Manacled | Dramione

By moonletterss

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Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... More

Nota da tradutora
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75. Epílogo 1
76. Epílogo 2
77. Epílogo 3
Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

30. Flashback 5

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By moonletterss

Abril de 2002

Na terça-feira seguinte, Malfoy se comportou da mesma forma que na semana anterior.

Ele lhe ensinou oclumência, deixando-a praticar as formas e técnicas. Ele não fez com que doesse. Ele mal falou uma palavra com ela. Só a tocou uma vez, para inclinar a cabeça dela mais para trás a fim de fazer contato visual. E então - enquanto ele estava em sua mente - ela podia sentir a mão dele ainda pousada em seu pescoço, o polegar contra sua garganta.

Ele não precisava tocá-la. Ela sabia. Ele poderia facilmente realizar a legilimência nela a vários metros de distância.

Ele não se intrometeu. Não se intrometeu em memórias nas quais ela claramente não o queria. Ele simplesmente deixou que ela usasse sua presença como uma espécie de boneco de treino para aprender manobras mentais evasivas.

Quando ele se retirou, ela o encarou com curiosidade.

— Onde você aprendeu isso? Presumo que sua tia não tenha usado a técnica.

— Ela não usou. — Seus dentes se abriram ligeiramente ao dizer isso. — Eu li sobre ela em um livro. A Mansão Malfoy tem uma grande biblioteca. Ela não funcionaria com a maioria das pessoas, apenas com outros oclumens naturais. Embora qualquer pessoa possa aprender potencialmente oclumência ou legilimência até certo ponto, é sempre doloroso ou tão sutil que mal dá para sentir o que está acontecendo.

Ele olhou para ela e acrescentou com um sorriso presunçoso: — Pode-se dizer que estou fazendo experiências com você.

Hermione revirou os olhos.

— O livro exigia contato físico também? — disse ela com uma voz doce, olhando para a mão dele com atenção.

Ela se arrependeu imediatamente de ter dito aquilo.

A mão dele se retesou levemente, apenas o suficiente para passar de repouso para segurar. Os olhos dele escureceram à medida que as íris se expandiam cada vez mais.

— Não. Isso é só porque eu posso.

Ele sorriu enquanto a puxava para frente e abaixava a cabeça para beijá-la.

Foi um beijo frio. Seus lábios pressionados contra os dela não eram desejosos ou apaixonados.

Era simplesmente um lembrete.

De que ele podia.

Que ele estava sendo contido. Que, se quisesse, poderia exigir o que quisesse dela e que ela já havia consentido em dar.

Hermione não respondeu ao beijo. Apenas deixou que os lábios frios dele encontrassem os seus sem resistir até que ele se afastasse novamente.

— Você tem alguma informação para esta semana? — ela perguntou quando a mão dele saiu de cima dela e ele deu um passo para trás.

Ele tirou um pergaminho de suas vestes e o entregou a ela.

— Análise de feitiços e informações sobre contra-maldições para novas maldições da divisão de desenvolvimento de maldições do Lorde das Trevas — disse ele. — Há um novo conjunto sendo ensinado atualmente.

Hermione abriu o pergaminho e deu uma olhada nas informações listadas. Severus já havia dado à Ordem todos os detalhes sobre as maldições, mas Malfoy não podia saber disso. O fato de isso ter ocorrido a ele era um sinal de como ele era útil e proativo. Se eles perdessem Severus, Malfoy seria capaz de fornecer os dois tipos de informações.

Um excelente espiã.

— Essa é uma informação inestimável — disse ela, guardando-a cuidadosamente em sua mochila.

Ele deu de ombros.

— Não, é mesmo. Isso salvará vidas. Eu nem pensei em pedir isso. Se você fez isso, não sei como lhe agradecer o suficiente.

Malfoy parecia vagamente desconfortável com a gratidão.

— Não importa. Era uma informação óbvia a ser fornecida. A taxa de mortalidade na sua Resistência está ficando perceptível.

Hermione sentiu o sangue se esvair de seu rosto, e ele a encarou. — Quanto tempo mais vocês acham que podem continuar lutando?

Sua garganta ficou apertada. — O tempo que for necessário ou até que não reste mais ninguém. Não há plano B, Malfoy. Não há rendição para nós.

Ele acenou com a cabeça. — É bom saber.

