Sangue na Parede de Mármore

By patrick01645

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Num mundo futurista onde a tecnologia e a engenharia genética compõem o único meio de evitar a extinção da hu... More

Parte 1: Ascensão (Capítulo 1)
Parte 1: Ascenção (Capítulo 2)
Parte 1: Ascenção (Capítulo 3)
Parte 2: A Pistoleira (Capítulo 5)
Parte 2: A Pistoleira (Capítulo 6)
Parte 2: A Pistoleira (Capítulo 7)
Parte 2: A Pistoleira (Capítulo 8)
Parte 3: Revelação (Capítulo 9)
Parte 3: Revelação (Capítulo 10 - FINAL)

Parte 1: Ascensão (Capítulo 4)

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By patrick01645

CAPÍTULO 4: OS VÍBORAS.

Na manhã seguinte, no dia 19 de abril — aniversário de Sora, a garota foi acolhida pelos Víboras como parte da família. Todos estavam enfurecidos com a morte de Gota, especialmente conhecendo a história da morte de sua mãe, que também envolvia os Niander-Kaine.

Depois de usarem o banco de dados de identidades para descobrir quem era o sequestrador de Takeshi, a polícia começou a procurar mais informações sobre ele em seu último endereço registrado, onde vivia com a irmã, por isso a gangue tirou a garota de lá o mais rápido possível, levando-a até a sede dos Víboras em Shigami. Sora passou a morar lá, e seu ódio não parou de crescer nos próximos dias, especialmente depois de uma matéria de TV que foi ao ar no dia 23 de abril, na qual os jornalistas disseram que Gota Kamiyama era, na verdade, o principal suspeito do caso do atentado contra o sr. Hajime Niander-Kaine, ocorrido dois anos atrás e que ainda não havia sido solucionado. Claro que era mentira, mas foi conveniente para o governo de Riunagi derrubar dois coelhos com uma cajadada só, dizendo que o potencial assassino dos milionários da cidade havia sido neutralizado numa tentativa frustrada de sequestro.

Não demorou para que, agora que a garota estava muito mais próxima da gangue, os Víboras vissem por si mesmos os motivos do falecido Gota sempre falar de sua irmã esperta e engenhosa com um brilho no olhos; Sora, uma aprendiz de mecânico bem criativa, adorava montar e desmontar peças e dispositivos, e nas semanas seguintes após a morte de seu irmão, ela distraiu sua mente fazendo limpezas, manutenções e até pequenas melhorias nas armas dos membros da gangue, que a tratavam muito bem e com muita gentileza.

Cerca de um mês depois, os Víboras forjaram a morte da garota, visto que a polícia da cidade ainda procurava por uma "Sora Kamiyama, irmã do criminoso Gota e potencial cúmplice de seus crimes". E depois disso, usando as peças antes defeituosas e antigas das armas que melhorou e consertou, Sora construiu uma arma para si mesma, uma pistola parecida com uma glock do século passado, mas capaz de atirar projéteis sintetizados com eletricidade, além de ter peças removíveis, como cartuchos alongados e ajustes de mira variados. A intenção por trás do projeto era se defender, mas também imbuir naquele objeto todos os fortes sentimentos que estava sentindo naquele momento de sua vida.

Vik, que se tornou quase uma figura paterna para Sora nos próximos meses, decidiu ensiná-la a atirar, por isso a garota virou uma "legítima pistoleira", segundo ele, que disse que aquela palavra indicava alguém implacável com uma arma. Além do "trabalho" de armeira da gangue, Sora, por puro tédio, pintou todo o cabelo de rosa com mechas azul-arroxeadas na frente e logo começou a pedir a Vik e aos outros líderes da gangue para deixá-la participar de alguns dos trabalhos que eles faziam, pelo menos os menores.

Os Víboras hesitaram, mas, como sempre, Sora foi bastante insistente e eles eventualmente permitiram, dando a ela alguns trabalhos bem pequenos e de perigo quase inexistente, por isso a garota logo se cansou. Estava sentindo falta de tensão, movimentação e pressão, e isso não fazia parte das pequenas missões que recebia, por isso começou a pedir por outras, mais difíceis e perigosas, mais animadas.

Vik, que agora havia adquirido um forte apreço pela garota, ficou bastante preocupado com a ambição de Sora em crescer dentro da gangue. Todos já a consideravam parte da família, mas vê-la com armas na mão, roubando carros e se metendo em todo tipo confusão sempre o deixava nervoso, pois via nela a mesma chama de determinação que um dia viu em Gota, quando ele ainda estava tentando se tornar um Víbora, portanto, Vik se preocupava de Sora acabar seguindo o mesmo caminho conturbado do irmão mais velho.

Logo passou-se um ano inteiro, e foi em 2118 que o magnata Hajime Niander-Kaine decidiu se aposentar da posição de presidente de sua empresa de veículos, conhecida como Engi-X, a maior produtora de carros terrestres e aéreos do mundo, mas também anunciou que Takeshi, seu único filho e herdeiro, não tomaria seu acento na corporação, pois "queria seguir outro ramo de carreira".

Sora não parava de crescer, tanto fisicamente quanto dentro da hierarquia da gangue. Agora ela recebia missões grandiosas e sempre se sobressaía em todas, sendo uma das melhores atiradoras dentre os Víboras, e sempre usava sua lábia afiada para entrar em confusões e também para se livrar de problemas.

