Manacled | Dramione

By moonletterss

699K 48.1K 52.7K

Para maiores de 18 anos. Fanfic concluída. Harry Potter está morto. Após a guerra, a fim de fortalecer o pode... More

Nota da tradutora
00. Antevisão
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26. Flashback 1
27. Flashback 2
28. Flashback 3
29. Flashback 4
30. Flashback 5
31. Flashback 6
32. Flashback 7
33. Flashback 8
34. Flashback 9
35. Flashback 10
36. Flashback 11
37. Flashback 12
38. Flashback 13
39. Flashback 14
40. Flashback 15
41. Flashback 16
42. Flashback 17
43. Flashback 18
44. Flashback 19
45. Flashback 20
46. Flashback 21
47. Flashback 22
48. Flashback 23
49. Flashback 24
50. Flashback 25
51. Flashback 26
52. Flashback 27
53. Flashback 28
54. Flashback 29
55. Flashback 30
56. Flashback 31
57. Flashback 32
58. Flashback 33
59. Flashback 34
60. Flashback 35
61. Flashback 36
62. Flashback 37
63. Flashback 38
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75. Epílogo 1
76. Epílogo 2
77. Epílogo 3
Drabble Pós-Manacled
Manacled, Draco & Aurore
Para sempre é composto por agora
Nota da tradutora

14

9.3K 686 612
By moonletterss

Hermione virou-se para encarar Malfoy calmamente. Mesmo sem a poção ela duvidava que se sentiria particularmente preocupada. Ela olhou para ele enquanto ele se aproximava. Ela concluiu que, de modo geral, ele não tinha permissão nem estava inclinado a machucá-la.

Mesmo que não estivesse desesperado para entrar nas memórias dela, Stroud provavelmente lhe havia explicado exatamente por que seria desaconselhável quebrá-la psicologicamente.

— Você mantém muitas pessoas em gaiolas? — ela perguntou.

Ele olhou para ela. Seu rosto estava ligeiramente pálido e seus olhos estavam escuros e endurecidos com a raiva que ele mal conseguia controlar. Ela podia senti-la girando nas bordas dele.

Ocorreu-lhe que, se ela fosse tentar fazer com que ele a matasse, aquele era provavelmente o momento perfeito. Ele estava cercado pela magia negra viciante e corruptora da sala. Ela podia senti-la se infiltrando nela enquanto olhava para ele. Uma pessoa poderia ficar drogada em um ambiente como aquele.

Os lábios de Malfoy se apertaram em uma linha dura e ela pôde ver sua mandíbula cerrar. Havia tanta coisa sob seu frio sem fim. Uma raiva adormecida agitava-se, ondulando logo abaixo da superfície.

A sala de estar teve um forte efeito sobre ele. Uma provocação maliciosa e ela poderia fazê-lo explodir. Ela se perguntou como fazer isso.

Então ele zombou.

— Você é a única que mantenho enjaulada, sangue ruim — ele disse. Sua expressão tornou-se abruptamente indiferente novamente, a raiva aparentemente diminuindo. — Você não percebeu?

Os lábios de Hermione se curvaram. Malfoy olhou ao redor da sala; seu rosto parecia tenso, mas ele sorriu para ela.

— Esta ala da mansão é do meu pai — disse ele.

Hermione olhou em volta, meio esperando que Lucius Malfoy aparecesse de algum lugar com uma expressão maníaca que lembrava sua ex-cunhada.

— Felizmente para você — Malfoy continuou — ele está no exterior desde o fim da guerra. Gosto de pensar que ele não o torture e amaldiçoe horrivelmente se vocês se cruzarem, mas se eu fosse um apostador, teria de admitir que as chances não estão a seu favor. Portanto, não aconselho visitas regulares aqui. Quer fazer um tour completo antes de irmos? Só para se assegurar de que não há nada convenientemente escondido para você me matar?

Ele apontou para a porta da sala de estar e Hermione saiu. Ele a seguiu de perto e fechou a porta com firmeza. Hermione sentiu uma pulsação de magia quando ela se fechou; a sensação de escuridão desapareceu do ar ao seu redor. A porta estava fortemente embrulhada em proteções. Hermione percebeu que provavelmente era um dos inúmeros quartos onde ela não deveria entrar. Ela se perguntou se os outros quartos onde ele a mantinha estavam igualmente dragados por magia distorcida.

