My Girl- JJ Maybank (Outer B...

By heyemori

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CANCELADA TEMPORARIAMENTE 1 & 2 temporada (completas ✅) 3 temporada (Andamento) "🏖 Os Outer Banks, o paraís... More

Characters and Notices
Cap um
Cap dois
Cap três
Cap quatro
cap cinco
cap seis
Cap sete
cap oito
Cap nove
cap onze
Cap doze
cap treze
cap quatorze
cap quinze
Cap um. Seg Temp
Cap dois, Seg Temp
cap três, Seg Temp
Cap quatro, Seg Temp
Cap cinco, Seg Temp
cap seis, Seg Temp
cap sete, Seg temp
cap oito,Seg Temp
cap nove, Seg Temp
cap dez, Seg Temp
cap onze, Seg Temp
Cap doze, Seg Temp
Cap treze, Seg Temp
Cap catorze, Seg Temp
Cap quinze, Seg Temp
Cap dezesseis, Seg Temp
Cap zero, Terceira temp

cap dez

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By heyemori

Eu fui retirada do que parecia ser uma ambulância assim como uma boneca é retirada da sua casinha de brinquedo. Os meus pés tocaram o chão e um dos caras me segurou pelo braço por eu estar sentindo o meu corpo mole devido o que quer que seja que eles aplicaram em mim. A minha visão estava um pouco turva, mas eu consegui ler sem nenhum problema a placa grande pendurada na entrada do lugar.

Centro de Ajuda para Doentes Mentais, Kildare NC.

Eu me lembrava bem de quando durante a minha infância, eu e Sarah vínhamos até aqui com alguns amigos para conferir que tipo de pessoas que moravam e trabalhavam nesse lugar. O mais corajoso de nós era quem conseguia pular o muro para o jardim onde os pacientes ficavam durante as suas horas de descanso.

Eu nunca fui corajosa o suficiente para entrar. Ou seja, eu nunca soube o que havia além desses portões.

Pisquei algumas vezes tentando conferir se o que estava acontecendo era mesmo real e fui puxada para começar a andar mesmo que eu tropeçasse nos meus próprios pés por não estar conseguindo controlar os movimentos do meu corpo. Quando entramos na clínica com um cheiro considerável de álcool, eles me sentaram em uma das cadeiras no instante que eu vi meu pai seguindo os dois enfermeiros até o balcão, só então eu percebi que ele havia vindo junto. Eu tremi de frio mesmo sendo mais uma noite de verão e me encolhi observando o lugar a minha volta.

A sala de espera ou recepção que estávamos, estava um pouco escura por já ser tarde da noite e não havia mais ninguém além de duas mulheres atrás do balcão. Havia algumas orações presas nas paredes cor de creme e as janelas de vidro tinham um filme escuro que impedia de ver o que havia do lado de fora. Eu olhei um cara sentado algumas cadeiras de distancia e engoli em seco quando ele me olhou e ficou me encarando por um longo tempo antes de voltar a falar sozinho.

-Adam, não vai assustar a novata. Volte para o seu quarto imediatamente. –a mulher de branco falou e o cara se levantou já saindo andando após me dar um meio aceno.

-Quanto à internação irá custar? –meu pai perguntou retirando um talão de cheque do bolso e uma lágrima escorreu pelo meu rosto por saber que ele iria me deixar aqui sem nenhuma culpa ou arrependimento.

-Sr. Mason... Eu li o relatório que escreveu na ficha da sua filha. Essa é uma clínica para doentes mentais e não uma colônia de férias. Se a garota está bem... –o médico começou dando uma breve olhada em mim. -O que aplicaram nela?

-Ela não está bem. Se morasse na mesma casa que ela, poderia opinar quanto a isso. Eu conheço a minha filha e posso afirmar que não, ela não está bem. –meu pai disse o interrompendo. -Se precisa de motivos para manter a Lyanna aqui, pode diagnosticá-la com o que quer que seja... Mas isso é para o bem dela. Pode ter certeza. Ela está fora de si e não pode sair.

