Manacled | Dramione

By moonletterss

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Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... More

Nota da tradutora
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75. Epílogo 1
76. Epílogo 2
77. Epílogo 3
Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

60. Flashback 35

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By moonletterss

Junho de 2003

Hermione completou a bomba em duas semanas. O produto final era prateado, ovóide com um leve brilho luminescente, ligeiramente menor que uma bola de cristal e muito frio ao toque.

O momento da construção foi preciso. Quando terminou, ela enviou uma mensagem imediata para Severus. Ele deveria visitar Hogwarts naquela tarde, para selecionar novos prisioneiros para uso em Sussex.

— Só é visível para quem sabe procurá-lo — disse ela, entregando-o com cuidado. — Está programado para ser ativado exatamente ao meio-dia do dia 1º de julho. Existem alguns feitiços de amortecimento que eu poderia arriscar, mas... não o deixe cair.

Severus estava examinando-o cuidadosamente até seu aviso.

Ele olhou para cima e zombou dela. — Obrigado, Srta. Granger, sem o seu aviso nunca teria me ocorrido ser cauteloso com uma bomba.

Hermione não piscou. — Você prefere que eu não mencione que é delicado? — Ela arqueou as sobrancelhas. — Ele foi projetado para atingir a magia que nos mantém fora de Hogwarts, então quanto mais alto você conseguir, melhor. A torre de astronomia seria o ideal. Tem algum poder de combustão, mas é projetado principalmente para quebrar as proteções; quanto mais baixo estiver na detonação, menor impacto terá. Pelo menos... bem, é inteiramente baseado em aritmancia... não consegui testá-lo.

— Estou dominado pela confiança — Severus disse, olhando para ele novamente.

Hermione estava tão nervosa que seu peito parecia fraturado. Ultimamente era uma dor constante e lancinante até que ela mal conseguia respirar.

— Eu não sabia que você havia adicionado a fabricação de bombas ao seu repertório — disse Severus depois de um minuto.

Hermione tirou um pesado avental de pele de dragão e luvas e olhou para as mãos, estremecendo. Sua pele estava manchada de queimaduras e várias pontas dos dedos estavam verdes e murchas; ela teria que cortar o tecido restante e fazê-lo crescer novamente. Roupas e feitiços de proteção tiveram efeito limitado ao trabalhar com materiais escolhidos especificamente por sua capacidade de destruir a proteção.

Ela esfregou os dedos e observou a pele rachar e cair, deixando os ossos expostos em alguns lugares.

Ela fez uma careta e envolveu cuidadosamente bandagens infundidas com essência de Dittany em torno de suas mãos. — Comecei depois que ouvimos falar do hospital albanês – apenas a teoria. Não entendi os relatórios e me senti culpada porque talvez fosse em parte minha culpa que o hospital tivesse sido alvo. Achei que deveria pelo menos saber o que aconteceu com todos lá. Então - depois da invasão aos laboratórios da divisão de maldição - eu tinha tudo, mas nem valia a pena tentar propor que a Ordem usasse uma bomba.

Ela encolheu os ombros e começou a empacotar seus materiais em todas as caixas e recipientes cuidadosamente selados e acolchoados enquanto Severus observava.

Eles estavam em um celeiro abandonado no campo que a Ordem havia separado para Hermione trabalhar. Inicialmente, houve apenas objeções tímidas quando a ideia de usar uma bomba foi proposta, mas no final a Ordem concordou. . Ninguém tinha uma ideia melhor e, depois de meio ano e dezenas de vítimas nas tentativas, havia uma sensação de desespero bruto em todos.

