Mistaken (FINALIZADO)

By Autorakapeixoto

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Trilogia Opostos - Livro 1 Não recomendado para menores de 18 anos. Noah Cooper é um advogado concorrido em... More

✨ Nota da Autora e Personagens ✨
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo
Recadinho para todos!

Capítulo 23

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By Autorakapeixoto

O suor pinga do meu rosto enquanto eu corro na esteira, de frente para a janela que dá para a área de lazer da minha casa. De onde estou, consigo ouvir os socos e a respiração pesada de Jacob por cima da música enquanto ele luta sozinho e Barbie está pegando seus pesos. Cada um no seu canto, no seu momento.

Dormi e acordei pensando em ontem, e nem me refiro ao sexo incrível, mas sim em como tive coragem para ser sincero com Kath; foi tão fácil expor para ela o que eu estou sentindo. Fora que, foi um alivio ela ter aceitado estar em um relacionamento comigo, sem nem mesmo saber se vai ter futuro ou se serei bom o suficiente para ela.

Não estamos namorando.

Não, ainda. Mas quero que isso aconteça, só que antes precisamos nos conhecer mais, só nós dois. Fazer coisas que casais fazem quando estão nessa fase pré-namoro.

Eu estou nervoso.

Nossa, eu estou muito nervoso!

Entretanto, eu quero tanto ter aquela mulher, que vale a pena tentar e me jogar nos novos sentimentos que vem surgindo em mim.

Espero conseguir lidar com tudo ao nosso redor e, já estou tentando me preparar psicologicamente para toda a bagagem que vem junto com ela. Eu vou conseguir, saberei lidar com isso para ficarmos juntos.

A esteira vai diminuindo a velocidade e noto que Barbie a desligou. Pego a toalha que ele estende para mim e seco meu rosto. Pulo para fora da esteira e bebo toda a água que tinha em minha garrafa.

— Você está viajando em seus pensamentos. Íamos nos atrasar — olho para o relógio na parede e me surpreendo em ter me distraído a ponto de quase me atrasar, coisa que nunca aconteceu. — Primeiro dia de namoro e já está assim, gatinho? — reviro os olhos e o ignoro enquanto o ouço rir.

— Não estamos namorando ainda, cara.

— AINDA! — Jacob aparece já de banho tomado, secando o cabelo e me zoando. Mas no fundo, não me incomodo com essas brincadeiras deles, só que é automático retrucá-los. — Preparado para ser de uma mulher só? — seu tom é de brincadeira, mas sei que a pergunta foi séria.

— Eu já não me envolvia com ninguém há um tempo. Até tentei sair com uma menina que conheci um tempo atrás, mas, eu simplesmente não conseguia prestar atenção nela — Barbie tira a camisa suada e senta para tirar os tênis, mas seus olhos não me perdem de vista, se mostrando curiosos. — Eu já estava tão afim da Kath, que não me senti atraído pela mulher. E, olha que ela é muito bonita, mas...

— Mas não era a Kath — completa Jacob e eu concordo. — Eu ainda lembro como é essa sensação, de não querer ninguém além daquela pessoa. Foi assim com a Sophie até o último dia que ficamos juntos — ele mexe na aliança que fica pendurada no seu cordão. Eu e Barbie ficamos quietos porque sabemos que, quando ele fala sobre ela aleatoriamente, não quer que a gente puxe assunto sobre. — Só aproveita, cara. Aproveita o máximo que puder porque você nunca saberá quando será seu último dia com ela — vira para o espelho para terminar de arrumar sua camisa.

Barbie olha para mim e faz uma careta por conta do clima que ficou depois dessa conversa. Porém, meu amigo está certo, não posso deixar de aproveitar todo o tempo que tiver com ela e a ideia de perdê-la me deixa mal.

Hoje vim trabalhar de carona com Barbie, porque Kath disse que ela quem irá nos levar para o nosso primeiro encontro. Achei legal e, como sempre, me surpreendeu. Eu não sei em que restaurante nós vamos, mas até mesmo se ela me levar em uma barraquinha para comer cachorro-quente, eu irei adorar, só pelo fato de estar com ela.

