− Tive uma ótima noite de sono hoje.
E não pude conter o baque que dei naquela porta horrorosa, antes de marchar até o elevador, e posso jurar ter ouvido uma risada abafada após a minha saída.
E eu mal podia acreditar que aquilo era somente o começo.
(...)
Há quatro anos atrás, ainda tenho guardado em minha memória o som quase inaudível do relógio de parede na primeira vez que pisei neste lugar. Na primeira vez que o encontrei.
Lembro-me da sensação de ânsia em meu estômago que, a cada minuto que era tocado no relógio, minha barriga se revirava em pura ansiedade e fome.
O relógio tintilava mais uma vez, e, meu tique frenético com o pé, ficava cada vez mais desesperado. E quando eu via as outras candidatas saindo daquela sala misteriosa, com uma expressão mais abalada do que quando entraram, me forçava a me manter sentada naquela cadeira acolchoada, e segurar o impulso e fugir logo dali.
Mas não, eu tinha me esforçado muito para conseguir uma vaga na sessão de entrevistas naquela empresa, eu não poderia deixar o medo me controlar e me fazer desistir daquela maneira, era o que eu tentava me convencer.
E daí que era o próprio filho do CEO que estava fazendo as entrevistas? Isso até poderia ser mais justo, pois teria menos chance que empregado internos interferissem na escolha daquela única e concorrida vaga.
E daí que perdi a conta de quantas garotas, e até mesmo homens, saíram daquela sala com lágrimas nos olhos após somente cinco minutos na presença daquele tal empresário? Eu era uma mulher forte e não deveria me abalar com isso, afinal, o mundo dos negócios não era algo que qualquer pessoa pudesse lidar, e se eu não aguentasse uma pequena pressão, mal conseguiria me manter naquele emprego.
Mais outra garota saíra da sala. Com uma expressão tão penosa que, por extinto, me levantei e segurei em seu ombro, com a intenção de consolá-la. Ela olhou para mim espantada, e eu lhe ofereci um lenço que estava em meu bolso, porém, antes que eu pudesse voltar ao meu lugar ela segurou meu pulso.
− Ele é um monstro. − Ela sussurrou, como se falasse com um fantasma, ou com si própria. − Vá embora, antes que ele te veja. − Voltei a observá-la, imaginado o quão ruim ele poderia ter sido.
− Ele é tão ruim assim? − Questionei curiosa, e um pouco espantada com seu exagero. − Infelizmente, há muitos empresários que são rudes, ao rejeitar alguns candidatos e... − Tentei ser solidaria com ela, pois, sei como pessoas humildes são humilhadas em empresas ultra conceituadas.
− Ele não rejeitou ninguém. − Cuspiu, repentinamente irritada. − Ninguém quis aceitar aquelas exigências absurdas até agora.
E antes que eu pudesse falar qualquer coisa em resposta, ouvimos a encarregada do RH pedir a atenção de todos mais uma vez.
E assim que ouvi meu nome saindo de sua boca, me arrepiei involuntariamente.
Me afastei da moça ao meu lado, e peguei minhas coisas, que estavam descansando na cadeira onde sentava, e inspirei fundo.
Aquilo não me abalaria, aquilo não vai me abalar. Eu vou conseguir este emprego. Meu aluguel e conta de luz não vão se pagar sozinhos. Ditava isso repetidamente em minha cabeça enquanto era guiada para aquele salão levemente intimidador.
Inspirei mais uma vez, e fiz uma rápida prece, antes de finalmente bater à porta e ouvir um ruidoso "entre" em resposta.
E era naquele momento que eu conheceria o grande carrasco que me atormentaria durante todos esses anos.
N/A: até aqui parece não há nada de diferente, mas aguardem e verão o contraste
e para quem quer ler algo novo enquanto espera aa atualização, saibam que estou fazendo um projeto de tradução de fanfics no AO3, caso tenham interesse em ler ou sugerir alguma história me procurem por lá com @melindaclemente , já publiquei miha primeira tradução (do fandom Hobbit) então, quem gosta de romance envolvendo casamento arrajando entre realezas, vão dar uma olhada ~
~ até a próxima