-Não somos um centro educacional de combate a rebeldia adolescente. –o médico disse mais uma vez e eu escorei minha cabeça na parede a sentindo pesar, me impedindo de organizar os meus próprios pensamentos. Minha visão ficou turva novamente, mas eu percebi quando meu pai tirou um maço de dinheiro do paletó e o colocou no jaleco do médico que estava parado com uma prancheta em mãos. -Bom, transtorno de personalidade e transtorno pós-traumático são tratáveis aqui para a sua sorte. –o médico disse e eu funguei fechando meus olhos com força. -O tempo que sua filha passará aqui a ajudará a lidar com todos esses problemas. Vamos negociando os preços e eu vou mantendo contato com o senhor. –eles trocaram um aperto de mão e quando meu pai começou a ir em direção a saída, sem nem mesmo se despedir de mim, eu me levantei de imediato para ir até ele o que quase me resultou em um tombo.

-Pai... Pai por favor, não me deixa aqui. Não faz isso comigo, por favor pai. –eu falei quando o alcancei e o segurei pela roupa para que ele não fosse embora e me deixasse aqui sozinha. -Me desculpa tudo bem? Me desculpa mesmo, mas não me deixa aqui... O que pensa que está fazendo comigo? Não pode fazer isso! –ele soltou minhas mãos e respirou fundo.

-É para o seu bem, querida... Vamos vir visitá-la, não tem que se preocupar. Você ficará bem. –ele saiu andando quando um enfermeiro me segurou pelo braço e eu comecei a chorar olhando meu pai entrando em seu carro e indo embora.

-Vem, vamos andando... –o enfermeiro falou me guiando por um caminho e uma porta se destravou me fazendo olhar o corredor longo iluminado por luzes extremamente claras, o que chegou a fazer os meus olhos arderem. Eu fiquei um pouco ofegante ouvindo algumas vozes dando eco pelo lugar e fiz uma cara de choro como se um ataque de pânico estivesse começando em mim por eu saber que eu estava presa aqui por tempo indeterminado. O cara que me acompanhava tocou um sino e a mulher nos olhou através de um vidro. Ela me analisou olhando a minha ficha que pelo visto já estava com ela e eu vi que a mesma não possuía a cara de quem era uma das mais humoradas, igual a todas as outras pessoas daqui. Uma campanhia foi tocada provocando um barulho chato que me assustou e a porta eletrônica se abriu. Eles me empurraram para eu passar por ela e uma moça vestida de enfermeira veio ate mim me entregando uma roupa branca encardida que é colocada em pacientes que ficam muito tempo em um hospital. Eu peguei antes de olhá-la e vi quando as minhas lágrimas pingaram sobre o tecido.

-Será que eu posso usar o telefone? –eu pedi a ela. -Vai ser bem rápido, eu prometo... Eu só preciso falar com uma pessoa. Não vou demorar, eu juro.

-Seu pai não permitiu telefonemas para você, sinto muito. –ela me respondeu e minha boca tremeu rapidamente ao perceber que agora eu estava completamente sozinha. -Olha, não precisa chorar ok? Vamos cuidar de você agora e você vai melhorar. Vou levá-la até o seu quarto... –ela me apontou o caminho e eu continuei andando me perguntando quando eu iria sair daqui. O que será que meus pais diriam aos meus amigos quando eles começassem a me procurar? Mas a pergunta que não queria calar era a que se eles iriam mesmo vir me visitar como meu pai havia dito.

Eu ergui o olhar quando vi uma menina com a roupa de hospital vindo na nossa direção com um enfermeiro a acompanhando. Ela tinha o cabelo loiro curto e era preguiçosa o bastante para retirar sua maquiagem já que havia duas manchas pretas embaixo dos seus olhos castanhos. Eu vi uma tornozeleira eletrônica presa em uma de suas pernas e ela passou por mim me dando uma longa olhada.

-Kook nova por aqui? –ela perguntou. -Gosto de me divertir com as novatas...

-Já não devia estar na cama, Ronnie? –a enfermeira que me acompanhava perguntou fazendo a garota rir. -Lyanna, o seu quarto é bem aqui. 306. –ela apontou para uma porta bege e a abriu revelando o quarto com duas camas de solteiro e uma janela grande com grades. -Voltaremos daqui a pouco para te dar o seu remédio e amanhã de manhã para a segunda dose... Tenha uma boa noite. –eu entrei no quarto olhando a menina estranha sentada na cama da esquerda do quarto que tinha cheiro de produto de limpeza. A porta foi fechada com um baque atrás de mim e eu ouvi o barulho da mesma sendo trancada por fora.