Hermione cuidadosamente colocou um frasco, ainda meio cheio de líquido prateado e cintilante, em uma caixa protegida e selou-a com vários feitiços de proteção. — Quando Bill trouxe sua análise das proteções de Hogwarts no mês passado, percebi que havia uma chance de combinar feitiço e aritmancia com o uso tradicional de poções e alquimia para explosivos. Eu estava relendo a colaboração de Dumbledore com Flamel sobre os usos do sangue de dragão e tive a ideia de que ele reagiria com nitrato de prata dissolvido em sangue de unicórnio com força suficiente para dissolver as proteções. O principal desafio foi encontrar uma forma de suspendê-lo em algo que pudesse penetrar e aderir à magia, então usei veneno de manticora para emulsificá-lo. A detonação tem como objetivo principal criar um raio de explosão grande o suficiente para desestabilizar e colapsar as proteções quando o solvente as atingir. Analisei os números dezenas de vezes antes de levar a proposta a Moody; Tenho quase certeza de que calculei tudo corretamente.

Ela se pegou divagando e parou, olhando para Severus.

Enquanto ele a estudava, seus olhos brilhavam. Então ele franziu a boca e olhou de volta para a bomba entre eles. — Poções e curas são carreiras tão tediosas em tempos de guerra que você precisa inventar um campo de magia inteiramente novo para se preocupar?

Hermione sentiu suas bochechas esquentarem. Seus olhos caíram quando o canto de sua boca se curvou. — Achei que parecia uma forma lógica de combinar os ramos.

— Você faria isso — Severus disse com um bufo abafado. — Se isso explodir prematuramente, espero que você se lembre de todas as ocasiões em que respondi às suas perguntas incessantes com o lembrete de que só porque uma coisa pode ser imaginada por você, não significa que deva ser tentada.

Ele suspirou. — Você sempre foi um aluno insuportável para ensinar. — Houve uma pausa enquanto ele olhava para a bomba novamente. — É exatamente por isso.

Hermione abaixou a cabeça para esconder um sorriso.

Naquela noite ela aparatou para Whitecroft e esperou quase meia hora antes que Draco aparecesse.

Ela mal tinha visto Draco desde que ele voltou de viagem. Ele trouxe relatórios ocasionais e avisos renovados de que Voldemort provavelmente estava se preparando para seu golpe final. Mais Comensais da Morte do que apenas Lucius estavam sendo trazidos de volta para a Inglaterra.

Ela decidiu, desde o início, não mencionar a sua mais recente ocupação dentro da Ordem.

Quando ele apareceu na cabana, ele estava vestido com roupas formais e sua expressão era firme. Era como se ele esperasse encontrá-la sangrando até a morte no chão.

O alívio inundou seu rosto enquanto ele olhava para ela. — Não posso ficar a menos que seja uma emergência, estou jantando. O que é?

Ela queria estender a mão e tocá-lo, mas se conteve. Seus dedos ainda não estavam totalmente curados; ela os enfeitiçou cuidadosamente para esconder as cicatrizes.

— Fui enviada para lhe dizer que a Resistência atacará Hogwarts em dois dias. Começará precisamente ao meio-dia.

Sua mandíbula se contraiu. — Presumo que você não estará lá.

Hermione assentiu. — Estarei no hospital.

Seus olhos se estreitaram enquanto ele continuava estudando-a. — A Ordem encontrou um caminho através das proteções?

Hermione não reagiu. — Sim. As proteções foram levadas em consideração.

— O que você precisa que eu faça?

Ela lambeu os lábios e fechou a mão esquerda em um punho apertado. — Harry estará lá. Queremos um confronto final, mas antes disso, precisamos matar Nagini. Harry diz que tem certeza de que ela é uma horcrux. Faça com que ela seja trazida ou encontre uma maneira de matá-la quando ela for deixada para trás.

Seus olhos brilharam. — Se o Lorde das Trevas aparecer, ela estará lá.

— Bom. — Hermione deu um aceno brusco. — Isso é tudo que precisamos.

Ela se virou para sair, mas Draco deu um passo à frente e pegou seu braço. Seus olhos estavam escuros quando ele se aproximou dela. — Volte. Essa noite.

Ela balançou a cabeça com firmeza. — Você disse que não poderíamos, Draco. Este não é um momento para correr riscos.

