— Senti que deveria te informar isso, por conta de toda... Enfim, situação. Tente fazer uma cara de surpreso se possível, pode ser? — Marcelo passa a mão por trás do pescoço, parecendo nervoso.
Com certeza seu nervosismo nem chega perto do meu nesse momento, mas acho que concordo com a cabeça.
Acho que todo o sangue fugiu de mim. E ainda sim meu coração está disparado e cada batida é tão dolorida que se não tivesse sentido a mão quente do meu amigo pousando casualmente e firme sobre meu ombro, provavelmente teria desabado.
Minha boca abre, sei que tenho de falar alguma coisa, mas minha garganta está tão fechada, que nenhum som sai dali.
— Obrigada pelo aviso Marcelo — escuto a voz da KitKat atrás de mim.
— Disponha Muniz — ele abre um sorriso preocupado.
— Como é que vocês sabem sobre isso? — finalmente encontro minha voz, mesmo o tom que saiu de mim sendo bem diferente do que normalmente é.
Marcelo solta um suspiro e abre um sorriso mais tranquilo.
— Olha só, vocês dois não foram necessariamente discretos com os encontros que tiveram. Boa parte da fazenda é monitorada 24 horas por dia. Por questões de segurança, e também por outros motivos. Quando chegou ao nosso conhecimento sobre o que estava acontecendo, não foi tão difícil procurar os momentos e câmeras certos... — ele explica.
— Entendo — as memórias começam a voltar na minha mente e eu luto para colocá-las de lado.
— Talvez se você tivesse tido um pouco mais de cuidado — Chuck diz baixinho em meu ouvido.
— Mas se isso te faz sentir um pouco melhor Fontanza, nós também temos muitos momentos de "deslizes" protagonizados por esse casal aqui! — Marcelo diz tentando esconder um sorriso. — Aliás, descobrimos vocês dois quando estávamos vigiando esses dois!
— Ah, isso, com certeza, me faz sentir bem melhor — abro um sorriso vitorioso para o meu amigo que apenas finge coçar o seu nariz com o dedo médio. — Tá vendo fofinho, o que você fez?
— Sinto muito por isso — sei que ele está sendo sincero, e eu apenas aceno com a cabeça e dou um sorriso. Sei que a culpa não é do Chuck.
— Não tem como você me mostrar essas imagens hein? Eu tentei arrancar essas gravações de um monte de gente, mas não consegui! — KitKat quase implora.
— Sinto muito Muniz, mas isso são ordens do Boris, ele quer que a sua reação seja sincera e real. Então nem eu vi a coisa completa!
— Não se preocupe KitKat! Estamos aqui pro melhor e pro pior — sacudo levemente o seu joelho.
— Obrigada — mas mesmo assim suas bochechas ficam vermelhas, e ela esconde o rosto no ombro do namorado.
— Fica tranquila Muniz! Pelo menos o que eu vi é coisa bem inocente! Dá pra passar num programa matinal que está mais romântico do que qualquer coisa, porém só posso falar sobre o que vi. Mas não me surpreenderia se tiverem encontrado mais alguma coisa.
— Obrigada Marcelo, isso realmente me deixa um pouco mais tranquila!
— Quer dizer, eu sei que tem mais algumas cenas... — ele diz desviando o olhar.
— Essas daí, se vocês puderem me fornecer... — Chuck diz com um sorriso sacana, e recebe um soco no braço da KitKat.
— Ninguém aqui vai fornecer nada pra ninguém! — ela diz num tom ameaçador.
— Por mais que essas cenas sejam um pouco mais comprometedoras, mas sinto informar que nem de longe de comparam com algumas imagens que conseguiram de você Fontanza.
Meu coração quase para.
— Dando um show como sempre querida, é isso que o público gosta! — meu amigo fala na brincadeira, e nem tenho palavras para agradecer por aquelas palavras.
— Sempre que possível fofinho! — digo com uma voz estranha, mas fico feliz que o meu lado brincalhão tenha entrado em cena, me poupando de um silêncio desconfortável.
Fico de pé de repente, assustando um pouco o Marcelo, mas não consigo me desculpar agora. Sinto uma necessidade de me mover, de ficar sozinho por, pelo menos, um segundo. Porém, não sei como posso verbalizar isso sem parecer um descontrolado.
— Ah, que bom que você ficou de pé Taz, você pode ser um docinho e pegar uma garrafa de água pra mim? — KitKat pergunta com um sorriso tranquilo.
