doin time (abo)

By harryaspink

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As paixões que mais nos tiranizam são aquelas que nutrimos em relação à origem de nossos enganos. Nossos moti... More

Part. I
Part. II
Epilogue.

Final.

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By harryaspink

Desculpem a demora! Para compensar, ai vai mais de 21k de palavras <3 desejo uma boa leitura a todes, fiquem a vontade para comentar!

LEIAM AS NOTAS FINAIS
...

A declaração de Louis deixou os neurônios de Harry em parafuso, sua mente tem estado em combustão desde esse dia. Para a sua sorte, as aulas finalmente estão prestes a acabar. Ele não pensa no que fazer com seu futuro, tampouco quais serão seus próximos passos, apenas agradece por não precisar mais ver Louis todos os dias. Ver a fisionomia do alfa é agradável aos seus olhos, porém lidar com todo o sentimento adoece seu coração. Olhando para o rapaz de olhos azuis, ele sente um misto de sensações e pensamentos eclodem em seu mente, logo perde a razão do que deve ou não fazer. Talvez, esta seja a paixão. Cruel como outro sentimento jamais poderia ser, mais confusa como a dúvida e mais dolorida que a mágoa. É algo o qual Harry jamais havia sentido. Os dias têm sido como quaisquer outros, eles trocam uma série de palavras, tentando respeitar o espaço um do outro, tudo o que Louis menos deseja é deixá-lo desconfortável. Em seguida o silêncio volta e traz consigo pensamentos intrusos, fazendo Harry questionar a si mesmo. Estar com Louis poderia melhor essa dor? Provável. Porém, há uma voz em sua mente dizendo-lhe que o alfa logo enjoaria de sua companhia e então o largaria para sempre. Ele não quer ficar sem o alfa, manter apenas uma amizade e lidar com essa paixão reprimida é o seu preço.

Ainda sim, quando Louis deixa escapar um sorriso de canto... É nesse momento que tudo cai por terra, Harry sente seu corpo queimando com a vontade de sucumbir ao alfa. E por fim, o horário das aulas acabam e ambos ficam longe um do outro pelo resto do dia, até uma nova manhã começar e dar continuidade ao ciclo interminável. No entanto, a proximidade do baile de formatura acalma os nervos do omega, trazendo-lhe o pensamento de que logo o ano letivo acabaria. Sem aulas intermináveis, sem os banheiros imundos da escola, sem comida de qualidade mediana e sem a companhia de Louis. Essa será sua vida em algumas semanas, Harry está prestes a aceitá-la de braços abertos.

A fabulosa experiência do baile de formatura não o convence, tanto que não há vontade nenhuma de sua parte em frequentar a festa. As últimas semanas houveram muitos alfas hesitantes puxando assunto com Harry, mesmo que ainda não tenha recebido nenhum convite, o cacheado sabe que toda essa receptividade de alfas possui uma finalidade. Eles procuram por uma companhia, alguém para dançar na festa e poder terminar a noite transando em algum lugar precário. É o que a maioria dos alfas esperam para a noite de formatura, pelo menos em uma cidade antiquada. Seus amigos sobressai a esse estigma, divagando sobre os planos para a festa.

— Vamos levar álcool separado? — Calvin sugere enquanto leva uma garfada até os lábios. É o horário de almoço, o momento do dia em que podem compartilhar seus pensamentos em voz alta sem julgamentos. — Digo, eu preciso beber para suportar essa babaquice.

— Festas não são babacas. Quero dizer, algumas sim... Mas bailes, eles são diferentes. Há um romantismo no ar. — Calvin expõe seu lado sentimental para os colegas, a frase do omega é seguida por murmúrios divertidos e zombeteiros dos amigos. O ruivo balança os ombros. — Eu gosto.

— Você está certo, cenouras. — Havia salada no prato do dia, Liam não pode evitar de comparar a coloração do legume com o cabelo do amigo. — Irei preparar uma noite romântica para a minha omega.

— Olhem só, alguém quer sair ganhando nessa história... — Stanley cantarola. — Foda-se essa merda de baile, isso é um tédio! Não podemos beber, tampouco fumar maconha.

— Bailes não são para isso! — Oliver insiste, seu tom de voz sobressai.

— É um saco. — Louis apenas concorda.

— Ah, qual é... Algum outro omega pode concordar comigo? — A indignação de Oli é visível, ele chuta as canelas de Harry por baixo da mesa, clamando por uma ajuda.

O cacheado contorce os lábios.
— Desculpe, Oli... Eu também não gosto.

O ruivo enruga o nariz.
— Vocês deveriam gostar dessa baboseira.

— A verdade é uma só. — Surgindo em meio aos murmúrios dos colegas, Luke abraça as ombros de Calvin. O omega não costuma passar o horário do almoço com os colegas, a presença do rapaz arranca caretas admiradas dos amigos. — Só não gosta do baile de formatura quem não tem ninguém para transar no final da noite.

— Como você é rude! — Harry arregala os olhos para a fala do amigo, não está acostumado com omegas falando dessa forma.

— Ah, cara! — Calvin desvencilha dos braços do amigo, resmungando sobre a declaração anterior. — De que lado você está?

— Dos omegas comprometidos.— Luke se junta ao demais na mesa.

— Então aqui não é o seu lugar. — Calvin completa. — Nós estamos encalhados igual um navio. Não é, Harry?

O cacheado concorda desconfortável, seu olhar tenta acima de tudo não cruzar com Louis. Ele não quer ver o sorriso constrangido do alfa, tampouco sua feição fechada pelo ciúmes costumeiro que sente quando a vida amorosa de Harry se torna assuntos entre os amigos.

— Não! — Luke levanta o dedo indicador para Harry, fazendo o omega franzir as sobrancelhas em confusão. — Você ficou com o Jesse! Cara, ele é gostoso... Se fosse alguns meses atrás, eu mataria para ser você.

As palavras de Harry somem de sua mente, ele entreabre os lábios tentando falar algo, mas seu constrangimento o impede. Não há nada o que fazer além de concorda cabisbaixo.

— Gostoso. — Calvin completa. — O que ele tem a oferecer além de um rosto bonito?

De forma sinuoso, Oliver leva uma das salsichas do prato em direção ao rosto de Harry. O ato faz o omega corar e desvencilhar do colega, fazendo todos na roda rirem, dando inicio as piadas inconvenientes entre amigos. Não há o riso escandaloso de Louis em meio aos outros, sua voz sempre sobressai as demais. Qualquer ser racional pode notar a tensão existente entre Harry e Louis. O alfa não participa das brincadeiras, apenas deixar escapar um riso mínimo nos lábios. O assunto o faz esboçar uma carranca descontente, como toda atenção do grupo está focado em Harry, os outros garotos não percebem a feição séria de Louis.

— Gente, por favor... — Tentando sobressair em meio há tantos murmúrios e risadas, Harry altera o tom de voz. Seu pedido não é levado a sério, o que faz suas bochechas adquirirem ainda mais a cor vermelha.

— Pessoal, limites. — Vendo o omega se acanhar em sua cadeira, Louis decidiu botar ordem nos amigos selvagens. O tom sério exterminou qualquer vestígio de felicidade no ambiente, fazendo todos os amigos cessarem as risadas e piadas de mau gosto. Após todos se recomporem, ele torna a continuar, levando o assunto para um caminho totalmente diferente. — Não vejo a hora de sair desse inferno.

— Ah, logos estaremos formados. — Oliver também divaga, sua frase não é esperançosa. Pelo contrário, carrega toda a sua frustração.

— Nem me fale. — Em um tom de voz igualmente cansado, Calvin concorda.

...

A irritação rotineira de Harry já é um incômodo para todos em seu convívio, na defesa do omega, há bons motivos para estar descontente. Uma cidade onde o clima é basicamente puro mormaço e céu nublado deveria ter um grau alto de humildade, mas não é o que tem acontecido no último dia. O tempo seco faz suas alergias despertarem, fora o calor que irradia por seu corpo. Enquanto usa um panfleto para fazer vento em seu rosto, ele pergunta ao primo se é comum ondas de calor como essa. O loiro retribui com um olhar confuso, dizendo sem rodeios que não estão passando por uma onda de calor, o clima está apenas mais quente que o normal. Desatento como é desde pequeno, Harry possui uma falha percepção de tempo. Nunca conseguiu prever ao certo a chegada de seu cio em razão disso, sempre se esquece de marcar e por pura falta de atenção, não percebe com o passar dos meses. Quando seus cabelos próximos da nunca ficam umidos com o acúmulo de suor, ele percebe que há algo atípico acontecendo el seu corpo. Em seguida, as febres chegam sem avisar, dando início à uma longa semana.