— Astoria não disse que havia algum lugar onde eu não deveria ir. Presumi que tinha permissão para explorar toda a mansão — disse ela.

— Tenho certeza de que ela ficaria emocionada se você encontrasse um final infeliz. Deixando de lado a indignidade de sua mera existência, isso poderia significar minha morte também. Então ela se tornaria uma viúva rica e livre para conduzir todos os seus assuntos de mau gosto ainda mais publicamente do que já faz — Malfoy disse em um tom indiferente.

Hermione olhou para ele.

— E você não se importa?

Ele olhou para Hermione com uma expressão fria.

— Recebi a ordem de me casar com ela, portanto me casei com ela. Nunca fui ordenado a me importar — disse ele.

— Você parece tão escravizado quanto eu — disse Hermione provocativamente.

Malfoy parou no corredor e lentamente se virou para encará-la, arqueando uma sobrancelha. Ele a examinou por vários segundos e Hermione parou e olhou para ele.

— Você está tentando me provocar ou influenciar minha lealdade, sangue ruim? Que terrivelmente audacioso da sua parte.

Hermione estudou o rosto dele por vários momentos antes de levantar uma sobrancelha. — Você já pensou nisso. Se não tivesse feito isso, você ficaria ofendido agora — disse ela.

Ele continuou a estudar o rosto dela por vários momentos antes de um sorriso lento surgir em seus lábios. — Sabe, você quase parece uma Grifinória de novo.

— Eu sempre fui da Grifinória — ela respondeu.

Seus olhos brilharam fracamente.

— Verdade. Suponho que sim — disse ele.

O momento se estendeu. Eles continuaram se encarando. Os olhos de Hermione se estreitaram enquanto ela o avaliava.

Parecia impossível que ele tivesse apenas vinte e quatro anos. Ninguém tão jovem deveria ter uma raiva tão friamente contida em seus olhos. Hermione tinha visto muitos rostos envelhecidos pela guerra, mas a expressão de Malfoy era única. Ele estava contido com tanta precisão, mas seus olhos eram uma tempestade; eles pareciam conter o poder do mar.

Quantas pessoas ele matou? Pessoas que ele conhecia, pessoas que ele não conhecia; nada disso parecia perturbá-lo. Seu rosto não estava de alguma forma marcado pela preocupação; jovem e indolente. Ela podia ver a guerra em seus olhos, no entanto. Todas as mortes que ele causou e viu, como se o cinza nelas fossem fantasmas.

Ginny. Ele matou Ginny. Amarrou seu cadáver na frente de todos os seus amigos e deixou-o apodrecer.

E Minerva. Poppy Pomfrey, a primeira a ensinar cura a Hermione. Neville, o primeiro amigo de Hermione no mundo bruxo. Moody.

Malfoy matou todos que sobraram depois da guerra. Ele destruiu a Ordem da Fênix.

Mesmo sob a poção, o ódio e a raiva que ela sentia por ele eram inevitáveis. Ela não o odiava apenas emocionalmente. A fúria por tudo que ele havia destruído era uma estrutura em sua mente. Ele merecia sofrer profundamente por tudo que fez. Ela não precisava sentir emoções para acreditar.

Ela não conseguia entender o que ele ganhava fazendo nada disso. Ele era rico, mas não parecia fazer nada com isso. Ele era poderoso, mas foi obrigado a manter o anonimato. Ele não tinha nenhum hobby aparente além de matar pessoas e ler com eficiência. Ele nem parecia gostar particularmente de matar pessoas.

Sua vida parecia estranhamente vazia de qualquer coisa satisfatória. O que o motivou?

Ela abriu a boca para provocar, mas se conteve e refreou. Ela tinha que agir com cautela. Ela queria pensar mais sobre o assunto.

Ele sorriu quando viu a boca dela se fechar.

— Compondo um esboço psicológico meu? — ele perguntou.

Hermione curvou a boca em um leve sorriso.

— Sim — ela disse.

— Estou ansioso para ver isso — ele disse virando-se para continuar pelo corredor.

Ela fungou e olhou para ele.

Houve um forte clique de saltos e Astoria de repente apareceu na esquina. Quando ela avistou Hermione e Malfoy, seus olhos se estreitaram e seus lábios se franziram.