Então ele fez uma pausa, como se tivesse se lembrado abruptamente de algo. — Existe um esconderijo envolvendo muitas crianças em Caithness?

Hermione se enrubesceu. — Por que você pergunta?

Seu rosto ficou duro. — Foi notado. Alguém provavelmente será enviado para investigar até o final da semana. Não deixe que eles encontrem nada.

Hermione assentiu com firmeza. — Tenho que ir — disse ela, correndo para a porta.

Ela invocou um patronus corpóreo por pura força de vontade. Eles haviam se tornado uma luta para ela desde que havia esquecido seus pais. Levou vários anos para que ela recuperasse a habilidade, e eles nunca haviam recuperado totalmente a luminescência prateada que tinham tido durante seu quinto ano.

— Encontre Minerva McGonagall — disse ela. — Diga a ela para se preparar para a evacuação.

Enquanto sua lontra se afastava, ela lançou outra. A criatura elegante e translúcida ficou de pé sobre as patas traseiras e a encarou.

— Vá procurar Kingsley Shacklebolt. Diga a ele que precisamos de um novo esconderijo para Caithness.

Em seguida, ela aparatou para encontrar Moody.

O processo de evacuação das crianças foi lento e árduo. Todas elas não conseguiam aparatar sozinhas, o que significava que todos os membros da Resistência disponíveis e facilmente contatáveis tinham de ser mobilizados para carregá-las para um lugar seguro por meio de vassouras, aparições laterais repetidas ou nas costas de thestrals. Criar chaves de portal consumia muito tempo. Nenhuma das casas seguras poderia se arriscar a ter uma conexão de floo.

O local remoto tinha sido uma escolha estratégica. A esperança era que passasse despercebida por Voldemort, apesar da presença de um grande número de crianças estranhas em uma cidade tão pequena. Em retrospecto, foi pura sorte eles terem conseguido por tanto tempo. Havia poucas boas opções para tentar realojar tantas crianças em uma faixa etária tão variada.

Eles não tinham um abrigo de reserva para tantas crianças. As crianças tiveram que ser divididas em dezenas de casas seguras. Transportá-las em pequenos grupos para outras partes do Reino Unido e depois reinstalá-las, ampliando quartos e transfigurando novas camas.

Hermione fez três viagens. Depois de voltar da última, ela se encostou na parede de cansaço. Ela havia transportado várias crianças pequenas até a Irlanda do Norte. Eles vomitaram, gritaram e choraram a cada aparição progressiva. Ela foi forçada a parar e consolá-los até que ficassem quietos o suficiente para que ela pudesse aparatar novamente com segurança, sem machucar ninguém.

Minerva apareceu e parou na frente de Hermione, com uma expressão conflituosa.

— Seu informante? — Minerva perguntou em voz baixa.

Hermione assentiu com a cabeça: — Moody vai dizer a qualquer um que perguntar que ele soube disso enquanto interrogava um snatcher.

Minerva fez um aceno agudo de reconhecimento e apertou os lábios, olhando para Hermione por vários segundos.

— Você é uma boa menina; espero que ninguém duvide disso. Você está bem?

— Ele não me fez nada. — Essa foi toda a garantia que Hermione conseguiu dar.

Algo se desenrolou na expressão de Minerva. Ela fez um aceno brusco com a cabeça e depois se afastou para ajudar a retirar as proteções e encolher os móveis.

Hermione olhou para as horas. Era lua cheia naquela noite e ela precisava de erva-doce.

Ela se levantou e saiu da mansão até chegar à borda das barreiras antiaparição. Em seguida, começou a série de saltos de volta para Londres.

Ela parou em um grande campo onde costumava procurar alimentos perto da Floresta de Dean. Com a varinha estendida, ela lançou um encanto do tipo "aponte-me" e seguiu-o em busca da planta daninha.

A luz brilhante da lua projetava o mar de grama em sombras nítidas. As árvores agrupadas nas proximidades se erguiam como uma cortina negra contra o céu noturno brilhante. Enquanto Hermione deslizava por uma pequena encosta, uma rajada de vento se deslocou pelo campo, ondulando a grama de forma que ela sussurrou suavemente. Quando o som do deslizamento e do deslocamento desapareceu, um uivo baixo surgiu das árvores a favor do vento de Hermione.

Ela congelou.