Não era segredo para ninguém que a garota planejava se vingar dos Niander-Kaine, e os gângsters não a reprimiam por isso, especialmente por que todos haviam passado por injustiças, maiores ou menores, então entendiam exatamente de onde vinha aquele desejo de fazer justiça com as próprias mãos. E ninguém duvidava que ela conseguiria alcançar seu objetivo. Claro, o alvo dela não era qualquer um, então sem dúvidas seria algo excepcionalmente difícil de fazer, e seria ainda mais difícil sobreviver depois de matar o magnata. Mas isso não a intimidava. Sua determinação era muito maior do que qualquer medo e qualquer ameaça.

Com o passar dos meses, Sora estendeu, e muito, a sua lista de contatos, com mercenários, vendedores de veículos e outras propriedades, médicos e cientistas, hackers, fornecedores de armas e medicamentos e empresários locais, e se tornou membro de várias das grandes networks — grupos de serviços e trabalhos nem sempre... legais — da cidade, ganhando ainda mais notoriedade e aumentando sua reputação a cada trabalho concluído. Mesmo assim, apesar de estar alcançando novas oportunidades, a garota não esqueceu ou afastou-se dos Víboras, que ainda eram sua família, os únicos que a acolheram quando o mundo a esqueceu na sarjeta.

Durante o ano 2118 a garota também se aproximou de uma pessoa especial chamada Diana Haru, que era uma Víbora fascinada por tecnologia e computadores, sendo conhecida dentro da gangue como "Hackzeira". Ela tinha pele parda, olhos claros, cabelos chanel com franja e algumas mechas azuis, muitas tatuagens por todo o corpo, inclusive a frase "Dulce Periculum" — Doce é o Perigo, em latim — logo abaixo de seu olho esquerdo. As duas se estranharam bastante quando se conheceram, como se fossem gato e cachorro, mas logo ficaram encantadas uma com a outra e seus sentimentos tornaram-se óbvios para qualquer um que prestasse atenção, mas, mesmo assim, elas demoraram bastante para admiti-los.

Quando Diana finalmente decidiu dizer a Sora como se sentia, ambas estavam no meio de um trabalho meio... informal, digamos assim. Elas ouviram rumores sobre uma gangue inimiga que supostamente havia tomado posse de uma boate de Angra e estavam agredindo as garotas e rapazes que trabalhavam lá, então elas foram conferir e descobriram que os rumores eram bem verdadeiros. Devido ao intenso tiroteio, a boate acabou cercada por policiais, e foi então que, subitamente, no centro do estacionamento onde as duas estavam se protegendo dos tiros inimigos, algo explodiu. A Hackzeira não se feriu tanto quanto Sora, que acabou perdendo a mão e o antebraço esquerdo. E, embora ela negue com todas as suas forças, Diana sentiu medo de morrer naquele dia, além, é claro, de perder a "Boneca", como havia apelidado Sora, e por isso revelou seus sentimentos antes que fosse tarde demais.

No fim das contas, elas conseguiram escapar graças a outros Víboras, que chegaram logo depois da explosão e forçaram os policiais a fugir. Agora sem uma das mãos, Sora sentiu-se deprimida com a ideia de não conseguir mais trabalhar com o que mais gostava: mecânica. Ela sabia que existiam próteses superavançadas, mas também sabia que eram extremamente caras e um produto que só alguém muito, muito rico podia adquirir, porém, Diana teve uma ideia.

Como a Hackzeira era a melhor quando o assunto era computadores, ela desenvolveu, do zero, uma pequena interface neural capaz de captar sinais do cérebro e transmiti-las para o membro sintético exatamente como acontece com um membro natural. A próxima parte foi construir o braço em si, e não foi tão difícil quanto o esperado. Os materiais usados não foram os melhores, a fim de economizar o orçamento que já era limitado, mas Diana garantiu que tanto as estruturas externas quanto as internas pudessem ser melhoradas futuramente, então, com a ajuda de Hindei Shing, um dos líderes dos Víboras e também um grande entusiasta de impressoras 3D, a prótese foi construída e Diana fez os últimos ajustes tecnológicos e enfim iniciaram-se os testes, que foram muito melhores do que bons. Até a Hackzeira ficou surpresa consigo mesma.

Depois da construção e dos testes com a prótese veio a última parte, que consistia em implantar cirurgicamente a interface neural na cabeça de Sora, visto que manter o dispositivo do lado de fora seria perigoso demais, possibilitando que fosse quebrado, hackeado ou até mesmo arrancado, estando visível perto de sua nuca, então foi preciso encontrar um cirurgião confiável e capaz o bastante para realizar a tarefa, e, de todas as partes do plano, essa foi a mais difícil. Parecia ser impossível achar um contato decente em Riunagi. Todos os potenciais cirurgiões acabavam revelando-se grandes charlatões inexperientes e interessados apenas no dinheiro.

Exausta pelas várias semanas que gastou procurando alguém para implantar o dispositivo, Sora decidiu pedir ajuda a Yelena Andrade, uma empresária e chefe de uma das maiores networks da cidade. Com a promessa de ficar devendo um favor à mulher, Sora conseguiu o contato de um cirurgião bem distante, da Grande-Cidade Grasmere, onde um dia foi o Canadá. O homem cobrava caro por seus serviços, mas estava disposto a fazer uma visita a Riunagi para realizar o implante, então Sora e Diana aceitaram. E assim a garota recuperou seu braço esquerdo, mas não apenas isso... Com a prótese, que era feita de materiais bem resistentes, ela passou a ser capaz de, entre outras coisas, quebrar portas — ou crânios, dependendo do humor atual dela — com seus socos e dar tiros com muito mais precisão.

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