Mas basta eu encará-la para perceber que ela só pediu aquilo, pois percebeu que eu preciso de um momento sozinho. Meu coração amolece quando percebo o quão bem ela já consegue me ler, e como ela se preocupa comigo.
E quando a minha garganta aperta, apenas aceno positivamente com a cabeça e me dirijo a pequena geladeira que há na ponta do estúdio. Pego uma garrafa de água, e quando me viro, Chuck me olha com uma expressão séria.
— Aproveita que você já está aí pertinho da porta, e pega um suco pra mim querida? Tem uma máquina no final do corredor! Você sabe o sabor que eu gosto! — ele fala e eu poderia muito bem voltar correndo até ele e lhe dar um abraço.
Esses dois...
Levanto os polegares, e sem esperar a permissão ou proibição de ninguém, saio do estúdio, sentindo meus pulmões se renovarem com a lufada de ar fresco que inspiro profundamente. Olho para os lados, e realmente há uma máquina de bebidas no final do corredor.
Não há muitas pessoas por perto, então fico feliz em caminhar sozinho até estar de frente a máquina.
Coloco minha atenção naquilo e pressiono o botão com uma das bebidas favoritas do Chuck. Espero que a bebida venha, abro a água e tomo goles generosos, tentando dissolver todos os nós que se formaram.
Demora um pouco até que eu consiga fazer com que o líquido desça pela minha garganta. Provavelmente não estou preparado para o que vão mostrar e perguntar agora, mas tenho que dar um jeito de respirar fundo, e sorrir como se isso não me afetasse.
Tomo mais um gole de água e por um momento acho que lágrimas escorrerão dos meus olhos. Não posso fazer isso. Não agora.
— Você sabe que tem que colocar dinheiro para sair meu suco, não sabe? — escuto a voz do Chuck ao meu lado.
— Ah, é... — digo sem olhar na sua direção.
— Aqui, realmente o que seria de você sem mim querida — vejo sua mão colocar uma nota na máquina e só então escuto o barulho da lata ficando disponível. E então vejo uma lata na minha frente, só que é o meu refrigerante favorito. — Acho que você está precisando mais do que eu.
Olho então para ele, que apenas dá de ombros e continua a estender a latinha na minha direção.
— Obrigado — rompo o lacre e enquanto tomo o primeiro gole, sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha.
Chuck não fala nada, apenas fica ao meu lado e é reconfortante ter ele aqui. Tomo o refrigerante em silêncio, controlando meus soluços e imaginando que teria que falar novamente com o pessoal da maquiagem por conta disso.
— Sabe, se você quiser, podemos deixar para fazer o restante da entrevista um outro dia. Posso dar uma desculpa qualquer e só voltamos a falar sobre isso quando você se sentir confortável para falar — ele sugere e eu solto uma risada estrangulada pelo choro.
— Pode deixar, eu me conheço bem, não adianta colocar uma pedra em cima, melhor agora, enquanto a memória ainda está fresca.
— Você que sabe. Só saiba que estou aqui sempre que precisar. Não somente eu, mas o Bart, Fred e agora a Catarina. Estamos aqui.
— Não me faça chorar de novo fofinho!
— Já estão nos querendo de volta no estúdio. Vou chamar a Catarina, ela vai saber o que fazer com essas olheiras que estão aparecendo...
— Não vai ser necessário... — aponto com a cabeça para um ponto atrás do meu amigo. — Ela já está vindo aí!
Ela então chega com um sorriso aberto, seguida pelo Bart e o Fred. Num piscar de olhos estou cercado de amor, e controlo novamente as lágrimas que querem escorrer, mas, pelo menos, agora, são de felicidade.
— Sabe Taz — Bart começa a falar. — Se você deixasse esse lado sensível e emocionado aparecer de vez em quando, a fila de mulheres querendo você seria interminável, seria bem interessante você distrair a mente por enquanto... — ele mal termina a frase e já recebe uma cotovelada nas costelas do irmão.
Dou uma risada.
— Ninguém precisa de uma fila interminável de conquistas — Fred diz com seu tom conciliador. — Por mais que isso funcione por algum tempo, distrações vão ser sempre isso, distrações.
— Eu já sei bem disso! — uma veia no pescoço dele treme.
— Cada um sabe onde o sapato aperta. Sei que se você precisar de ajuda pra descalçar, vai falar com a gente — Fred sorri e eu aceno positivamente.
— Vocês são incríveis pessoal — digo emocionado e puxo todos para um abraço apertado.
— Realmente nos querem de volta lá dentro Taz, você se importa se eu der um jeito aqui nos seus olhos? — KitKat pergunta, mostrando uma pequena necessaire em suas mãos.
