de destruir os registros – eu posso...

Ele agarrou-a pelos dois braços e puxou-a para trás, com uma expressão determinada. — Você fez o acordo, Granger. Eu cumpri seus termos.

Hermione emitiu um som baixo e de dor no fundo da garganta quando ele a puxou para mais perto, olhando em seus olhos.

Seus olhos estavam atentos enquanto ele olhava para ela, como se a estivesse memorizando porque era a última vez que a veria. Houve também uma espécie de triunfo cruel neles.

— Qualquer coisa que eu quisesse, se eu fosse buscar a garota Weasley para você; esses foram os seus termos.

Seu estômago caiu até que não havia nada além de um abismo dentro dela. Seu peito doía como se Draco tivesse esticado a mão e arrancado seu coração.

Não. Ele não poderia morrer.

Havia pontos pretos começando a aparecer em sua visão enquanto ela olhava para ele.

Não. Ela não deixaria.

— Draco...

Havia uma raiva fria escorrendo por sua garganta. Não foi um acidente. Ele sabia. O cálculo em seus olhos no momento em que ela fez sua oferta. Ele sabia e aceitou. Ele fez isso para conseguir o que queria, sem dar a ela a chance de encontrar uma opção melhor.

Nunca faça um acordo com um diabo, o preço dele sempre será maior do que você pode pagar.

Ela ficou muda e incapaz de respirar enquanto absorvia.

Draco ficou estudando-a por mais alguns momentos antes de sua boca se curvar em um leve sorriso. Sua mão se levantou e os nós dos dedos roçaram sua bochecha enquanto ele continuava a estudá-la.

— Tivemos uma boa corrida, Granger, mas nunca iríamos durar. — O canto de sua boca se contraiu e ela o sentiu deslizar um cacho atrás de sua orelha antes que sua mão descesse para descansar brevemente na base de sua garganta. — Você sabia disso.

— Draco, por favor, deixe-me... — ela começou, com a voz trêmula. Ela tentou recuar, mas ele segurou seu braço.

Sua expressão endureceu novamente. — Qualquer coisa que eu quisesse. Foi o seu acordo.

Seus pulmões estavam começando a queimar. — Draco... Draco... não... não faça isso comigo.

— Esses eram seus termos, Granger. Eu os aceitei. É hora de ir. Você jurou que iria embora.

Ela tentou se afastar dele, mas não conseguia respirar. Draco estava começando a nadar diante dos olhos dela. As bordas dele estavam embaçadas. Ele estava falando, mas as palavras estavam ficando arredondadas e difíceis de decifrar.

Ela tentou se afastar novamente, mas ele a segurava com muita força.

Suas mãos e braços estavam começando a picar dolorosamente, como se houvesse agulhas cravadas em sua pele.

Draco a puxou para mais perto e a expressão focada e determinada em seu rosto estava começando a se transformar em preocupação.

— Granger... respire. — As bordas dele estavam desaparecendo em preto. Seus olhos estavam ficando tensos e preocupados. Ele a sacudiu levemente. — Hermione, não, vamos, respire, Hermione.

Ela não conseguia respirar.

Ela iria perdê-lo.

Os dedos dela agarraram o tecido das vestes dele enquanto ela engolia em seco e tentava falar.

— Draco... — sua voz estava quebrada, — não faça isso comigo.

A devastação a engoliu como um maremoto, e Draco desapareceu em sua escuridão.

.

Quando ela recuperou a consciência, Draco estava inclinado sobre ela mais uma vez. Ela olhou para ele. Havia um gosto amargo e herbáceo em sua boca. Todo o seu corpo estava entorpecido e seu cérebro lento.

Ela piscou, tentando pensar. Tudo voltou correndo com uma angústia quase violenta.

Ela desmaiou de choque e falta de oxigênio.

Ela engoliu em seco e sua língua formigou. Ele lhe administrou um sedativo enquanto ela estava inconsciente, para que ela fosse flexível e cooperativa.

Ela olhou para ele enquanto tentava encontrar palavras.

— Eu nunca vou te perdoar por isso — ela finalmente disse. As palavras estavam vagamente arrastadas, dando à frase um tom irregular, como se sua boca não cooperasse com ela.

Draco não se encolheu, sua mão passou ao longo de sua bochecha. — Você estará viva e longe da guerra. Esses... sempre foram meus termos.

