POV - Narrador
As carícias em suas costas eram leves e delicadas, como se estivesse sendo venerada. Logo após sentir elas cessarem, levou um leve choque térmico com o encontro da língua gelada e sua pele quente. Aquilo estava acendendo seu corpo de uma forma absurda. Em poucos segundos, Andrea já se sentia completamente preparada para compartilhar momentos mais prazerosos com Miranda.
— Hmmm! Bom dia, Priestly! — se mexeu na cama e com calma, virou de barriga para cima, encontrando os olhos azuis de Miranda lhe encarando.
— Bom dia, Sachs! — falou sorrindo, enquanto se curvava para deixar um beijo nos lábios carnudos.
— Você já está vestida? — sua pergunta foi retórica. Andrea analisou bem as roupas de Miranda.
— Tenho uma reunião muito importante agora pela manhã, não posso me atrasar — respondeu, notando o semblante de desaprovação da morena.
— Achei que provaria mais desse seu corpo esplêndido antes de ter que deixar você ir para a revista — se sentou na cama, notando que Miranda havia trago uma bandeja repleta de coisas para o café da manhã — Achei que você não gostasse de clichês — cutucou.
— Eu disse que poderia começar a gostar deles — deixou um selinho nos lábios de Andy — Venha, vamos tomar café!
— Sim senhora, Priestly! — a editora colocou a bandeja para mais perto das duas e começaram a comer. Enquanto provavam de tudo que Miranda havia colocado ali, conversavam sobre amenidades e Andrea contava como havia sido a entrevista no dia anterior. Aproximadamente vinte minutos depois, Miranda tentava sair do apartamento de Sachs, mas a mais nova parecia não estar disposta a deixá-la ir.
— Andrea, eu tenho uma reunião importante. Não posso e não vou me atrasar — falava séria, mas não estava brava.
— Você não vai se atrasar! — afirmou — Preciso de só mais dez minutinhos e aí eu prometo que deixo você ir — seus olhos estavam pidões e a editora riu com a cena à sua frente — Prometo que vai valer a pena!
— Certo! — olhou para seu relógio de pulso e voltou a atenção para Andy — Você tem dez minutos. O que dese… — a fala da mais velha foi interrompida pelos lábios carnudos de Andrea indo de encontro com os seus. A morena a imprensou contra a porta com desejo, arrancando um gemido surpreso de Priestly. Suas mãos ávidas agarraram a cintura da editora, causando uma pressão ali. Sem dizer nada, Andy beijou o pescoço alvo e seguiu caminho pelo corpo à sua frente. Não estava afim de estragar o look de Miranda, então evitou ao máximo mexer em suas roupas. Priestly soube o que aconteceria quando assistiu Sachs se ajoelhar diante de si. As mãos firmes da mais nova subiram sua saia e desceram sua calcinha. Aquela era uma das cenas mais obscenas e mais satisfatória que Miranda poderia assistir. A língua de Andrea entrou em contato com seu clitóris, no mesmo instante em que uma de suas pernas foi colocada no ombro da morena. Uma coisa era certa; Miranda adorava receber um oral daquela forma e naquela posição. Amava ver o desejo latente nos olhos achocolatados. Sem a menor dúvida, valeria a pena o atraso.
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— Qual motivo de estarmos aqui reunidos e com tanta urgência, Miranda? — um dos homens presentes na sala, perguntou.
— Lançaremos uma edição especial da Runway dentro de dois meses — informou.
— Junto com a festa anual? — a editora confirmou.
— E como pretende fazer isso? — a mulher ao lado esquerdo de Priestly soltou — Teremos a edição oficial, a festa anual e mais essa edição especial. Nós não seremos conta, Miranda.
— Eu sei, Jasmine! — sua voz estava tranquila, apesar de séria — Sei das capacidades de todos aqui, mas tenho consciência do que pode ser possível e do que não pode e é exatamente por esse motivo que Nigel e eu ficaremos responsáveis pela construção da edição especial da Runway — os presentes se entreolharam e voltaram a olhar para Miranda — A edição oficial seguirá com o processo de criação, como pré-determinamos semanas atrás. Apostaremos na paleta de cores frias para a próxima estação. Sem florais, quero estampas abstratas. Nada geométrico — enquanto falava, todos faziam anotações e considerações em suas agendas — Nossa equipe habitual estará focada em nosso cronograma junto com vocês. Acionarei pessoas novas e específicas para a nova edição.
— Se não iremos participar do processo de criação, por qual motivo convocou essa reunião? — Anton, que estava sentado ao lado de Nigel, questionou. Miranda lançou um olhar um tanto ameaçador para o homem, que entendeu que sua pergunta havia sido desnecessária.
