Princesa da dor

By autoranathisvein

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Um amor, duas pessoas marcadas de formas diferentes, que vão aprender com o tempo que nada melhor do que um a... More

Capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
Capítulo 4
capítulo 5
capítulo 6
capítulo 7
Capítulo 8

Prólogo

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By autoranathisvein

Há 4 anos 

Martina.

Estava  no jardim do castelo, quando me surgiu um pensamento, porque não ser voluntaria  no hospital ?

Veja bem, minha família já doa, muito dinheiro, para o hospital, o que é uma causa nobre, mas eu não consigo ficar só nisso, então vendo as estatuas das princesas, que meu pai mandou colocar no jardim quando eu era pequena, foi aí que eu concretizei a ideia, ia ser princesa para as crianças no setor infantil do hospital, não gosto de ser Martina D´Martinez à princesa, pois as pessoas em sua maioria se aproximam por interesse, já sofri muito com tudo isso, era as adolescentes que queriam ser minhas amigas pelo meu título e para ficar se jogando para os safados dos meus irmãos, que levavam elas para cama, depois as descartavam e muitas outras coisas. Então decidi que vou ao hospital no anonimato, bom até quando durar, fui até uma loja de artigos de festas e comprei vestidos, coroas, maquiagens e adereços das princesas, comprei um “celular descartável” e roupas e sapatos simples apenas calças jeans, camisetas, sapatilhas e um tênis all star, quero parecer uma estudante, assim  nasceu  Maria  Valquez, a  menina que vai mudar a história de muitas crianças e adultos também.

Com tudo pronto, fui até o hospital central, deixei meu carro  em um  estacionamento longe, para que ninguém desconfiasse, entrei com o cabelo amarrado e pedi para falar com o diretor na recepção.

- Olá Senhorita, por gentileza, poderia falar com o diretor?

- Olá, você tem hora marcada?

- Não, mas preciso falar com ele, sabe o que é,  faço faculdade de assistência social e pensei que poderia trabalhar como voluntária aqui  principalmente na ala infantil.

- Não sei moça, porque quem mantem o hospital é a realeza espanhola, eles são maravilhosos, mas não temos dinheiro para pagar, a sua condução e o seu lanche. – Ela era simpática, vejo que tem bom coração e trabalha aqui por amor, que Deus me perdoe, mas vou apelar para o emocional.

Comecei a chorar e disse.

- Eu não me importo moça, venho com a minha bicicleta e trago o meu lanche de casa, que a minha mãezinha faz,  mas me deixe fazer esse voluntariado, perdi meu irmãozinho com cinco aninhos de leucemia e prometi no leito de morte, que ia fazer um trabalho voluntario, no hospital que tanto ajudou ele e de graça, não há outra forma de eu retribuir, pois somos pobres!—Tadinha ela chorou também , assim que possível vou ver uma maneira de aumentar o seu salário.

— Olhe, vou te falar onde fica a sala dele, finja ser familiar de algum paciente e fique na porta dele, quando  alguma pessoa sair, bata na porta e tente falar, ele é um ser humano exemplar, tenho certeza que se contar a história de seu irmãozinho ele vai deixar.

—Muito obrigada, Paloma, muito obrigada, meu irmãozinho, deve estar feliz no céu.

- Vá mocinha e que a virgenzinha interceda por você, corra, quer dizer não corra, só não seja pega, antes do decimo andar, tome esse  adesivo, de  visitante!— Ela sorriu e eu sorri de volta, fiz tudo como ela mandou, até que o diretor, me atendeu.

-Em que posso te ajudar, garotinha!

- Doutor, gostaria de fazer voluntariado aqui, meu irmãozinho morreu com cinco anos de leucemia e no leito de sua morte eu prometi que ia tentar fazer algo por essas crianças, no hospital que fez tanto por ele e de graça, somos só eu e minha mãezinha, nosso pai, não aguentou a doença do meu irmão e foi embora, não temos dinheiro par contribuir, então quero fazer esse trabalho em forma de gratidão, não precisa me pagar o transporte e nem o lanche, eu venho com a minha bicicleta e o lanche eu trago de casa mesmo, por tudo que é mais sagrado, me deixe fazer esse voluntariado!– Repeti toda a cena com lágrimas nos olhos e com cara de sofrimento, a tv espanhola está perdendo uma grande atriz.