— Estamos todos socializando juntos agora? — Astoria perguntou com uma voz melosa.

— Estava dando uma volta pela mansão — Malfoy falou lentamente, o rosto de Astoria empalideceu ligeiramente. — A porta da sala da ala sul foi aberta.

— Talvez os elfos domésticos tenham deixado aberto — disse Astoria rigidamente.

— De fato — ele disse com um sorriso. — Foram sem dúvida os elfos domésticos.

— Achei que você tivesse negócios hoje — disse Astoria, mudando de assunto abruptamente. — Você disse que seu dia estava bastante cheio quando eu pedi para você passar pela arrecadação de fundos esta tarde e ainda assim aqui está você 'passeando pela mansão'.

Hermione vacilou ligeiramente enquanto ficava entre Malfoy e Astoria. Havia algo intensamente instável na esposa de Malfoy e Hermione não estava disposta a chamar sua atenção – ou ira. Entretanto, não havia como Hermione se retirar da conversa tensa sem ser óbvia.

Ela permaneceu congelada, observando a cena com atenção enquanto tentava ser discreta. As palavras pareciam repletas de implicações e antipatia mútua. Astoria estava fervendo de ressentimento mal disfarçado, seus dentes brilhando levemente enquanto ela olhava para o marido.

— O Lorde das Trevas foi bastante específico ao dizer que a sangue-ruim tem precedência sobre todo o resto — disse Malfoy com uma expressão fria.

Astoria deu uma risada aguda e histérica.

— Meu Deus, eu não sabia que herdeiros eram tão importantes — ela disse olhando para a barriga de Hermione.

— As instruções do Lorde das Trevas são o que importa — disse Malfoy, começando a parecer entediado. Ele nem estava olhando para sua esposa, na verdade Hermione percebeu, ele estava olhando por cima da cabeça de Astoria e olhando para um espelho na parede que refletia ele e Hermione. — Se ele me pedisse para cultivar minhocas, eu o faria com igual devoção.

Hermione quase bufou.

— Não notei nenhuma das outras éguas reprodutoras precisando de tanta devoção. Você nem deixa ninguém se aproximar dela. É como se você a estivesse protegendo — retrucou Astoria bruscamente.

Malfoy riu, um brilho cruel apareceu em seus olhos quando eles pousaram no rosto de Astoria. Um lampejo de incerteza brilhou nos olhos de Astoria, como se ela tivesse sido pega de surpresa pela atenção total que seu marido de repente estava dando a ela.

— Fui informado de que você não queria colocar os olhos nela, Astoria. Isso foi errado? — Malfoy disse, seu tom era leve – quase bajulador – mas havia um toque gelado nele. — Você prefere que eu a leve para passear comigo? Que a leve para a ópera? Que ela saia conosco na capa do Profeta Diário no próximo Ano Novo? O mundo inteiro já sabe que ela é minha. Você queria que eu reiterasse isso?

Astoria empalideceu visivelmente e olhou para Hermione com aversão indisfarçável.

— Eu não me importo com o que você faz com ela — Astoria rosnou, então virou-se e saiu furioso.

A instabilidade no ar evaporou com o som de passos recuando. Malfoy olhou para Astoria com uma expressão de aborrecimento. Ele se virou para direcionar sua carranca para Hermione.

— Você irritou minha esposa, sangue ruim — ele disse.

Hermione olhou para ele. Ele quase parecia esperar que ela se desculpasse.

— Minha existência a irrita — ela respondeu com indiferença. Ela olhou para ele. — Se você 'se importa', você poderia facilmente remediar isso.

Ele bufou e olhou para ela.

— Essa poção realmente afeta você — disse ele. Ele olhou para ela tão atentamente que parecia que a estava guardando na memória.

Ela encontrou seu olhar calmamente. Ela desejou poder ficar tão calma sem se sentir congelada. Havia tantas coisas nele que ela queria desvendar e explorar; se ela pudesse controlar sua psique e se controlar.

Havia tanta coisa nele que fazia pouco sentido para ela.

Se ela pudesse se aproximar.

— Sinto que posso respirar — disse ela. — Como se eu estivesse me afogando há tanto tempo que esqueci como era o oxigênio.

