-Eu posso dormir aqui hoje? –perguntei sentada no sofá da casa do John B. quando nos reunimos aqui após sairmos da festa. -Eu não estou a fim de voltar para casa então...
-Bom, já que eu não vou estar aqui, a casa é de vocês... –ele respondeu e riu fraco olhando pela janela ao seu lado enquanto eu começava a remover compulsivamente o esmalte vermelho da minha unha.
-Cara, que festa louca, eu não sei nem como aquele fogo começou... –Pope falou rindo e eu e JJ nos entreolhamos rapidamente enquanto ele continuava analisando todos os meus gestos desde que chegamos. -A kie não vai nem acreditar quando eu contar. Foi uma tremenda loucura... Do nada o fogo engoliu a festa e eu nunca vi os babacas do Figure 8 tão desesperados daquele jeito. Viram a cara do Topper? Ele estava se cagando de medo, quando o fogo incendiou o palco então...
-A gente já entendeu Pope, estávamos lá. –JJ respondeu com o objetivo de fazer o garoto se calar. Eu me escorei no sofá velho analisando o rasgo no meu vestido e mordi minhas bochechas me lembrando da minha mãe brigando comigo e principalmente o que ela havia dito sobre eles. Eu engoli em seco pensando nisso e respirei fundo negando com a cabeça brevemente.
-Bom, eu preciso ir... Vou checar como a Sarah está, eu mando notícias ok? –John B. perguntou e eu assenti com a cabeça confirmando.
-Se souber algo dos meus pais... Pode me avisar? –eu perguntei a ele e o mesmo assentiu. -Só... Não comenta onde eu estou tudo bem? Não quero falar com eles agora.
-Claro, eu mando mensagem. –ele respondeu e eu agradeci.
-Bom, eu vou aproveitar e ir também... Preciso manter meu velho informado para ele não morrer de preocupação. –Pope disse e nós nos despedimos. A porta bateu quando eles saíram e eu soltei um suspiro retirando os grampos que prendiam meu cabelo de lado.
Música: I see Red –Everybody loves an Outlaw
-Eu os magoei mais uma vez. –eu mencionei olhando para o JJ e engoli em seco voltando a encarar o chão. -Eu continuo destruindo minha vida e partindo corações.
-Você tem a mim. –o garoto respondeu e eu o encarei antes de sorrir de lado. -Foi você não foi? –JJ perguntou e eu o olhei por alguns segundos. -Que fez aquilo? Que colocou o fogo na festa? –ele perguntou e eu pensei um pouco antes de assentir com a cabeça. Eu arremessei meu isqueiro na direção dele e o mesmo pegou em um gesto rápido.
-Foi. –respondi e abaixei a cabeça esperando para eu ouvir algo do tipo "Você é louca", "Alguém poderia ter se machucado" "Isso não vai mudar as coisas" e etc.
-Lyanna Mason... –JJ falou e me olhou enquanto eu o encarava. -Você é incrível... –eu sorri para o mesmo antes de rir. -Eu teria te ajudado... Porém você se vira muito bem. –eu agradeci e ele veio na minha direção colando nossas bocas em um beijo. -Agora que estamos sozinhos, podemos terminar o que começamos mais cedo. –eu sorri para o mesmo e JJ me beijou mais uma vez me fazendo gostar da sensação de ter sua boca sobre a minha. Sua mão desceu pelo meu corpo e quando eu me deitei no sofá cama ele puxou o meu corpo contra o seu. A intensidade do beijo aumentou quando ele pediu passagem com a língua e eu me concentrei nessa sensação esquecendo tudo o que aconteceu. A briga com Rafe, a briga com a minha mãe e não me fazia pensar no que aconteceria assim que eu voltasse para casa. Tudo se concentrava apenas no que estava acontecendo entre eu e ele. Nós nos afastamos em buscar de ar, mas logo JJ, desceu os beijos para o meu pescoço fazendo um calor começar a invadir o meu corpo. Ele mordeu o meu pescoço antes de dar um chupão que certamente ficaria marcado mais tarde e eu enfiei meus dedos em seu cabelo loiro que estava bagunçado. Ele segurou o meu vestido desprendendo do nó que eu havia feito por conta do rasgo e o desceu pelo meu corpo até tirá-lo por completo. Eu puxei sua camisa para cima a retirando e ele soltou o tecido no chão antes de se deitar por cima de mim novamente. Suas mãos passearam pelo meu abdômen parando em cima da minha tatuagem de golfinho e eu encaixei minhas pernas em sua cintura o puxando para mais perto de mim. Eu soltei um gemido abaixo ao sentir seus lábios novamente no meu pescoço e minhas mãos percorreram por suas costas até pararem em sua calça. Eu a desabotoei e colei nossas bocas enquanto eu começava a tirá-la. Eu senti sua intimidade encostar na minha, agora que nossas roupas intimas eram a única roupa que restava.