— Meu cio está perto. — Ele diz em voz alta, chamando a atenção do primo.

— Bom, sem baile de formatura para você. — Niall diz casualmente enquanto mexe no controle da televisão, procurando por um canal que prende sua atenção. O loiro está passando os finais de semanas na casa de Harry, compensando o tempo perdido nos expedientes de trabalho. Ambos mascam chicletes que ele havia comprado, o barulho da goma entre os dentes começa a irritar os ouvidos já sensíveis de Harry.

— Eu não tinha planos para a festa de formatura. — O omega pigarrea, tentando focar sua atenção em outra coisa além de Niall formando bolhas com a goma de mascar.

— Eu vou.

Harry balança os ombros.
— Bom para você.

— Não fique triste apenas por não ter uma companhia.

— Fique sabendo que vários alfas pretendem me convidar. — Sem paciência para comentários ácidos, Harry acerta o rosto do beta com uma almofada. — E pare de mascar chiclete dessa forma, está me irritando.

Niall forma mais uma bolha, estourando da forma mais barulhenta possível.
— E quanto ao Louis? Ele parece querer que você vá.

O nome do alfa faz roda um filme de lembranças na mente nebulosa de Harry, o que o faz lembrar que não havia contado para Niall sobre a confissão inesperada de Louis. Olhando o primo pelos cantos dos olhos, o omega decide manter o voto de silêncio. Abrir o jogo desencadearia uma série de perguntas, Harry não está disposto a explicar seus sentimentos para Niall. O loiro o julgaria com toda a certeza, pois já faz algumas semanas que ele levanta a hipóstase de Harry estar apaixonado por Louis. Niall não aceitaria calado saber que seu primo rejeitou o alfa. Além disso, ele também não é bom em guardar essas histórias para si. Dentro de um par de semanas, toda sua família já saberia do ocorrido. Mais perguntas, as quais Harry não quer ter que lidar. O silêncio ainda é a melhor opção.

— No que está pensando?

Harry guincha ao sentir o cotovelo de Niall golpeando sua costela. A pergunta o trouxe de volta para a realidade, não é agradável ser colocado contra a parede dessa forma. Ele quer ficar sozinho com seus pensamentos.

— Nesse seu maldito chiclete! — Harry exaspera.

— Jesus! — O loiro diz com espanto, engolindo a goma de mascar. — Vocês omegas ficam insuportável quando entram nessa época, ainda bem que me relaciono apenas com betas.

...

A brisa do final da tarde bagunça os cabelos de Louis, cansado após um de seus treinos individual, ele está sentado no gramado, aproveitando o vento para refrescar o corpo. O castanho encara o horizonte do campo de futebol, assistindo um belo por do sol enquanto mantém um baseado preso entre os lábios, ele traga uma ou duas vezes antes de devolver o cigarro para Calvin. Sabendo os horários de Louis, o omega passou pela campo da escola no final da tarde para assistir o amigo treinar. O empenho do alfa em ser o melhor do time é motivador, Calvin almeja a disposição de Louis, visto que ele é o único a treinar em suas horas vagas. Imagine quando o omega descobrir que o esforço de Louis, não passa de uma maneira dele descontar suas frustrações reprimidas. Ao chutar a bola para longe, ele carrega na ponta de seu pé todo seu estresse, a cada toque é um alívio em seus ombros. Assim que o treino acaba, suas preocupações somem junto com a luz do sol, tornando a aparecer quando ele pisa os pés fora do gramado.

No entanto, as últimas semanas trouxeram mais uma frustração, a qual ele ainda não achou um meio de colocá-la para fora. Várias bolas foram enfileiradas para que Louis chutasse com determinação, as tocando com mais raiva do que deveria. Na última bola, percebendo que ainda não era o suficiente, ele descarregou mais força do que deveria, fazendo seu joelho estalar. Não foi sério, porém agora que a adrenalina passou, Louis agradeceria por uma pomada. O baseado de Calvin o ajuda a manter a cabeça nos eixos, dessa vez ele mais um meio pra espairecer a mente conturbada. Mas ao que parecer, nem a maconha o torna capaz de lidar com a rejeição. Louis não pode bobear, deve manter a mente ocupada... Caso contrário, a cena invade suas lembranças. Ele lembrar perfeitamente da feição decidida estampada no rosto de Harry, não é algo bom de se lembrar após receber um não. Toda vez em que volta para esse momento, ele percebe que Harry está muito certo de suas decisões. O omega não o quer, basta aceitar.

— Uma moeda por seus pensamentos? — Calvin diz antes de levar o cigarro até os lábios, já há bons minutos que Louis não arrisca dizer uma palavra. O castanho apenas acena com a cabeça, dizendo para o amigo deixar para lá. — Então, você vai apenas ficar chutando bolas até o final do semestre?

— Já estamos nele. — Louis engole seco, o tempo havia passado despercebido entre seus dedos.

— Sim... Mas digo, deveríamos fazer algo além. Tudo o que fez durante o ano foi pensar no futebol... — Calvin não sabe um terço do que Louis têm pensado nos últimos dias. — Não há nada em mente além disso? Quero dizer, é o nosso último ano!

Louis suspira, conhece o amigo bem o suficiente para saber o motivo dele estar enrolado com as palavras.

— Você quer ir no maldito baile de formatura, não quer?

O omega sorri ladino.
— Definitivamente.

— Eu posso ser o seu par.

Calvin arqueia as sobrancelhas.
— Eu não prometo chupar o seu pau no final da noite.

A fala do colega arranca um riso nasalado do alfa.
— Qual é a finalidade disso então?

— Como se você estivesse interessado em mim...— Ele leva o baseado até os lábios, soprando fumaça no rosto de Louis. — Me conte o que há entre você e o Harry.

— Nada. — Louis desenha círculos imaginários no gramado. — Esse é o problema. O omega não quer ter nada comigo.

— Uh. — Calvin finge uma feição sofrida. — Ego ferido?

— Coração machucado. — Louis nega.

— Eu chuparia você depois dessa, quem sabe não te deixo mais animado. — É conversa de dois amigos chapados, Calvin não tem o mínimo interesse em realizar o ato.

— Vai para o inferno. — Louis estende a mão para o colega, pedindo pelo cigarro.

— Então, você já tem o seu par. — Ele passa o baseado. — Vai por mim, Harry quer você. Apenas deve estar rolando muita merda ao mesmo tempo, dá um tempo para o garoto pensar antes de tomar alguma decisão. Cada um tem o seu tempo de assimilar as coisas, sabe? Em uma hora vocês eram amigos e em outra você está apaixonado por ele. É uma grande mudança de cenário.

Pensando por esse lado, há uma certa razão no que Calvin diz. Harry é um omega confuso por si só, uma declaração deve ter sido um baque em seu mente já conturbada. Ambos têm estado próximos um do outro nos últimos meses, a amizade nutrida durante esse meio tempo pode ter o acomodado, deixando-o amedrontado de tentar algo novo. De fato, é compreensível. O estranho é Louis nunca ter pensado dessa forma, desde o dia fatídico, ele tem andado pelos cantos se martirizando, perguntando a si mesmo a razão pelo qual Harry não o amava. Fora dias tentando lidar com a rejeição, olhando apenas o seu ponto de vista. Em momento algum foi empático com o omega, jamais pensaria em encarar a situação com outros olhos. Bom, o egocentrismo de Louis sempre foi algo que Harry criticou. Talvez por esse motivo, Harry não retribuísse seu amor. Ou não. Estes podem apenas ser os pensamentos gritantes de Louis após um baseado.

— Você pode estar certo.— Ele empurra os ombros do amigo. — Compre mais disso 'ai, está fazendo bem ao seu senso crítico.

...