O dia está bem tranquilo hoje na empresa, exceto pela briga de Barbie com Olívia, que todo mundo desse andar, e talvez do prédio inteiro, tenha ouvido. Eu não estou entendendo essa implicância deles. Olívia é muito simpática e solícita com todos, menos com ele. Até cheguei a imaginar que eles talvez já tivessem ficado, mas Barbie descartou essa possibilidade e, ainda disse que lembraria de tal beleza. Patético.

Kathllen disse que viria aqui me buscar por volta das 19:00 e não falta muito para isso.

Na hora que saí com os meninos para almoçar, passei em uma floricultura e pedi para que entregassem um buquê de rosas vermelhas para ela; não coloquei nenhum recado fofo porque não saberia o que escrever, mas coloquei que estava ansioso para vê-la mais tarde. Claro que os meninos riram da minha cara quando fiz isso, mas eu apenas ignorei. Assim que Kath o recebeu, me mandou várias mensagens com fotos dela segurando o presente, me agradecendo. Salvei uma foto em que ela estava em cima da cama com as rosas. Linda como sempre.

— Está ocupado?

Viro o rosto na direção da voz do meu irmão assim que o ouço. Levanto e saio de trás da minha mesa, vendo-o na porta, com cara de cão sem dono.

— Entra.

Ela fecha a porta e segue para o sofá, se sentando de frente para a janela. Apoia os cotovelos nos joelhos e solta um suspiro longo. Me sento próximo dele, observando o quanto está abatido. Meu peito se aperta e parece que vou sufocar por o estar vendo assim.

— Desculpa, cara. Eu não deveria ter falado com você daquele jeito. Jamais deveria ter duvido de você, nunca — ergue a cabeça e seus olhos encontram os meus, tristes. — Eu me senti um merda. Na verdade, ainda estou me sentindo. Me desculpa, irmão.

Coloco a mão nas costas dele e me aproximo mais, olhando bem no fundo dos seus olhos.

— Você não tem que me pedir desculpas por nada, irmão. Foi só um mal entendido e já passou. Eu amo você, cara. Não vai ser algo assim que vai mudar nossa relação — ele suspira e abaixa a cabeça de novo. — Vocês se falaram novamente?

— Sim. No domingo, quando fui embora, na verdade me encontrei com ela — balança a cabeça e a joga para trás. — Quando que eu me tornei essa cara que é desesperado por amor e atenção? Como eu nunca percebi isso em mim, Noah?

Na verdade, B sempre foi assim, desde criança. Ele gostava da atenção e que as pessoas demonstrassem que o amava, e desde pequeno, já tinha problemas com isso, porque fazia tudo pelas pessoas para ter isso em troca. Porém, a gente sabe como funciona; nada que se faça, é garantia de ter gratidão ou amor em troca. Tudo piorou depois que ele teve a sua primeira namorada na época da escola. Era o típico casal clichê composto por uma líder de torcida e o jogador de futebol americano, só vamos acrescentar na história o fato de ela namorar meu irmão e se envolver com o melhor amigo dele da época.

— Sério que é a tanto tempo assim? — pergunta, depois da minha demora para responder.

Levanto-me e vou até o bar, ofereço uma bebida e ele recusa. Pego uma água para mim e jogo outra para ele. Me sento no outro sofá, ficando de frente para Bryan.

— B, você sempre foi assim. Com a família, amigos e namorada. Eu, a mãe e o pai te amamos incondicionalmente, os meninos também, mas esses seus relacionamentos são uma furada — tento ser gentil e falar num tom tranquilo para que ele não fique ainda mais triste. — E, a cada rolo que não dá certo, parece que você fica mais desesperado ainda para ter alguém ao seu lado que te ame.

Ele fica olhando para a janela, ouvindo tudo que eu falo, em silêncio.

— Você tem que procurar ajuda, B. Isso pode ter alguma ligação com você ter sido abandonado pelos seus pais, igual eu fui — falo tão baixo que nem sei se ele me ouviu. Eu e meus pais já chegamos à conclusão que ele precisa de apoio psicológico. Quando era criança, ele ia ao mesmo psicólogo que eu, mas na adolescência, deixou de ir poque tinha vergonha. Bobagem, mas adolescente não entende muita coisa, só que muitos anos se passaram e, ele nunca mais voltou.