-Olá novata... –a menina disse mexendo no seu cabelo compulsivamente o que chegava a me incomodar devido a agonia que isso me trazia. -E então? Qual a sua história? Eu estava entediada, que bom que chegou.

-Se respirar perto de mim, eu vou matar você. –eu falei indo até a cama vazia e me sentando no colchão duro cheio de molas. Eu me afastei o máximo que consegui da garota e me encolhi abraçando as minhas pernas.

-Bem temperamental você hein... –ela disse fechando o livro com capa verde água que parecia estar lendo antes de eu chegar. -Para a sua sorte, eu não sou perigosa. Tenho anorexia e enfim, meus pais acharam que seria melhor me deixarem aqui por um tempo antes que o vento resolvesse me levar um dia. –ela me analisou com um sorriso grande em seu rosto e eu a olhei de volta me perguntando qual era a porra do problema dela. -Você parece meio grogue hein? Te deram o "boa noite pisicopata" para conseguirem te trazer? Quase tiveram que usar em mim por eu resistir da última vez. –eu cheguei mais para trás na cama e encarei a luz da lua voltando a chorar de puro ódio ou indignação por eu estar passando por algo assim. -Olha, não precisa chorar... Seguindo as regras, aqui não é tão ruim. Mas, quanto às pessoas do segundo andar, não mexa com elas. São assassinos e esquizofrênicos... Gente perigosa. Mês passado incendiaram a cozinha na tentativa de saírem daqui. –ela tagarelou e eu ergui o olhar na sua direção, quando a mesma falou isso, e um pensamento se passou pela minha cabeça. -Ok piromaníaca, não tente fazer isso, eles vão te aplicar tanta droga que se esquecerá até das pessoas mais próximas a você. –ela falou como se tivesse lido a minha mente. -Sou a Blair Pressman de Chapel Hill, a viciada em tabelas de calorias e a que esconde pedras na calcinha para fingir que ganhou peso. –eu pisquei algumas vezes e ela estendeu sua mão na minha direção. Eu a encarei e então engoli em seco estendendo a minha quando notei que essa garota não apresentava perigo nenhum.

-Lyanna Mason. –eu falei a apertando. -Ladra e piromaníaca pelo visto. –ela riu fraco e assentiu com a cabeça antes de dar de ombros.

-Eu falei sério... Aqui não é tão ruim. Se ficar na sua, consegue sobreviver e as semanas voam. –Blair disse e eu neguei com a cabeça.

-Não vou ficar por muito tempo... Vou sair logo, logo. Amanhã vou convencer os meus pais disso. –eu respondi.

-Bom, o dia de visita é apenas de 15 em 15 dias e o último foi ontem. –ela falou e eu franzi o cenho ao ouvir isso. -Terá 15 dias por aqui antes de ver os seus pais então... É a política deles. Eu sei, um porre. Mas, é que alguns parentes se assustam em ver como alguns pacientes ficam no começo do tratamento da loucura.

-Eu não sou louca... –eu disse e ela riu fraco assentindo e dando de ombros mais uma vez.

-É o que todos os loucos costumam a dizer não é mesmo? –ela comentou e abriu seu livro novamente voltando a ler quando ouvimos a porta sendo destrancada mais uma vez. -"Vai ser apenas uma picadinha"... –a menina falou com ironia e eu olhei a enfermeira segurando uma bandeja com uma seringa em cima.

-Sua medicação como eu havia dito... –ela falou se sentando ao meu lado e eu me afastei dela um pouco ofegante e preocupada. -Não se preocupe, vai ser apenas uma picadinha. –eu olhei para a menina na outra cama e então neguei repetidas vezes com a cabeça.

-Não, não eu não quero... Eu quero sair daqui. –eu falei me levantando de uma vez um pouco apavorada. -Liga para o meu pai e diga que eu quero falar com eles, por favor... Eu quero sair daqui, tem um engano ok? Ele tava mentindo, eu não tenho nada, podem conferir... Eu juro que eu não tenho nada. –sussurrei por fim me sentindo totalmente cansada de ter que explicar isso para todos.