O clima lá fora não é um dos melhores, há uma geada balançando as árvores com seus ventos fortes. E ainda sim, Harry não sente nada além de calor. Essa onda quente que irradia de seu corpo, o impede de sentir qualquer outra sensação além da queimação de sua pele. Seu cio está mais próximo do que havia previsto, mas ele prefere não pensar sobre, não quer lidar com toda a frustração de antemão. Enquanto seus amigos de escola postam fotos em todas as redes, vestidos em seus trajes de gale para posarem sorridentes, ele cobre seu corpo com uma regata e uma calça moletom. A calça é devido sua mãe ter martelado em suas orelhas por ele não proteger o corpo do frio, a peça aquece suas pernas mais do que deveria. Ele rola o dedo pela tela do celular, suspirando a cada foto. Apesar de ter torcido o nariz para a festa de formatura, há uma pitada de inveja quando vê os casais felizes prestes à irem para ao baile, não é sua culpa... Afinal, ele estão por todas as redes sociais. Até mesmo Niall, ele não cansa de se gabar sobre seu par, uma beta bonita e simpática.

A campainha faz seu corpo sobressair, deixando o celular escapar de suas mãos. Ele espreita os arredores, esperando uma resposta de sua mãe. Talvez, ela esteja esperando uma visita... É o que pensou. No entanto, Anne está trabalhando nesse momento, chegaria em casa somente ao amanhecer. Sendo assim, o omega levanta e caminha acanhado até a porta, prendendo seu braço com uma mão, apertando a pele quente. Antes mesmo de alcançar a maçaneta, o cheiro familiar inala seus sentidos, o aroma de narcisos quase o faz salivar... O que parece estranho, afinal não é um cheiro desejável. É apenas o próximo cio de Harry, reagindo ao cheiro agradável que Louis exala. Mesmo que relutante, o cacheado leva a mão até a maçaneta, reunindo coragem para abrir a porta em um solavanco.

De fato, é Louis. O alfa lhe encara surpreendido, assustado pela recepção. Harry checa sua fisionomia dos pés a cabeça, notando imediatamente o terno típico usado em bailes. Nas mãos de Louis, está pendurada uma gravata. O aroma do alfa impregnado em seu quarto, será algo para se preocupar depois.

— Eu não consigo dar o nó... — A voz suave agracia os ouvidos sensíveis do omega, que em resposta, relaxa o corpo. — Sequer sei como estou, me sinto um idiota vestindo isso... Pode me ajudar?

O omega deixa escapar um sorriso admirado, que toma forma nos cantos de seus lábios. Ele deixa a cabeça cair, recostando contra o batente na porta, ponderando enquanto encara o alfa. Assentindo com um sorriso devidamente aberto. Louis rodopia pelo quarto de Harry, checando a própria figura contra o espelho e franzindo os lábios para o que. O omega está sentado a beira de sua cama, encarando cada movimento feito pelo outro. E nossa. Louis ficou ainda mais deslumbrante vestindo o terno.

— Nunca pensei que fosse parecer tão ridículo. — A voz do alfa rompe os devaneios de Harry, que pisca atônito assim que volta para a realidade.

— Você está ótimo. — Ele encara a gravata no pescoço de Louis. Não é um nó perfeito, mas foi o melhor que Harry conseguiu fazer. Quando o silêncio predomina, o cacheado decide afastar a timidez, aliviando o nervosismo em prende a barra da blusa entre os dedos. — A Eleanor está pronta?

Pelo reflexo de Louis, o cacheado pode ver o alfa franzindo o cenho.

— Presumo que sim. — O alfa rodopia, finalmente fazendo contato visual. — Eu não sei... Ela não é o meu par. Estou sozinho essa noite.

A resposta surpreende Harry, que enche os pulmões de ar antes de continuar.
— Mas vocês dois iriam ser coroados como rei e rainha do último ano!

— Não nos falamos desde o jogo. — Louis diz cabisbaixo, as mãos recolhidas nos bolso laterais da calça. Ele balança os ombros. — Eu não ligo para a festa ou essa coroação idiota... Estou indo porquê o Calvin pediu. Somos amigos há um bom tempo, este é apenas outro favor.

Louis é tão cuidadoso com suas palavras, até mesmo seu tom suave parece ser premeditado.

— Você também deveria ir.

O corpo de Harry fica rígido novamente, fazendo-o engolir seco assim que as palavras do outro fazem sentindo em sua mente. Ele tenta disfarçar o incômodo, espreguiçando os braços para corrigir a postura,

— Estou bem... Quero dizer, posso não está vestido como você. — Harry está certo que sua aparência está arruinada nesse momento. — Mas estou ótimo, sério. Não quero ir ao baile, vou ficar em casa.

— Por que? — O alfa acena em direção ao amigo, não aceitando suas palavra desajeitadas.

— Porque tudo é tão ridículo... E eu passei por algumas coisas nos últimos dias, não estou no clima. — É a verdade. Harry fez o possível para não gaguejar, encarando o outro de forma orgulhosa.

O som dos sapatos chiques de Louis batendo contra o piso, é único som presente durante seu curto percurso até a cama. Ele senta ao lado do omega, que sente o coração disparar ao perceber o quão próximo estão.

— Você deveria ir, merece alguma diversão... Estarão todos lá. — Louis desliza a língua entre os lábios. — Não se afaste do seus amigos por minha causa.

Harry arregala os olhos.

— Não é por sua causa! — Ele não espera o outro terminar, cospe as primeiras palavras que pensou assim que ouviu Louis condenando a si mesmo.

— Então vamos. — Louis aperta gentilmente as mãos de Harry.

— Eu... Eu vou parecer um idiota sozinho. — Harry desvencilha do toque, puxando as mãos para o seu colo. Ele já está ficando mais nervoso do que o normal, ter as mãos quentes de Louis contra sua pele, não irá ajudar. — Nem tenho uma roupa... Tipo, não vai dar.

— Ah, pare! — O castanho arregala os olhos, soltando um suspiro sôfrego, dramatizando o quão cansado está das desculpas de Harry. — Posso te emprestar um terno! E você não estará sozinhos, ficará com seus amigos... Não é como se fôssemos andar em pares a noite toda.

O cacheado redireciona o olhar para fugir dos olhos esperançosos de Louis, que volta a tocar sem suas mãos. O toque faz o omega morder o interior da bochecha.

— Estou indo para fazer um favor ao calvin... — Ele escuta atentamente as palavras de Louis enquanto encara o canto da parede. — Você pode fazer o mesmo por mim? Ir ao baile, por favor?

O timbre de voz do alfa rende o coração de Harry, que fraqueja as batidas. Apesar de assentir com a cabeça, o cacheado lança um olhar vazio ao amigo, fazendo toda a esperança sumir da feição de Louis.

— Eu não posso... — A voz do omega sai em um fio. — O meu cio está perigosamente perto, ficar em um lugar tão cheio como um baile... É muito arriscado. Quero dizer, não é como se eu estivesse nesse momento, mas tantos odores e presenças... Pode ser um gatilho. Você entende, não é?

O alfa assente, soltando gentilmente as mãos de Harry, deixando o ar frio chocar contra a pele aquecida da região. Louis pondera durante alguns seguros, dessa vez é ele quem encara o canto do quarto, apenas para não estabelecer contato visual.

— Eu entendo... — Ele sibila, prestando atenção nas próprias palavras. — Mas você quer ir? Apenas me diga se quer ou não.

O omega assente calado, havia realmente um desejo repreendido de estar naquela festa. O qual poderia ser facilmente ignorado, se não fosse os olhos pedintes de Louis e seu tom de voz tão aberto.

— Se você for... — O alfa continua, chamando a atenção de Harry com um toque no queixo. Ele desliza o indicador pela mandíbula bem delineada do omega, acariciando a região enquanto divaga nos próprios pensamentos. — Eu prometo ficar do seu lado o tempo inteiro. Não vou deixar ninguém chegar perto de você, ou sentir o seu cheiro. Vamos ficar próximos a todo momento, assim o meu aroma vai prevalecer... Isto é, se você não se importar em ter meus ombros contra os seus durante todo o baile.

A última frase de Louis é seguida por um sorriso que surge em seus lábios, ele afasta o toque, dando espaço para Harry.

— Eu não me importaria...— O omega aproveita da proximidade para analisar os detalhes perfeitos do rosto de Louis, movendo os olhos a todo momento para capturar cada feição. — Você acha que vai dar certo? Será um problema se sentirem o meu cheiro.

— Pessoas sempre fazem isso. — O alfa diz casualmente. — É até nojento pensar em como aqueles casais mascaram seus cios com o cheiro um do outro.

Harry enruga o nariz para a frase de Louis.

— Precisamos achar um terno para você. — O castanho arregala os olhos, levantou-se de abrupto, prontamente tirando o blazer que veste. — Pode ficar com o meu blazer, será até melhor para evitar o seu aroma.