Ela tentou recuar, mas a outra mão dele agarrou seu quadril e ele a empurrou para a porta. Ele parecia ter esquecido que era ele quem não podia ficar ali.

— Quero ver você. — Ele deslizou a mão pelo braço dela até o queixo, inclinando o rosto dela em direção ao dele.

A respiração de Hermione ficou presa e ela estremeceu.

Ela estava com frio. Ela estava com tanto frio e ele estava quente.

Pode ser a última vez.

Ela vacilou. — Tudo bem. Eu virei. Você tem que ir agora.

Ele a soltou. — Eu vou te chamar.

Ela assentiu e ele desapareceu sem fazer barulho.

Ela voltou para Grimmauld Place e cuidadosamente terminou de curar as mãos até que a cicatriz ficasse quase indetectável. As impressões digitais em sua mão direita haviam desaparecido, mas, a menos que ela as procurasse sob certa luz, elas mal apareciam.

Ela passou os dedos pelo esterno. Com o tratamento, as cicatrizes em seu peito desapareceram, de modo que o ferimento parecia menos mutilado. A parte interna dos seios estava marcada por queimaduras de ácido em todo o tecido mamário, que ela conseguiu restaurar de alguma forma. A cicatriz, no entanto, era permanente. O melhor que ela podia fazer era tratá-las para que o tecido cicatricial ficasse elástico e adicionar glamoures cumulativos para que o ferimento desaparecesse e ficasse menos descolorido e com aparência menos dolorosa.

Eram três da manhã quando o anel dela queimou.

Draco apareceu no instante em que ela entrou na cabana e os aparatou. Ela se viu esmagada contra a parede quando os lábios dele encontraram os dela, e ele a beijou vorazmente.

Ela o agarrou com força, passando as mãos por seus ombros, desesperada por senti-lo. As pontas dos dedos dela estavam excessivamente sensíveis por causa de toda a pele nova que ela havia crescido novamente.

Ela soltou um gemido baixo contra os lábios dele enquanto as mãos dele deslizavam por sua garganta para embalar seu queixo, e ele recuou para estudá-la, seus olhos penetrantes observando cada detalhe de seu rosto.

Algum dia vou amá-lo num momento que não será roubado, prometeu a si mesma.

— Você está bem? Você está bem? — ele perguntou, estudando-a.

— Sim. Estou bem. Estou bem. Você está bem? Você se machucou? — Ela agarrou as mãos dele.

Draco encostou a testa na dela. Eles ficaram parados por um minuto antes que ele libertasse as mãos e virasse o rosto dela para estudar seus olhos novamente. Ela sabia que parecia cansada, mais magra e branca por ficar em casa com pouco sol. Ela deu-lhe um sorriso pálido quando encontrou seu olhar.

— Eu deveria ter chamado você antes. — Seus dedos estavam traçando as maçãs do rosto dela como se ele esperasse que ela se quebrasse em suas mãos.

Ela balançou a cabeça.

— Não teria valido a pena o risco. Não deveríamos estar fazendo isso agora. Eu não deveria ter vindo — ela disse enquanto segurava suas vestes com mais força. Ela puxou a boca dele contra a dela. Ao beijá-la, ele a afastou da parede e a conduziu de costas em direção à cama.

O tique-taque constante do relógio na parede parecia uma contagem regressiva.

Ela geralmente desabotoava as roupas dele, ou puxava até que os botões cedessem, mas em vez disso ela puxou a varinha e murmurou um feitiço que ela usou milhares de vezes na enfermaria do hospital. Suas roupas tremeluziram e desapareceram dele. Ela repetiu o feitiço em suas próprias roupas.

— Eficiente — ele disse baixinho enquanto sua mão deslizava por sua coluna nua.

Ela deu um suspiro quando a pele dele pressionou contra a dela. — Eu não quero perder tempo.