Um lobisomem.

Nunca tinha havido lobisomens na região antes. Ela estava tão cansada e distraída que nem pensou em tomar precauções.

Então, outro uivo surgiu. Mais longe. À sua direita.

E outro uivo.

Havia um bando de lobisomens na Floresta de Dean.

Ela quase aparatou para ir embora, mas parou, hesitante. Ela precisava de erva-doce. Se não a conseguisse naquela noite, não conseguiria nenhuma até o mês seguinte. Tinha de fazer a poção. Severus não dava conselhos nem se dava ao trabalho de inventar poções, a menos que fosse urgente.

Desceu correndo a colina na direção que o feitiço localizador estava indicando.

Outro uivo. Mais perto.

Tirou a faca de prata do bolso e começou a cortar seções de erva-doce o mais rápido que podia sem afetar a potência. Não havia o suficiente.

Ela lançou novamente o feitiço de localização e correu na direção em que sua varinha a havia mandado. Ao fazer isso, olhou para cima e viu a sombra alongada e afiada de um lobisomem descendo a ladeira em sua direção.

Ela derrapou e quase caiu quando chegou a um local com várias árvores de fluxo e as cortou em segundos.

O lobisomem estava a menos de doze metros de distância e se agachando em uma investida quando ela finalmente girou sobre os calcanhares e aparatou no lugar mais próximo que conseguiu pensar.

Hermione reapareceu nos degraus da cabana intransponível de Malfoy. Com falta de ar, ela caiu no degrau mais alto e sentou-se ofegante enquanto tentava recuperar o fôlego.

Ela se encostou na porta e fechou os olhos enquanto seu coração continuava batendo violentamente.

Ela estava terrivelmente fora de forma. Não conseguia acreditar na rapidez com que havia se cansado da corrida. O esôfago ardia e havia uma dor aguda e lancinante nos pulmões toda vez que ela inspirava.

Além de andar pelo campo em busca de ingredientes para poções, Hermione não se envolvia em nenhuma atividade fisicamente extenuante. Depois de ter sido retirada do campo, ela não teve tempo de treinar, praticar ou mesmo se preocupar com sua resistência física.

Merlin, ela era inútil. Se voltasse a se encontrar em um campo de batalha, provavelmente seria abatida em segundos.

Sua respiração se estabilizou, mas ela permaneceu no mesmo lugar por mais um minuto enquanto tentava fazer com que os batimentos cardíacos diminuíssem.

A porta atrás dela se abriu abruptamente e ela caiu de costas no barracão.

Sua cabeça bateu contra a madeira e estrelas brilharam diante de seus olhos quando ela descobriu Malfoy olhando para ela, furioso.

— Que merda, Granger, o que você está fazendo?

— Malfoy? — disse ela, olhando para ele confusa. — O que você está fazendo aqui?

— O que estou fazendo aqui? — Ele rosnou. — Você ativou as proteções. Presumi que precisasse de mim para alguma coisa.

— Oh — disse Hermione, com as bochechas coradas de calor. — Eu não sabia que a ala de proteções se estendia além da sala. Não queria incomodá-lo.

Ela rolou para o lado e se levantou.

Malfoy a olhou de cima a baixo.

— O que você estava fazendo?

— Eu precisava de erva-doce colhida sob a lua cheia — disse ela, percebendo que ainda estava ofegante. — E havia lobisomens. Eu não podia esperar até o mês que vem. Por isso, tive que fugir e tentar coletar o que eu queria. Mas não estou mais em forma. Isso me deixou cansada. Este era o lugar mais próximo para aparatar. Então, eu estava tentando recuperar meu fôlego.

— Onde você estava pegando a erva-doce? — O tom de voz dele tinha um toque de humor.

Ela fez um gesto por cima do ombro. — Há um campo perto daqui, na Floresta de Dean. É um dos lugares que geralmente ir para encontrar ingredientes para poções.

— Geralmente...

Houve uma pausa.

— Você anda pelo campo à noite. Procurando ingredientes? — Sua expressão ficou congelada.

— Sim. — Hermione acenou com a cabeça, olhando para ele. — Eu mencionei isso.

— Não... Você disse que estava comprando ingredientes para poções. Presumi que isso significava que você tinha um fornecedor. — A expressão dele estava ficando dura e seus olhos estavam acusadores, como se ela tivesse mentido para ele.