A peça de roupa pesada cai sobre os ombros de Harry, que sorri tímido antes de corrigir a postura.

...

No baile as luzem alternam entre a cor roxa e azul, algo esperado para um evento organizado por adolescentes. A festa já caminha para o final quando Calvin surge segurando em mãos, um pequeno compartimento de metal, despejando o líquido em um das bebidas servidas no baile. Ele sorri animado para os amigos, que não perdem tempo preencher seus copos com a bebida batizada. Harry observou calado, prestando atenção na conversa dos amigos enquanto segura seu copo vazio, ele decidiu não provar a bebida feito pelo Calvin, seus sentidos já estão bagunçados demais pelo cio que está prestes a chegar. Ele encara o interior do recipiente, torcendo lábios quando lhe vêm em mente o pensamento de que ficará o resto da noite sem beber. Um abraço forte empurra seus ombros para frente, trata-se de Liam que escorou os braços no corpo de Harry. O alfa grita algo animado, tomando o copo vazia das mãos do omega e oferecendo outro em seguida.

— Eu não quero beber...— Seu tom de voz diminui gradativamente conforme assiste o amigo sair de perto. Harry suspira, balançando os ombros antes de dar um gole no líquido amargo de coloração suspeita.

— Ei. — Louis surge ofegante, esteve na pista de dança com os amigos nos últimos minutos... Durante o tempo que ficou entretido com os demais colegas, ele alternou os olhares para os colegas e o corpo de Harry, que estava afastado. O omega preferiu ficar longe da movimentação, quase isolado da diversão. No entanto, Louis sabe que ele está fazendo seu melhor em uma época difícil.

Harry inclina o copo para o amigo, acenando com uma piscadela e um dar de ombros tímido.

— Você está achando tudo um saco, não é? — O alfa torce o nariz.

— Não! — Harry retruca, arregalando os olhos. — A festa está bem legal, estava conversando com o Stan e ele me contou algumas histórias de vocês.

— Oh Deus. — Louis desliza as mãos pela calça, provavelmente tentando limpar o suor. — É pior do que eu pensava.

Harry ri pela frase, estapeando os ombros de Louis.

— Está tudo bem, é sério... Não quero que perca a noite preocupado comigo.— O cacheado franze as sobrancelhas, como se estivesse implorando.

— Eu não estou perdendo nada! Só quero te fazer companhia.

O omega entende o que Louis quer dizer, mas sabe que não é uma verdade completa. Ele percebeu os olhares do alfa durante o baile, olhos espertos que capturavam cada movimento seu. Louis é popular e possui muitas amizades pela escola, é natural que ele seja disputado, há muitas pessoas ao seu redor, querendo um pouco de sua atenção... E Harry não quer ser uma pedra no sapato.

— Tudo bem, então. — Ele revira os olhos, fingindo acreditar nas palavras de Louis. O vislumbre da pista de dança chama sua atenção, notando o aglomerado de pessoas sorridentes. Onde o alfa estava até poucos segundos. — Acho que deveríamos dançar, não é? Como pessoas normais.

O castanho concorda sorridente.
— Você é o único que está parado. — Dito isso, ele guia o omega para a pista de dança, o puxando pelo braço.

As luzes piscam a todo momento e a música alta causam um chiado incessante nos ouvidos sensíveis de Harry... Ainda sim, ele aproveita cada segundo. Há inúmeros rostos conhecidos no borrão que se torna a sua visão enquanto dança, ele troca sorrisos com os colegas, tentando se comunicar o máximo que o som alto permite. Quando as gotas de suor começam a acumular em sua testa, o omega decide parar, tomando um fôlego após se afastar alguns passos dos amigos. A respiração ofegante demora a normalizar, um copo de água ajuda a acalmar seu coração acelerado. Tudo ocorre bem, isto é, até o momento em que Harry sente uma mão pesada pousar em sua cintura. Como há muitos cheiros ao redor, ele sequer percebeu alguém se aproximando.

O momento foi rápido, assim que sentiu o aperto inconveniente em sua pele, Harry entortou o pescoço para verificar o seu lado, franzindo o cenho para o desconhecido que está atrás de seu corpo. O alfa inclina para mais perto, prestes a atacar os lábios de Harry em um beijo. O omega percebe a intenção, desvencilhando rapidamente das mãos do rapaz, afastando o máximo que pode com suas pernas trêmulas. Não demorou até que Louis surgisse em seu campo de visão, em um ato bruto, ele chega empurrando os ombros do outro alfa...Os zumbidos no ouvido de Harry impossibilitou escutar o que ambos estavam gritando um para o outro. E então, aparece Liam e Stanley, dando suporte para Louis. Há uma série de empurrões e gritaria, o omega só percebe o que de fato está acontecendo, quando reconhece o rosto de Niall.

— Está bem? — O loiro checa. — Você conhece esse cara?

o omega nega com veemência, franzindo as sobrancelhas para a figura zangada de Louis. Nesse mesmo instante, o alfa também lhe encara de relance, fazendo os olhares se cruzarem. Notar como Harry está assustado e vulnerável, o faz desistir da briga.

— Você está bem? — Louis se aproxima, segurando os ombros de Harry.

— Estou...— O cacheado espreita o corpo de Louis, notando como o rapaz desconhecido parecia perdido com tantos alfas ao seu redor, todos prontos para iniciar uma briga. — Deixe, ele deve estar bêbado.

— Ele não deveria ter feito isso. — Niall insiste.

O castanho assente para as palavras de Harry, olhando de relance para onde acontece a movimentação.

— Certo. — Louis corrige a postura, deslizando a língua entre os lábios para manter a calma. Ele inspira fundo, olhando para qualquer outro canto após chicotear o nariz com o dedo. — Desculpe por ter me descuidado.

O outro apenas assente com veemência, aceitando qualquer fala para a briga terminar.

— Podemos sair daqui? — Harry segura com firmeza a mão de Louis.

O castanho concorda com hesitação, assobiando para os amigos, insinuando para deixarem a briga de lado. Mesmo que Liam ainda esteja com as narinas infladas e peito estufado, ele concorda, deixando para trás o alfa desconhecido, que agora está terrivelmente assustado. Caminhando em passos cegos para fora do salão, Harry e Louis saem pelas portas dos fundos, ambos suspiram aliviados ao sentir o ar puro entrando em seus pulmões. Eles pararam no estacionamento, onde somente havia a luz do luar. Os carros velhos de adolescentes podem não ser uma vista agradável, mas lua cheia consegue atrair toda a atenção.

Assim que escuta a porta bater, o omega espreita atrás do corpo de Louis, notando que nenhum dos seus amigos haviam seguido ambos.

— Desculpe por aquilo. — Ainda ofegante, o alfa diz para quebrar o silêncio. Até este ponto, havia apenas o ruído de grilos e o barulho abafado da festa. — O garotos pararam com a briga.

O cacheado assente, pigarreando antes de dizer algo.
— Você pediu e eles fizeram... Você é tipo, o líder da matilha ou algo assim?

Um sorriso brota nos lábios de Louis, que torce o nariz para a pergunta.
— Eles me obedecem porquê são idiotas.

O diálogo ameniza o clima tenso após a briga, Harry ainda consegue ver as narinas infladas de Louis e seu comportamento defensivo. Uma onda de culpa invade seu peito ao notar que está fazendo o alfa perder o baile de formatura, não apenas por estarem do lado de fora, e sim porquê Louis passou a noite preocupado com Harry. Até mesmo começou uma briga pelo omega, fazendo toda festa parar. Assim que a culpa começa a pesar em seus ombros, o cacheado desliza as mãos pelos braços de Louis, parando o toque quando alcança seus bíceps, segurando firme enquanto encara os profundos olhos azuis.

— Desculpe por isso... Eu vou para a minha casa, será melhor assim. Você fica! Eu posso pedir um carro ou tentar falar com a minha mãe. — Harry espreme os lábios, tentando impedir que os olhos marejados se dissipem lágrimas.

O alfa franze as sobrancelhas preocupado assim que vê as lágrimas prestes a surgirem nos olhos do outro.

— Não... Não. — Ele diz cuidadoso, levantando o rosto cabisbaixo de Harry com a palma da mão. — Você não precisa ir, se não quiser!

— Eu quero. — Harry engole o choro, se fosse outra situação, prova estarie eufórico pela briga, mas seu cio está deixando-o ainda mais emotivo.

