Taehyung - 22 de agosto de 2020 - Seoul
― DOIS MINUTOS. DOIS MINUTOS. – Gritou alguém da equipe de staffs enquanto eu terminava de amarrar meu tênis e recebia lufadas de ar gelado por dentro da camisa, que vinham de um secador de cabelo. Já era o final do show, então eu pingava suor. As toalhas secando minha testa não podiam cobrir minha exaustão, nem mesmo a água gelada oferecida enquanto já estava no elevador para subir no centro do palco. Só precisava aguentar um pouco mais e poderia despencar em um dos sofás do camarim. Com isto em mente, o elevador me colocou no meio daquele mar de pessoas, ao lado dos meus companheiros. Os gritos eufóricos serviram como bateria para finalizarmos aquele dia tão especial. Era um dos últimos shows da nossa turnê. Já estávamos de volta em Seoul, onde tudo começou, mas ainda tínhamos mais um show no dia seguinte. Só então poderíamos dizer com todas as letras que a Love Yourself Tour havia se encerrado.
Nossa penúltima música tocava, e o público animado balançava seus celulares e Light Sticks iluminando o grande estádio. Aquela imensidão de luzes parecia uma galáxia brilhante. Nós seis cantávamos e pulávamos livremente pelo palco, sem coreografia de forma quase que desorganizada. Esse era um momento de interação entre nós e os fãs. A testa que havia sido seca pouco tempo atrás, novamente pingava suor. Corri de uma extremidade a outra, acenando e olhando nos olhos do máximo de pessoas possível, deleitando-me com o brilho presente nos olhos de cada um ali.
Estavam ali por nós, para nos ver e apoiar. Esse pequeno pensamento me recarregava, e eu já não era capaz de sentir a exaustão anterior. Passei correndo pela passarela que ligava o palco principal ao secundário no meio do estádio, nesse caminho algo me chamou a atenção na plateia. No caminho de volta eu sabia onde fazer uma parada. Cantei a todos pulmões e dei uma volta completa no palco secundário e quando o segundo refrão acabou, acompanhei abraçado pelos ombros o meu companheiro mais velho. Jin pulava no mesmo ritmo que eu, segurando minha cintura para não nos desequilibrarmos, até que novamente olhei para o que prendeu minha atenção na primeira volta, no mesmo lugar de antes. O mais velho, que anteriormente era abraçado por meus braços, se soltou e acenou enquanto pulava, mandava beijos voadores e sorrisos para o lado esquerdo da passarela.
Meu olhar seguiu rapidamente para o lado contrário, a sensação de euforia que a plateia me dava, vinha junto com o brilho cintilante que cobriu minha visão, deixando tudo como glitter ao meu redor. As luzes e a plateia estavam levemente borradas.
Assim que cantei meu verso e acenei para o público com os sorrisos genuínos de grande felicidade que já me tomavam desde o começo do show - e que naquele momento parecia que me transbordaria –. Meu olhar focou em um garoto que, usando uma adorável jardineira e uma tiara com o personagem referente a Hoseok, tinha uma câmera polaroid presa ao pescoço por uma fita. Quando dei por mim, já tinha me aproximado o suficiente para que ele só precisasse esticar a mão para me entregar. E foi exatamente o que aquele pequeno ponto de luz fez.
Como se tivesse lido minha mente, parou de sacudir seu light stick, algo que quase todos do estádio faziam ao ritmo da música, e esticou a mão que segurava a câmera. Os olhos dele brilhavam e poderia apostar que os meus também. Assim que a câmera chegou em minha mão, fui rápido e tirei uma foto da plateia. A máquina liberou uma foto completamente preta, que em instantes começou a se colorir. Guardei-a em meu bolso como lembrança e corri pelo palco com a câmera em mãos, enquanto que tomando cuidado para não a quebrar. Naquele momento minha maior preocupação era chegar em Hoseok, já que, aparentemente, ele era o preferido dele.
Assim que o achei, agarrei seus largos ombros e coloquei a câmera em sua frente dando um sorriso. No primeiro segundo ele se assustou, mas depois riu e fez pose, sorrindo como eu. Naquele momento olhando para a lente, notei os adesivos no corpo da câmera e não contive uma pequena risada ao ver os personagens que representavam cada um de nós. Guardei a foto no bolso contrário ao da outra e corri procurando minha próxima vítima, já que a música estava quase acabando e com ela meu tempo. Fui rápido em agarrar minha mais nova vítima pelo capuz, Jimin. Nós posamos juntos com sorrisos brilhantes e beijos na bochecha.