Hermione apertou os lábios por vários segundos enquanto tentava pensar na poção que nublava sua mente. O que quer que ele tenha dado a ela, foi uma dose grande o suficiente para que ela ficasse surpresa por ter conseguido recuperar a consciência. O fato de ele tê-la administrado enquanto ela estava desmaiada significava que a poção havia sido totalmente ativada antes que ela estivesse consciente para lutar contra ela.

Havia uma raiva fria fervendo dentro dela que ela não conseguia alcançar.

Ela se forçou a pensar devagar.

A fanfarra está na luz, mas a execução está na escuridão.

Era teoricamente possível para um oclumente tornar-se imune a qualquer poção que alterasse a mente, embora fosse preferível que estivesse consciente no momento da dosagem. Draco provavelmente sabia desse fato e o deu a ela intencionalmente enquanto ela estava inconsciente por causa disso.

Veritaserum, sedativos, poções do amor - oclumens poderiam potencialmente isolá-las se sua mente já estivesse compartimentada o suficiente. Hermione olhou para Draco enquanto ela reunia laboriosamente os efeitos da poção que ele havia dado a ela e se concentrava nos acontecimentos do dia.

Sua mente ficou repentinamente clara.

Ela o estudou, calculando.

Ela podia ver toda a emoção por trás de seus olhos cuidadosamente guardados.

— Se você me forçar a ir embora e depois morrer, talvez nunca encontremos a horcrux — disse ela, ainda usando a melodia lenta e sedada.

Seus olhos piscaram e sua expressão ficou fria. — Se a Ordem quisesse vencer, deveria ter feito escolhas melhores. Se o Lorde das Trevas matar todos eles, talvez eles finalmente percebam as consequências de sua ideologia. Fiz tudo o que me foi pedido, mas não posso salvar um exército que nunca estará disposto a pagar o preço que a vitória exige. Estou farto de ver você tentar pagar por eles.

Hermione sentou-se lentamente na cama.

Draco recuou e ofereceu sua mão. — Estamos indo agora.

— Não.

Seus olhos se estreitaram e ficaram duros. — Granger, você deu sua palavra.

Hermione cerrou a mandíbula. — Eu sei. Eu irei – conforme suas exigências, mas preciso falar com Severus primeiro. Ele será o único que poderá encontrar a horcrux, há... pesquisas que preciso compartilhar com ele.

— Não. — A palavra foi rosnada.

Hermione olhou para ele, sua expressão amortecida, mas determinada. — Você sabe que sempre escolherei a Ordem primeiro.

Ele se encolheu. Sua boca se pressionou em uma linha dura e seu olhar caiu quando ele soltou um suspiro curto e olhou para o chão. Ela viu sua garganta se contrair e os cantos de sua boca se contraírem enquanto ele engolia, seus olhos prateados desviaram o olhar dela.

Hermione continuou falando. Devagar. Obstinadamente. — Se você me forçar a sair sem falar com Severus, isso pode ser qualificado como uma violação do seu Voto Inquebrável de ajudar a Ordem. Você pode simplesmente desmaiar e morrer antes de chegarmos lá.

Draco olhou para ela bruscamente, e ela encontrou o olhar dele friamente e continuou. — E... a última coisa que você fará é me trair. Se você me deixar fazer isso, talvez um dia eu consiga te perdoar.

Ele olhou para ela, e ela não piscou até que ele vacilou.

— Certo. — Sua voz era amarga e ele desviou o olhar dela novamente.

Ela assentiu lentamente e se levantou, pegando sua varinha e batendo duas vezes no amuleto em seu pulso.

Enquanto esperavam, ela atravessou a sala para reexaminar Ginny.

— Você deveria levar Ginny primeiro — ela disse depois de alguns minutos. — A estase que ela está vai durar mais algumas horas, não tenho materiais para fazer a contrapoção, e vai ser difícil se ela acordar e eu tiver que explicar tudo para ela aqui antes de irmos. Especialmente quando estou drogada assim.

Draco deu uma risada baixa no fundo da garganta. — Você espera que eu deixe você aqui com Snape?

Hermione encolheu os ombros. — Ela está grávida e quando acordar vai descobrir que Harry está morto e toda a sua família está perdida. Não terei muito tempo para me despedir de você se estiver acalmando-a.