— Certo, então iremos juntos, hum? Eu levo você. — Apesar de não insistir, Louis se solidariza. Ele afasta pouco centímetros para rondar os olhos pelo estacionamento, procurando pelo carro. Assim que o encontra, seu corpo move milímetros, o que faz Harry instintivamente agarrar seu punho, o impedindo de sair dali.

— Louis, você não precisa ir por minha causa! A festa está boa, todos te querem aqui e você está curtindo... Já perdeu parte da noite cuidando de mim, não quero que perca o resto.

O alfa respira fundo, tomando ar para ser paciente com Harry. Ele quer explicar com todas as letras, que não o deixará sozinho... O que Harry se recusa a entender.

— Eu só estou aqui porquê você aceitou vir. Não estou deixando a festa para cuidar de você! Apenas quero ficar do seu lado. Não me importo com os bailes ou com as pessoas que estão lá dentro, provavelmente nunca mais às verei em minha vida! Eu só quero estar contigo... Não por eu sentir pena ou estar preocupado. Você continua a achando que que me atrapalha, quando eu faço questão de estar ao seu lado! Que saco, Harry, tente entender isso.

Omega pisca atônito para o desabafo, as borboletas de sua barriga reagem em conjuntos com as palavras de Louis. A adoração que sente no feito, fez brotar nos lábios de Harry um sorriso que cresceu gradativamente, que desapareceu quando a voz do alfa subiu de tom na última frase.

— E por que está gritando? — Ele franze as sobrancelhas ao mesmo instante que um bico toma forma em seus lábios.

Encantado com a postura do omega, Louis deixa escapar um suspiro apaixonado. Afinal, somente Harry reagiria à uma declaração dessa forma. Louis pousa a mão nas cinturas, tomando alguns segundos de coragem enquanto encara o luar. Antes que fosse contestado novamente, ele avança no corpo do omega, segurando sua cabeça com as mãos para beijar seus lábios de forma bruta e necessitada, porquê Louis realmente precisa disso e o impulso é tão forte que faz o corpo de Harry cambalear para atrás. O beijo é uma confusão, é apenas o exaspero de Louis contra os lábios suaves ainda paralisados de Harry.

E Louis interrompe o beijo assim que percebe não haver nenhuma reação esboçada pelo omega, afastando o rosto poucos em centímetros ou o suficiente para ainda sentir a respiração do outro contra a sua pele. Não há nenhum outro som além da respiração ofegante de Louis, que tenta aos poucos retomar aa estribeiras. E mesmo que segunda tenham passado, ainda não há nenhuma manifestação de Harry. Já arrependido de suas ações, o alfa levanta a cabeça, prestes a pedir desculpas e sair dali o quanto anos... No entanto, é puxado de volta pelas mãos firmes de Harry, que agarram seus fios de cabelo. Seus lábios são contidos novamente em um beijo, dessa vez havendo o som molhado das línguas deslizando uma contra a outra. Porquê os lábios de Harry são assim, molhados e macios para que Louis possa desfrutar a noite toda.

É tudo tão satisfatório, que um gemido escapa dos lábios do alfa. Como se quisesse tornar o contato mais profundo, ele desliza a mão até a cintura de Harry, firmando a mão na região para aproximar o corpo do omega ainda mais. O toque é quente. E como se o corpo de Harry entrasse em combustão, ele começa a sentir o calor subindo pelos ossos, o que o faz avançar ainda mais no lábios de Louis. O beijo é estendido por segundos, sendo cortado pelo alfa, que afasta o rosto alguns centímetros. Ele toma fôlego, sentindo um ar gelado contra os lábios umedecidos. A respiração do outro também está ofegante e Louis usa de seus tempo para encarar o rosto do omega, notando como seus olhos estão brilhosos, ao ponto de conseguir enxergar a si mesmo nas pupilas de Harry.

E a adoração refletida no olhar do omega, é algo que realmente o acerta. Louis não é um alfa precipitado, sequer costuma beijar em público. Ele é reservado e procura quase sempre evitar comentário desnecessários. No entanto, a aparência de Harry e como ele reagiu ao beijo, parecendo tão satisfeito com um único toque, fez suas pernas baquearem. E como se houvesse um imã entre ambos os corpos, Louis volta a agarra a cintura do omega, dessa vez afundando o rosto na curva de seu pescoço. Atendendo a uma necessidade que está começando a queimar seu corpo, ele fareja o aroma adocicado de Harry. Algo que ainda não havia feito devidamente. E seu aroma é tão desejável, amargo porém adocicado na medida certa, como um bom licor esperando para ser degustado. No entanto, há algo além.

Há algo no cheiro de Harry, que fez suas narinas dilatarem e os sentidos se aguçarem. Suas gengivas coçam pela vontade súbita de cravar os dentes na pela macia do omega, o que faz Louis se afastar. Meramente afastado, o alfa franze o cenho, tentando identificar o que havia de errado. O ar gélido contra o pescoço exposto de Harry, o faz estremecer. Ao levar mão até o local, ele pode nitidamente sentir o calor que a respiração de Louis havia deixado. Não só o cheiro, mas como também a feição do omega está diferente, seu olhar agora está opaco e distante e os lábios estão entreabertos.

— Você está bem? — O alfa checa, acariciando a bochecha de Harry com a palma da mão.

O omega assente, balançando a cabeça com veemência, o que faz parte de seu cabelo cair contra a testa.

— Por que parou? — Sua voz sai em um fio.

O alfa engole seco, sentindo o calor irradiando contra a palma de sua mão. Ele olha ao redor, localizando onde havia estacionando o carro.

— Acho melhor irmos, hum? Vou te levar até a sua casa. — Gentilmente, Louis entrelaça os dedos contra os de Harry e o puxa levemente, criando impulso para poder guia-lo até o estacionamento.

— E você irá ficar comigo?! — O cacheado pergunta, tropeçando nos pés pela velocidade em que está sendo obrigado a andar.

Louis morde os lábios, preferindo ficar calado. Eles chegam até o carro facilmente, houve uma dificuldade em encaixar a chave na porta, mas Louis se saiu bem. Assim que senta no banco do motorista, ele suspira aliviado. Isto é, até notar que Harry ainda está parado do lado de fora. O alfa estica o corpo para abrir a porta e por mais que tenha aberto, o corpo do omega continua estático.

— Vamos, Harry... Entre. — Como se estivesse tido um estalo com as palavras de Louis, o cacheado pisca atônito e obedece, entrando silenciosamente no carro.

De relance, ele nota a movimentação de Louis para dar a partida. Para impedi-lo, Harry pousa a mão no braço do alfa, apertando a região com firmeza.

— Eu fiz algo errado? Por que estamos indo, assim de repente? Você queria ficar. — Sua voz soa robótica e há um longo intervalo entre cada palavra.

— Deus, Harry! — O alfa clama, espremendo os olhos com força. — Você está entrando no cio, não percebe?

O cacheado balança a cabeça negativamente, sua feição permanece a mesma. Louis pragueja internamente, Harry já está distante.

— Por favor, tente ficar aqui! Entendeu? Não se perca antes de chegarmos. — A voz de Louis é firme, acentuando cada palavra perfeitamente, esperando que dessa forma, o omega possa compreender. E assim que ganha um aceno de Harry, ele não pensa duas vezes antes de dar partida e sair com o carro.

— Está ficando tão quente... — O cacheado diz de forma arrastada, desabotoando os primeiros botões de sua camiseta. Olhando de relance, Louis consegue ver as madeixas onduladas de Harry coladas contra a testa pelo suor. Sua
boca  está entreaberta e as sobrancelhas franzidas. Apenas um único vislumbre da aparência atual do omega, foi o suficiente para fazer o sangue de Louis fluir mais rápido. Ele nega descrente para o que está acontecendo batendo os dedos contra o painel do carro, ligando o ar condicionado.

O ar frio parece acalmar o corpo de Harry, que até então estava se remexendo desconfortavelmente no banco do passageiro. Louis está rígido em seu acento, tentando manter os olhos na estrada as mãos firmes no volante... O que é difícil quando se parece estar dentro de uma nuvem densa e nebulosa, porquê é assim que está seu carro. O cheiro de Harry está deixando rastros, como uma poeira no ar, tornando cada vez mais esmagador para os sentidos aguçados de Louis, que em um ato inconsciente, funga o ar que respira. O choque é imediato. Assim que o aroma adocicado entra em sua mente, inebriando cada um de seus sentidos, ele senta as pernas ficarem dormentes, reconhecendo apenas o incômodo que surge em sua virilha. Ele morde a ponta da língua, tateando ao lado para descer seu vidro, na esperança de que algum ar fresco dissipe a nébula densa que o cheiro de Harry criou.