Hermione o encarou com incredulidade. — Eu sou uma terrorista. Comprar ingredientes de poções no mercado negro custa uma pequena fortuna. Não vou desperdiçar meu orçamento quando posso obtê-las de graça e com melhor qualidade se eu mesmoa fizer o trabalho.

— Então você está vagando pelo interior da Grã-Bretanha mágica, à noite, para coletar ingredientes de poções? Sozinha?

— Obviamente — disse Hermione, fungando. — É por isso que nos encontramos nas manhãs de terça-feira, depois que eu termino.

Houve um longo silêncio.

— Você não pode. — Ele anunciou em um tom de finalização. — Você vai parar. Ficará dentro de qualquer abrigo triste em que eles a mantenham curando e não voltará a procurar mais ingredientes.

Hermione o encarou indignada por vários segundos, atônita. — Com certeza não vou! Você não controla o que eu faço.

A expressão dele endureceu, com um brilho predatório aparecendo em seus olhos. — Na verdade, eu controlo. Você já se esqueceu? Eu sou seu dono. Se eu disser para você se sentar nesta sala e ficar olhando para a parede até a próxima semana, você deu sua palavra de que faria isso.

Hermione sentiu a raiva aflorar em seu corpo. — Não, eu não faria isso. Porque você deu sua palavra de não interferir no meu trabalho na Ordem. A coleta de ingredientes faz parte do meu trabalho. Não é negociável. Se quiser controlar tudo o que eu faço, terá de esperar até vencermos. Você também deu sua palavra.

Malfoy ficou olhando para ela, seus olhos calculistas. Então, ele mudou abruptamente de assunto. — Então, você superou os lobisomens?

Ela corou.

— Não. Quero dizer, eles não estavam muito próximos até o final. Eu só corri talvez uns cem metros, no máximo.

— E você ainda está ofegante por causa disso? — disse ele com ceticismo.

— Eu realmente não faço nenhum trabalho de campo além da coleta de ingredientes. Não há muita necessidade de trabalhar minha resistência — disse ela, erguendo-se na defensiva.

A boca de Malfoy se abriu repentinamente; ele a fechou e colocou a mão sobre os olhos por vários segundos, como se estivesse tentando se recompor. Depois, retirou a mão e a encarou.

— Quando foi exatamente a última vez que alguém a treinou? Presumo que você pratique duelos básicos, já que é tão importante que não a deixam mais lutar. Certamente, já que eles a deixam sair sozinha no meio da noite, sua defesa deve ser inigualável.

Hermione baixou os olhos e remexeu na alça de sua mochila. — Estou muito ocupada. Parte da razão pela qual me tiraram de combate é porque há muitas outras coisas para as quais sou necessária.

— Quanto tempo faz, Granger? — Sua voz era dura.

Ela deu uma olhada na sala. Aquele lugar estúpido não tinha nada que ela pudesse fingir estar olhando. Ela se concentrou em um nó nas tábuas do assoalho.

— Deve ter se passado uns dois anos e meio — ela disse baixinho.

Ele baixou o rosto para a mão e ficou em silêncio, como se não conseguisse nem mesmo olhar para ela.

Hermione revirou os olhos.

— Bem, então eu vou indo — disse ela em um tom de voz firme. — Desculpe-me por tê-lo incomodado. Não vai acontecer de novo.

— Estou treinando você — disse Malfoy abruptamente, endireitando-se e olhando para ela.

— O quê? — Ela o encarou confusa.

— Vou treinar você — disse ele lentamente. — Já que, aparentemente, fazer você parar não é uma opção. Não vou perder meu tempo lidando com um novo contato na Ordem porque você não é inteligente o suficiente para se manter em condições de lutar. Dada a maneira como todos eles lutam, tenho certeza de que qualquer outro que eu conseguisse seria péssimo em oclumência e provavelmente acabaria sendo pego em uma escaramuça.

Bem, o instinto de autopreservação Sonserino de Malfoy certamente ainda era forte. Hermione suspirou com irritação.

— Realmente não é necessário. Eu não luto. Raramente há problemas quando estou procurando ingredientes. Não precisa se preocupar com o inconveniente de perder seu precioso prêmio de guerra.