Ela passou os dedos pelo pescoço dele e desceu pelos ombros. Ela estava tão desesperada que podia sentir seu coração batendo forte dentro do peito enquanto ele arqueava seu corpo contra seu peito e beijava seus seios e sua barriga enquanto a empurrava de volta para a cama.

Ela estendeu a mão para ele, puxando seus ombros. — Por favor, Draco – não temos tempo para ir devagar. Não posso voltar amanhã.

Ele ergueu a boca do quadril dela e ela passou os dedos ao longo de sua mandíbula, sentindo a leve barba por fazer sob as pontas dos dedos. Ela o puxou de volta para cima de seu corpo e passou os dedos levemente pela nuca dele enquanto o beijava, separando as pernas e envolvendo-as em torno de seus quadris.

Ela não fechou os olhos. Ela os manteve abertos e o estudou, memorizando tudo em seu rosto. Ela observou a maneira como os olhos dele tremeluziam e mudavam de cor quando as pupilas se dilatavam, prata, cinza, mercúrio, diamante e gelo. Ela queria guardar na memória o modo como ele se sentia sob suas mãos; os tendões do pescoço e a curvatura dos ossos; o gosto de sua pele e o cheiro de musgo de carvalho, papiro e cedro em sua pele quando ela enterrou o rosto em seu ombro.

Ele entrelaçou seus dedos enquanto empurrava dentro dela. Sua expressão era de adoração possessiva e abrasadora e uma fome que ela podia sentir em sua alma.

Ela o beijou. Ela fechou os olhos enquanto o beijava.

Não deixe que esta seja a última vez. Não deixe que esta seja a última vez. Ela disse isso para si mesma repetidas vezes enquanto passava os braços em volta do pescoço dele.

Depois, Draco a reuniu contra seu peito, sua cabeça apoiada na dela, seus dedos desenhando runas e padrões em sua pele.

Eu vou cuidar de você. Eu sempre vou cuidar de você. Eu vou cuidar de você. Eu vou cuidar de você.

As palavras foram silenciosas, mas ela podia ouvi-las na mudança do ar e sentir o leve e rápido movimento de sua mandíbula enquanto ele as pronunciava. Uma e outra vez, até que sua garganta ficou grossa.

Ela fechou os olhos por vários minutos antes de se sentar e olhar atentamente para Draco.

Quando ele olhou para ela, seus olhos prateados estavam cautelosos. Ela o estudou, memorizando-o; esse aspecto dele que era só dela.

Ela entrelaçou os dedos com os dele e traçou as pontas dos dedos supersensíveis ao longo dos nós dos dedos dele. Sua boca se contraiu e ela hesitou.

— Draco — ela finalmente disse — há uma chance – nós esperamos, que a guerra acabe em Hogwarts. Nós não... não temos certeza de quanto tempo vamos durar, se isso não acontecer.

Seus dedos se contraíram.

— Se isso não acontecer... — ela deu uma risada tensa e meio soluçada — ... bem, então vamos continuar tentando, suponho. Mas... se for. Se este for o começo do fim da guerra, você... — ela mordeu o lábio e hesitou —, sua promessa de ajudar a Ordem será cumprida, e se você ficar e tentar manter seu disfarce para nos ajudar, você pode correr o risco de violar o voto secundário que fez. Então, com tudo isso para dizer, se Harry conseguir derrotar Você-Sabe-Quem na terça-feira, você terá que ir — ela ergueu os olhos da mão dele e encontrou seus olhos — você tem que fugir.

A expressão de Draco nem sequer ondulou.

Hermione olhou para baixo e brincou com o anel na mão dele. — Eu... haverá coisas para as quais serei necessário, então eu não... não poderei ir com você... se vencermos. Mas você deveria ir de qualquer maneira.

Draco zombou. — Eu não vou embora sem você, Granger, eu vou...