-Fica calma, tudo bem? –a enfermeira disse. -Está tudo bem. Entendo que no começo é difícil, mas é apenas um calmante, não vai doer nada.

-Você é surda? Não ouviu que eu disse que está havendo um engano? –eu perguntei e Blair riu fraco quando viu a enfermeira se aproximando de mim. -Não encosta essa porra em mim. –eu senti a agulha cravar o meu braço e logo ele ficou quente mais uma vez com o liquido amarelo sendo injetado de uma vez só.

-As coisas serão bem mais fáceis se começar a colaborar... –ela falou juntando suas coisas e eu fiz uma cara de dor por aquilo ter doído. -Tente colocar um pouco de juízo na cabeça da novata Blair... –a porta foi fechada novamente e eu cambaleei me sentindo completamente tonta. Eu caí sentada na cama com uma sensação estranha que me causou calafrios e minha cabeça pesou me fazendo ver duas da garota me olhando atentamente com medo de que eu fosse ter um ataque, ou seja, o que for.

-O que... O que é isso? –eu perguntei tentando enxergar a picada no meu braço que o deixou dormente.

-Se não foi o "Boa noite psicopata" novamente, provável que seja algo para ajudar no seu problema... –ela comentou e eu pisquei algumas vezes olhando que minhas mãos estavam tremendo de uma hora para a outra. -Pode te dar um pouco de febre no começo até você se acostumar. É um efeito colateral, mas você vai ficar boa daqui a pouco.

-Eu preciso sair daqui... –sussurrei e ela me olhou. -Eu não posso ficar aqui. Eu preciso sair...

-Espere os 15 dias e fale com os seus pais... Eles são os únicos que podem fazer isso. –ela falou e um flashback voltou a minha cabeça de quando eu estava sendo trazida e vi o pai de Pope fazendo as entregas na minha casa. Ele também havia me visto. Eu tinha certeza disso.

-Não, não são. –eu falei.

-Falou sério sobre o seu pai ter mentido sobre você ou isso é mais um papo de gente louca? –Blair me perguntou e eu a olhei.

-Eu fiz algumas coisas erradas, mas... Eu não tenho nada do que ele afirmou que eu tenho. Quer dizer, com quinze anos eu apresentei sinais de ansiedade por eu ter tido um ataque de pânico durante uma prova, mas... Nada que não foi resolvido com pílulas. Dessa vez, eles pagaram o médico para me manter aqui porque eu tomei as minhas próprias decisões ultimamente e não atendi as expectativas deles. –respondi e ela me analisou por alguns segundos antes de soltar um suspiro.

-Sinto muito por isso. –eu forcei um sorriso de lado para a mesma e dei um pulo de susto quando um alarme tocou. -Hora de dormir. –ela se levantou para apagar a luz e então eu notei o quanto ela era magra. Abaixei o olhar vendo a mesma organizando sua cama e olhei a sua ficha presa na cabeceira da mesma. Blair Fox Pressman, 15 anos, Chapel Hill...

-Férias de verão ou odeia a escola a ponto de não freqüentá-la? –perguntei e ela me olhou rindo fraco.

-Os dois... Tenho aulas domiciliares e quando fico por aqui são férias... Eu só venho quando pioro minha situação. –ela confessou e eu assenti. -É melhor você se trocar e ir dormir. O alarme toca as 5h30. –ela se deitou se cobrindo por inteiro e eu me escorei na parede sem forças para me trocar. Eu olhei o céu escuro e pisquei algumas vezes encarando a lua brilhante ao lado de várias estrelas.

Como um passe de mágica, quando eu pisquei novamente os meus olhos arderam por bater em um céu extremamente claro com o sol nascendo. Fiz uma cara estranha por notar que eu havia perdido a noção do tempo e engoli em seco me assustando ao ver Blair saindo do banheiro escovando seus dentes.