Então ela fez uma careta.

— A retirada deixa a desejar — ​​acrescentou ela.

Ele riu e seus olhos finalmente deixaram o rosto dela. — Se eu não a deixasse no chão vomitando, você poderia cometer o erro de pensar que eu me importo — ele disse com uma voz desdenhosa.

Hermione olhou para ele.

— Você parece surpreendentemente preocupado com o fato de eu pensar tal coisa — ela disse friamente.

Malfoy fez uma pausa e olhou para ela novamente por um momento antes de um lento sorriso de gato enfeitar seus lábios.

— Vamos seguir em frente com a agenda então? — ele falou lentamente.

Os olhos de Hermione se estreitaram.

— O que foi mesmo? Explorar a Ala Sul, tentar encontrar as cozinhas, procurar um galpão de jardim ou estábulos, encontrar Malfoy e tentar encontrar uma fraqueza para explorar? Já estamos tão abaixo? Você é bastante eficiente.

Hermione olhou para ele. Ela queria ficar com raiva, mas a poção teve tal reação cuidadosamente abafada.

— Você estava na minha cabeça ontem à noite — ela disse finalmente.

— Eu estava tentando dormir, mas você estava pensando alto — disse ele em um tom suave, tirando um fiapo inexistente de suas vestes e examinando seu hall de entrada como se fosse um decorador de interiores.

— Bem, divirta-se — disse ele depois de um momento. — Os estábulos ficam além dos jardins de rosas no lado sul da mansão. E o barracão do jardim fica do outro lado do labirinto. Tenho certeza de que você não pode tocar em tesouras de poda ou forcados. Você pode tentar me estrangular com uma rédea, mas de alguma forma duvido que você consiga realmente fazer isso.

Ele sorriu para os pulsos dela antes de se virar e subir a escada sem dizer mais nada. Hermione levantou-se e observou-o desaparecer por um corredor e então olhou ao redor, refletindo sobre ele enquanto calculava seu próximo movimento.

Ele estava lendo sua mente na noite anterior. Ela não ficou surpresa, mas isso fez com que qualquer coisa que ela fizesse parecesse terrivelmente fútil. Ele nem precisou esperar para fazer legilimência nela; ele poderia simplesmente captar seus esquemas na mente dela.

Ela voltou para seu quarto, vestiu a capa e calçou as botas. Ao sair da mansão pela varanda, ela começou a contar mentalmente de dois em dois.

Dois, quatro, seis, oito, dez, doze...

Enquanto contava, ela deixou sua mente vagar, pensando preguiçosamente.

Draco Malfoy era um enigma. Havia tantas contradições girando sob sua fachada fria. Quais eram suas ambições?

Vinte e dois, vinte e quatro, vinte e seis, vinte e oito...

Ele parecia estar acumulando poder sem ter nenhum propósito específico para isso.

Ele sabia que estava algemado por ordens que não poderia desobedecer. Casar com Astoria, manchar sua linhagem com mestiços, manter Hermione sob supervisão constante...

Ele seguiu os comandos de Voldemort com devoção, apesar de não ter nenhum gosto aparente por eles.

O que ele ganhou com isso? O que foi que o motivou? Seu poder e status pareciam inúteis. Ele não parecia estar ganhando nada com isso que não teria como um Comensal da Morte de nível intermediário.

Sessenta e seis, sessenta e oito, setenta, setenta e dois...

É claro que Hermione pode estar perdendo alguma coisa. Ele passou dias fora durante os quais ela não tinha ideia do que ele fazia. Poderia haver inúmeras coisas que ele estava fazendo das quais ela não tinha conhecimento.

Havia algo que ela estava ignorando. Um detalhe que ela sentia saber inconscientemente, mas não conseguia identificar. Alguma coisa, alguma coisa. Como um quebra-cabeça que ela montava, construído a partir de todas as informações contraditórias que vinha acumulando em sua mente.

Cento e trinta e dois. Cento e trinta e quatro. Cento e trinta e seis.

Ela sentiu algo quebrar no fundo de sua mente e uma página de um caderno surrado cheio de sua caligrafia nadou diante de seus olhos.