Sua garganta apertou. Ela pressionou os dedos nos lábios dele e encontrou seus olhos. — Você tem que fugir. Se você for pego, talvez eu não consiga protegê-lo. Se você for levado a julgamento, mesmo com Moody e eu testemunhando em seu favor, você ainda poderá ser beijado ou executado. Se ele morrer, assim que morrer, vá. Você finalmente estará livre. Será a sua vida, Draco.

Ele se sentou, sua expressão desdenhosa. — Eu nunca vou deixar você para trás.

O estômago de Hermione embrulhou e ela balançou a cabeça, olhando para baixo. — Estou pensando nisso há algum tempo. Draco, eu tenho que ficar. Meu trabalho começa depois das batalhas. No final, as coisas podem ficar complicadas. Os Comensais da Morte ficarão desesperados. Você seria uma alta prioridade para capturar, e não sei se serei capaz de protegê-lo... aí... muita coisa vai acontecer.

Ele se inclinou para frente e agarrou a mão dela. — Você é minha. Agora e depois da guerra. Seu juramento, você jurou.

— Eu sou. — Ela olhou para cima e encontrou os olhos dele. — Eu prometi a você sempre, e eu quis dizer isso. Sempre, sempre, enquanto eu viver. Mas... — seu peito apertou e sua mandíbula tremeu. — ... eu não estarei pronto para ir quando você precisar. Não quero que você corra o risco de ser pego porque está esperando por mim.

Os olhos de Draco se estreitaram. — Quanto tempo você espera que eu esteja esperando?

Os olhos de Hermione caíram. — Não sei. É por isso que quero que você vá sem mim.

— Você tem uma ideia, tenho certeza.

Ela balançou a cabeça. — Não sei quão rápido as coisas vão acontecer. Pode ser que eu tenha a chance de sair assim que o hospital se acalmar. Mas... se tivermos prisioneiros e vítimas de Sussex, serei a responsável por cuidar deles... da última vez... no ano passado, foram vários meses. Os julgamentos poderiam começar até então, e então - talvez eu não consiga - partir. Não quero me preocupar se você tentar vir atrás de mim e ser pego.

— Você está se referindo ao seu julgamento; por seus supostos crimes de guerra. — Seu tom era acusador.

Hermione desviou o olhar. — Tenho certeza que não será por muito tempo. Assim que estiver livre, irei a algum lugar onde você possa me encontrar. Isso... será bom para você... ter algum tempo para se encontrar por conta própria.

— É por isso que você veio esta noite? Porque você queria dizer isso para mim? — Havia um sotaque zombeteiro em seu tom.

Ele agarrou a mão dela e puxou-a para si até que seus rostos quase se tocassem e deslizou a mão pela garganta dela.

— Você é minha. Minha. Você jurou. Sua maldita Ordem vendeu você para mim para ganhar tempo. Se alguém tentar colocá-la em uma cela para se tornar heróico, eu o matarei.

Ele não esperou que ela respondesse; ele a beijou como se estivesse tentando marcá-la com os lábios. Ela passou os braços em volta do pescoço dele e o beijou de volta.

Quando os ponteiros do relógio apontaram cinco em ponto, ela recuou. — Eu tenho que ir. Eu tenho mais trabalho.

Ela se vestiu rapidamente e sacou a varinha para aparatar. Então ela hesitou e deu um passo em direção a Draco.

— Tenha cuidado, Draco. E apenas... lembre-se do que eu disse, se tiver uma chance...

Sua expressão era tão dura que ele poderia ter sido esculpido em mármore. — Vejo você depois da batalha.

Seus dedos se contraíram. — Por favor, tenha cuidado, Draco.

Não morra. As palavras não ditas pairam no ar.

Ela engoliu em seco e aparatou.

Grimmauld Place estava quase latejando de atividade nervosa. Havia dezenas de líderes da Resistência cujos nomes Hermione nem sabia na sala de guerra, reunindo-se com Moody e o resto da Ordem. O ataque estava sendo planejado tanto como um resgate quanto como um confronto final.