Louis checa o comportamento do omega pelo canto dos olhos, notando como Harry está caldo, apenas mantendo os olhos fechados e a cabeça recostada contra o banco e em razão do tempo que ficou encarando, também pode vê-lo mordiscando o lábio inferior. O alfa pisa no acelerador, praticamente correndo contra o tempo. E no momento em que consegue alcançar a casa de Harry, ele respira aliviado, relaxando o corpo no assento, notando como as articulações de suas mãos estão esbranquiçadas pela força que usou no volante.

— Chegamos.  — A afirmação é direciona para si mesmo, Louis ainda não consegue entender como cruzou a cidade tão rápido. Ele encara a faixada da casa, tudo está apagado. Mais cedo, Harry havia comentado que estava sozinho, em razão Anne estar trabalhando em turnos extras. E porra, que tipo de alfa ele seria se abandonasse um omega nessas situações, o deixando contar com a própria sorte? Este pensamento o faz espremer o olhos, suspirando incrédulo mais uma vez.

No banco ao lado, está Harry, ainda na mesma posição. Sequer havia notado quando o carro parou, o omega está gastando todo o seu foco para não perder os sentidos, o que parece ficar mais difícil a cada segundo. Porquê ele está perto de Louis, sentindo sua presença esmagadora e seu aroma dominante que bagunça a mente de Harry ainda mais. E no momento em que a pressão ficou ainda mais forte, puxando para longe sua consciência, ele consegue ouvir Louis chamando por seu nome. O que funciona como um estalo, lhe trazendo para a realidade imediatamente.

— Sente-se bem? Consegue chegar até à sua casa? — A voz de Louis soa como uma melodia em seus ouvidos aguçados. O omega demora para raciocinar, demorando para perceber que já haviam chegado. Ele olha através do vidro do motorista, arregalando os olhos ao perceber que sua casa está logo atrás. Porquê, bem... Isso significa que é a hora de se despedir de Louis. E Harry não quer isso. O alfa continua lhe encarando, aguardando por uma resposta, obtendo apenas uma balançar de cabeça. — Ótimo.

Harry rapidamente nota quando Louis direciona a mão até a maçaneta, em um ato exasperado, ele agarra o braço do alfa.

— Você vai ficar comigo?

Louis encara a feição esperançosa do omega, ele pensa em responder, no entanto sua coragem esvai ao notar os olhos brilhantes e esverdeados. É desta maneira que tem sido encarado durante toda a noite. E não há bravura o suficiente que faça Louis quebrar o olhar apaixonado de Harry.

— Não posso te ajudar, querido. — Ele responde suave, reprimindo sua vontade de tocar o rosto bonito do omega. — Prometo ficar aqui, do lado de fora, até a sua mãe chegar. Tudo bem?

O cacheado nega com veemência.
— Por favor, Louis.

A voz se Harry sai em um fio, como se ele houvesse investido todas as usas poucas forças em uma única frase. Louis engole seco, travando a mandíbula mais uma vez. E no primeiro momento em que o alfa abaixa a guarda, Harry aproveita do espaço entre o banco do motorista e o volante, para pular em cima do corpo de Louis, sentando em suas pernas. O cio de Harry está avançando cada vez mais, no estágio atual, seus pensamentos não estão organizados.

— Não me deixe sozinho, por favor. — As mãos quentes de Harry seguram o pescoço de Louis, transmitindo calor para a pele do alfa, que está paralisado.

O peso do corpo de Harry faz o alfa arfar, há uma pequena pressão criada contra a sua virilha, e seus corpos estão completamente encaixados. No entanto, não há espaço o suficiente para o corpo do omega, que tem suas costas pressionadas contra o volante, definitivamente não é uma boa posição.

— Você vai gostar, Louis... Eu prometo. — A fala arrastada de Harry é carregada de desejo, seus lábios vão diretamente para o pescoço do alfa, beijando cada espaço da região. A pele de Louis irradia calor contra os lábios do omega, que está empenhado em mordiscar onde começar a mandíbula de Louis, aproveitando da proximidade para redirecionar a boca até a orelha, sussurrando sedutoramente. — Vou fazer você gozar tantas vezes, vamos fazer isso juntos.

Dito isso, o omega suga o lóbulo da orelha de Louis. O que é muito para um alfa que está tentando não perder controle, porquê nesse momento, ele tem Harry sentado em seu colo,
movendo o quadril em movimentos circulares de modo que faça o pau de Louis friccionar contra o tecido das roupas, instigando sua imaginação com lábios molhados deslizando por cada canto de seu rosto.

— Harry. — As mãos de Louis estão afastadas de qualquer lugar que possa tocar, suas articulações queimam de tanto desejo de apertar a cintura bem delineada de Harry. Seu chamado é ignorado pelo omega, que continua insistindo em lhe beijar, mesmo que o alfa esteja com os lábios fechados. Sobretudo, Louis sabe que isto é apenas o cio de Harry. — Por favor, me escute... Não podemos fazer nada nesse momento, Haz. Você não está pensando direito.

A única reação do omega, é deslizar uma das mãos pelo abdômen de Louis, arranhando sua pele através da camiseta durante o percurso, ele para o movimento ao alcançar a cintura do alfa,  puxando levemente o cós da calça em conjunto com a borda da cueca que Louis veste.

— Certo. — O alfa arfa, relembrando a si mesmo que não poderia se deixar levar pela excitação que atinge seu corpo. Ele estremece, decidindo tomar alguma atitude antes que seja tarde demais. As mãos de Louis afastam o rosto de Harry para longe, o que faz o cacheado chiar insatisfeito. — Olhe pra mim, está bem?

É preciso segurar as bochechas do omega, para obter tal feito. Como já esperado, a pupila de seus olhos está dilatada ao ponto de haver apenas um resquício da íris esverdeadas.

— Você precisa ir para a sua casa, entendeu? Sozinho! — Ao término da frase, a voz de Louis sobe alguns oitavos, soando como um grito. O tom de voz alterado é o que faz o omega recuar, tirando as mãos do corpo de Louis. Logo, os olhos de Harry voltam ao normal, sendo substituídos por um olhar quebrado. A expressão chateada toma posse do rosto do omega. Afinal, todas as suas emoções estão a flor da pele neste momento. O alfa suspira cansado, já se condenando mentalmente por ter gritado. Porquê bem, Harry está se sentindo rejeitado e isso está estampado em seu rosto. — Não é isso, está bem? Apenas não posso, sinto muito. Você não quer transar, isso é apenas o seu corpo reagindo ao seu cio, sabe disso... E eu também estou sentindo, está bem?

O omega solta um gemido sôfrego, deslizando os braços até o pescoço de Louis para poder abraçar o corpo do alfa.

— Está doendo...— Ele apoia a cabeça nos ombros de Louis, espremendo os olhos para a dor que o atinge.

O alfa encara novamente a faixada da cabeça, deslizando a língua entre os lábios ao constatar que não iria conseguir convencê-lo nestas condições. Uma vez em que Harry está apoiado em seu corpo, murmurando baixo enquanto seus quadris continuam a remexer involuntariamente contra o colo de Louis. O alfa toma fôlego, criando auto controle para levar as mãos até a cintura de Harry, pousando uma de cada lado. O corpo do omega sobressai, deixando o torso ereto assim que sente o peso das mãos do alfa.

— Você irá se sentir melhor, está bem? Apenas me deixe cuidar disso. — Os dedos ágeis de Louis desabotoam a calça de Harry, o omega reage, levantando o corpo durante alguns instante para deixar a peça cair em seus joelhos. O alfa permite deslizar a palma da mão contra as coxas macias de Harry, admirando durante alguns instantes o quão bem desenhado é o corpo do omega.

