A última noite

By julhakjkk

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Para Scarllet, sua vida deveria ser seguida à risca, com muitas expectativas a cumprir. Ao crescer cercada po... More

capítulo 1
capítulo 2
capítulo 3
capítulo 4
capítulo 6
capítulo 7
capítulo 8
capítulo 9
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
personagens <3
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21
capítulo 22
capítulo 23
capitulo 24
capítulo 25
capítulo 26
capítulo 27
capítulo 28
capítulo 29
capítulo 30
capítulo 31
capítulo 32
capítulo 33
capítulo 34
capítulo 35
capítulo 36
capítulo 37
capítulo 38
capitulo 39
capítulo 40
capítulo 41
capítulo 42
capítulo 43
capítulo 44
capítulo 45
capítulo 46
capítulo 47
capítulo 48
capítulo 49
capítulo 50
capítulo 51
capítulo 52
capítulo 53
capítulo 54
capítulo 55
capitulo 56
capítulo 57
capítulo 58
capítulo 59
capítulo 60
capítulo 61 "what is a monster?"
capítulo 62 "truths"
capítulo 63 "incendiar"
capítulo 64 "após o incêndio."
capítulo 65 "personificação"

capítulo 5

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By julhakjkk

— Por que você fez isso?

Estou incrivelmente decepcionada. Odeio que outras pessoas usem minhas coisas sem consentimento e odeio ainda mais quando se trata justamente da pessoa que mais irritante que conheço.

— Eu estava bêbada, não foi a minha intenção. Você está brava? — Posso jurar que pela sua voz, ainda está bêbada.

— Não Hilary, não estou brava, mas você poderia ter ao menos dito a ele para me devolver antes. A culpa não foi totalmente sua, mas por causa disso tudo, eu perdi oito pontos. — Explico com calma.

Tenho que falar com calma para ela, normalmente quando ela está bêbada, costuma ficar mais sensível.

Não menciono os outros dois pontos perdidos, já que estes teriam sido resultado das minhas justificativas improvisadas. Obviamente nenhuma amenizou a situação.

Tudo que fiz, foi ficar lá parada. Ouvindo o senhor Herman proferir diversas ofensas sobre mim, na frente de toda a sala. Foi um pesadelo. Algumas realmente eram espinhosas. Mas tive que me forçar a ficar calma. O que mais me deixou chocada, era a forma como ele gritava. Odeio gritos. Apenas lutava para não decair ali.

No final, fui surpreendida pela sua hipocrisia em dizer para que eu não levasse tudo que ele disse para o lado pessoal. Usando uma desculpa esfarrapada, que todo aquele sermão, não passava de um conselho, para que eu melhorasse meu desempenho como aluna.

— Mas suas notas são ótimas, oito pontos não farão falta, Scarllet. E outra, não tinha porquê ele tirar oito pontos de você, ele está abusando do poder.

Como se tirar notas boas fosse suficiente. Se as coisas continuarem nesse desandar, oito pontos (dez) poderão ser o motivo da minha vergonha. Caso continue aumentando e não decaindo.

— Eu sei, mas o que você quer que eu faça? — pergunto, ouvindo a respiração pesada dela, pelo telefone. Ela realmente estava mal.

— Vou pedir a Thomy para falar com ele, é a melhor forma de nos desculparmos com você. — Ela tenta se redimir.

— O quê? Não. Não quero nada que venha de Thomas. — Me apresso em responder.

— Ah, qual é? Você sabe que ele pode dar um jeito nisso, os professores praticamente obedecem ele.

E desde quando eu me importo com isso? Não dou a mínima se ele manda ou desmanda nos professores, diretores ou alunos. Não ligo. Por mim, ele pode fazer o que der na teia, uma vez que esteja bem longe de mim.

Thomas Collin, é filho do dono da rede de colégios do HKS, o que o faz, ser intocável. A verdade é que ele não passa de um babaca, que usa "sua" posição para fazer tudo o que quiser, sem ser repreendido. Afinal, ele vai ser dono de toda a riqueza de sua família um dia. Por aqui, as as regras se aplicam a todos os alunos, exceto, para ele e seus amiguinhos. É claro.

— Não, obrigada. Adeus, tenho coisas a fazer. — Desligo o telefone e o jogo para a cama.

Prefiro não dar tempo a ela, para sua insistência.
Essa conversa não irá recuperar os meu pontos perdidos. Além do que, já não posso fazer nada para mudar isso.

Me deito na cama, puxando o livro que estava lendo, antes de Hilary me ligar. Preciso me manter ocupada.

Nem se estivesse me vendo obrigada a implorar por sua ajuda, eu não faria isso. Depois de ontem, e hoje, o meu ódio por aquele idiota só aumenta. Prefiro ter que lidar com o senhor Herman, do que ser ajudada por ele. Não, isso é demais.