- Acho super interesante essa sua proposta, as nossas crianças ficariam muito felizes, mas você não me é estranha, parece que eu te conheço. – Eita pensa rapido Martina, pensa, que droga vai se parecer tanto com sua mamá.

- Deve ser dos corredores doutor,  eu ficava muito aqui, revesando com a minha maezinha nos cuidados com meu irmão – já fiz um drama, para garantir.

- Mas então o senhor aceita, o meu voluntariado?

- Sim menina, vou pedir para espalharem  cartazes  sobre isso, você vai precisar de ajuda- Eu sorria feliz, havia conseguido.

- Muito obrigada doutor, o senhor não vai se arrepender,  vou começar amanhã mesmo.

Sai feliz da vida e quando vinha no corredor, a Paloma me olhava com expectativa, fiz cara de triste, então   ela muchou o sorriso, cheguei na frente dela

- Olha Paloma, eu queria agradecer a sua ajuda..... eu consegui, ele me deixou fazer o trabalho com as crianças – O sorriso dela se iluminou, nos abraçamos e choramos juntas.

- Ai menina, não tem noção de como eu fico feliz  por isso, e tem mais, nas minhas folgas eu quero vim para te ajudar, sou muito boa com teatro de fantoches e violão, vamos alegrar o coração dessas crianças.

Ali começava a minha vida, minha não, de Maria Valquez.

Lucas Rodriguez.

Sou cirurgião e chefe da ala de oncologia infantil, no hospital central, tenho 30 anos  e vivo para tentar salvar o maximo de vidas que eu consigo.

Bom vou explicar como cheguei nessa parte da minha vida, eu era casado com Marina e tinhamos nossa menininha livia de 6 anos, eu já era medico nessa epoca, mas não era especializado em oncologia infantil, era só  cirurgião oncologista, convivia constantemente com a morte, mas não era conformado com isso, então em um dia  considerado comum, minha esposa me ligou;

- Lucas a Lívia está  colocando sangue pela boca e esta muito molinha, estou desesperada.

- Ligue para a ambulância e mande trazê-la para ca,  tente ficar calma.

Em pouco tempo a ambulância chegou, trazendo minha menina, desacordada na maca, eu fiquei mal, mas deveria sustentar a minha esposa, o pediatra que atendeu ela, fez vários exames de sangue e de imagem, então poucas horas depois veio o baque final.

- Doutor e Senhora Rodriguez, infelizmente a noticia que eu tenho para dar, não é nada boa, sua filha está com câncer e infelizmente não há nada que possamos fazer, pois  o tipo é muito raro, inicialmente  era um   tumor no pancreas, mas  já tomou todo o corpinho dela, no maximo ela tem 2 meses de vida.

Minha esposa chorava em meu peito e eu também não aguentei, desse dia para frente, a minha menininha alegre, foi ficando desanimada e  amarela, nos ultimos dias o médico dela me disse;

- Rodriguez, você sabe que ela já está partindo, está na hora da despedida, amigo, seja forte e coloque um sorriso no rosto, entre  naquele quarto, diga o quanto à ama, e que os anjinhos  vão buscar ela para brincar no ceu – ele estava certo, peguei na mão da minha esposa e fizemos um grande esforço para entrar sorrindo;

- Livi, meu amor, papai e mamãe querem conversar com você.

- Oi papai.

- Vou te contar um segredo.

- Não, deixe eu te contar um sonho antes, a minha abuela, madre da minha mamá, me visitou essa noite sabia? – A minha sogra tinha falecido hà dois anos, mas  enchia de carinho a nossa Lívia, então insentivei ela a continuar a contar.

- uhum é mesmo filhinha, e oque sua abuela, falou?