— Vá em frente.
— Não sou tão boa quanto o pessoal que fez isso originalmente, mas vou dar o meu melhor — ela sorri, pedindo para que eu sente e eu afaço o que ela pede.
Fecho os olhos e deixo que ela passe algumas coisas nas minhas olheiras, enquanto escuto as conversas animadas ao meu redor, me deixo relaxar um pouco. Mesmo sem conseguir engajar na conversa deles, é bom ouvir o tom despreocupadamente preocupados dos meus amigos.
— Minha mãe não fala outra coisa além do almoço que vai fazer para vocês! Ela está tão animada! Ela conhece todas as músicas da banda! Eu não fazia muita questão de colocar um volume baixo — KitKat muda o rumo da conversa.
— Pode dizer pra ela que não precisa fazer algo muito elaborado! Falo por todos aqui quando digo que somos bem simples, qualquer coisa agrada! — Bart diz.
— Tem um membro da família dela que vou adorar te apresentar maninho — Chuck abre um sorriso enigmático.
Catarina dá um soco no braço do namorado e seu rosto está tão vermelho que penso que ela vai entrar em combustão a qualquer momento.
— Não quero saber de outro pio sobre assunto! — ela reclama.
— Mas uma hora ele vai descobrir não é mesmo amor? Melhor que seja...
— Nenhum pio! — o olhar que ela dá para meu amigo é o suficiente para fazê-lo calar, porém, ele não consegue não falar sobre isso, porém, ele começa a rir.
— Agora você está me deixando curioso cunhada...
— Deixa isso pra lá, o almoço já está chegando, então não vai ter mais volta. Me deixem ter mais esses dias, okay? — nem sei como, mas o rosto dela fica ainda mais vermelho.
— Tão misteriosa... — Bart também acompanha a risada do irmão.
— Talvez nem seja nada demais meu amor, provavelmente ele vai levar na brincadeira. Não quer logo tirar isso de seus ombros? — ele tenta esconder o sorriso, mas é em vão.
— Amor, estou falando sério, está faltando apenas isso para eu te bater — olho para os dedos dela e finalmente sorrio, entrando na conversa.
— Mas KitKat, seus dedos estão se encostando — digo.
— Exatamente! — ela gira o corpo e dá um soco de brincadeira no braço do Chuck, que ri com o golpe, e logo a está abraçando apertado, impedindo que ela movimente os braços e continue a bater nele.
— Pode parar vocês dois! — Fred reclama. — Olhar todo esse carinho quase me dá vontade de arrumar alguém também!
— Ué, eu apoio a ideia Dinho — levanto os polegares e ganho um empurrão de ombros dele.
— Não começa!
Fico em pé e estou me sentindo bem mais leve e relaxado.
— AS FINALISTAS CHEGARAM! — escuto uma voz falar e imediatamente minhas costas empertigam. Lá se foi todo o clima descontraído.
O aperto que sinto em meu estômago me faz pensar de quais finalistas eles estão falando tão próximos a nós.
Só de pensar na possibilidade de encontrar com ela aqui, faz com que a minha respiração fique em suspenso. Provavelmente meu coração se esqueceu como funciona, pois não o sinto bater em meu peito.
Olho para a origem da voz, sem saber verdadeiramente como vou me sentir caso ela apareça ali.
Será que ela vai ter aquele mesmo sorriso inocente em seu rosto? Será que ela está tendo que esconder as olheiras assim como eu? Será que ela já encheu a cara para amortecer os sentimentos que aparecem em ondas poderosas?
Meus olhos recaem sobre a Catarina, que está com um olhar angustiado.
É, acho que eu também a conheço bem o suficiente para entender que ela não sabia como me contar aquilo.
Não importa como eu acho que vou me sentir quando reencontrar a Raquel. Já que ela está aqui e provavelmente encontrarei com ela de qualquer jeito.
Ai ai essas interações da banda... Quase que o bartolodog fez uma aparição aqui, mas esse momento ainda vai chegar e vai ser todo nosso! Acho que agora que o foco é o Taz, temos muito mais contato com os meninos, não é mesmo?
E falando na querida do Chuck... Quero apenas colocar ele num potinho e proteger esse pitico de luz ♥
Finalistas are in the house!
Como é que vai ficar o coração desse nenê agora? Não se esqueçam de deixar aquele voto cheiroso e comentário com reações para que eu possa saber o que é que vocês estão achando da história, que ainda está no comecinho!!