Bryan continua um tempo em silêncio e depois se levanta, olhando as fotografias que tenho de nós dois e nossos pais. Depois, vira-se novamente para mim e um pequeno sorriso aparece em seus lábios.

— Ainda fico na dúvida se eu realmente sou o irmão mais velho ou se mamãe apenas errou na certidão — rio, feliz que ele não está chateado com o que eu disse. — Você está certo, Noah. Eu não posso mais viver desse jeito e mesmo sabendo disso, já estou ansioso para encontrar outra pessoa. É desesperador esse sentimento.

Caminho até ele e o puxo para um forte abraço.

— Vamos cuidar de você, B. Todos nós, que realmente te amamos! — falo com sinceridade e ele aperta mais o abraço e depois me solta. — E, não me faça chorar, seu marmanjo — rimos e sinto o clima entre nós voltar a ficar calmo.

Por cima dos ombros dele, vejo Kath dando meia volta e indo se sentar no sofá perto da mesa da minha secretária. Meu irmão se vira para ver o que eu estou olhando e ri baixinho.

— Então, está rolando algo entre vocês mesmo? — me pergunta e cruza os braços, com um sorriso engraçado. Fico meio sem jeito de contar para ele nesse momento, não quero que se sinta frustrado ou algo do tipo. — Ei, por favor, não me esconda achando que não irei ficar verdadeiramente feliz por você. Eu não a conheço bem o suficiente, mas você merece alguém legal e, ela parece ser esse alguém.

Claro que meu irmão perceberia minha tentativa não contar a ele; nos conhecemos além do comum.

— Digamos que nós estamos tentando algo além do que já tínhamos — sorrio para ele. — Ela é diferente, tem algo nela que não me deixa ficar longe, sabe? É quase um imã — dou de ombros. Ele ri e concorda. — Eu não sei onde isso vai dar e, quero não pensar muito, apenas aproveitar.

Sinto sua mão em meu ombro e seu olhar curioso sobre mim.

— Eu estou feliz, Noah. Espero que você tenha mais sorte do que o seu irmão — ri mesmo que não tenha muita graça no contexto em si, se despede e sai do meu escritório. Porém, antes de ir embora, vai até Kath e fala algo para ela, que observo apenas de longe.

Kathllen é sempre muito simpática e amável, então, não me surpreendo em vê-la abraçando-o. Eles conversam mais alguns minutos e eu os deixo lá. Aproveito esse tempo para pegar minhas coisas e deixar separado uns papéis para amanhã.

— Ei! — escuto a voz que ultimamente tem me deixado atordoado e sorrio na mesma hora. Kath está escorada nas costas de um dos sofás, me observando. Caminho até ela, seguro em sua cintura e a cumprimento com um beijo breve. — Humm, boa noite. Vou ficar mal acostumada com tanto carinho — ri e me dá mais alguns selinhos antes de envolver seus braços ao redor do meu pescoço. — Adorei as rosas, amor. Ficaram perfeitas em minha sala — recebo mais um beijo e me afasto um pouco.

— Oi, amor. Você está linda — meu furacão está com uma saia na altura do meio da coxa e tem uma pequena fenda ali, além de uma blusinha rendada e um casaco longo e fino. Passo a mão por sua coxa nua e ela se arrepia. Sorrio e mordo a pontinha do seu lábio inferior —, e gostosa — sussurro com minha boca colada na dela.

Ela ri e me empurra apenas o suficiente para se afastar e andar até a porta.

— Vamos, antes que a gente não consiga chegar no restaurante — concordo e a sigo. Me despeço de Letícia, a secretária substituta e, ela nem disfarça ao fazer uma careta para Kath. Isso me incomoda, mas vou deixar para apresentá-la a Kath como minha namorada outro dia.

Encontramos com Barbie no elevador e descemos juntos para o estacionamento. Ele diz em códigos para mim que Jacob tem mais um encontro pelo aplicativo; hoje é quinta e, esse é o quarto encontro dessa semana. É um pouco preocupante tudo que envolve como ele chegou a esse ponto, mas prometemos nos meter só quando ele pedir por ajuda e, sabemos que muito provavelmente, será um pedido silencioso, apenas esperamos o momento certo.