-JJ, espera... –eu falei e ele parou de me beijar para me encarar se perguntando o porquê eu havia pedido para que ele parasse. Eu segurei o seu rosto o olhando com atenção e meus olhos azuis analisaram os seus. -Eu não sei como as coisas vão ser na minha casa agora por conta de tudo que eu ando fazendo, mas eu não vou me esquecer de você e nem deixá-lo. A gente vai para o México se você quiser, mas eu quero que saiba que qualquer lugar que você decidir ir, eu vou junto ok? Não precisa ter nada de Kook, tudo bem para mim se tiver só você. –ele me analisou por alguns segundos e então sorriu encostando seu nariz no meu.
-Eu amo você, princesa dos Kooks. –JJ sussurrou e eu sorri para o mesmo assentindo.
-Eu também amo você JJ. –eu disse o beijando novamente e ele fez um carinho no meu rosto antes de passear com sua mão pelo meu corpo até que chegasse à minha calcinha. Ele a desceu fazendo o mesmo com a sua cueca e pegou sua calça procurando alguma coisa dentro dos bolsos. JJ pegou um preservativo e o abriu em seguida o colocando sem muita demora. Eu comprimi os lábios e fechei meus olhos no instante que eu o senti entrar em mim. Seu rosto se escondeu no meu pescoço e seus lábios chupavam minha pele me fazendo gemer baixo enquanto eu me concentrava em sentir cada segundo sequer desse momento. Ele entrou em mim novamente em um movimento suave e lento e minhas coxas se apertaram ao redor de seu quadril enquanto ele voltava a me beijar e entrelaçava sua mão na minha. Eu abri meus olhos e ele fez pressão dentro de mim mais uma vez o que me fez o olhar com um sorriso que foi retribuído pelo mesmo. Os movimentos se tornaram ritmados e nós nos agarramos um ao outro como se nada estivesse sendo o suficiente para nós. Eu o puxei para dentro de mim e ele gemeu quando a sensação ficou forte demais. Mordi seu ombro sentindo um calor se alastrando pelo meu corpo a cada estocada e então ele arfou se entreolhando comigo e sorrindo de lado.
Por fim, ele fez pressão pela ultima vez dentro de mim e relaxou deixando sua respiração assumir um ritmo mais lento. Ele analisou meu rosto e nós sorrimos um para o outro um pouco ofegantes. Eu o beijei e ele saiu de cima de mim para se deitar ao meu lado.
-Podíamos ir de novo. –ele mencionou e eu o olhei com uma cara engraçada. Nós dois nos entreolhamos caindo na risada e eu fechei meus olhos sem acreditar sentindo minha barriga doer enquanto eu ria. -Shhh... Os vizinhos vão ouvir.
-Não têm vizinhos... O John B. literalmente mora no meio do pântano. –eu falei o olhando.
-Sorte a deles. –o garoto falou mexendo no meu cabelo esparramado pelo sofá enquanto e eu assenti.
-Mas, podemos ir novamente. –eu arqueei uma sobrancelha e nós dois voltamos a rir por um bom tempo apenas fazendo graça um com a cara do outro.
-Eu tenho um lugar para a gente ir... –JJ disse e eu franzi o cenho me sentando.
-Agora? –perguntei e o mesmo assentiu começando a se vestir. Eu fiz uma cara estranha fazendo o mesmo e ele saiu andando pela casa enquanto eu fazia um coque no meu cabelo.
-Aqui, é minha, eu tenho algumas roupas por aqui. –ele falou me arremessando uma camiseta vinho e eu a coloquei vendo que cobriu até metade das minhas coxas. Eu coloquei o all-star dele mesmo ficando um pouco grande e ele vestiu apenas uma bermuda antes de me esperar na porta para irmos.