Àquela altura, todos já tinham visto a câmera em minha mão, e agora brincavam de fugir dela. Depois de ter corrido meio palco, fui mais rápido que Namjoon e consegui que ele sorrisse para a lente de bom grado. Suga veio sorrateiro para tirar a foto e por isso tiramos mais de uma. Meu bolso já estava ficando cheio quando consegui avistar a minha última presa, SeokJin. Ele havia corrido para o palco secundário e dançava animadamente, como se dissesse "Você não me pega". Mas sem ter para onde fugir, o peguei rapidamente. Tiramos mais uma foto e então decidi que era justo tirar uma minha com a plateia. Assim que alcancei aquele ponto de luz, foi o que fiz. Deixei espaço para que ele e grande parte do público aparecesse, tirei duas fotos e assim que a máquina terminou de cuspir a segunda a guardei. Ela estava junto com a primeira tirada, pois também ficaria para mim. Devolvi a câmera junto a um bolo com no mínimo dez ou onze fotos, já que por mais incrível e inesperado que fosse, Yoongi tirou mais do que uma fazendo poses fofas ou dando sorrisos gengivais em meio às gargalhadas.
Assim que a câmera ficou a salvo com o verdadeiro dono, me aproximei calmamente dos outros que já se posicionavam ao centro do palco principal. Íamos começar a nos despedir e a cantar a última música. O rapper mais baixo que estava ao meu lado se aproximou, e eu tirei do bolso as fotos que havia separado para ficar comigo, dentre elas uma que havíamos tirado juntos. Ele olhou-as enquanto nosso líder discursava sobre a sua felicidade em poder ver cada um dos ali presentes. Yoongi observou com cuidado as fotos e quando chegou na primeira que eu tinha tirado, apontou para aquele que havia capturado minha atenção durante um curto tempo, por possuir a câmera. O mais velho havia cochichado algo, mas não dei atenção, estava observando os fãs nas arquibancadas. O percebi se afastando minimamente com as fotos em mão e me sobressaltei. Mas antes de falar algo, notei ele indo mostrá-las a Jimin, que riu com algum comentário do mais velho. Naquele momento quem falava era Jin, Suga se mostrou completamente alheio enquanto estava de um em um mostrando as fotos. Ele provavelmente fez o mesmo comentário, já que todos reagiram da mesma forma, até mesmo nosso líder. Quando o membro mais velho terminou de falar e mandou um beijo voador, o nosso rapper mais velho foi quem tomou as atenções. E com um sorriso em seu rosto cobriu os principais telões e limpou a garganta antes de começar.
― Woah, hoje parece que tudo está mais brilhante não é mesmo? – Mentalmente concordei, realmente estava tudo milhões de vezes mais bonito e brilhante. ― Me diverti muito hoje graças a vocês e espero que tenham gostado tanto quanto eu.... - Mostrou sua gratidão e felicidade com o público e não nego que fiquei alienado a maior parte do discurso. Percorria os olhos pela arena, observando os banners, os cartazes fofos e engraçados e, principalmente, os olhos brilhantes de cada um que eu conseguia enxergar. ― Adorei as fotos que nosso Taehyung tirou, principalmente a que mostra vocês. Infelizmente ele não vai as ter de volta tão cedo, terei que confiscá-las pelo bem do meu coração, que irá sentir saudades de cada um de vocês.
Voltei minha atenção instantaneamente para o mais velho quando ouvi sua fala e fiz minha cara de decepcionado mais convincente, ele não ficaria com minhas fotos nem sonhando.
― Hyung – Falei com manha tentando alcançá-lo, mas ele deu alguns passos para perto de nosso líder, o usando de escudo. ― Não seja assim Hyung, vamos ao menos dividir hum?
Perguntei com um falso bico, estávamos sendo infantis por entretenimento e pareceu funcionar quando a plateia riu em coro de Yoongi dizendo um 'De jeito nenhum, eu serei egoísta dessa vez.' Ele acabou perdendo as fotos por descuido, já que Hobi as pegou e com isso tomou a palavra.