- Ela me disse que essa noite, ela e vários anjinhos vem me buscar, para uma festa que vai ter muito longe daqui, mas que vocês não podem ir e que lá terá muitas crianças e anjinhos, e a dor vai acabar, vou poder escolher o vestido que eu quiser, pois agora eu vou morar com a minha abuelita, estou triste porque vou deixar vocês, mas ela me pediu para que hoje eu os abraçassem de montão e dizer o quanto eu amo vocês, porque o telefone da nova casa da abuela, está com problema e não vou conseguir ligar para vocês.

Ficamos fortes e minha esposa falou;

- Sim minha linda livi, a sua abuelita está certa, a dor vai acabar e lá na casa dela você será bem cuidada e feliz, com varias criancinhas para brincar, você lembra quando deu aquela chuva e o telefone da nossa casa quebrou?

- Sim, mamá.

- É a mesma coisa, minha joia preciosa, o telefone da sua abuela quebrou e tem uma fila enooorme de outros telefones para arrumarem, então, vai demorar para você conseguir nos ouvir, mas nos te amamos, muito!

- Eu te amo, do tamanho do universo, princesinha o papai.

- Eu te amo papai.

Demos um beijo nela e ficamos abraçados, então o médico e as enfermeiras vieram aplicar a morfina, para ela ter as últimas horas sem dor, mas como a dosagem é grande ela não vai mas reconhecer a gente.

Então eu pedi para ela fechar os olhinhos e comecei a contar os carneirinho com ela

- Hija, vamos contar carneirinhos agora, pois você vai dormir e nunca mais sentirá dor, feche os olhos com o papai e a mamãe. 

- Ok papai, eu amo vocês, vamos contar carnerinhos, porque eu quero que fique noite logo, para  a minha abuelita me entregar um vestido lindo que me prometeu.

Ela fechou os olhos e eu comecei a contar, perto de seu ouvido, então a enfermeira, aplicou a morfina eu continuei contando e em questão de minutos minha razão de viver estava inconsciente, ficamos abraçados com ela a tarde inteira então quando deu 18 horas ela ficou gelada e sabiamos que ela havia ido embora.

Fizemos o velorio e o enterro o mais breve possivel, não queríamos prolongar o sofrimento, eu e minha esposa estavamos anestesiados, não conseguiamos chorar naquele momento, minha mente criou uma ilusão de que quando chegasse em casa o transporte escolar ia buzinar e ela ia descer com a mochila da frozen e contar como foi seu dia.

Depois de tudo, fomos para casa, e eu realmente fui para a porta de casa, esperar a van dela chegar, então minha esposa disse;

- Venha Lucas, ela não vai chegar, ela se foi.   

 Entramos para casa e apartir dali, nosso casamento não era o mesmo, minha esposa não queria se desfazer das coisa de livi, não queria fazer terapia com um psicologo para tentar seguir em frente, a dor será eterna, mas temos que continuar a viver por ela, minha filha era alegre e vivia distribuindo simpatia por onde passava, e é assim que vou lembrar dela, com toda recusa de Marina, certo dia cheguei em casa e não a encontrei, o guarda roupa estava vazio e  não tinha nada dela em casa, então fui ate a cama onde tinha um papel e a aliança de casamento.

“ Não posso continuar casada, com um homem, que não entende a minha dor, você está esquecendo nossa filha, não chora mais por ela e ainda quer que eu desfaça do seu quartinho e suas roupas eu nunca vou fazer isso, não me procure, o meu advogado vai te ligar para assinar o divórcio, não se preocupe não quero nada de você, dai só tirei as minhas roupas e trouxe comigo o quartinho da minha livi”

Marina.

Depois disso, eu me especializei em oncologia infantil e pela minha filha, luto com toda a força por essas crianças, e foi no mesmo hospital onde eu senti a pior dor da minha vida, foi  também onde eu encontrei o sentido de renascer e sentir o amor no meu peito novamente, foi por uma quase adolescente de 18 anos chamada Maria Valquez.

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