Nós chegamos à praia e eu olhei o céu ficando mais claro por estar começando a amanhecer já que devia ser aproximadamente 5h30 da manhã. JJ se sentou na areia macia e segurou a minha mão me puxando para perto dele enquanto estava parada encarando a vista. Eu me sentei no meio das suas pernas com um sorriso no rosto e ele me abraçou por trás enquanto eu encarava o mar conseguindo sentir a brisa fria e gelada devido ao inicio da manhã. Ele apoiou seu queixo em cima do meu ombro beijando a minha bochecha e eu soltei um suspiro.
-Melhor coisa para se fazer nessa ilha, é olhar o sol nascer por esse lugar. –ele falou e eu sorri de lado.
-Ah é? Quantas garotas você trouxe aqui para falar a mesma coisa? –eu brinquei e o mesmo revirou seus olhos.
-A mesma quantidade de caras pelos quais você já se apaixonou. –ele respondeu.
-Um? –perguntei.
-Sim e foi você. –ele falou me fazendo sorrir. -Lyanna... O que sua mãe disse a você sobre nós ou sobre mim... Ela está errada ok? –ele perguntou e eu o olhei ajeitando o boné vermelho com a aba virada para trás em sua cabeça. -Sabe de uma coisa? Se lembra de quando o ensino médio começou e você foi para a escola usando um short branco, uma blusa florida, e o seu all-star amarelo que parece ser o seu favorito já que você sempre o usa? –eu franzi o cenho tentando me lembrar se era mesmo essa a roupa que eu usei e o esperei continuar. -Eu comentei com o John B nesse dia que, se alguma vez eu disse que era impossível duas pessoas nascerem uma para a outra, eu tinha mentido porque isso mudou no instante que eu vi você. Obviamente ele riu da minha cara porque você era uma kook e eu um Pogue mané, mas... Eu sabia que eu tinha chance por conta do meu charme claro, mas aquele dia você me deu um segundo olhar quando passou por mim do corredor, então eu tive certeza que um dia iríamos nos pegar. –eu soltei uma risada sem acreditar e ele riu junto. -Era para ser uma declaração, mas você está fazendo piada.
-Eu não estou fazendo piada! –eu falei ainda rindo. -É que... Eu nunca imaginei antes que você JJ, iria ser tudo aquilo que eu mais precisava e... Tinha mesmo razão sobre o segundo olhar. –ele sorriu e eu sorri de volta o beijando brevemente antes de encarar o sol começando a nascer. Eu peguei meu celular tirando algumas fotos com ele fazendo caretas exatamente em todas e ele me abraçou fortemente antes de eu sorrir e tirar a próxima.
**
JJ pilotava a lancha pelo pântano e eu usava um biquíni branco o abraçando de lado enquanto o mesmo contava sobre como foi quando ele, John B., Pope e Kiara foram pela primeira vez na casa onde o ouro estava escondido. Eu ri sabendo que ele estava exagerando na história a partir do momento que contou que a senhora havia matado o marido alguns anos atrás e escondido o corpo na casa. Quando ouvimos outro barulho de barco, eu olhei para o lado vendo Topper em sua nova lancha junto com Kelce. Eu abaixei meus óculos de sol os encarando do mesmo modo que eles olhavam para nós e eu os ignorei fingindo não tê-los visto segundos depois.
-Impressionante o modo que os incomodamos. –eu mencionei e JJ riu colando nossas bocas brevemente antes de eu sorrir para o mesmo e me sentar. Alguns minutos mais tarde eu subi com a ajuda dele no barco do John B parado no meio do pântano. -O que aconteceu? –perguntei com uma cara estranha.
-Atolamos. –Pope respondeu e eu e Kiara nos encaramos brevemente.
-Não consegue mais andar sem essa garota JJ? –ela perguntou e eu sorri falsamente para ela.
-Colega, por que você não dá um tempo? Larga de ser uma chata... –eu respondi entrando na cabine para ver qual era o problema do barco. Não que eu entendesse alguma coisa, mas talvez eu pudesse ajudar em algo. Eu olhei quando JJ e John B pularam na água em segundos e os acompanhei com o olhar os vendo nadar até Pope que havia levado a lancha em que eu vim para longe. -O que eles estão fazendo? –eu perguntei e a garota os olhou de olhos cerrados.