— Sério? — disse ele, com a voz leve, enquanto se aproximava dela. — Você não quer? Porque você vai terminar de aprender oclumência em breve. Acho que você preferiria preencher seu tempo com a prática de duelos em vez de outras atividades que eu poderia exigir que você participasse.

Hermione olhou para ele.

Ela duvidava que ele tivesse a intenção de levar adiante sua ameaça velada, já que não havia demonstrado nenhuma inclinação em particular. Se ele quisesse ensiná-la a duelar, não havia mal nenhum nisso. Ela certamente preferiria isso. Ela precisava continuar passando tempo com ele. Ela não conseguiria ter sucesso em sua missão se eles não passassem tempo juntos.

— Tudo bem — disse ela, com uma expressão de leve escárnio.

— Você parece tão amarga — a expressão dele era de zombaria. — Você pensou que eu exigiria que você transasse comigo em vez de não transar. Decepcionada?

— Somente em seus sonhos — disse ela, lançando-lhe um olhar fixo.

— Todas as noites.

Ela revirou os olhos.

— Você compra todas as suas companhias? — disse ela, com a voz doce e a expressão condescendente. Ele nem sequer piscou.

— Eu gosto de profissionalismo — disse ele sem graça, olhando para o teto como se estivesse recitando um mantra. — Linhas claras. Sem drama. Não sou obrigado a fingir que me importo.

Ele fez uma careta com a última palavra, como se se importar fosse o conceito mais ofensivo conhecido pelo homem.

— É claro. Muito do seu feitio

— Muito — concordou ele com um sorriso fino.

Houve um silêncio. Hermione queria lhes dizer que ele era vil, mas tinha certeza de que ele já sabia. Ela se sentia cansada e isso lhe dava vontade de ser cruel.

— Você conversa com eles e chora, contando como sua vida é triste e solitária? Ou simplesmente os derruba sem dizer uma palavra? — perguntou ela, com a voz suave e provocante.

Os olhos dele brilharam.

— Quer que eu te mostre? — Sua voz era aguda e fria como uma lasca de gelo.

O quase encontro de Hermione com os lobisomens fez com que a adrenalina ainda estivesse em alta. Ela estava acostumada com o alto estresse da ala hospitalar, mas era sempre a vida de outra pessoa. Ela se sentia muito bem com a adrenalina de seu quase encontro com a morte. De repente, ela entendeu Harry. Sentia-se capaz de fazer qualquer coisa.

Um pensamento repentino lhe ocorreu diante da ameaça de Malfoy.

Ela o encarou, levantando o queixo.

— Você não vai.

Os olhos dele ficaram cruéis, mas antes que ele pudesse responder, ela continuou. — Seria real demais para você. Fazer isso com alguém que você conhece. Alguém que você veria novamente. Isso bagunçaria essas linhas claras.

— Está me testando, Granger? — Sua voz era baixa e carinhosa.

Ela o encarou.

— Acho que sim — disse ela com frieza, mas seu coração estava começando a bater forte ao perceber o que acabara de fazer.

Ele se inclinou para baixo, com os olhos duros, até que seu rosto estivesse a centímetros do dela.

— Tire a roupa.

Hermione não vacilou e ele também não, então ele se aproximou lentamente até que ela se encolheu. Ele pairava sobre ela. Seus olhos brilhavam.

— Isso a está matando, não é? Você está se perguntando. Você esperava que eu fizesse isso com você logo de cara. Então, esperar - tentar adivinhar quando eu vou fazer isso - a incomoda mais do que a ideia de realmente ter de transar comigo.

Ele fez uma careta. — Bem, você tem minha atenção. Tire a roupa.

Hermione o encarou, sentindo o rosto esquentar enquanto o resto do corpo ficava cada vez mais frio.

— Você nem sequer me quer. Por que me incluiu em suas exigências? Qual é o objetivo? — perguntou ela. Sua voz estava irritada e confusa.

Ele sorriu. — Você tem razão. Eu não quero você.

Não deveria ter doído ouvi-lo dizer isso, mas de alguma forma doeu. Especialmente com a zombaria vingativa em sua expressão enquanto ele a olhava fixamente.

— No entanto, possuir você nunca vai ficar cansativo. Agora e depois. Mal posso esperar para ver o quanto posso fazer com que você se arrependa dessas palavras. Então, tire a roupa. — Sua voz ficou baixa. — Ou você quer que eu faça isso por você?