Acordo assustada com o toque do celular, abrindo os olhos com dificuldade, verifico às horas, e vejo que já são oito horas da noite. Atendo a ligação, era um número desconhecido.

— Alô?

— Se você fizer o trabalho de espanhol para mim, eu te livro dessa. — A voz familiar me assusta.

— Quem é? — Ainda tenho dúvidas sobre quem seja. Talvez seja inacreditável para mim que esteja mesmo recebendo essa ligação.

— Não se faça de desentendida Milles. Tenho quase certeza de que Hilary já lhe apresentou esta proposta. E aí? O que você me diz?

Curto e objetivo. Evidência de sua "sútil"personalidade. É claro que era ele. Não deixo de notar em sua tamanha pressa para saber a resposta. Talvez esteja mesmo precisando desses pontos. É bom saber disso.

Além do mais, eu não quero nada que venha dele. Apesar de saber que dez pontos, valem uma boa pontuação na hora dos exames. Merda.

Eu não sou boa em física. Nunca fui. Todas as vezes que obtive um bom resultado nessa matéria, foram apenas por horas e horas de estudo, e não simplesmente por inteligência. Gostaria muito de exercer inteligência nessa matéria. Na verdade, gostaria muito de não ter aula com o senhor Herman.

— Como conseguiu meu número? — Prefiro questioná- lo sobre os fatos, do que simplesmente dizer sim ou não.

E se eu fizesse o trabalho e ele não cumprisse sua parte? Eu não posso ficar prejudicada.

— Está tentando ganhar tempo? Por que você tem que ser tão indecisa? — Não preciso vê- lo, para sentir o sarcasmo estampado em sua voz.

— Eu não preciso da sua ajuda.

Talvez eu precise mesmo...

— É claro que precisa, acha mesmo que o professor Herman não vai ficar na sua cola durante o resto do ano? Sabe Milles, se não me engano, ele começou isso no ano passado, e adivinha? — ele para de falar por alguns segundos

— Vai continuar, até que você seja expulsa. Já deveria saber que atrasos em suas aulas são totalmente proibidos. Será que você não vê que, só eu posso te ajudar? Estou te dando uma oportunidade de ouro. — Ele nem me dá tempo para responder. Desliga o telefone na minha cara.

De qualquer forma, suas palavras me assustam. O professor iria mesmo me querer expulsa simplesmente por se atrasar? Deixo uma risada escapar de meus lábios. Isso com certeza era uma piada. Thomas Collin foi longe demais.

No dia seguinte, tomo um banho quente, e me alimento com biscoitos. Visto o uniforme, e direciono para o prédio escolar. Acordar cedo, estava começando a me cansar, mesmo sabendo que aquele era apenas o segundo dia.

Dessa vez, não estou atrasada. Talvez em cima da hora, mas não atrasada. Fiz uma promessa a mim mesma. Sempre acordar mais cedo e estar alerta aos horários.

Passei pelo corredor bem longo, silencioso exceto pelos sons vindo das direções dos quartos. Algumas alunas dormiam, outras se preparavam para as aulas e outras, assim como eu, se apressavam para chegar ao prédio escolar.

Os horários das aulas aqui, costumam variar de aluno para aluno. Você só precisa torcer para não ter que ficar no horário das 08:00 da manhã ou 07:30.

Me sento e começo a ler um livro, até que a professora comece a dar aula.

A professora Anne, sempre prestativa, fazia questão de esperar que todos os alunos entrassem, antes de dar aula. Diferente de certos professores... Talvez ela devesse dar algumas aulas de modos para o senhor Herman.

O último aluno entra, e rapidamente as alunas começam a trocar olhares bobos, ao vê- lo.

Por falta de sorte, Thomas se senta ao meu lado. Que cara de pau.

A professora começa a dar aula, mas não consigo me concentrar ao ver que Thomas me encara, incessantemente, e isso me deixa irritada. O encaro de volta, e ele sorri, erguendo as sobrancelhas.

Olho para ele com um olhar de dúvida, e como resposta recebo sua feição entediada e vejo seus olhos se revirarem. Ele rasga um pedaço de papel, escreve algo e joga para mim. Abro, me deparando com o que estava escrito.

"O que me diz?"

Faço um gesto negativo com a cabeça.

— Está bem. — ele diz baixinho. 

Ele ergue a mão, e chama pela professora repetidamente. O encaro com um ponto de interrogação no rosto. O que ele ia fazer? A professora Anne vem em nossa direção, sorrindo docemente.

— Professora, eu e Scarllet, queremos saber se podíamos fazer o trabalho de espanhol juntos? Ela parece ter dúvidas, então eu me disponibilizei para ajudá- la.

O que? Eu não imaginava que Thomas poderia ir tão além para conseguir o que quer. Mentir em meu nome? O que se passa em sua cabeça?

Antes que eu possa dizer algo, ele me entrega o papel, sem que Anne perceba. O papel estava aberto, ele realmente queria ter certeza que eu fosse ler.