Por muito pouco, Louis não se perde. Seu peito inflou pela ar preso nos pulmões assim que viu o omega vestindo apenas uma peça íntima. A visão é mínima pela posição em que estão, mas como o poucos espaço entre ambos os corpos, ele pode reparar a cueca boxer de Harry, cuja a barra está apertando as coxas grossas do omega. E com essa visão, Louis pode notar claramente o quão duro o outro está, ao ponto do tecido mexer conforme o pau de Harry estremece pela sensibilidade. O alfa inspira fundo, voltando a olhar somente para os olhos esverdeados brilhantes. Ele tateia cegamente pelas costas do omega, puxando o cós da cueca para baixo assim que o localiza. Está tudo molhado pelo lubrificante natural do omega. Ainda sim, se fosse em outra ocasião, Louis empurraria dois dedos pelos lábios de Harry, o forçando a sugar e umedecer com sua saliva. No entanto, Louis não quer levar para o lado sexual, salvando esse pensamento para o futuro.

O alfa sente o olhar pesado de Harry sobre si, houve um momento em que ele ousou cometer contato visual, arrependendo-se assim que notou como o rosto do omega está mudado, assumindo uma feição mais atraente e sensual. Em um rosnado, Louis avança em seus lábios, dando início há um beijo feroz, onde sua língua deslizava agressivamente contra a de Harry, criando a perfeita sincronia e o som molhado que passa a ecoar pelo ambiente fechado. A afobação do omega não lhe permite continuar, tornando o beijo apressado e atrapalhado, fazendo os lábios de Louis doerem pela pressão investida. Como o alfa já havia dito, é apenas o corpo de Harry reagindo ao seu. E droga, não é dessa forma que Louis queria marcar sua primeira noite com Harry, porquê ele já esteve idealizando isso há muito tempo.

— Harry... — Ele clama mais uma vez.

...

Os olhos de Louis franzem para o nascer do sol,  o raios solares irritam sua visão, que até então havia adaptado ao escuro. Ele torce os lábios, tateando pelo teto do automóvel até localizar o quebra sol, rosnando de mau humor pela forma em que havia acordado. Sequer notou quando caiu no sono. Demora segundos para o alfa perceber que na verdade, foram seus sentidos aguçados que despertaram. Pelo retrovisor, foi possível ver a figura de Anne caminhando pela calçada. A mulher aparenta estar exausta, suspirando a cada passo. Quando a omega se aproxima, Louis decide que é o momento de aparecer, saindo do automóvel em um pulo. Anne se assusta com a figura de Louis, encarando o rapaz com os olhos esbugalhados e a mão posta contra o peito, de fato surpreendida, seu cansaço a impossibilitou de notar a presença do alfa.

— Louis?!

O rapaz leva a mão até a nuca, sorrindo amarelo.
— Bom dia...

— O que faz acordado, em frente à minha casa? — Anne arregala os olhos após o término de sua frase. — E Harry, ele está bem? E por isso que está aqui?

O alfa assente em concordância, assumindo uma expressão séria.
— Sim... Nos fomos ao baile de formatura, presumo que ele tenha avisado.

— Não?! Jesus, ele deveria ficar em casa.

Louis morde a língua, seu omega realmente não havia facilitado.
— Bom, ele entrou no cio durante a volta.

— É exatamente isso que eu temia! — A mulher diz incrédula, batendo os sapatos contra o chão.

— Eu o trouxe em segurança! — Louis cospe as palavras, querendo evitar qualquer interpretação equivocada. — Eu não o toquei em nenhum momento... Foi difícil tirá-lo do meu carro, mas eu consegui. Como ele está sozinho, fiquei esperando você chegar para ir embora. 

A feição irritada de Anne esvai ao que o alfa termina de falar, seus lábios contorcem em um mero sorriso.

— Você é muito bom com o Harry, não é? — Ela pergunta em adoração. — Muito obrigada, querido... Devo agradecer aos céus pelo meu garoto ter alguém tão bom e educado como você, se fosse qualquer outro alfa...

— Eu não deixaria! — A voz de Louis a interrompe, ele soa mais rígido do que o normal.

Anne assente.
— Novamente, obrigada... — A mulher caminha até a porta, virando-se mais uma vez para onde Louis está, perto do meio fio. — Estou muito cansada nesse momento, querido. Peço desculpas... Mas assim que o cio de Harry acabar, farei os biscoitos que você gosta!

— É claro. — O castanho sorri de forma meiga, acenando para Anne antes de ela adentrar a casa.

...

Por mais que já tenha passado um par de dias desde que sua rotina acabou, o corpo de Harry ainda dói a cada passo. Foi um cio difícil, todos são. No entanto, ter o cheiro de Louis inebriando seus sentidos e não tê-lo ali propriamente, tornou tudo mais torturante. Ele ainda sentia o peso das mãos do alfa em seu corpo, tal como a sensação da respiração de Louis contra a sua, por mais que estivesse sozinho em um quarto escuro. Após o passar dos dias, seu consciente esqueceu da presença do alfa. Havendo um grande baque quando recordou-se dos momentos que dividiu com alfa dentro do carro, o corpo de Harry ficou dormente em todos as partes pela vergonha que sentiu ao relembrar. Afinal, ele praticamente pulou no colo do alfa e não lhe deu escapatória. Suas lembranças foram voltando ao poucos, quando o que aconteceu durante o baile lhe veio em mente, Harry estava bebericando seu chá de todas as manhãs, quase engasgou quando lembrou-se do beijo. É como se estivesse revivendo todos esses momentos e isso continua a deixá-lo cansado.

Para espairecer a mente, o cacheado foi até o novo local de trabalho de Niall, a sorveteria que o irmão mais velho do beta trabalhou durante anos. Como faziam antigamente, o omega ficou divagando com o amigo enquanto segura um canudo de milk-shake entre os lábios. No entanto, há uma diferença entre o que faziam antigamente, agora Niall é obrigado a atender os clientes e interromper a conversa em diversos momentos.

— Acho que estou namorando. — Harry suga o canudo, encarando o amigo por cima das sobrancelhas.

— Não. — O loiro limpa o balcão com uma flanela, conversando casualmente com o amigo enquanto faz seus deveras. — Vocês apenas bulinou ele durante o seu cio.

— Nós nos beijamos antes disso! — A frase do beta definitivamente ofendeu o omega, que aponta o dedo indicador para Niall. — É sério, não sei como está a nossa relação depois do que aconteceu...

— Agora estamos falando sobre o beijo ou sobre o que aconteceu no carro? — O loiro arqueia as sobrancelhas.

— No geral. — O omega balança os ombros, sequer sabendo a resposta. — Louis é um alfa muito correto! E ele já confessou estar apaixonado por mim. O beijo definitivamente foi um passo a mais no nosso relacionamento!

— E então você resolveu dar um salto! — Desde que foi informado sobre os atos constrangedores cometidos por Harry, o beta não fala em outro assunto. É uma provocação saudável entre amigos.

— Na verdade, eu retrocedi e estraguei tudo! — O omega diz sôfrego, seu tom conformado chega a ser cômico para o amigo beta, que gargalha de forma escandalosa, mesmo estando em seu ambiente de trabalho. Harry apoia a cabeça no balcão, como costuma fazer. Ele continua a divagar, espremendo os olhos para afastar as imagens que surgiram ao relembrar do ocorrido. — Estou com tanta vergonha! Não irei conseguir olhar para o Louis novamente... E ele foi tão gentil e solícito! Não merecia ter sido atacado, não como eu fiz.

Apesar de estar entretido na conversa, o loiro permanece atento, checando a entrada da loja pelas câmeras e a porta, caso algum cliente chegasse. Quando ele arregalou os olhos azulados para a porta, Harry soube no exato momento o porquê de sua reação surpreendida. O aroma familia inundou seus sentidos assim que sino da porta tocou, revelando quando o alfa adentrou na loja. Assim que localizou o corpo de Harry encolhido em uma das cadeiras à frente do balcões, ele não hesitou em caminhar apressado até o omega. Durante o percurso do alfa, o cacheado olhou desesperado para Niall, que afastou-se gradativamente para dar privacidade o amigo.

O toque gentil da mão de Louis faz o corpo de Harry sobressair. O omega já estampa outra expressão facial quando virou-se para cumprimentar o alfa, sorrindo amistosamente.

— Eu estava passando por aqui... E decidi prestigiar Niall em seu novo emprego. Foi uma surpresa ter encontrado você. — A fala não convence o omega, que sorri forçado ao relembrar a maneira determinada em que Louis caminhou até ele, como se já soubesse onde Harry estava. O castanho demonstra estar nervoso, coçando o final da sobrancelha com o dedo anelar. Todas as expressões de seus rosto, entregam tensão. — É mentira. Como você não respondeu as minhas mensagens, eu liguei para a sua mãe e pergunte onde você estava... Então eu apenas vim. Me desculpe.