As mãos de Hermione subiram até a gola da camisa e ela a agarrou defensivamente. Ela estava aterrorizada e furiosa a ponto de achar que poderia começar a chorar. Ele era o dono dela. Ela havia concordado com isso. Sua mandíbula tremeu e suas mãos começaram a tremer.

— O poder faz você se excitar, não é? — Sua voz tremia de raiva enquanto ela se forçava a desabotoar o botão superior da camisa. — Machucar alguém que não pode - ou não quer - revidar. Usar aquilo com que as pessoas se importam para torturá-las e enjaulá-las e forçá-las a fazer coisas. Você é igualzinho ao Voldemort.

A malícia na expressão de Malfoy desapareceu abruptamente e ele empalideceu. O controle de sua fúria desapareceu de repente e a escuridão e a magia saíram dele em ondas, enchendo e se contorcendo no ar.

A fúria gelada que surgiu em sua expressão foi impressionante. Seus olhos ficaram negros, seus lábios se curvaram em um rosnado e ele ficava cada vez mais pálido enquanto a encarava.

Os olhos de Hermione se arregalaram de terror e ela se encolheu, preparando-se.

Havia uma onda de fúria crescendo ao redor dele.

— Saia daqui! — ele gritou.

Ela o encarou, imóvel. Como um animal petrificado pelo medo.

Ele rosnou de raiva. De repente, a porta do barraco se abriu com tanta violência que as dobradiças se partiram e ela caiu no chão.

— SAIA! — ele rugiu.

Hermione não precisou de mais nenhum convite. Ela correu para a porta e aparatou assim que sentiu que estava saindo das proteções.

Quando atravessou a porta de Grimmauld Place, caiu no chão do saguão, tremendo de terror.

Estúpida. Estúpida. Estúpida. Ela se repreendeu, tentando se forçar a respirar. Sentia-se como se estivesse tendo um ataque de pânico.

Não conseguia entender o que a havia levado a tentar provocá-lo. Se não fosse no meio da noite, ela teria batido a cabeça no chão com a frustração de sua idiotice.

Depois de todas as incontáveis vezes em que repreendeu Harry, alertando-o sobre as consequências de sua estúpida busca por emoções, ela poderia tê-lo espancado.

Ela era uma idiota.

Ela pressionou a mão sobre o coração palpitante e deixou o rosto cair na curva do cotovelo. Ela choramingou baixinho.

Draco Dormiens Nunquam Titillandus. (Nunca faça cócegas em um dragão adormecido)

Só que ela não havia feito cócegas em um dragão adormecido. Suas ações pareciam estar mais no campo da valsa e do tapa na cabeça do dragão com um bastão.

Eles precisavam de Malfoy. Precisavam desesperadamente dele, e um pouco de adrenalina a fez perder a cabeça.

Ele tinha razão, ela não conseguia lidar com o pavor. A expectativa constante. Exaurindo-se ao pensar no que ele queria. O que ele pretendia fazer com ela. Esperando constantemente que o outro sapato caísse. Isso a estava consumindo viva.

Se ele ia machucá-la ou transar com ela, ela só queria saber e que ele fizesse isso.

Ir até ele toda semana, sem saber o que ele poderia fazer com ela em seguida.

Isso a estava deixando em pedaços.

Ela mordeu o lábio enquanto se encolhia contra a porta. Tentou não cair em lágrimas quando o fluxo de norepinefrina perdeu o controle sobre ela, e ela se viu abruptamente abatida. Ela estava mergulhada em horror e desespero.

Ela enterrou o rosto nas mãos e soluçou baixinho.

Sua ansiedade possivelmente havia acabado de custar a guerra à Ordem. Ou, pelo menos, inúmeras vidas.

Ela tinha que encontrar uma maneira de consertar isso.

Ela se abraçou e tentou se acalmar e pensar.

Respire. Respire. Respire.

Quando seu peito finalmente parou de gaguejar, ela se levantou e enxugou as lágrimas.

Foi até o armário de suprimentos de poções, guardou o fluxo e passou vários minutos tentando organizar os pensamentos e forçar as mãos a pararem de tremer.

Foi para seu quarto.