— Ontem eu tive uma reunião exaustiva com a diretoria da Runway, para conseguir a aprovação de lançamento dessa edição especial e vocês estão aqui, pois irão presenciar movimentações a mais pelos corredores da revista. Precisamos que tudo saia como planejado, por isso estou notificando a paralelidade dos projetos — olhou para todos com mais atenção — É de suma importância que as edições não se misturem, nem por um instante.
— E o que apresentaremos nesta revista? — Jocelyn perguntou.
— Meu atual relacionamento — foi sucinta — Não é do conhecimento da mídia e eu espero que continue assim, pelo menos até meu pronunciamento — lançou um olhar que dizia que se alguém presente naquela sala falasse algo sobre o assunto, teria sua vida arruinada — Antes que perguntem, a pessoa em questão não será exposta até o lançamento oficial — concordaram, mesmo curiosos para saber quem seria a próxima vítima de um relacionamento com Priestly — Usaremos alguns recursos da Runway, mas não mexeremos no orçamento para realizar esse projeto. Como é de meu interesse pessoal usar o nome da revista para dar a notícia, terá um investimento orçamental meu. E é por esse motivo, também, que toda a equipe envolvida nos trâmites de lançamento dessa edição será nova. A menos é claro, por Nigel, que como já mencionei, irá me ajudar integralmente — olhou para o editor de artes.
— Essa reunião é quase como um aviso de "irá acontecer isso, melhor que ninguém se intrometa" — Jocelyn soltou sem perceber. Uma tosse forçada de Anton lhe alertou que não havia sido um pensamento só para si mesma. A mulher ergueu seu rosto, olhando diretamente para Miranda, que a encarava com um sorriso leve no rosto. Aquele gesto assustou a todos.
— Nada acontece dentro desta revista, sem que todos os setores estejam em perfeita harmonia e dessa vez não seria diferente — soltou a caneta que tinha na mão até então — Vocês são a frente de cada parte importante da Runway Magazine e nós poderíamos muito bem levar as duas edições ao mesmo tempo e fazê-las acontecer, como sempre fazemos com projetos paralelos. Mas, como bem sabem, eu aprecio a excelência e nesse momento, eu preciso de 100% de todos os envolvidos. Seja na edição programada ou na especial — não estava estressada, mas sua voz era extremamente séria — Imaginei que ficariam felizes com a notícia de que não seriam sobrecarregados… — sorriu fria e notou que Nigel tentava segurar seu riso. O silêncio foi absoluto, ninguém a respondeu, apenas continuaram olhando-a — Isso é tudo! — Miranda assistiu todos se levantarem e lançou um olhar para Nigel, deixando claro que a presença dele ainda era requisitada naquela sala.
— Eu não consigo entendê-la... — o editor começou assim que ficou a sós com Priestly — Reclama quando se sente sufocada e sobrecarregada por você, mas quando a responsabilidade não cai sobre os seus ombros, ela se sente abandonada e esquecida — completou.
— Muitas vezes, Nigel, não queremos realmente mudar o que achávamos que queríamos mudar — naquele dia, Miranda estava sorrindo mais que o normal e o homem à sua frente estava achando realmente fascinante — Tentamos nos enganar, mas uma hora ou outra sempre percebemos que a nossa "aversão" é apenas um desejo forte e incontrolável, seja ele pelo o que for.
— Ainda estamos falando da Jocelyn ou…? — riu e Priestly balançou a cabeça em negativa, o acompanhando — Bom, eu sei que disse que teria uma planilha pronta até sexta-feira, mas… — a editora o olhou ameaçadora — Eu já estou com quase tudo pronto — ergueu as sobrancelhas.
— Me mostre! — ele se aproximou do local que Miranda estava sentada e começou a detalhar suas idéias.
— Pensei em não gastarmos com cenários para as fotos, podemos usar a sua casa — Priestly franziu as sobrancelhas — Pelo o que entendi, não será um exemplar extenso. Será mais um folhetim, na verdade — a editora concordou. Gostava da forma que Nigel trabalhava. O homem sempre tinha ideias inovadoras, interessantes e nada fugia do aceitável. Por vezes, ele adivinhava as ideias da editora e apresentava exatamente o que ela gostaria de ver — Poderíamos usar o seu escritório e a área externa. Não precisaríamos de muitas fotos, cinco seriam o suficiente, acredito eu — acrescentou — Pretende dar alguma exclusiva?