— Puta merda! Como eu não sabia que você tem uma Lamborghini?! — Barbie quase grita quando Kath destrava o carro e ele identifica qual é. É incrível, luxuoso e combina com ela. — Jurava que você era minha amiga — Kath cai na gargalhada pela reação dele. Barbie é viciado em carros de luxo e tem três. Inclusive, o último que ele comprou, só existem três no mundo todo e valeu uma fortuna. — Só não me convido para ir com vocês, porque sei que é um encontro e ainda não serei esse tipo de amigo que atrapalha encontros — dá um tapinha na lateria do carro dela e depois a beija na bochecha e se despede de mim.

Ela entra, ainda rindo de Barbie, e eu a sigo. Me acomodo no banco do passageiro e a admiro toda dona de si e independente com seu carro que vale mais do que o meu. A sensação de estar de carona é diferente, mas eu gostei.

Colocamos nossos cintos e ela dá partida, morde os lábios ao ouvir o ronco do motor e eu assobio, admirado. Ela me olha e pisca, demonstrando orgulho pelo carro. Acho fofo.

Kath pede para que eu coloque alguma música e me informa que o restaurante não é muito longe. Rolo pela playlist dela e descubro que tem bastante música que eu gosto.

— Mentira! — fico empolgado quando acho uma pasta apenas para Imagine Dragons. — Essa banda é a minha favorita. Vejo todas músicas que tem ali e escolho Radioactive. Ela ri e começa a cantar empolgada comigo.

Estou acordando, sinto isso em meus ossos

O bastante para explodir meus sistemas

Bem-vindo à nova era, à nova era

Bem-vindo à nova era, à nova era

Ela canta o refrão mais alto e olha para mim sorrindo, eu canto a outra parte. Pelo resto do caminho, continuamos a cantar as músicas da banda, até que finalmente chegamos. Saio primeiro e faço sinal para que o manobrista deixe que eu abra a porta para ela e, assim o faço.

— Que cavalheiro! — ela pega em minha mão e sai do carro. Entrega a chave ao manobrista e só agora percebo que estamos em um dos maiores arranha-céus de NY. — É o meu restaurante preferido, o dono e o chef são meus amigos próximos e uns queridos — caminhamos de mãos dadas para dentro e entramos no elevador assim que ele abre no térreo. — Você, por acaso, é alérgico a frutos do mar? — me pergunta com um sorriso quase infantil no rosto, rio e nego com a cabeça. — Ufa!

O elevador de vidro está vazio, então, aproveito para observar a cidade ficando cada vez menor a cada andar que subimos. Eu amo o lugar onde moro, adoro todas essas luzes que nunca se apagam e o agito nas ruas que duram o dia inteiro.

— Chegamos — Kath avisa assim que o elevador se abre. Me aproximo e coloco a mão no fim de suas costas, bem acima da sua bunda grande e, na mesma hora, lembro-me que há poucos dias, vi o ex tocá-la da mesma maneira. Engulo seco e tento substituir aquela imagem pela que vejo agora.

Somos levados até a mesa reservada, em um local mais privado, que tem vista para a varanda. É incrível e pelo fato de ser isolada, deixa o clima ainda mais romântico.

— Fiquem à vontade. Sr. Gaspar disse que virá atendê-los pessoalmente — a menina sorri para nós dois e se retira. Kath retira seu casaco e eu puxo a cadeira para ela depois que ela apoia o casaco na mesma. Vou para o outro lado e fico de frente a ela, que está sorrindo de canto a canto para mim.

— Aqui é lindo, amor. Nunca tinha vindo — pego sua mão por cima da mesa e fico fazendo carinho com o polegar.

— É um restaurante maravilhoso e o intuito do Gaspar é que ele não vire um restaurante badalado, porque ele gosta de dar conforto e paz aos seus clientes — conclui.

Nesse momento, dois homens aparecem onde estamos. Um eu consigo distingui-lo como chef (por conta da sua roupa), é alto e ruivo, não parece ser muito mais velho do que eu. O outro é um pouco mais baixo e tem a cabeça raspada.