Houve um estalo abafado do lado de fora. Draco se virou para abrir a porta.

Hermione se perguntou se ela poderia se mover rápido o suficiente para atordoá-lo. Ela se mexeu e ele imediatamente olhou para ela.

Severus passou pela porta e olhou para frente e para trás entre eles. Sua boca se curvou em um sorriso de escárnio, mas ela viu uma sutil onda de alívio em seus olhos.

— Claro, eu deveria ter percebido que você de alguma forma a teve quando ela nunca foi trazida para Hogwarts.

Hermione deslizou as mãos atrás das costas e as fechou em punhos dolorosamente apertados. — Eles têm todo mundo então?

Severus deu um aceno infinitesimal. — Gabrielle Delacour foi capturada secretamente há uma semana. Eles a usaram para atrair Fleur.

Hermione balançou a cabeça lentamente. — Fleur nunca iria...

Todas as casas seguras.

Fleur conhecia cada um deles. Ela os protegeu e manteve.

Hermione balançou a cabeça novamente. — Ela não era a guardiã do segredo. Isso não poderia ter sido suficiente.

A boca de Severus se torceu com escárnio. — Com a engenhosidade infinita de Sussex, o impossível se torna possível. Parece que algo relacionado à maneira como os Veela canalizam sua magia. Eles estão trabalhando há meses para aperfeiçoar a ruptura do Fidelius. — O desdém ácido em sua voz foi silenciado. Ele parecia cansado.

Ela se perguntou se ele carregava igual desespero por trás de suas próprias paredes de oclumência.

Severus olhou para Hermione, sua expressão cautelosa. — O que aconteceu em Hogwarts?

Hermione baixou os olhos. — Harry era uma horcrux. Fiquei sabendo hoje, depois que o ataque já havia começado. Quando confirmei, tentei convencer Harry a fazer a Resistência recuar, mas ele pensou que se todas as horcruxes fossem destruídas, deixar o Lorde das Trevas matá-lo cumpriria a profecia e mataria os dois.

A expressão de Severus tremeu. — Como você percebeu isso?

— Poppy me disse que notou irregularidades na assinatura dele durante o primeiro ano, mas Dumbledore as descartou. — Ela deu a Severus um longo olhar. — Você sabia?

Seu lábio se curvou. — Eu não. Eu não teria me esforçado para ensiná-lo oclumência se soubesse que ele tinha uma horcrux na cabeça.

Hermione deu um pequeno aceno de cabeça. — Bem, isso pouco importa agora. Ele está morto e não funcionou. Perdemos uma horcrux e precisamos encontrá-la. — Sua mandíbula se contraiu e sua voz ficou tensa. — Draco estragou seu disfarce tirando Ginny de Sussex. Ele espera ter menos de doze horas antes que o Lorde das Trevas saiba de sua traição.

Severus olhou atentamente para Draco, que o encarou com uma expressão indiferente.

Hermione engoliu em seco. — Eu concordei em deixar a Grã-Bretanha e levar Ginny para um lugar seguro. Severus, você terá que encontrar e destruir a última horcrux. Minha pesquisa se perdeu em Grimmauld Place, mas posso explicar tudo antes de ir.

A expressão de Severus nem sequer tremeu. — De fato, e o que Draco estará fazendo?

Hermione se preparou. — Ele vai levar Ginny para a casa segura primeiro e organizar tudo enquanto eu dou minha pesquisa para você. Então ele vai me levar e voltar.

Severus bufou audivelmente e olhou para Draco. — Realmente? Esse é o seu plano? E espera-se que eu siga ordens?

Draco olhou de volta, seus lábios curvando-se violentamente. — Não importa para mim o que você faz. Granger está indo embora.

Severus arqueou uma sobrancelha e olhou para Hermione. — Realmente?

O canto da boca de Hermione se curvou. — Sim. Dei a ele minha palavra de que iria.

Severus ficou em silêncio por tempo suficiente para que seu coração começasse a bater forte no peito.

Ele revirou os olhos. — Muito bem, visto que parece que sou o único que resta que se lembra do propósito da Ordem.

Hermione conjurou uma mesa e então vasculhou sua bolsa de contas em busca de pergaminho e tinta. Ela começou a escrever e então olhou para Draco.