Hermione estava na enfermaria do hospital trabalhando nos preparativos com Poppy, Padma e os outros curandeiros e enfermeiras que a Resistência tinha.

No meio da tarde, o patrono do Setter Irlandês de Bill entrou em Grimmauld em busca de Moody. Alastor saiu, deixando Remus e Tonks cuidando das reuniões por uma hora.

Hermione foi visitar Ginny. Estava fora do horário, mas ela não sabia quanto tempo teria nos próximos dias.

Ela entregou a Ginny uma contra-poção para o glamour spattergroit e sacudiu a varinha para remover os feitiços de glamour adicionais na barriga de Ginny.

— Como vai você? — ela perguntou, sentando-se enquanto a pele de Ginny clareava e seu estômago inchava lentamente em uma protuberância na pélvis.

— Entediada demais, especialmente quando ouço todo mundo correndo por aí se preparando para amanhã — disse Ginny. Seu rosto estava pensativo e arrependido, mas seus olhos brilhavam. — Você acha que realmente poderia ser a batalha final?

Hermione contraiu um ombro e desviou o olhar. — Se não for, não sei o que vamos fazer.

— Aqui, ele está acordado. Você pode senti-lo chutando. — Ginny pegou a mão de Hermione e apertou-a contra sua barriga, logo acima do quadril. Houve uma pausa, então Hermione sentiu uma leve vibração sob a palma da mão.

— Sente isso? — Ginny disse.

— Sim, eu senti isso. — Houve outra vibração e depois silêncio por vários minutos.

— Ele provavelmente foi dormir — Ginny disse, fazendo uma careta. — Você deveria senti-lo à noite, acho que ele dá cambalhotas.

— Eu me pergunto de onde ele tirou seus genes causadores de problemas de insônia — Hermione disse com uma voz seca enquanto acariciava a barriga de Ginny com os dedos.

— Você consegue imaginá-lo em Hogwarts algum dia depois do fim da guerra? — Os olhos de Gina estavam brilhando.

Hermione encontrou o olhar de Ginny e esboçou um sorriso pálido enquanto retirava a mão. — Tenho pena dos professores.

Hermione acenou com a varinha e trouxe todos os diagnósticos.

Ginny colocou a mão no pulso de Hermione. — Você não precisa. Tenho praticado e posso fazer praticamente todos os exames. Apenas fale comigo. Como está Harry? Rony está bem? Você tem visto mamãe ultimamente? Recebi todas essas cartas deles, mas é sempre apenas metade da história.

— Harry está... — Hermione hesitou e guardou a varinha, — Bem, ele está melhor no momento. Padma e eu o colocamos na enfermaria do hospital nas últimas semanas, para aumentar seu peso e monitorar seu sono. Então, ele... ele parece um pouco melhor, eu acho. Ele ainda tem muitos pesadelos, tenho tentado fazer com que ele pratique oclumência, mas ele não me escuta sobre isso. Com o ataque se aproximando, ele finalmente parou de fugir e se envolver em brigas. Mas ele está compensando fumando mais. — Hermione deu um pequeno suspiro. — Ele tem estado muito quieto ultimamente, mesmo com Ron.

Hermione mexeu nas unhas. — Ron... Ron está aguentando. Ele sabe que Harry está confiando nele, mas ainda está com o coração partido por causa de Lavender e ainda acha que a morte de Kingsley é culpa dele. Mas ele... ele está aguentando.

— Você acha que vai funcionar amanhã?

Hermione sentiu como se houvesse um poço de ácido em seu estômago. — Bem, os números de Aritmancia são bons. Flitwick e Minerva examinaram minha teoria e até agora não ouvimos nada que indique que ela explodiu prematuramente. — Seu coração batia violentamente no peito e ela falava cada vez mais rápido. — Se não disparar, a maior parte da Resistência estará lá esperando e...

— Eu não estava me referindo à sua parte. Eu quis dizer, você acha que a Ordem pode vencer amanhã?