-Céus, você dá medo... Acordei três vezes durante a noite e vi você encarando essa janela. No que tanto andou pensando? –ela perguntou e eu não respondi vendo a decepção me invadir por eu perceber que tudo não havia sido um pesadelo. -Aqui, deixaram essa roupa aqui para você, costumamos usá-la durante o dia e a camisola para dormir. –eu olhei a calça e a blusa azul clara, parecendo aquelas que cirurgiões usam para operar alguém e engoli em seco sentindo minha garganta arranhar devido aos gritos da noite anterior. -Gostei do seu colar, deve ter custado uma grana... –eu abaixei o olhar encarando a corrente prata com um pingente de uma pedrinha média azul. A garota começou a se trocar e eu fiz o mesmo ainda sentindo o meu corpo trazendo os efeitos dos remédios. Eu fiz um rabo no meu cabelo percebendo que minhas mãos ainda tremiam e engoli em seco. O alarme tocou novamente e eu encarei o chão por alguns segundos antes de analisar a menina na frente de um espelho pequeno ao lado de uma pequena pia.

-Porque está se arrumando toda? –perguntei a ela vendo a mesma esfregando um bastão de blush nas bochechas.

-Tem gatinhos por aqui. –ela respondeu. -Sou interessada em um, mas algo dentro de mim diz que é errado porque pelo que li na ficha dele, ele é viciado em roubo e já atirou em alguém. Talvez aqui seja mesmo o meu lugar porque garotos empunhando armas fazem bem o meu tipo. –eu sorri de lado me lembrando do JJ e assenti.

-É, o meu também. –respondi e ela riu antes de se sentar em sua cama de frente para mim.

-Olha, eu pensei no que me falou ontem... Se você não é aquilo que o seu pai diz ser, esse não é o seu lugar Lyanna. –ela disse e eu a olhei. -Essas substâncias só te farão mal porque não há nada a ser tratado. Se continuar aqui... Eles farão coisas com você que então não vai poder sair nunca mais. Você parece ser uma pessoa legal, só tem pais ruins... Se tiver alguma chance de ir embora daqui, vou ajudar você.

-Obrigada por acreditar em mim, Blair. De verdade. –eu falei e ela sorriu dando de ombros. -Você é uma das únicas pessoas que fez isso ultimamente.

-Ok, mas você comerá todas as minhas gelatinas e pudins escondido. –eu ri fraco e respirei fundo ainda sentindo o meu corpo um pouco mole.

-Blair, você só tem 15 anos. Você também não pode ficar aqui para sempre... –eu disse. -Não deixe que esse distúrbio a faça perder a sua adolescência e a vida que há depois disso. Tem muita coisa lá fora para você. Coisas que você precisa viver para um dia contar aos seus filhos. Festas, amizades, amores e aventuras. Eu digo a você, se for para ter tudo isso, vale à pena ok? –ela me olhou por um tempo e então sorriu assentindo. -Comerá todas as suas gelatinas e pudins... Não por mim. Por você e pelo que te espera fora desses muros.

-Você tem tudo isso que me disse, fora daqui? –ela me perguntou e eu assenti com a cabeça. -Bom, então não tem como que se preocupar, o seu namorado não vai te deixar aqui. Ele vai te procurar quando começar a sentir sua falta e vai te achar mais cedo ou mais tarde se ele gostar mesmo de você... Seus amigos também. Seus pais podem enganar os médicos, mas não podem enganar a todos. –eu sorri para ela e assenti com a cabeça. O alarme tocou novamente e ela soltou um suspiro. -Temos que ir para o café da manhã. Se nos atrasarmos, somos obrigadas a ajudar no refeitório depois e é muito nojento.

Quando saímos do quarto e começamos a seguir pelo corredor ainda com cheiro de álcool, eu fui seguindo a garota percebendo e analisando as outras pessoas saindo de seus dormitórios. Eu abracei o meu corpo sentindo um pouco de frio e respirei fundo tentando não encarar ninguém que iria cismar com a minha cara mais tarde.

-Como o meu caso não é tão grave, eu ajudo na recepção de vez em quando e consigo achar tudo lá. Se caso eu ver alguma coisa que possa te ajudar a usar contra os seus pais quando der o fora daqui, eu vou dar um jeito de trazer até você. –Blair falou e acenou para uma garota de cabelos compridos loiros. -Ela é a Clair. Assistiu muito H20 meninas sereias e quase morreu afogada querendo virar uma.

-Está falando sério? –eu perguntei tentando acreditar.