— Kath, querida! — Kath se levanta, empolgada. O mais baixo fala e a puxa para um abraço com direito a se balançarem para os lados, depois segura na mão dela e a faz rodopiar. — Deslumbrante, mon amour.

— Bondade sua, Gaspar! — fala e se dirige ao outro homem, que parece ser mais contido e apenas a abraça rapidamente. — Comment ça vá? Bien les revoir — Kath fala em um francês perfeito. Me levanto para cumprimentá-los e ela vem para o meu lado. — Amor, esse é Gaspar, dono do restaurante — cumprimento-o e logo depois, aceito a mão do outro homem quando a estende para mim. — E, esse é o Lucian, o melhor chef que eu já conheci — ele sorri tímido ao ouvir o elogio.

— Noah Cooper. Prazer — sorrio.

Os dois trocam olhares e sorriem. Lucian se despede e informa que nos trará o prato novo da casa e nós aceitamos de prontidão.

— Então, você é o amor dela, hum? — Gaspar tenta manter o tom sério, mas ri logo depois. — Prazer em conhecê-lo. Qualquer pessoa que Kath goste, eu também gosto — pisca para Kath e chama o garçom para trazer um vinho, informando que é por conta da casa. — Eu vou deixar vocês à vontade agora. Meu marido em breve trará o jantar de vocês — ele dá um beijo no rosto de Kath e sai.

— Eu os amo! Foram os primeiros amigos que fiz de verdade, antes de Jackson. Eles são muito ocupados, mas ainda assim, sempre arrumam um tempo para me fazer uma visita — diz, orgulhosa dos amigos. — Outro dia, irei apresentá-los melhor, mas tenho certeza que serei alvejada de perguntas sobre você.

Nos sentamos novamente e o garçom coloca um pouco de vinho para ambos. Kath informa que beberá só uma taça, porque está dirigindo e pede uma água.

— Gaspar parece ser um cara divertido.

— Sim. O Lucian também, até mais do que o Gaspar, mas, ele costuma ser bem sério aqui, porque questão de hierarquia na cozinha, já que Gaspar é super dado. — ela olha a decoração da mesa e morde o lábio.

— O que foi, amor?

— Você se importa se eu tirar uma foto? Eu não vou postar, só quero ter esse dia registrado — sorrio pela timidez ao pedir algo tão bobo, mas sei que ela só quer me privar.

Concordo e ela se alegra. A foto nem mesmo aparece nós dois, apenas nossas mãos dadas, as taças e a decoração. Deve ser algo conceitual do mundo dela, então, não me importo. Aproveito para voltar a fazer carinho em sua mão.

— E sua mãe? Voltou?

Ela deixa o celular na mesa e volta a prestar atenção em mim.

— Não. Na verdade, estou com dificuldades para falar com ela — suspira. — Você já deve ter percebido que não falo do meu pai e, isso é porque não nos damos bem. Desde que me entendo por gente, sempre tive problemas com ele e, pelo o que sei, é pelo simples fato de eu ter nascido mulher em vez de homem. Nós éramos uma família bem humilde, nunca nos faltou nada, mas também não tínhamos além do básico e tudo bem, nunca vi minha mãe se mostrar infeliz por conta disso — ela dá uma pausa e toma um pouco do vinho. Fico observando suas feições a cada segundo, querendo conhecer seus gestos e reconhecer suas emoções. — Richard tem uma borracharia e também cuida de uns barcos dos ricos lá de Outer Banks, onde eles moram e lugar que vivi até meus 18 anos. Nossa relação começou a piorar quando eu tinha 10 anos e comecei a sofrer bullying por conta da minha aparência e meu peso. Ele não aceitava e gritava comigo, falando que se eu quisesse que as pessoas não falassem tais coisas de mim, eu deveria me cuidar melhor. Então, quando eu chorava, ele me forçava a prender o choro, porque dizia que pessoas fortes não choravam, era perda de tempo agir assim.

Sou obrigado a tirar o paletó, porque a raiva me consome e o calor vem junto. Ela me observa e espera que eu termine para poder continuar.