Hermione engoliu em seco, com a boca seca. — Vamos tentar. — Ela olhou em direção à porta. — Ginny, eu realmente não posso ficar. Eu deveria tomar uma sono sem sonhos e descansar algumas horas antes de amanhã. Ainda tenho mil coisas para fazer.

— Oh, certo. Claro. — Ginny desanimou. — Eu não vou te atrapalhar você.

Hermione pegou frascos de poção para restaurar o glamour respingado e observou cuidadosamente para garantir que eles fizessem efeito corretamente.

— Eu vou te contar como foi, assim que soubermos — disse Hermione, olhando para a porta.

— Diga a Harry que eu o amo. Diga a ele que acredito nele — a voz de Ginny tremeu.

Hermione se virou e deu-lhe um pequeno sorriso. — Eu vou.

Eram as primeiras horas da manhã quando grupos da Resistência começaram a dirigir-se para a Escócia. Hermione foi verificar três vezes os estoques de poções. Padma já havia verificado o inventário, mas havia algumas poções que Padma não conhecia e que Hermione queria contar com as lojas. Ela estava na metade de sua contagem quando sentiu suas proteções pessoais violadas.

Ela fechou um compartimento e estava contando os frascos de Skele-Gro quando Harry apareceu na porta.

Ela fez uma pausa e olhou para ele.

Harry raramente vinha vê-la antes de partir. Ele saía em missão sem dizer uma palavra, como se deixar as coisas em aberto significasse que elas certamente continuariam quando ele voltasse. Ou ele parava para dizer rapidamente: — Estou saindo. Te vejo em duas semanas.

Nunca houve qualquer menção ao risco. Era como as férias de verão na escola. Apenas uma breve despedida. O reencontro sempre foi considerado inevitável.

Ele parecia diferente. Sua permanência na enfermaria do hospital fez com que suas feições ficassem ligeiramente mais preenchidas e seus olhos pareciam menos opacos e fundos. Sua coloração era pálida, mas não tão cinza.

Havia nele um desamparo pensativo. O garoto magrelo com roupas grandes e óculos quebrados, que comprou um carrinho de salgadinhos para o amigo. Ele se sentiu machucado. Não fisicamente, mas emocionalmente; como se ele tivesse sido espancado até o chão.

Hermione o estudou em silêncio por vários segundos.

— O que foi, Harry?

Sua voz era suave e cautelosa. Uma voz que ela aprendeu na enfermaria do hospital.

O canto de sua boca se contraiu e ele inclinou a cabeça para o lado. — Acho que vai ser assim.

Hermione deu-lhe um pequeno sorriso. — Espero que sim. Espero que estejamos certos sobre isso.

— Eu... — Harry começou a falar e depois ficou em silêncio. Ele mexeu na maçaneta da porta. —Eu... eu vou tentar matá-lo. Eu não contei a mais ninguém. Mas continuo pensando na profecia. Se for real, tenho que matá-lo. Não creio que possa travar esta guerra novamente.

Hermione se aproximou e pegou a mão dele, entrelaçando os dedos nos dele e olhando em seus olhos.

— Eu acredito em você, Harry. Eu lhe disse quando você tinha onze anos que você era um grande bruxo. Nunca deixei de acreditar nisso.

Harry deu-lhe um sorriso pálido, mas desapareceu tão rapidamente quanto apareceu. Ele olhou para ela e parecia quase um fantasma. Como se os dedos dela pudessem de repente cair através da mão dele.

— Hermione, acho que vou morrer hoje.

Hermione olhou para ele. Ela nunca o tinha ouvido dizer algo assim antes. Não importa a batalha, não importa o ferimento, não importa as probabilidades; Harry sempre acreditou que eles conseguiriam sobreviver no dia seguinte.

— Não! — Sua voz estalou como um chicote. — Não. Toda a Ordem e a maior parte da Resistência estarão lá...