A porta estava entreaberta. O que era estranho, porque tanto ela quanto Ginny eram geralmente meticulosas em manter a porta fechada e trancada. Grimmauld Place não era muito acessível à Resistência, mas, ocasionalmente, havia indivíduos intrometidos com pouco respeito pela privacidade ou pelas posses pessoais.

Hermione deu uma espiada e depois deu um pulo de surpresa.

Ginny e Harry estavam seminus e, se ainda não estavam, pareciam estar a poucos segundos de transar.

Hermione lançou um rápido encanto de privacidade na porta e saiu correndo. No patamar da escada, ela parou e hesitou. Os quartos do Grimmauld estavam lotados no momento. Várias das crianças mais velhas de Caithness haviam sido levadas para lá.

A sala de estar no andar de baixo estava ocupada por todos os insones. Não havia muitos lugares para dormir.

Ela estava muito cansada. Sua crise de choro a deixou com uma sensação de vazio interno.

Ela se acomodou em um assento na janela e tentou adormecer, mas sua mente não se aquietava. Ela ficava repetindo sua conversa com Malfoy. Preocupada com a poção que precisava preparar. Revivendo o momento em que toda a raiva se derramou de Malfoy e ele rugiu para ela.

Ele não a havia machucado.

Ele teve todas as oportunidades e uma fúria mais do que suficiente, mas, em vez disso, conteve-se e a expulsou.

Um Comensal da Morte assassino com algum tipo de código moral. Um oximoro, se é que isso existe.

Isso tinha de estar ligado ao motivo que o levou a ajudar a Ordem.

O que ele queria?

O fato de não conseguir descobrir a resposta a irritava profundamente.

Depois de se jogar no assento da janela por meia hora, ela se sentou com um suspiro. Não queria tentar preparar a poção de Severus até que estivesse descansada. Ela se levantou e foi para o andar mais alto da casa. Havia uma sala de prática lá.

Ela deu uma olhada e a encontrou vazia.

Ela foi para o meio da sala e, sacando sua varinha, começou a fazer algumas poses de duelo.

Quando voltou de seu treinamento de curandeira na Europa, ela só havia participado de duas pequenas escaramuças antes de a Ordem decidir retirá-la permanentemente do combate. Depois de anos afastada, ela ficou enferrujada, muito menos proficiente em duelos do que qualquer outra pessoa de sua faixa etária. O restante dos participantes da AD eram rápidos e lançavam feitiços poderosos, esquivando-se e tecendo enquanto mantinha excelente precisão mesmo à distância.

A cura era sutil. Quase sempre era preciso se conter. Um trabalho minucioso com atenção aos mínimos detalhes.

Tentar duelar novamente era uma inversão tão grande na técnica que ela tinha sido terrível.

Ron e Harry dedicaram um bom tempo tentando ajudá-la a recuperar o atraso, mas, antes que ela conseguisse fazer isso, Kingsley aconselhou retirá-la completamente do combate. Ninguém fez sequer um murmúrio de discordância.

Hermione entendeu o raciocínio, mas, anos depois, a decisão ainda a magoava. Ela se sentia como se tivesse falhado de alguma forma e estivesse sendo afastada - longe de todos os outros.

A AD original havia se tornado uma unidade de combate muito unida, da qual ela não fazia parte.

Hermione mordeu o lábio e lançou um protego o mais forte que pôde. O escudo se formou à sua frente.

Ela suspirou aliviada quando lançou o feitiço. Pelo menos isso ela ainda conseguia fazer.

Ela lançou uma série de feitiços nos manequins do outro lado da sala. Metade deles atingiu seus alvos. Nenhum deles com precisão.

Ela se ruborizou e tentou novamente. De alguma forma, foi pior da segunda vez.

Hermione se repreendeu. Ela estava parada. Não em um campo de batalha. Não estava recebendo nenhum feitiço de volta.

Ela era uma merda.

No caso improvável de Malfoy treiná-la, ele a faria em pedaços por ter se tornado tão inepta.

Ela ergueu os ombros e tentou novamente.

Lançou algumas maldições mais complexas.

Bem, ela conseguia fazer isso.

Não era falta de proficiência quando se tratava de magia de combate. Ela simplesmente era péssima no aspecto do combate propriamente dito.

Isso era um consolo.

Bem, na verdade não.

Ela continuou até ficar tão cansada que suas mãos tremiam de exaustão. Então, ela caiu em um dos tapetes de treinamento e adormeceu.