"A fanfarra é na luz, mas a execução é na escuridão, com o objetivo de sempre enganar. A intenção é revelada para desviar a atenção do adversário e, em seguida, é mudada para atingir o objetivo por meio do que era inesperado. Mas o insight é sábio, cauteloso e espera por trás de sua armadura. Sentindo sempre o oposto do que deveria sentir e reconhecendo imediatamente o verdadeiro propósito do truque, ele permite que cada primeiro indício passe, fica à espera de um segundo, e até mesmo de um terceiro. A simulação da verdade agora se eleva mais alto ao encobrir o engano e tenta, por meio da própria verdade, falsificar. Ela mudou a peça para mudar o truque e faz com que a razão pareça um fantasma ao fundar a maior fraude sobre a maior franqueza. Mas a cautela está atenta, vendo claramente o que se pretende, encobrindo a escuridão que estava envolta em luz e reconhecendo o projeto mais engenhoso que parece mais inábil. Desse modo, a obstinação de Python é comparada à simplicidade dos raios penetrantes de Apolo."

Hermione fez uma pausa se perguntando de onde vieram as palavras. Não era um livro que ela pudesse lembrar. Ela havia memorizado as palavras. Assim que os viu na memória, lembrou-se de tê-los memorizado.

A fanfarra é na luz, mas a execução é na escuridão.

Ela repetiu as palavras para si mesma várias vezes.

Então ela começou a contar até três enquanto avançava pelo labirinto na direção que Malfoy havia afirmado que ficava o barracão do jardim.

O dia passou inutilmente, cheio de contagens. Não havia nada de útil que ela pudesse encontrar durante sua exploração final da propriedade Malfoy.

O barracão do jardim para onde Malfoy a indicou estava trancado.

Ela descobriu que Malfoy mantinha um estábulo de cavalos alados; enormes Abraxans, Granians e Aethonens. Todos olhavam para ela através das portas gradeadas do estábulo e batiam os cascos quando ela se aproximava.

Um delicado Granian foi o único que não recuou quando Hermione se aproximou. Ele bateu as asas esfumaçadas e enfiou o nariz nas grades, relinchando e jogando a cabeça para Hermione.

Hermione acariciou levemente seu focinho aveludado e sentiu o calor de sua respiração ofegante contra a palma da mão. Se a mente de Hermione não estivesse sufocada, ela poderia ter chorado ao perceber que um cavalo foi a primeira coisa quente e gentil a tocá-la em anos.

Ela ficou parada por vários minutos acariciando a testa do cavalo e coçando levemente seu queixo enquanto ele acariciava suas vestes na esperança de encontrar uma maçã ou cenoura. Quando percebeu que Hermione não tinha nada a oferecer, puxou a cabeça estreita para trás através das grades e a ignorou.

Hermione permaneceu lá por mais tempo do que deveria.

Hermione seguiu pelos caminhos e encontrou a entrada da Mansão Malfoy. Grandes portões de ferro forjado estavam fechados e não abriam para ela. Hermione não tinha certeza do que ela teria feito se eles tivessem feito isso.

Ela vagou pela propriedade o máximo que pôde.

Hermione encontrou o cemitério da família. Inúmeras lápides e mausoléus enterrados sob a neve. A Família Malfoy era antiga.

Apenas um mausoléu foi cuidadosamente limpo de neve. De cada lado da porta havia narcisos encantados florescendo. Hermione estudou as palavras gravadas no mármore.

Narcisa Black Malfoy. Amada esposa e mãe. Astra inclinant, sed non obligant. (As estrelas nos inclinam, elas não nos prendem).

Uma grande lápide de Bellatrix Lestrange estava próxima. O brasão da Família Black adornando o mármore. Toujours Pur. (Sempre puro).

Hermione saiu do cemitério e continuou explorando a propriedade. Parecia interminável. Isolado. Colinas nevadas ininterruptas se estendiam até onde ela podia ver, ofuscantemente brancas sob o céu azul claro. Quando a noite caiu, Hermione continuou vagando, olhando para as constelações até sentir os efeitos da poção começarem a desaparecer.

Ela se sentiu tão mal na manhã seguinte que pensou que estava morrendo. Ela vomitou na lateral da cama e demorou horas até conseguir se arrastar até o banheiro. Ela não sabia se poderia se tornar imune à poção, mas não achava que seria possível continuar sobrevivendo para descobrir. Mesmo que Malfoy enviasse, ela duvidava que seria capaz de se administrar novamente.