— Hermione... — Harry a interrompeu com uma voz firme. Ele soltou um suspiro baixo e olhou para suas mãos. — Eu posso sentir isso. Eu pensei... por um tempo pensei que haveria mais... — seu ombro se contraiu e seus lábios se apertaram. — que vencer seria apenas o começo. Mas... eu... acho que você está certa. Você sempre esteve certa. A guerra será tudo o que há para mim.

Hermione sentiu como se tivesse sido atingida. Ela agarrou a mão dele com mais força. — Não foi isso que eu quis dizer, Harry. Não foi assim que eu quis dizer isso. Você não pode ir para Hogwarts hoje com essa mentalidade. Isso funcionará. Juro que as equações eram perfeitas, verifiquei-as centenas de vezes. Nós podemos ganhar. Você consegue fazer isso. Ginny está esperando por você...

— Hermione, pare. — Harry a interrompeu. — Preciso dizer tudo isso antes de ir.

Ele respirou fundo. — Me desculpe por ter demorado tanto para acreditar em você. Eu queria que você estivesse errada sobre tudo isso. Não percebi o quanto estava com raiva de você só porque queria que você estivesse errada. Eu só... não tenho tempo para compensar você.

Ele falava cada vez mais rápido, como se o tempo estivesse acabando. Como se pudesse ver os minutos restantes de sua vida, e foram poucos.

— Eu sei que não deveria estar aqui pedindo nada a você, mas... mas... quero pedir que você cuide de Ginny para mim. Caso eu morra. — Seu aperto na mão dela aumentou ainda mais. — Não sei o que vai acontecer hoje. Quero saber que alguém cuidará dela. Ela não pode se proteger se estiver doente, mas sei que você... você fará o que for preciso para mantê-la segura. Quero saber que ela ficará bem, não importa o que aconteça. Eu sei que se ela estiver com você, ela estará.

— Harry, você vai voltar.

A irritação brilhou nos olhos de Harry, mas antes que ele pudesse falar, ouviu-se um barulho além da porta.

Hermione olhou para cima e encontrou Ron enfiando a cabeça pela porta. — Harry, temos que ir. Todo mundo está esperando lá embaixo.

— Certo. Estou ind0. — Harry o soltou e deu um passo para trás. Ele lançou um último olhar para Hermione e uma pequena saudação antes de descer as escadas. Hermione o observou até que sua cabeça desapareceu de vista.

Ron ficou até que Hermione olhou para ele. — Ele está bem?

Os olhos de Hermione se desviaram. — Ele queria que eu prometesse cuidar de Ginny, caso ele morresse hoje. Rony, observe-o.

A expressão de Ron ficou tensa, mas ele não pareceu surpreso. — Eu vou. Onde quer que Harry vá, nunca estarei mais do que alguns passos atrás dele.

Sua boca se abriu antes que ela soubesse o que dizer. — Rony. Tenha cuidado, Rony. Ela estendeu a mão para ele. — Traga-o de volta.

Ele deu a ela um sorriso torto que não alcançava seus olhos.

Ele estava tão envelhecido pela guerra. Seu rosto estreito estava magro. Suas maçãs do rosto se projetavam e suas feições eram enrugadas. As mechas grisalhas em seu cabelo ficaram mais espessas. Ele parecia muito mais velho que vinte e dois anos. A morte de Lavender extinguiu um pouco da luz que havia nele.

Hermione nem sabia. Não tinha notado o relacionamento até que ele acabou.

Seus olhos azuis claros ainda tinham aço. — Eu o trago de volta em todas as missões. Esse é o meu trabalho. — Ele olhou para as escadas e Hermione percebeu que ele estava pensando no dia seguinte. — Tome cuidado, Mione. Essa pode atingir em cheio a ala hospitalar.

Ela deu um aceno trêmulo.

— Certo. Bem, eles estão esperando por mim agora. — Ron apoiou a mão no ombro dela por um momento e se virou para sair.

Hermione ficou sozinha no armário de poções, tentando se lembrar de quando eles haviam parado de se abraçar ao despedir.

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