-Merda. –ela falou.
-John B! Me tira daqui! –eu ouvi uma batida vinda da parte das máquinas e abri o compartimento vendo que Sarah estava presa lá dentro.
-O que? Espera... Que inferno. –eu falei me levantando e olhando para os garotos que já estavam longe. -Isso é sério?! Voltem aqui! –eu disse a eles e olhei John B e JJ subindo na lancha.
-Não podemos. Não até vocês três se resolverem! –John B falou e eu cruzei os braços sem acreditar que eles estavam mesmo fazendo isso com a gente.
-Eu vou matar vocês! –Kiara gritou.
-Não podem ir embora! –Sarah gritou ao lado.
-Tem comida e água na cabine e JJ bolou um baseado! –Pope gritou.
-Hidropônico! –o loiro disse fazendo um joinha e eu neguei com a cabeça apontando meu dedo do meio para os três.
-Isso é ridículo. –Sarah falou abaixando o seu short e tirando o cropped ficando apenas com um biquíni florido.
-Eu prefiro me afogar a ficar aqui com vocês então... –Kiara falou tirando sua camiseta.
-Fique a vontade minha querida. Talvez você finalmente cala essa boca. –eu respondi e Sarah pulou na água no instante que a lancha deles começou a ir embora.
-JJ seu cuzão! –eu gritei.
-Amo vocês! Tchau! –ele gritou de volta e eu ergui meu dedo do meio mais uma vez sem acreditar que fizeram algo assim. Sarah gritou na água e eu cruzei meus braços olhando a garota boiando.
-Uma água viva me queimou! Merda. –ela disse com uma careta de dor e eu passei a mão no rosto antes de colocar meus óculos de sol.
-Traumático. –Kiara comentou e eu me sentei no barco olhando Sarah subindo as escadas com um enorme vermelho em sua costela.
-Você nadou para cima de uma caravela, não sei o que achou que iria acontecer. –eu disse a ajudando terminar de subir. Ela se sentou no chão do barco e gemeu de dor. -Merda, está horrível. –comentei ao ver o hematoma.
-Ei gente, sabe o que dizem sobre curar queimaduras por água viva? –Sarah perguntou. -Terão que fazer xixi em mim. –eu fiz uma cara de nojo e olhei para Kiara negando com a cabeça.
-Eu tenho uma idéia bem melhor. –ela falou entrando na cabine e pegando o baseado que JJ havia feito. Eu me sentei ao lado de Sarah sem acreditar na situação em que estávamos e soltei um suspiro pensando em diferentes maneiras de matar aqueles três. Kiara acendeu o cigarro de maconha começando a fumar e eu logo peguei da mão dela. -Pega leve. É do primo do JJ. –ela disse e eu soprei a fumaça na cara dela de propósito antes de passar para Sarah. Ela começou a tossir se engasgando e eu assenti com a cabeça.
-"Hidropônico"... Claro. –resmunguei.
Quando anoiteceu, eu continuava sentada no mesmo lugar comendo um ruffles e ouvindo Sarah rindo sem parar desde que terminamos de fumar todos os cigarros que tinham em uma caixinha amarela.
-Ei, adivinhem... –ela começou. -Preferiam ter... Imaginei vocês assim agora, foi bem engraçado. Preferem ter mamilos nos olhos ou olhos nos mamilos? –ela perguntou.
-Olhos nos mamilos com certeza. –eu respondi.
-É a primeira vez que fumam ou algo assim? –Kiara perguntou mostrando estar totalmente entediada na nossa companhia.
-Não. –eu disse piscando algumas vezes e a olhei. -Ei, Kiara...
-Meu Deus. Chega dessa merda de: "Ei Kiara". –ela falou e eu e Sarah nos entreolhamos. -Porque fizeram aquilo comigo?
-Porque fizemos o que? –Sarah perguntou.
-Éramos melhor amigas. –Kiara disse e eu abaixei o olhar. -Roubávamos cervejas juntas, assistíamos a filmes juntas, chorávamos por garotos... E, de repente, eu vi vocês juntas na festa de aniversário da Sarah, pelo Instagram.
-Foi só uma festa. –falei. -Nem foi tão legal assim. –Sarah me encarou e eu arregalei meus olhos dando de ombros. -A bebida não estava liberada.