-Não mesmo. –ela disse e riu da minha cara por eu quase areditar. -Ela tem bulimia. Está aqui desde o inicio das férias de verão. –eu assenti mostrando ter entendido e nós chegamos a um refeitório amplo muito parecido com o da minha escola. Nós fomos até a fila ao canto esquerdo e esperamos a nossa vez para pegarmos o café da manhã. Eu fiz uma careta olhando o mingau sendo colocado em uma tigela da Blair e engoli em seco resolvendo pular essa etapa e pegar apenas um sanduíche natural e um leite que eu ainda não sabia se eu colocaria para dentro. -Aqui, essa mesa é a legal, adoro olhar para o jardim lá fora. –eu me sentei de frente para ela e tirei o sanduíche embrulhado do plástico. -E ali está ele... Kyle Smith, o maníaco que eu sou apaixonada e te falei mais cedo. –Blair apontou discretamente para algumas mesas distantes e eu olhei o garoto com lápis preto abaixo dos olhos e cabelos tão escuros que dava a impressão de ter mechas azuis. -Pode falar, é um pedaço de mau caminho não é? Por ele, eu comeria toda a comida do mundo, até as coisas de uma lixeira.

-Céus Blair, ele tem cara de ser um doido da pedra. –eu falei em um tom baixo começando a comer. -Porém fique sempre atenta aos segundos olhares, vai por mim, eles são importantes. –ela riu fraco assentindo com a cabeça.

-Com quem você namora? –ela perguntou. -É aqui da ilha ou você é daquelas que curte um namoro online?

-É da ilha. Ele chama JJ Maybank, não acho que você o conhece. –respondi. -Se eu tivesse com o meu celular aqui, eu te mostraria uma foto. Teria que ser forte para não se apaixonar porque ele é um gato. –ela riu e eu sorri de lado no mesmo instante que uma sombra apareceu ao meu lado.

Música: That bitch –Bea Miller

Eu ergui a cabeça para olhar e vi que se tratava da garota de ontem à noite. Ronnie, se eu não me engano. A garota que tinha a tornozeleira eletrônica e é preguiçosa para remover a maquiagem.

-Olha só... Virou amiga da pombinha nova? –ela perguntou a Blair e eu arquei uma sobrancelha com o apelido antes de fazer uma careta.

-É o que parece, certo Ronnie? –Blair respondeu me lançando um olhar rápido. Franzi o cenho sem entender muito bem, mas algo me dizia que ela quis dizer algo como "parece que vamos nos fuder". -Não está no refeitório do seu andar, terá problemas se continuar aqui. –a garota riu e então me encarou de cima em baixo.

-Está olhando o que, vadia? –Ronnie perguntou e eu comecei a rir o que fez Blair arregalar os olhos e engolir em seco.

-Nada, ela não está olhando nada. –Blair respondeu na minha frente e a garota parece ter surtado já que derrubou a bandeja da garota na minha frente e a agarrou como se fosse matá-la. Eu arregalei meus olhos assustada com a atitude porque eu tenho certeza que qualquer surra seria capaz de matá-la e me levantei rapidamente dando um empurrão na garota que acabou soltando a outra.

-O que eu estou olhando? A sua feiúra. –eu disse entrando na frente de Blair. -Agora deixe-a em paz e volte para o buraco no qual você saiu.

-Você vai morrer, piranha. –Ronnie disse e então eu vi quando seu punho esquerdo se fechou e acertou contra a maçã do meu rosto. Eu caí para trás com a garota em cima de mim me segurando e eu tropecei nos meus próprios pés sentindo um gosto de sangue na minha boca. Minhas vistas embaçaram quando eu caí de joelhos e o refeitório parece ter ficado em silencio por um instante com todos nos olhando. A garota irritada de mais com a minha atitude segurou na parte de trás da minha camiseta e me levantou me chocando com tudo contra a parede que causou um estralo no meu rosto. Fiz uma careta de dor por achar que algo quebrou e eu engoli um pouco de sangue vendo algumas gostas pingando na minha blusa. Eu caí novamente e assim que a vi se preparando para me bater novamente, eu passei uma rasteira nela que caiu sentada. Agarrei minha bandeja em cima da mesa começando a bater na garota repetidas vezes até ver enfermeiros vindo correndo na nossa direção. Um deles me agarrou por trás e o outro segurou Ronnie que estava prestes a se levantar.