— Apesar de não ser muito adepta a entrevistas, não poderei deixar essa passar — respondeu.
— Certo! Conheço alguém que acho que irá te agradar, ela é ótima — o homem pontuou e fez uma anotação em sua agenda — Temos o lugar, uma jornalista e as modelos. Os recursos que usaremos da Runway irão nos dar todo o suporte para a criação, então não precisaremos de muito profissionais avulsos — fez uma anotação — Faltará apenas um fotógrafo, contando que você aprove a jornalista que vou indicar.
— Trabalhamos juntos há 18 anos, Nigel. Você me conhece bem e eu confio em seu trabalho, pode considerar essa jornalista — o homem sorriu com a sinceridade da editora e ficou surpreso com o elogio velado — Sobre o fotógrafo, eu tenho alguém em mente, mas antes de dizer nomes, preciso checar algumas coisas — suspirou — Provavelmente esse será o último ponto que trabalharemos.
— Certo! — assentiu — Farei os orçamentos e os deixarei em sua mesa na sexta. Hoje mesmo já entrarei em contato com a jornalista e lhe passo a devolutiva dela pela manhã.
— Perfeito! — Miranda sorriu. Estava empolgada com aquela sua ideia e não estava conseguindo esconder isso — Isso é tudo! — o homem sorriu de lado, se levantou e seguiu para a sua sala.
Priestly ficou mais alguns instantes sentada ali, sozinha, pensando em como toda aquela ideia era maluca e perfeita ao mesmo tempo. Estava se corroendo por dentro, mas não daria o braço a torcer, Andrea teria que pedi-la em namoro a todo custo. Sorriu com o pensamento que surgiu em sua mente. Pegou seu celular e discou o número recém adquirido.
— Leslie Walker! — a voz do outro lado da linha falou.
— Olá, senhorita Walker!
— Miranda Priestly, a que devo a honra? — questionou com a voz leve.
— Preciso que descubra o contato de Amy Mills e agende uma reunião com ela — foi sucinta.
— Algum assunto específico?
— Preciso que solicite seu portfólio. Faremos um ensaio fotográfico e precisarei de alguém capacitado — informou.
— Certo! Estou entrando em contato nesse momento — falou — Em 30 minutos o arquivo estará em seu e-mail. Algo mais?
— Por enquanto não! — falou apenas.
— Até mais, Miranda!
— Até, senhorita Walker! — desligou o celular e respirou fundo. Esperava que tudo seguisse dentro dos conformes.
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— Foi uma noite de tanto de reconciliação — Amy falou.
— Aí Amy, foi maravilhosa — Andrea estava deitada em um dos sofás do apartamento de Mills, enquanto a morena estava sentada no outro — Todas as vezes que transamos foi incrível, mas ontem foi além do incrível.
— Vocês estavam com saudade uma da outra, sem contar que agora os sentimentos estão expostos. Isso traz uma bagagem diferente ao sexo, Andy. Pode acreditar! — afirmou.
— Se a minha escritora favorita de romances singulares diz, quem sou eu para discordar — riram — Ah, eu já estava me esquecendo… — falou já se levantando e indo até a sacola que estava ao lado de sua bolsa, perto da porta — Eu trouxe uma coisa pra você.
— Diz pra mim que é o que eu estou pensando — os olhos de Amy brilharam em expectativa.
— Eu não seria a sua melhor, se não trouxesse o que gosta, concorda? — Mills assentiu veementemente com a cabeça. Andrea retirou de dentro da sacola duas caixinhas de chocolate, uma com amendoim e a outra com coco, e dois potinhos de algodão doce. Amy ficou ainda mais animada — Você quer?
— Vai se foder, Andy! — riu e foi acompanhada pela irmã — Me dá logo, anda! — Sachs entregou para Amy tudo o que estava em sua mão e a morena abriu um imenso sorriso, como se tivesse ganhado o mundo — Você é incrível, Corujinha!
— Eu sei disso! — riram e logo puderam ouvir o telefone de Amy tocar. Sem demorar muito para localizá-lo, a morena o atendeu.
— Alô! — estranhou a voz que estava do outro lado da linha, pois não a conhecia — É ela… — esperou que respondessem e quando isso aconteceu, seus olhos foram arregalados — Só um minuto — se levantou, pegou um pedaço de papel e um caneta para anotar as informações que estava recebendo. Enquanto isso, Andy estranhava um pouco toda aquela movimentação, mas também estava ficando curiosa, muito curiosa — Certo! Dentro de 10 minutos, no máximo, já estará em seu e-mail — a pessoa do outro lado falou alguma coisa e Mills se despediu, desligando o telefone em seguida. Seus olhos brilhavam o triplo do que brilharam quando ganhou o chocolate.