Ela ficou doente por dois dias, pressionada contra a janela enquanto tremia e suava a poção de seu organismo. Refletindo sobre Malfoy e a sala de estar na Ala Sul repetidas vezes quando ela não estava muito febril para sequer pensar com coerência. Na segunda noite ela sonhou com Ginny.

Ginny estava encolhida ao lado da cama e soluçando baixinho. Ela se virou bruscamente quando Hermione entrou no quarto. A expressão de Ginny quando ela se virou e avistou Hermione era angustiada, seu peito gaguejava fortemente e respirações irregulares eram ofegantes rapidamente pela boca aberta. Até o cabelo ruivo dela estava molhado de lágrimas.

Quando Hermione se aproximou, o cabelo de Ginny caiu para trás e expôs uma cicatriz longa e cruel que descia pelo lado do rosto, da testa até o queixo.

— Ginny — Hermione disse. — Ginny, o que há de errado? O que aconteceu?

Eu não sei... — Ginny forçou as palavras e então começou a chorar ainda mais.

Hermione se ajoelhou ao lado da amiga e a abraçou.

— Oh Deus, Hermione... — Ginny engasgou. — Eu não sei como...

Ginny parou enquanto lutava para respirar. Sons de soluços sufocados emergiram do fundo de sua garganta enquanto ela lutava contra os espasmos dos pulmões.

— Está tudo bem. Respire. Você precisa respirar. Então me diga o que há de errado e eu te ajudarei — Hermione prometeu enquanto passava as mãos para cima e para baixo nos ombros de Ginny. — Apenas respire. Conte até quatro. Espere. Depois, expire pelo nariz e conte até seis. Vamos nos acostumar a isso. Vou respirar com você. Tudo bem? Vamos lá, respire comigo. Estou com você.

Ginny apenas chorou mais.

— Está tudo bem — Hermione continuou dizendo enquanto começava a respirar fundo e demonstrativamente para Ginny segui-la. Ela segurou Ginny com força em seus braços para que a menina sentisse o peito de Hermione se expandindo e se contraindo lentamente como um sinal subconsciente.

Ginny continuou chorando por mais alguns minutos antes de seus soluços diminuírem e sua respiração lentamente começar a espelhar a de Hermione.

— Você quer me dizer o que há de errado ou prefere que eu procure outra pessoa? — Hermione perguntou quando teve certeza de que Ginny não continuaria hiperventilando.

— Não, você não pode... — Ginny disse imediatamente. — Oh Deus! Eu não...

Ginny começou a soluçar no ombro de Hermione novamente.

Ela ainda estava chorando quando Hermione acordou do sonho.

Hermione repetiu a memória em sua mente.

Ginny raramente chorava. Quando Percy morreu, ela chorou por dias, mas à medida que a guerra avançava, suas lágrimas secaram junto com as de todos os outros. Ginny mal chorou quando Arthur foi amaldiçoado ou quando George quase morreu.

Hermione não conseguia se lembrar de Ginny ter chorado tanto.

Hermione continuou revirando a memória em sua mente, tentando entendê-la.

Ela não conseguia se lembrar da cicatriz no rosto de Ginny. Parecia ter vários meses de idade na memória, mas Hermione não se lembrava de quando Ginny poderia tê-la feito. Parecia que alguém tinha esculpido grosseiramente uma parte do rosto de Ginny com uma faca.

Hermione se perguntou se foi ela quem a curou.

Continue Reading

You'll Also Like

16.2K 1K 15
Reescrita de ''the rise of Skywalker" deveria ter sido, na minha humilde opinião de fanfiqueira
2.3K 187 8
Ninguém saberia explicar a vida após a morte, ninguém nunca voltou do solo quente do próprio inferno ou do conforto inebriante das nuvens do céu para...
120K 7.4K 35
1 TEMPORADA CONCLUÍDA 2 TEMPORADA EM ANDAMENTO S/n se vê a pior amiga do mundo quando descobre que o cara com quem ela ficou em uma boate é o pai d...
188K 1.5K 31
Oiiee amores, uma fic pra vcs!! Irá conter: - masturbação - sexo - traição Se não gosta de nenhum dos assuntos a cima, já sabe não leia.