— Você deveria levar Ginny agora. Assim estarei lá quando ela acordar. Presumo que não seja uma viagem rápida até onde quer que você esteja nos escondendo.

Draco estava olhando para ela, seus olhos calculando. — Eu não confio em você, Granger. Confio ainda menos em Snape.

O coração de Hermione parou, mas ela apenas piscou lentamente. — Tudo bem. Fique então.

Ela olhou novamente para o pergaminho e voltou a escrever. Houve um longo silêncio.

— Eu quero um voto inquebrável — Draco disse abruptamente.

Os dedos de Hermione se contraíram antes de ela olhar para ele. — De mim?

Draco zombou. — Não. Não de você. De Snape. Quero a palavra dele de que não interferirá nem levará você a lugar nenhum.

Hermione olhou para Severus, seu coração batendo forte no peito. — Tudo bem. Você me quer como testemunha?

— Vocês dois são idiotas — disse Severus, levantando-se.

— Você fará isso? — Os olhos de Draco estavam semicerrados.

Severus lançou um olhar de soslaio para Hermione e depois bufou. — Claro, farei um voto inquebrável — ele deu um aceno de mão desdenhoso, — já que é a única maneira de fazer qualquer coisa.

Foi feito em questão de minutos.

Draco não olhou para Severus enquanto fazia o voto, seus olhos estavam fixos em Hermione.

Então Draco se levantou, seus olhos ainda no rosto dela.

— Estarei de volta em algumas horas.

Ele pegou Ginny. Pouco antes de ele desaparecer, os lábios de Hermione se separaram.

Diga.

Diga.

— Tudo bem. Estarei esperando por você — disse ela, voltando-se para a mesa onde estava escrevendo e pegando a pena novamente.

Ela não ergueu os olhos quando ele aparatou silenciosamente.

No momento em que ele desapareceu, ela largou a pena e olhou para cima, olhando fixamente para o lugar de onde ele havia desaparecido. Ela meio que esperava que ele reaparecesse.

Ele não fez isso.

Seus dedos bateram na mesa por alguns momentos, e então ela se virou e passou por Severus, pegando sua bolsa do chão e usando a ponta da varinha para esculpir runas no chão. O alçapão brilhou e apareceu. Ela se ajoelhou e começou a retirar suprimentos.

Severus ficou em silêncio enquanto ela começou a esvaziar vários frascos de vidro e então transformá-los em uma infinidade de delicadas esferas de vidro.

Ela puxou um caldeirão de sua bolsa e conjurou uma chama intensa embaixo dele antes de derrubar nele um barril inteiro de prata em pó dos suprimentos de Draco.

— Eu nunca imaginei que Draco pudesse ser enganado tão facilmente.

A mandíbula de Hermione se contraiu quando ela puxou um frasco de resina.

— Ele sempre quis me afastar da guerra mais do que qualquer outra coisa. — Ela ficou quieta por um momento antes de acrescentar: — Eu já te disse, minha vida é importante para ele. E, apesar de tudo, ele não quer que eu o odeie. Suponho que você poderia dizer que ele tem fraquezas previsíveis agora.

Ela apertou os lábios e sua garganta apertou. — Eu nunca quebrei minha palavra com ele, ele confia em mim para manter minha palavra.

— Ele nunca mais confiará em você quando descobrir que você mentiu para ele.

Hermione não tirou os olhos do trabalho. — Não. Suponho que ele não o fará.

— Você vai me contar o que está planejando? Vai matar o Lorde das Trevas você mesma?

O canto de sua boca se curvou para baixo enquanto ela balançava a cabeça. — Vou explodir Sussex.

Houve um longo silêncio. — Realmente?

Hermione encolheu os ombros. — É teoricamente possível e não tenho muitas opções no momento.

— Você pretende matar todos naquele prédio para salvar Draco?

Hermione começou a pingar resina em dezenas de esferas. Suas mãos estavam firmes, seu foco era nítido.

— Eu preciso que Draco viva. Não posso, preciso que ele viva. — Ela engoliu em seco e ergueu o queixo. — Além disso, não há quase ninguém para salvar naquele prédio. Tentei salvar as vítimas da última divisão de maldição e não consegui. Todos eles morreram. — Ela puxou uma caixa cheia de mais de cem frascos de veneno altamente concentrado. Aerossolizado, uma gota foi suficiente para matar uma sala. —Posso tornar isso rápido para todos lá. Isso... foi o melhor que pude fazer da última vez.