— Hermione, que diabos? Por que você está aqui?

Hermione apertou os olhos na manhã seguinte e encontrou Ron em pé sobre ela, ladeado por Ginny, Neville, Dean, Seamus, Lavender, Parvati, Padma, Fred e Angelina.

Ela se levantou com um gemido e esfregou os olhos.

— Minha cama foi levada na mudança de moradia — mentiu ela, lançando um olhar para Ginny. — Vim para cá para dormir.

— Oh — disse Ron. — Bem, nós vamos praticar uma formação de ataque antes que Neville e Seamus saiam para aquela missão de reconhecimento. Então, precisamos do quarto.

Hermione assentiu e se levantou.

— Posso assistir? — ela se viu perguntando.

Ron franziu a testa e a encarou.

— Claro, acho que sim. Se você tiver tempo para isso. Apenas mantenha um escudo. Muitos feitiços serão lançados.

Hermione se encolheu em um canto e observou Ron explicar a estratégia. Ela não conseguia entender todos os termos que eles usavam. Não era uma terminologia tradicional de combate, mas uma espécie de taquigrafia que havia evoluído entre os lutadores ao longo do tempo. Sua própria linguagem.

Enquanto eles se espalhavam pela sala, ela lançou um escudo em torno de si mesma. Ron ativou uma das proteções da sala com um amuleto e, em seguida, todos começaram a lançar uma série de feitiços contra as paredes.

Os feitiços ricochetearam e se espalharam pelas salas. Logo a sala estava cheia de magia voadora.

Hermione observou enquanto os membros da AD começavam a correr pela formação de ataque. Seus feitiços eram todos precisos. Seus escudos eram poderosos. Nenhum deles foi sequer atingido pelos feitiços voadores. Era instintivo para eles. Eles sabiam quando seus escudos precisavam ser renovados. Sabiam como os outros lutavam, quem os protegeria. Eles lutavam de perto e lançavam os feitiços de forma não verbal.

Suas habilidades de combate eram muito superiores às dela. Seria preciso um milagre para que ela conseguisse alcançá-los.

Ela os observou percorrer a formação duas vezes antes de se virar e sair da sala de treinamento.

Foi até o armário de suprimentos de poções, juntou os ingredientes e se preparou para começar a preparar a poção.

Na terça-feira seguinte, ela apareceu em Whitecroft e se aproximou lentamente do local da cabana.

Ela se perguntou se Malfoy estaria lá. Rezou para que ele estivesse.

Ela não tinha ideia de como consertar as coisas se ele se recusasse a aparecer. Só podia esperar que o que quer que o estivesse levando a espionar fosse motivação suficiente para que suas ações não o dissuadissem.

Se ele não estivesse lá, ela esperaria.

Se ele estivesse lá, ela esperava que ele simplesmente a punisse e acabasse com isso, em vez de forçá-la a temer continuamente.

A porta havia sido consertada. Ela se preparou e a abriu.

Vazia.

Depois de esperar por um minuto, ela foi até a cadeira ao lado da mesa. Seu estômago estava se revirando de medo e ela tentou se distrair recitando fórmulas de aritmancia enquanto estava sentada ali.

Ela só precisava parar de pensar no que poderia acontecer em seguida.

De repente, houve um estalo agudo e ela se levantou e se virou bruscamente quando Malfoy apareceu. Ele ficou olhando para ela, com uma expressão indecifrável.

Hermione não disse nada. Apenas olhou para ele. Ficou aliviada por não estar tremendo.

Ela se forçou a encarar o olhar dele. Aquela sensação de terror semelhante a uma agulha começou a percorrer sua espinha dorsal. De repente, ela sentiu frio. Sentiu os pelos da nuca se arrepiarem enquanto se preparava.

Ela pôde ver a mandíbula dele se contrair e ele desviou o olhar dela.

Aparentemente, ele não pretendia falar primeiro.

Ela respirou fundo. Ela precisava dele. Ele claramente ainda estava furioso com ela, mas ela tinha que resolver isso. O que quer que fosse necessário.

— Sinto muito — disse ela desesperadamente. — Perdi a cabeça e passei dos limites. Eu sinto muito. O que quer que eu precise fazer para compensar - farei o que você quiser. Apenas me deixe consertar isso.

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