Ele fez o mesmo discurso de gratidão com seu sorriso genuíno e olhos brilhantes e então disse:
― Sinto muito por esses membros estarem discutindo sobre essas fotos, mas todos devem saber que elas são minhas. É o mais justo, não é mesmo? – Ele perguntou para a plateia que em coro concordou, olhei para o rapper mais velho que direcionou seu olhar para mim no mesmo momento e parecíamos ligados e pensando o mesmo. "Golpe baixo."
Foi um momento bem incomum, mas muito divertido. Era normal pegarmos telefones dos fãs, tirarmos fotos e fazermos vídeos, mas nunca uma câmera polaroid. Isso acabou virando algo bem maior do que eu planejava e foi adorável e divertido.
Assim que o show acabou, como de costume, corremos para nos arrumar e ir direto para nosso dormitório descansar. No caminho dividi o carro com Hoseok e Jimin, nós não largamos o Twitter nem por um segundo. Estávamos conversando sobre o show e as polaroides foram relembradas, tornando- se o principal assunto. Hobi tirou elas de sua bolsa e entregou para Jimin, que disse ter visto um detalhe ou algo do tipo, naquele momento estava mais preocupado em achar alguém que tivesse publicado fotos das outras, mas ninguém havia publicado. Haviam muitos tweets sobre ele ser muito sortudo e coisas do tipo. Pessoas publicando comentários como "Se você estava no show hoje com uma câmera polaroid, por favor compartilhe as fotos que V tirou" ou até mesmo "Army sortudo, por favor nos presenteie com essas fotos", mas nada aparecia. Vi alguns tweets de pessoas que estavam por perto do garoto em questão e até mesmo vídeos do momento em que peguei a câmera, pude ver de três ângulos diferentes por meio de fancams, várias fotos, mas nada dele em si aparecer.
Meus pensamentos foram dissipados quando Jimin disse:
― Você viu Hobi? – Olhei para o citado, ele segurava uma das fotos e balançava a cabeça concordando.
― O que ele viu? – Perguntei tentando olhar a foto, porém o cinto de segurança me impedia de chegar perto.
― O menino da polaroid, eu já o vi no prédio da empresa umas duas vezes, numa dessas o Hobi Hyung estava comigo. – Fiquei chocado e peguei a foto das mãos do meu Hyung para observar atentamente se o reconhecia, entretanto nada.
― Quando vocês viram ele? – Perguntei curioso o quão inusitado era aquilo.
― O Ji o viu primeiro– Hoseok disse esticando a mão para que Jimin contasse como foi.
― Eu tinha chegado no estacionamento e estava pegando minhas coisas no meu carro e o barulho de uma moto me assustou um pouco, eu olhei e era ele, ele parecia bem diferente, com calça preta, uma blusa branca e uma jaqueta de couro, bem estilo bad boy de filme, com uma bota de salto, igual essas que eu uso, só que com um salto menor. – Ele contava calmamente, mas com uma certa animação e não pode deixar de me contagiar. ― Tudo preto, a moto, capacete, jaqueta, uma cena de filme, eu fiquei hipnotizado, ele tem tanto estilo e sei lá é como um ímã. – Com toda certeza essa era uma afirmativa que não havia quem pudesse questionar. ― Ele tirou o capacete e... Woww, o cabelo dele se soltou e eu jurava que estava no meio da gravação de um clipe porque meus olhos não podiam acreditar no que estavam vendo. Ele desceu e eu o vi indo para os elevadores. Não vou negar que eu parecia um bobo pegando tudo e enfiando na minha mochila, só pra trancar o carro e correr pra entrar no mesmo elevador que ele. – Falou rindo e rimos juntos, os olhos dele estavam brilhantes, Jimin é um grande bobo quando se trata de pessoas bonitas. ― Eu sequer tinha visto o rosto dele direito, quando cheguei perto do elevador, me curvei e ele também, eu ia falar alguma coisa, mas ele atendeu o telefone e começou a falar com alguém, juro que não queria ouvir, mas eu sou curioso e não aguentei.
― Você não me contou isso aquele dia– Hoseok falou, indignado.