— Ei, pera aí! Quem foi que ofuscou toda a magia dos meus presentes? — questionou, mas no momento que iria responder, seu celular tocou e Andy atendeu — Alô! — esperou a resposta do outro lado da linha — Oh meu Deus! Certo… Okay! — seus olhos brilharam em direção a Mills e a escritora só conseguia se sentir curiosa — Sim, eu posso! Até amanhã! — desligou o celular e levantou entusiasmada do sofá — Puta merda! — a atmosfera de euforia rodeava as duas mulheres, mesmo que ainda estivessem contidas.
— Vai me contar ou… — Amy tinha um sorriso enorme nos lábios.
— Eu vou, claro… — respirou fundo e voltou a se sentar no sofá — Mas, fala você primeiro. Você é a mais velha — Sachs sorriu e sua irmã lhe mostrou o dedo do meio, fazendo as duas explodirem em gargalhadas.
— Aparentemente uma tal de Leslie Walker quer dar uma olhada no meu portfólio — Mills se levantou e pegou seu notebook, que estava em cima da mesinha de centro e voltou para onde estava — Tem alguém interessado no meu trabalho e cogitando a hipótese de contratar para um ensaio — a mulher digitava rapidamente, enquanto falava com Andy — Acabei de enviar o que tenho aqui para ela, vamos ver no vai dar.
— Amy, isso é incrível! — Andrea se levantou do sofá que estava e se sentou ao lado de Mills — Ela falou quem é a pessoa ou deu mais alguma informação?
— Não! Mas, se o contratante gostar do que eu mandei, ela entrará em contato ainda essa semana para agendar uma reunião.
— Nossa… — seu sorriso se alargou — Tenho certeza de que vão amar, você é muito boa no que faz — a mais velha sorriu em agradecimento — Como consegue não estar surtando agora?
— E quem te disse que eu não estou surtando? — riram — E você, o que era na sua ligação?
— Era do New York Post… — mordeu o lábio inferior, enquanto Amy arregalou os olhos — Eu entrei, Amy!
— Você tá brincando?! — a morena negou. Amy fechou o notebook que estava em seu colo, o colocou de lado no sofá e se voltou para Andrea — Puta que pariu, Andy!
— Eu sei!
— Era o seu sonho entrar nesse jornal…
— Eu sei! — falou mais animada.
— E agora… Caralho! — olhou para sua irmã mais nova e seus olhos se encheram d'água. Mills a abraçou forte — Parabéns, Corujinha! Você sempre batalhou muito para chegar até aqui, merece cada sucesso em sua vida — Sachs não sabia como responder, senão deixando toda sua emoção ser transmitida naquela troca de carinho — Eu tenho tanto orgulho de você, Andy!
— Obrigada por tudo, Amy, sempre! Você sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me puxando a orelha quando necessário. Você sempre esteve aqui e eu sei que sempre vai estar — falou.
— A "Cabelinhos de Neve" tá te deixando muito sentimental, Andy — Sachs deu um tapa de leve no braço de Mills — Você é minha irmã, Andy e eu sempre vou estar com você, independente do que for — ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Amy o quebrou — Falando nela, como foi o pedido?
— Que pedido? — perguntou com o cenho franzido.
— Pera, ela não te pediu em namoro ainda? — Andy negou — Achei que ela seria bem rápida.
— Tenho certeza que ela já teria pedido se não fosse a aposta que fizemos — Amy a encarou como quem pergunta do que ela estava falando e a morena explicou — Eu meio que induzi ela a apostar comigo quem pediria quem em namoro primeiro — Amy franziu as sobrancelhas — Miranda Priestly nunca perde um desafio.
— E qual o intuito da aposta? Porque eu sei que você também não gosta de perder — pontuou.
— E eu não vou… — mordeu o lábio inferior, enquanto tentava esconder um sorriso.
— Você armou tudo? — Sachs assentiu — Você é uma danada, Andrea! — riram — Fez tudo de caso pensado.
— É claro! Eu sabia que ela me pediria, mas eu realmente quero fazer um gesto grande para ela. Não achei outra saída.
— É, faz sentido — Mills ponderou.
— Eu já tenho tudo planejado, Amy e vou precisar de ajuda.
— E por que eu não estou surpresa? — foi irônica e recebeu uma almofadada em seu rosto.
— Vai me ajudar ou não?
— É claro, né.
— Ótimo! Vai ser perfeito, Amy! Ela não perde por esperar.