— Ele sempre fazia essas coisas longe da minha mãe e me ameaçava para não contar nada para ela. Minha mãe é meu mundo. Eu moveria o mundo para protegê-la e, então, ficava quieta, mas ela sempre viu que a nossa relação era ruim e fazia de tudo para que a gente se entendesse melhor — ela se vira em direção a vista do jardim, respira fundo e continua. — Quando eu tinha 16 anos, cheguei em casa de madrugada, porque eu e minhas amigas ficamos presas na casa de uma delas por conta do temporal, mas ele não entendeu isso, e começou a me xingar, falar que eu estava provavelmente dando para algum homem casado e me tornando uma puta — ri de forma desconfortável e balança a cabeça. — Minha mãe ouviu e chegou bem na hora que ele tirou o cinto para me bater. Segurou a mão dele e disse que se ele falasse comigo daquela forma de novo, ou tentasse me bater, ela iria embora comigo. Realmente começamos a planejar isso. Eu estudava de manhã e trabalhava o resto do dia. Comecei a me cuidar e foquei na possibilidade de uma carreira como modelo, já que todos falavam que eu era muito fotogênica. Não demorou muito e eu consegui uns bicos que pagavam pouco, mas era mais do que os empregos que tinham lá.

"Quando juntei dinheiro suficiente, falei com minha mãe para virmos morar em NY e ela ia vir... Só que meu pai descobriu que estava com uma doença no coração, e minha mãe se sentiu culpada em deixá-lo nesse estado. Eu não quis vir sem ela, parecia tão errado que ela ficasse lá com ele e eu viesse viver meu sonho. Porém, ela não deixou que eu desistisse e disse que não podíamos fazer todo aquele esforço ser em vão. E então, eu vim com a promessa que venceria na vida e a traria para morar comigo. Já tem 7 anos que moro aqui e nada dela ainda."

Uau, não imaginava um terço disso e nem ao menos sabia que ela morava em Outer Banks. Por mais que a história seja uma merda, é bom conhecer um pouco mais dela.

— E seu pai melhorou? Você sabe como ele está hoje?

— Ele operou. Ano passado, paguei a operação para ele, mas em segredo. Ele não aceitaria e eu não quero que ele saiba que fiz algo por ele; apenas quis diminuir o sofrimento da minha mãe e talvez assim, ela viesse para cá — ela faz um biquinho e dá de ombros. — Mas, tem algo acontecendo entre eles, eu ouvi algumas conversas da minha mãe com ele e as coisas não parecem boas. É muito errado eu torcer para que eles se separem?

Sorrio, orgulhoso da atitude dela. Não sei se seria tão complacente e ajudaria uma pessoa que me fez tão mal. Mas Kathllen é diferente dos demais, é boa além da conta, além do que as pessoas ao seu redor merecem.

— Não, amor, não é errado torcer para isso. E, já deixo claro que essa torcida tem todo o meu apoio.

A comida chega e Lucian faz questão de nos servir, explicando com perfeição todo o prato e avisando que a sobremesa chegará assim que terminarmos. Começamos a comer assim que ele sai e eu quase choro de tão gostoso que está.

— Incrível, né? — me observa comer e mando um beijo. Ela sorri e continua sua refeição, apreciando cada pedacinho que põe na boca. — Lucian é incrível e puro amor. Acho que isso reflete em sua comida — concordo, sem coragem de parar de mastigar para responder.

— Preciso trazer minha mãe e o pai aqui. Eles vão amar.

Ela sorri, empolgada com a ideia.

— Ficarei feliz se for convidada também, pois esse lugar é especial para mim.

Encaro ela por um instante, achando engraçado que não tem vergonha em falar que quer ser incluída.

— Não consigo imaginar melhor companhia para estar comigo e minha família — pisco. — Mas, você sabe que não vamos conseguir manter nós dois fora do alcance da minha mãe, né? Eu gosto de te tocar, de te admirar e de te beijar. Já que vamos evitar fazer isso em lugares públicos, por enquanto, quero poder fazer quando estivermos entre pessoas que confiamos.

Kath morde o lábio inferior e ruboriza.