-Estava todo mundo lá, menos eu. –Kiara disse nos fazendo voltar a olhá-la. -E depois espalharam que a policia apareceu por minha causa.
-Não duvido disso. Quem mais teria chamado a policia sem ser você? –eu perguntei revirando meus olhos.
-Vocês nunca me perguntaram. Deixaram o boato de que eu era uma delatora se espalhar. –ela se defendeu. -Vocês eram minhas melhores amigas e depois se afastaram de mim e eu não sei nem o porquê! Sério, o que eu fiz para vocês?!
-Eu me sinto encurralada quando as pessoas começam a gostar de mim. –Sarah respondeu. -Você não fez nada. –Kiara me olhou esperando pela minha resposta e eu respirei fundo a encarando.
-Quando começamos a andar juntas, as pessoas estavam comparando a minha má reputação com você. –respondi por fim. -E vivendo isso todos os dias na pele Kie, não é legal. Você não iria gostar. –eu vi os olhos dela cheio de lágrimas e dei de ombros. -Mas sentimos muito a sua falta. De verdade. –continuei e Sarah assentiu confirmando.
-Acha que tem uma chance de voltarmos a ficar de boa? –ela perguntou.
-Sinceramente... Eu não sei. –Kiara respondeu e eu assenti quando um silêncio se instalou no barco nos fazendo ouvir apenas o som da água batendo contra as laterais. Nós entramos na cabine para dormir alguns minutos mais tarde e eu encarava o teto já que eu estava no meio e Sarah e Kiara estavam olhando cada uma para um canto.
-Ei, gente... –Kiara falou com uma voz sonolenta.
-Ei, Kiara... –eu e Sarah falamos juntas para mostrar que estávamos ouvindo.
-Prometam para mim que não vão pular fora do JJ e do John B? –ela pediu e eu a olhei. -Eles não são uns caras quaisquer e eles gostam muito de vocês... –eu sorri e assenti.
-Eu prometo. –falei.
-Eu também prometo. –Sarah disse e um silêncio voltou a se instalar para conseguirmos dormir.
-E me desculpem por ter chamado a policia. –Kiara falou e eu a olhei com um sorriso.
-Eu sabia... –Sarah comentou.
-Eu sabia sua vaca! –eu disse e nós três começamos a rir em disparada. -Eu disse!
-Deviam ter me convidado. –Kiara falou nos fazendo rir mais ainda que minha barriga chegou a doer. Nossa risada alta tomou conta do barco e eu neguei sem acreditar.
-Esqueceram a chave? Precisam de um reboque por acaso? –John B perguntou enquanto nós três o encarávamos vindo no barco junto com JJ e Pope na manhã seguinte.
-Não lhes dêem a satisfação disso ter funcionado... –eu mencionei em um tom baixo.
-De jeito nenhum. –Sarah e Kie falaram juntas.
-Precisam admitir, foi engraçado. –John B falou e eu cruzei meus braços olhando para o mesmo quando a lancha se aproximou.
-Que idiotice patriarcal. –Kiara comentou.
-Mas ainda nos amam, certo? –JJ perguntou e eu o encarei.
-Tanto faz. –eu comentei pegando a corda que ele estendia para amarrar no barco. -Vamos nos vingar quando menos esperarem.
-E então? Vocês fizeram as pazes? –Pope perguntou.
-Não chegamos nem perto. –respondemos as três juntas.
-Mas estamos dispostas a trabalharmos juntas. –Sarah disse.
-Querem saber? Isso é uma vitória. –JJ falou fazendo um toquinho com Pope. -Sabe o que foi? A erva.
-Certo, estão prontas para a ação? –John B. perguntou e nós três sorrimos pulando para a lancha.
**
-Ótimo, estamos prontos... Todos de preto e todos com lanternas. –Pope falou quando de noite, a Kombi foi estacionada em frente à casa em que a senhora Crain morava.
-Vamos ficar ricos, pessoal. –JJ comentou e eu prendi o meu cabelo em um coque antes de ajeitar o cadarço dos meus vans. John B abriu a porta de correr da Kombi para descermos e quando estávamos prestes a fazer isso, ele nos parou.
-Primeiro, eu quero agradecer vocês, pessoal. Sério. –ele falou. -Significa muito para mim vocês estarem aqui comigo hoje.