― Bem... eu não me orgulho de ouvir a conversa alheia. – Ele falou dando uma certa encolhida no banco, mas acabou gargalhando. 'Completamente hipócrita', eu diria em qualquer outra situação, porém, para quem eu queria mentir, também estava curioso. ― Tá, olha ele disse algo sobre reunião de pais e eu achei que ele tivesse um filho, mas então ele disse algo sobre odiar conversar com os pais dos alunos e eu acho que ele é professor, algo me diz que ele é professor. O elevador parou no terceiro andar e o Sejin entrou e ele arregalou tanto os olhos que achei que ia sair do crânio dele, ele ficou olhando dele para mim e de mim pra ele. – O carro parou no estacionamento do dormitório, descemos rumo aos elevadores, ainda ouvindo Jimin contar com detalhes a primeira vez que a viu. ― Ele simplesmente fez assim e o Sejin entrou no elevador bem tenso– Jimin falou fazendo o movimento de silêncio, quando se coloca o dedo sobre os lábios e eu e Hoseok nós olhamos.
― Você não me privou de muitos detalhes não, Jimin? – O mais velho perguntou, vendo o outro responder com um dar de ombros.
― Talvez, mas o que importa é que quando ele desligou o telefone, o cumprimentou de forma casual. Ele o perguntou o que estava fazendo lá e ele só respondeu com um, 'reunião'. Entregou um pen drive pra ele, o elevador parou no oitavo e ele saiu, se curvou para nós e caminhou pelo corredor, eu não perguntei nada pro Sejin por achar que seria invasão demais. Já tinha ouvido a conversa dele e preferi engolir minha curiosidade, ele pareceu muito aliviado com isso– Jimin contou a última parte como uma resposta para a pergunta que eu já preparava, ainda mais por ele ter saído no oitavo andar.
― Como foi a segunda vez? – Questionei por fim, com a minha curiosidade ainda não satisfeita.
Entramos no dormitório e tiramos os sapatos indo pra sala, os outros membros ainda estavam a caminho, fomos os primeiros a ficar prontos e por isso saímos juntos. O que foi ótimo, pois se tivesse demorado um pouco mais, com toda certeza não estaria tendo essa conversa com SeokJin.
― A segunda vez foi quando eu o vi. Tem.... duas semanas? – Perguntou, sem esperar uma resposta. ― Eu dei carona para o Jimin, já que ele dormiu lá em casa. Quando estávamos naquele semáforo na avenida principal, eu parei no vermelho o garoto parou do nosso lado. O Ji me cutucou e eu olhei. Ele é muito bonito e realmente é como um ímã, era hipnotizante olhá-lo. Parece com o que acontece com os ligados. – Falou se referindo a reação que temos quando estamos perto de um ligado que recentemente conheceu seu par, uma reação física causada pelo caos energético que a pessoa se torna nos primeiros meses. Assim que ele falou isso, minha mente começou a trabalhar com essa alternativa. ― Eu fiquei olhando, até que o farol abriu e buzinaram pra mim. – Contou rindo e coçando a nuca.
― Quando chegamos na empresa, ele estava bem na nossa frente estacionando, eu desci do carro e fui para perto dos elevadores. Tae, quando ele tirou o capacete o cheiro do shampoo dele chegou onde eu estava, eu me derreti em pé e quando ele chegou perto e se curvou em respeito, nós também curvamos e o Ji ficava secando-o. Ele não parecia com muitos amigos. O elevador abriu, tinha três pessoas lá e todos praticamente pularam quando viram ele. Eles foram na direção dele praticamente fazendo uma muralha de proteção e guiando-o para dentro do elevador. Quando começamos a subir, alguns deles iam falar algo e ele só fez 'shhh' e todo mundo ficou em silêncio, nem a respiração deles dava pra ouvir. – Hoseok fez o mesmo movimento insinuando silêncio que Ji havia feito. Ouvi o barulho da porta sendo destrancada e os outros membros adentrarem em meio a risadas e gracinhas, cada um indo se acomodar ou fazer o que bem quisesse.
― Quando chegou no oitavo andar, - Continuou. - Eles saíram e eu consegui voltar a respirar. Porque até eu tinha prendido a respiração sem perceber.