— Eu acho que ela meio que já sabe, mas juro que não falei nada. Apenas conversamos e eu falei que gosto de você, e ela começou a me dar bons conselhos de como seria uma boa maneira para superarmos nossas diferenças de vida.

Rio.

Claro que minha mãe, com seu radar afiado, saberia disso. Acho que ela já sabia antes mesmo de nós dois, que iríamos nos envolver além do que já estávamos envolvidos.

— Certo. Tenho quase certeza que, quando assumirmos para ela, vai rolar alguma comemoração — Kath gargalha e eu amo o som da sua risada, ela consegue ficar ainda mais linda quando sorri.

O resto da nossa noite é gostosa e divertida, nos conhecemos um pouco mais e falamos bastante das nossas vidas profissionais, inclusive eu, que praticamente vivo no trabalho ou no orfanato. Também concordei com a ideia dela para o orfanato, já que me mostrou todos os pontos positivos e, os negativos são quase inexistentes. Com a imagem de Kath vinculada a Open, tenho certeza que rapidamente ganharemos uma boa visibilidade, que é o que importa no final.

Agora, ela acabou de entrar em meu condomínio e parou o carro em frente à minha casa.

Tiro o meu cinto e me viro de lado, vendo-a fazer o mesmo. Ela abaixa um pouco o som e olha as horas. Suspira.

— Não pode entrar, né? — pergunto, já sabendo a resposta.

— Infelizmente, não. Amanhã eu tenho uma reunião para fechar uns contratos novos, parece que já não estão se importando tanto com as notícias que saíram sobre mim — me aproximo e jogo seu cabelo para trás, liberando seu ombro. Dou alguns beijos naquela região enquanto ela fala. — E, um desses contratos é para uma marca muito famosa de lingerie. Está pronto para isso? — congelo na mesma hora. Levanto o rosto e me deparo olhos confusos, esperando por uma resposta.

Eu nunca nem havia parado para pensar como me sentiria com uma coisa assim, então, tento imaginar agora e, um frio estranho atinge meu corpo.

Coloco a mão no rosto dela e desenho o contorno do seu maxilar e depois dou um beijo calmo, pressionando de leve nossas bocas e passeando pela sua. Depois, me afasto e encosto minha testa na dela.

— Amor, vai ser um martírio imaginar que você, com poucas roupas, será o alivio de muitos homens — ela ri baixinho. — Mas, desde que eu tenha uma cópia exclusiva de cada foto e que no final, seja eu quem veja tudo isso sem nadinha, não tenho o porquê me preocupar. É o seu trabalho e eu irei te apoiar, mesmo sofrendo — brinco e ela me abraça.

— Você é incrível — me dá um selinho. — E, eu ganho boa parte das lingeries. Pensei em usá-las com você e daí, você tira umas fotos bem exclusivas mesmo, que só você as terá. O que acha da minha ideia? — minha imaginação voa nas possibilidades em questão de segundos. Pego a sua mão e coloco em cima do meu pau, para que ela sinta o que achei da ideia e, é claro que ela aperta e depois ri, me dando mais alguns beijos.

— Eu gostei tanto dessa ideia, que estou pensando em investir no ramo e te contratar para ser a modelo fixa de todas as lingeries produzidas — ela gargalha e eu me junto a ela. Puxo-a novamente e dou mais um beijo. Depois, me afasto e olho o horário, me sentindo mal em ter que me despedir. — Vou entrar, amor. Acordamos cedo amanhã — ela concorda e parece tão incomodada quanto eu.

Abro a porta para sair, mas ela segura em meu braço e eu me viro em sua direção. Kath coloca as mãos por dentro da saia e puxa a calcinha pelas pernas. Meu coração já parou, eu não tenho mais sangue circulando em meu corpo enquanto assisto uma das cenas mais sexy que já vi. Ela morde os lábios e coloca a calcinha no bolso da frente da minha calça e, eu continuo sem reação. Novamente ela ri, me dá um selinho e recebo um tapinha na perna para sair do carro.

Eu saio, ela manda um beijo e se vai.

E, é assim que meu furacão vai conseguir atormentar o resto da minha noite.

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