-Sempre. –Kiara falou sorrindo para ele e eu sorri quando ele se entreolhou com Sarah antes de fazer um toquinho com Pope.
-Cuidamos um dos outros. –John B disse.
-Certo, vamos parar com o papo motivacional e vamos logo fazer isso? –JJ perguntou pegando uma corda e nós descemos da Kombi atravessando a rua.
-Damas primeiro. –Kiara falou de frente para o muro e eu sorri passando por ela.
-Medrosa. –resmunguei subindo no muro e sendo a primeira a pular para o lado de dentro. Sarah pulou atrás de mim e logo foi Kie enquanto eu acendia minha lanterna e dava uma olhada no jardim em volta. -Parece um episodio de Lost, mas ok. –comentei começando a segui-los quando os garotos pularam. Um farol vindo da casa se acendeu de repente quando passamos em frente a residência e nós nos assustamos abaixando rapidamente e apagando as lanternas.
-Certo, então ela tem sensores de movimento. –Pope comentou. -Isso não é legal.
-Podemos ir bem devagar, talvez? –JJ perguntou sugerindo essa opção e eu dei mais uma olhada em volta.
-Ou podemos jogar uma pedra. –John B sugeriu e eu franzi o cenho em sua direção.
-Não funciona assim. –eu comentei.
-É uma ótima idéia, avisar a assassina que estamos aqui. –Kie falou ironicamente e eu segurei a risada.
-Alguma idéia melhor? –Sarah perguntou.
-E o disjuntor? No quadro de distribuição da varanda? –eu sugeri e eles me encararam me fazendo dar de ombros. -Brincávamos de esconder aqui, quando tínhamos coragem íamos até a varanda. A Sarah sabe, ela vinha junto, ela sabe exatamente onde fica...
-Não, é perigoso ela entrar nessa casa sozinha. –John B. respondeu.
-Me observe. –ela disse debochando do garoto.
-Crain corta as pessoas em pedaços, pessoal. –JJ falou.
-Ela tem uns 85 anos, já está praticamente com um pé na cova. –eu comentei.
-Eu posso ir junto. –Kie disse e eles se entreolharam.
-Ainda sim é perigoso. –Pope falou e eu soltei um suspiro ficando entediada.
-Céus, eu também vou com elas então... –eu disse por fim.
-Agora estão seguras. –Pope brincou.
-Só não coloque fogo em nada, amor... –JJ brincou os fazendo rir baixo e eu revirei meus olhos o acertando fraco em seu braço.
-Ok, esperamos pelo seu sinal. –John B disse e eu acendi a lanterna a apontando para o chão. -Ei, tomem cuidado.
-Tomaremos. –falei saindo andando na frente e elas me seguiram. Começamos a contornar a casa passando por aquele jardim que parecia não ter fim e eu soltei um suspiro iluminando o caminho.
-Ela deve ter um gerador conectado á fonte de alimentação principal. –Kie falou atrás de mim e quando chegamos à varanda, subimos sem fazer muito barulho. -É só puxar a lavanca que a caixa se abre. –eu a olhei e revirei meus olhos.
-Eu sei, não fale comigo como se eu fosse burra. –respondi e assim que abri a caixa olhei o monte de fios. -Cadê os disjuntores? –eu perguntei em um tom baixo.
-Merda... Ele vai para dentro da casa. –Sarah falou iluminando com sua lanterna e nós três nos entreolhamos enquanto pensávamos se entraríamos ou não.
-Que maravilha. –resmunguei quando Kiara abriu a porta decidindo por todas nós. Elas entraram na casa e minha respiração mudou de ritmo quando começamos a andar pelo andar debaixo da mansão em que a Sra. Crain mora. Eu dei uma olhada em volta e engoli em seco tomando cuidado para não esbarrar em nada que causaria muito barulho. -Agora parece um episodio de American Horror Story. –sussurrei e me assustei quando um gato passou por nós. -Gatos não são bons sinais...
-Shhh... –Kiara falou me encarando e eu dei de ombros. Nós achamos a caixa do gerador e eu o desliguei fazendo a luz do lado de fora se apagar. Um relógio começou a badalar nos fazendo dar um pulo e quando ouvimos um ranger no piso eu desliguei a lanterna rapidamente me escondendo com as meninas que estavam com tanto medo quanto a mim. Os passos foram ficando mais audíveis assim como a batida de uma bengala no chão e eu cobri a minha boca para fazer o som da minha respiração diminuir.