-Ronnie começou. –Blair disse já explicando.

-Sua vadia! –Ronnie gritou tentando se soltar e eu cuspi sangue no chão antes de começar a rir apontando meu dedo do meio para a garota.

-Vai se fuder sua doida... –eu respondi e ela gritou tentando vir até mim enquanto eu ria da cara dela. Talvez não era o mais certo a se fazer, porém eu não conseguia controlar nenhum pouco. O enfermeiro a tirou do refeitório e eu passei a mão no meu rosto limpando o sangue que estava no meio queixo.

-Céus, você precisa ir para a enfermaria. –Blair falou me olhando.

**

Eu estava sentada na maca segurando uma bolsa de gelo contra o meu olho que estava roxo e o corte na minha boca ardia a cada vez que eu falava. Pisquei algumas vezes aguardando ansiosamente para o analgésico começar a fazer efeito e então olhei para Blair sentada de frente para mim começando um mingau.

-Ela provavelmente quebraria alguns ossos meus. –ela começou e eu respirei fundo assentindo por saber disso. -Nunca ninguém brigou por minha causa. A primeira vez que eu estive aqui, uma garota me bateu no banheiro... E realmente Lyanna, você provou mesmo ser uma louca.

-O que essa tal de Ronnie fez para estar aqui, hein? Que garota pé no saco... –eu comentei apenas pensando em dormir um pouco por eu estar cansada e exausta.

-Hmm... Ela tentou se matar algumas vezes e quando não estava fazendo isso tentava matar alguém da escola. –ela respondeu e eu arregalei meus olhos. -Por esse motivo ela é do segundo andar. Eu avisei a você, há todo tipo de gente aqui.

-Lyanna Mason. –a enfermeira do dia anterior falando entrando no local. -Brigas não são permitidas por aqui. O seu tratamento vai começar hoje e vamos te colocar no corredor azul como castigo.

-A culpa não é dela. Eu já disse. –Blair tentou explicar. -A doida da Ronnie chegou e deu merda. A Lyanna praticamente salvou a minha vida.

-Que porra é corredor azul? –eu perguntei em um tom baixo e a garota me olhou revirando seus olhos em seguida.

-É como se fosse uma solitária, eles falam corredor azul para isso não parecer uma prisão mesmo que seja uma. –Blair falou em um tom irônico e a mulher me puxou fazendo a bolsa de gelo cair no chão.

Blair acenou para mim e eu dei um meio aceno começando a seguir a enfermeira pelo mesmo corredor que viemos. Eu olhava as portas a minha volta vendo as pessoas dentro delas agindo normalmente e então vi por uma janela de vidro Ronnie em um dos quartos com alguns enfermeiros que limpavam o sangue em sua cabeça. Assim que ela me viu ela se levantou apressadamente e eles a seguraram a mantendo quieta no mesmo lugar. Eu sorri de lado para a mesma piscando para ela e continuei a andar para onde quer que fossem me levar. Nós descemos algumas escadas nos fazendo chegar mesmo até um corredor com luz azul. -Receberá três doses injetáveis hoje. Não confiamos em vocês com comprimidos. Você vai dormir por um tempo, precisando de alguma coisa é só tocar a campanhia três vezes que aparecemos. –ela amarrou um elástico no meu braço esquerdo que tinha alguns roxos pelas picadas das agulhas do dia anterior. Ela pegou um frasco colocando o liquido amarelo na seringa e logo o aplicou no meu pulso me fazendo abrir uma careta de dor. Ela pegou o segundo frasco repetindo o processo e logo o aplicou novamente. Eu cambaleei para o lado achando que eu fosse desmaiar por achar que o meu cérebro estava se desligando por alguns segundos, e um enfermeiro me segurou me mantendo em pé. -Ela está pronta... Coloque-a no quarto 03. –a porta eletrônica foi aberta e nós entramos com eles me puxando para que eu seguisse. A porta do quarto foi aberta e não havia nada lá além de um colchão fino. -Viemos buscá-la amanhã. –a porta foi fechada atrás de mim e eu caí no colchão me deitando de barriga para cima. Eu encarei o teto pensando em algumas coisas e em como o meu rosto doía e então fiz uma cara de choro deixando as lágrimas escorrerem.

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