Ela mediu várias gotas em cada esfera de vidro.

— Se eu explodir Sussex, posso salvar Draco, poupar as vítimas de qualquer outra coisa que possa acontecer com elas e... posso matar os cientistas que trabalham lá. Talvez Dolohov esteja lá. Tom provavelmente não construirá um laboratório totalmente novo novamente, agora que Harry está morto. Ele não terá cientistas suficientes para reequipar nessa escala, mesmo que quisesse. O que significa que ele não pode mandar todos os presos de Hogwarts para lá. Tenho certeza de que ele inventará outra coisa, mas pelo menos não poderá torturar todos até a morte para promover sua causa.

Severus ficou em silêncio por vários minutos.

— Então... esse é o meu plano. Você provavelmente deveria ir embora — Hermione disse sem erguer os olhos. — Nunca fiz esse tipo de bomba antes. Posso explodir esta casa.

— Tenho certeza que será uma morte muito mais rápida do que Draco fará se retornar e encontrar sua casa segura destruída. Esta é uma missão suicida para você ou você pretende voltar?

Hermione selou várias esferas de vidro e as colocou em esferas maiores. — Eu tenho que voltar. Para Draco.

— Se você não voltar, ele certamente tentará me matar.

A irritação floresceu no fundo de sua mente, e ela segurou com mais força um frasco de ovos de caranguejo esmagados. — Tenho certeza que você vai inventar alguma coisa, Severus. Você é um espião há quase tanto tempo quanto eu estou viva.

Houve outro longo silêncio.

— Se você não voltar, o que espera que ele faça?

Hermione congelou e suas paredes de oclumência tremeram. — Eu vou voltar. Eu disse a Draco que estaria aqui esperando por ele.

Severus não disse mais nada. Ele apenas ficou olhando para ela em um silêncio desaprovador.

Ela fez dezenas de bombas, cada uma não maior que um pomo, e envolveu cada uma delas em prata antes de mergulhá-las em sua poção de invisibilidade e guardá-las dentro dos incontáveis ​​bolsos de sua capa.

Então ela se levantou, pegou o papel que estava sobre a mesa e dobrou-o ao meio, começando a guardá-lo na bolsa antes de hesitar e colocá-lo de volta. Ela sacou as facas e guardou-as num bolso vazio da capa.

Ela olhou para a bagunça de materiais de bombas espalhados pelo chão. — Não toque em nada. Vou limpar quando voltar. Estou indo agora.

Severus olhou-a de cima a baixo com cuidado. Seus olhos de ônix inescrutáveis. — Como você pretende chegar lá?

O coração de Hermione batia violentamente em seu peito, apesar do sedativo, mas ela ergueu o queixo, a boca curvando-se no canto. — Você me levou para Ashdown uma vez para procurar alimentos. Eu costumava ir lá toda semana até que as proteções me mantivessem fora.

Severus olhou para ela por mais um momento e estendeu a mão. — Dê para mim. Eu vou fazer isso.

Os olhos de Hermione se arregalaram. Ela hesitou por um momento antes de agarrar o tecido da capa e balançar a cabeça. — Eu prometi a Draco que iria embora e não voltaria. Se isso não funcionar e Draco... — a voz dela foi interrompida brevemente. Ela estudou o chão. — Tem que haver alguém para encontrar a horcrux. Além disso... estas — ela apontou para sua capa — eu não tive muito tempo. Elas são desleixadas, tenho que ativá-las.

Seus olhos se estreitaram. Ela endireitou os ombros e começou a se virar em direção à porta. Quando ela abriu a porta, seus dedos se contraíram e ela olhou por cima do ombro. Severus estava de pé e a observava com cautela.

— Severus — ela começou, sua voz vacilou. Ela desviou o olhar, engoliu em seco e começou de novo. — Severus, se eu não voltar, diga ao Draco... diga ao Draco que eu...

Sua cabeça caiu e ela rapidamente passou as pontas dos dedos pelas bochechas. Ela limpou a voz e balançou a cabeça. — Deixa para lá. Imagino que ele saiba.

Ela cerrou a mandíbula enquanto abria a porta, saia e aparatava.

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