-Merda... –Sarah sussurrou e nós nos entreolhamos.
-Está tarde, Leon. –ouvimos a velha dizer e meu coração acelerou. -Tarde demais... –ela tossiu de um modo que eu achei que ela já estava passando dessa e eu engoli em seco. Eu enfiei minha mão no bolso da minha calça e peguei uma canetinha dentro. Retirei a tampa e escrevi na minha mão "Pelo menos ela é bem velha". Eu mostrei para as garotas e travei no instante que a velha passou do meu lado. -Estou ouvindo você, Leon. Eu esperei a noite toda! –ela se virou na nossa direção e nós gritamos saindo correndo pela casa. Nós três nos separamos procurando a saída enquanto a velha gritava nos procurando. Eu virei em um corredor vendo Kiara encurralada com a velha tentando acertá-la com a bengala ou o que quer que fosse aquilo que ela usava. Eu corri até lá segurando o objeto antes que ela a acertasse e a empurrei para o lado agarrando a garota para sairmos logo daqui.
-Por aqui... –eu falei correndo no escuro. -Vem Sarah, rápido. –eu disse a puxando também pela porta que com certeza daria até o andar debaixo. -Pessoal, pessoal, precisamos sair daqui. –eu disse ofegante ao achar os meninos perto de um poço.
-A senhora Crain está lá em cima, tentou nos matar. –Kiara disse organizando suas palavras por estar tão apavorada quanto eu e Sarah. -Temos que vazar, ela vai descer aqui.
-Ei John B! Volte para cá! –JJ gritou olhando o poço e eu engoli em seco sentindo minha garganta seca pelo pavor causado. -Ajudem com a corda. –ele continuou e eu peguei a corda por ultimo para ajudar a puxar de volta o garoto que estava dentro do poço. Nós ouvimos um disparo alto e nós gritamos nos abaixando. Terminamos de puxar a corda quando vimos que o garoto estava prestes a sair e a velha que havia aparecido com uma espingarda atirou novamente na nossa direção. JJ me empurrou no chão para eu não ser acertada e então segurou a minha mão para sairmos correndo daqui antes que ela desse outro disparo. Eu o segui rapidamente e o mesmo me passou em sua frente enquanto Sarah, Kie e Pope vinham correndo atrás. Ele me deu pezinho para pular o muro e assim que eu o fiz corri em direção a Kombi. Eu abri a porta rodando a chave na ignição e eles entraram de uma vez já me fazendo acelerar.
-Porque sempre atiram na gente?! –Pope gritou e eu olhei pelo retrovisor vendo John B pulando o muro. Eu diminuí a velocidade para que ele entrasse e assim que o garoto pulou para dentro da Kombi, Kie fechou a porta em um gesto rápido.
-Todos bem?! –JJ perguntou. -Todos inteiros?!
-Eu acho que eu saberia se eu fosse baleada, certo? –perguntei ainda sentindo a adrenalina percorrendo todo o meu corpo.
-Você está nojento. –Pope falou e quando eu olhei John B vi o mesmo cheio de lama.
-Está com cheiro de cu, que horror. –Kiara falou nos fazendo rir.
-O que diabos aconteceu lá? –Sarah perguntou sem acreditar no que acabamos de passar. -Eu estou tremendo, meu Deus!
-O hall da fama dos Pogues. –JJ comentou sentado ao meu lado enquanto eu dirigia o mais rápido que a Kombi conseguia.
-Aquela mulher estava possuída, céus. –eu disse. -Como ela se move tão rápido?
-Possessão. –Pope respondeu.
-O que é isso, John B? –Sarah perguntou e eu a olhei pelo retrovisor.
-Nós conseguimos, amor! –John B gritou e uma gritaria se iniciou quando todos viram a barra de ouro na mão do garoto. Eu ri sem acreditar que achamos a porcaria do ouro e todos começaram a falar juntos deixando impossível de entender algo do tanto que estávamos felizes.
-Nós vamos ficar ricos! –Kiara perguntou.
-Ricos tipo Kooks! –Pope gritou.
-VIRAR UM KOOK! VIRAR UM KOOK! VIRAR UM KOOK! –nós começamos a gritar todos juntos e eu sorri para eles voltando minha atenção para a estrada.