"Se você dizer qualquer coisa, faço da sua vida um inferno" 

Permaneço em silêncio após ler. Estou paralisada e em estado de choque.

— Bom, não vejo problemas em fazerem juntos. Contanto que me tragam até a quarta. — ela volta para o quadro. A aula se finaliza, e me apresso em ir embora.

— Você não está esquecendo nada, Milles? — Me viro, e vejo que Thomas segura meu livro de espanhol por entre os dedos. Espero que todos saiam da sala, para que possa pegá- lo de volta.

— Me devolva.

— Devolver o quê? — Ele ri.

— O meu livro. — Reviro os olhos.

— O seu livro não está aí nas suas mãos?  — Aponta para meus dedos. O livro que Thomas segurava era o seu.

Ele solta uma risada incrivelmente detestável. Mas pela primeira vez, uma risada verdadeira.

Eu já me encontro cansada de seus joguinhos. Eu e ele definitivamente não vamos nos dar bem nunca.

— Por que fez isso? Você não encontrou alguém melhor para explorar? Desista, não sou o tipo de pessoa pra você usar.

É aí que Thomas se engana, ao achar que não sou esperta para me livrar dele.

Ele não diz palavra alguma, apenas ri, mordendo os lábios, recolhendo seu material e caminhando até a porta.

— Nos vemos por aí. — Ele passa por mim, para e olha para traz — Milles— Não entendo a forma que ele se porta ao falar meu sobrenome, mas prefiro não tentar entender.

Destranco a fechadura, e não contenho a surpresa ao ver Hilary deitada sobre minha cama. Ela estava linda. O uniforme entrava em seu corpo como
uma luva, destacando bem suas lindas curvas.

Talvez a única coisa que estivesse um pouco mais apertada em seu modelito, seria a meia calça. Ela se levanta, e seus longos cabelos ruivos deslizavam, provavelmente por ela ter feito escova. As vezes, eu desejo saber como é a sensação de ser linda assim. Hilary me abraça.

— Pensei que não chegaria nunca, os horários das aulas já passaram. — se deita novamente.

Já estou cansada de explicar a ela que gosto de me manter distraída, mas é algo que ela não consegue entender. Se eu não me manter ocupada, me sinto vazia.

— Você sabe que eu faço aulas extra curriculares, fora as matérias obrigatórias. — Tiro a jaqueta, precisava comer algo, estou muito cansada.

— Isso é tão chato. Você não cansa nunca?

— Muito pelo contrário, me fortalece.

Visto uma saia plissada branca, com uma camisa, e ao olhar ao redor do quarto, a visão me cansa. Sou surpreendida por um aperto no peito, e uma tristeza horrível, ao lembrar que o dia teria terminado, e irei ficar sem nada pra fazer. Sou inavadida por uma vontade terrível de chorar, chorar muito.

— Sério? As matérias que a escola fornece já são bem pesadas. Eu acho que nunca vou entender essas coisas estranhas que você sente. — Ela dispara seu falatório sem fim.

— Você disse uma vez que gosta de se distrair, mas na minha opinião, precisa se distrair com coisas mais legais. — Ela para de falar, ao ver que estou com o olhar fixo em um lugar do quarto e sua feição mostra preocupação. — Scarllet? Você está bem? — Ela pergunta em um tom leve, e se levanta, se direcionando em minha direção.

Eu acordo do meu transe.

— Estou, não precisa se preocupar. Eu estava pensando sobre algumas coisas da escola. — Minto, mas perguntando a mim mesma, se fui boa o suficiente para ela acreditar.

— Scarllet. — Ela leva sua mão para minha testa. — Está tudo bem? — Pergunta novamente.

Aquela pergunta serve como um gatilho para mim, e sinto o choro prestes a vir. Eu não poderia chorar em sua frente, então saio de perto, caminhando para a janela, tentando controlar a respiração.

— Já disse, está tudo bem, não precisa se preocupar.

O nó em minha garganta se forma, eu precisava ficar sozinha.

— Estou preocupada com você, você não aparece no refeitório durante às horas das refeições, e tá agindo cada vez mais estranha.

Odeio quando Hilary, me faz questionamentos. Seria bem melhor se minha melhor amiga me entendesse, mas tudo que ela faz, são perguntas idiotas sobre o meu comportamento, e isso me irrita bastante.

Eu não quero que ninguém fique me perguntando os motivos para eu agir estranho, quero que me ajude a lidar com isso.

— Hilary, eu preciso ficar sozinha, meus pais irão me ligar daqui a pouco, e você sabe como é, quando eles ligam. — Foi a melhor desculpa que encontrei.

— Está bem, eu vou, mas amanhã venho dormir com você, tudo bem? — Ela vem até mim.

Me viro para ela, fazendo o máximo para encobrir meu olhar sem vida.

— Claro. — Sorrio.

Ela finalmente vai embora.

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