Continuamos a falar sobre a possibilidade de ele ser um ligado e recentemente ter encontrado seu par. Por horas ficamos teorizando uma bela história de amor e Jimin ficou chateado por perder a chance de ter uma nova paquera. Hoseok se gabava de tempos em tempos quando o assunto surgia dizendo coisas como "Era óbvio que alguém tão encantador iria escolher o mais encantador como preferido" ou "Como eu sou o preferido dele, eu devo ficar com as fotos" o que era um grande golpe baixo. No fim das contas, Yoongi ficou com a que tiramos, Hoseok ficou com a primeira que tirei da plateia e eu fiquei com a qual eu aparecia junto ao suposto ligado.
Cada vez que olhava, eu reparava em algo novo, como na pulseira e anel prateados com uma única pedra verde em cada, que segundo Jimin, nas duas vezes que o viu ele também os estava usando ou quando notei que a jardineira que ele usava era muito parecida a uma que nosso líder tinha.
Se passou uma semana, depois outra e mais outra, quando notei já havia mais de um mês que havíamos finalizado a tour e nenhuma das polaroides tinha sido publicada. Ele não as dividiu com o fandom, que a semanas implorava por essas fotos. No dormitório esse já era um assunto quase esquecido.
Os membros no começo falavam sobre como seria legal se ele realmente tivesse uma ligação, porém, com o passar dos dias, os únicos que ainda tocavam nesse assunto vez ou outra eram Jimin e Hoseok, em todas essas vezes questionavam Yoongi, por mensagem ou ligação, já que entre nós, ele é o que mais entende sobre ligados.
Depois de dois meses eu havia desistido de esperar alguma informação do Twitter, perdendo minhas esperanças de ter o final dessa história. Tinha curiosidade principalmente por se tratar de alguém com uma ligação e envolvido ao oitavo andar.
Todos o tratavam como o santo graal ou um lugar muito importante, VIP por assim dizer. Queria muito questionar Sejin sobre, pois minha vontade de saber quem era aquela pessoa crescia a cada dia. Acabei adiando e adiando uma possível conversa sobre, já que se ele estivesse envolvido ao oitavo andar provavelmente era alguém muito importante. Me senti um tanto quanto acanhado em questionar, já que tudo sobre aquele andar era comentado em meio a sussurros e cochichos pelos corredores da empresa, algo que abominava e não queria fazer parte. Mas isso me corroía por dentro, e estava quase pronto para ter uma hora de fofoca com nosso gerente. Igual aos vários cochichadores e fofoqueiros os quais tanto repudiava por suas invasivas teorizações.
Eu queria saber. Mesmo que talvez fosse considerado como um esquisitão, pensava seriamente parar de adiar e ir de encontro a Sejin, visto que esperar esbarrar com o garoto pelo prédio da empresa, parecia ser ridículo. Perguntar sobre parecia a alternativa menos pior.
Sim, seria um grande hipócrita para satisfazer meu grande tédio e saciar minha curiosidade.
Levantei mais cedo que o comum e me arrumei silenciosamente, pretendia terminar uma faixa e talvez criar coragem para conversar com nosso manager. O dormitório parecia tão em paz. Sequer se assemelhava a noite anterior, onde ríamos alto enquanto jantávamos juntos. Peguei o que achava ser importante e já bem agasalhado me esgueirei para dentro do meu carro. Percebi que o carro de Yoongi, que normalmente fica ao lado do meu – e inclusive estava na noite anterior – já não estava ali, provavelmente ele e Namjoon saíram ainda mais cedo de novo. Nesses últimos dois meses Yoongi sequer vinha ao dormitório, mal saia do próprio estúdio e quando nós falávamos era por telefone.
Estava trabalhando tanto que foi um milagre ter aparecido para o jantar em grupo. Apesar de que sua aparição veio carregada de energia, só de estar presente ele já deixou o clima mil vezes mais alegre do que se não tivesse comparecido.
O trânsito estava razoável e cheguei na avenida principal mais rápido que o costume, já que normalmente acabava pegando a hora do rush.
Assim que estacionei no subterrâneo, notei entre as motos uma em específico. Uma Ducati branca deslumbrante e muito bem cuidada, a moto literalmente cintilava. Sua placa me chamou a atenção 'JHP 1894' gravado no metal. Assim que li, soltei um leve riso. Observei, talvez por minutos, até notar alguém por perto. Assim que virei meu rosto para olhar quem estava ali, os dedos que seguravam a bolsa em minha mão começaram a suar e eu me senti tão minúsculo que poderia ser colocado no bolso.