Assim que a rotina de Harry terminou e seus sentidos voltaram ao eixo, ele mandou mensagens ao alfa, agradecendo pela noite que tiveram juntos e principalmente, por cuidado e paciência que Louis dispôs em um momento delicado como o que passou. Nesse dia, o alfa ligou ao final da tarde, mas Harry recusou a chamada. Não sentia-se pronto para conversar com Louis, a vergonha não lhe permitiria ter um diálogo comum. Só de pensar, a vermelhidão já sobe pelo pescoço do omega, que tenta amenizar o desconforto. Afinal, o alfa à sua frente ainda é Louis, a pessoa que esteve ao seu lado durante os últimos meses.

— Você está bem? — O castanho acomoda-se ao lado de Harry, puxando uma cadeira ficar próximo ao omega. Antes de continuar, ele leva o dedo indicador até a face de Harry, ajeitando a mecha de cabelo encaracolada que custa a cair sobre os olhos do rapaz.

— Ainda estou cansado... Como eu não posso ficar o resto da semana mergulhado na cama, estou aqui. — O cacheado balança ao ombros ao término da frase. — Foi bom você ter aparecido, eu estive pensando... Em fazermos alguma coisa juntos, talvez um piquenique ou algo assim. Eu compro tudo, apenas quero agradecer por ter cuidado de mim.

O alfa rouba o copo de milk-shake das mãos do outro, ponderando enquanto suga pelo canudo. Ele pisca pensativo um par de vezes, como se estivesse de fato, procurando por uma resposta.

— Você pergunta como se eu fosse negar. — O omega revira os olhos para a declaração de Louis, sua carranca cai por terra ao ter seu sorvete de volta. — A fazendo do meu tio sempre estará aberta para nossos encontros secretos.

Harry sorri tímido, tentando desviar os olhos para não fazer contato visual. Ao menos, ele pode ver Niall de relance, agradecendo internamente pelo amigo ter voltado. Visto que está sem assuntos para conversar com Louis e conhecendo a si mesmo, Harry compreende que iria acabar falando sobre o cio, eles costuma falar a primeira coisa que lhe vem em mente quando está nervoso.

— Ah, caras! Alguma criança vomitou no banheiro e adivinha que foi obrigada a limpar? — Niall surge com uma pergunta retórica, suspirando cansado para o seu próprio desgosto.

— E por que continua trabalhando aqui? — Louis franze o cenho, notando como o amigo parecia estar no limite.

— Preciso sair da casa dos meus pais, cara. Pelo menos com esse salário, posso pagar um aluguel. — O loiro dá com os ombros.

— Certo. — O alfa cantarola, redirecionando o olhar para Harry. Ele acaricia os cabelos encaracolados do rapaz, ao mesmo tempo que em retira a carteira do bolso, deixando um nota em cima do balcão. — Podemos ir?

O omega assente, caminhando em passos apressados para sair da loja. O vento é forte, soprando os cabelos bem penteados de Harry. Ele deixa um suspiro surpreendido quando entra no carro de Louis, não fazia ideia de como o tempo está ruim. Assim que a porta do motorista bate, fechando todas as saídas de ar, o choque atinge o corpo de Harry, que arregala os olhos para o cheiro que invade suas narinas. É como se tivesse passado toda a sua rotina no carro de Louis, porquê tudo cheira dessa forma. O rubor sobe pelas bochechas de Harry, que encara cada canto assustado. O alfa só percebe seu desconforto, quando de relance o vê tentando descer o vidro, girando a pequena manivela com pressa.

— Está tudo bem? — O castanho espreme os olhos para a rachada de vento que vêm do vidro recém aberto. — Deus, está tendo uma tempestade! Por que fez isso?

— O seu carro ainda está com o meu cheiro! — Harry clama, parecendo desesperado em seu gestos. — Por que você não o lavou ou algo assim?

— E por que eu faria isso?

O cacheado bufa, fechando o punho contra o painel do carro.
— Porquê tudo está cheirando como um orgia! É como se o meu aroma tivesse impregnado nos bancos... Deus, como eu odeio esse cheiro. Você não liga?

O alfa posiciona as mãos no volante, dando com os ombros.
— Eu não ligo.

Harry nega desacreditado, deixando a cabeça bater contra o encosto do banco.
— Espero que você não tenha dado carona para ninguém.

A ida ao supermercado deveria ser rápido e Harry se esforçou em escolher as frutas rapidamente, ele queria estar pronto para o piquenique do por do sol. No entanto, Louis parecia absorto da realidade, trombando nos ombros de outras pessoas por estar prestando atenção no celular, trocando mensagens com alguém. Harry o checa inúmeras vezes com o canto dos olhos, espreitando meramente na esperança de conseguir ver o contato da pessoa que troca mensagens com Louis. Após ficarem minutos em silêncio, havendo apenas o som dos dedos de Louis teclando do celular, o omega revira os olhos e caminha para longe.
Harry tenta afastar os pensamentos enquanto pega a última caixa de bolinhos, franzindo o cenho para a atitude indiferente de Louis. Afinal, ele estava muito bem na sorveteria, não havia necessidade de ser tirado de lá quando Louis não iria lhe dar atenção.

— Ei. — O omega senta a mão pesada de Louis em seu ombro, ele vira o rosto com desinteresse, encarando o outro com olhos baixos. — A minha mãe está me enchendo o saco, vou ter que levar algumas coisas para ela preparar o jantar, está bem?

A postura de Harry muda imediatamente.
— Claro. — Ele relaxa os ombros, piscando atônito para o alfa.

— Então vamos ter que deixar as coisas em casa e... Ir até a fazenda do meu tio. Isso vai nos atrasar um pouco, mas ela está definido me pressionando. — Louis balança o celular em mãos, mostrando a tela de mensagens. Ao espremer o olhos suficientemente para enxergar o que está escrito, Harry conseguiu ver a foto de Johanna no contato. Ele acena positivo, passando a pequena cesta de compras para o alfa. — Será rápido.

De fato, foi rápido. No entanto, a chegada na casa de Louis que afundou todos os planos do jovem casal. Johanna tomou as compras das mãos de Louis, criticando duramente o filho por ter ignorado suas mensagens, Harry permaneceu acanhado no canto da parede, ouvindo toda a bronca. O omega se sente parcialmente culpado pela discussão entre mãe e filho, afinal fora ele quem roubou toda a atenção de Louis, se incomodando como um bom egoísta quando o alfa passou as responder as mensagens de Jay. Tentando amenizar a sensação ruim de seu peito, Harry oferece para ajudar com o jantar, recebendo um olhar desaprovado de Louis.

— Isso irá atrapalhar todo o nosso programa. — Louis sussurra por cima do ombro de Harry.

O omega balança os ombros, fingindo não dar importância. Ele encara o céu pela janela da cozinha, o sol já está se pondo.

— Podemos deixar para outro dia, não temos mais o sol ao nosso favor...

O alfa rola os olhos, bufando antes de caminhar até onde Johanna está lavando os legumes.

— Mãe! — Ele clama mais uma vez, implorando para serem liberados.

Harry ainda está imóvel, observando a dinâmica entre o alfa e Johanna. Ele leva a mão nos bolsos traseiros, redirecionando o olhar pela cozinha elegante da casa de Louis. Há um leve puxão na bainha de sua blusa. uma menininha está tentando chamar sua atenção. Como já havia vindo na casa do alfa, ele sabe que se trata de umas das irmãs de Louis, apenas não sabe diferenciar qual delas é a garotinha à sua frente.

— Olá, Calvin. — A menina diz sorridente, há dois dentes faltando em sua arcaria dentária.

— Esse é o Harry, phebs. — Louis interrompe os argumentos para corrigir a irmã.

O omega sorri meramente, acariciando os cabelos claros da menina.

— Olá, Daisy. — Na verdade, trata-se de Phoebe e o omega sabe disso.

— Sou a Phoebe! — Um bico toma forma nos lábios da menina, que cruza os braços em frente ao corpo antes de deixar a cozinha em passos firmes.

Harry torce os lábios, não imaginavam que as crianças dessa casa possuem uma tolerância baixa para provocações.

— Venha me ajudar com a salada, querido... — A voz de Jay o chama. — Poderão sair após o jantar.

Por mais que Louis tenha feito questão de estampar uma carranca pelo resto da noite, participando somente ao roubar comida antes da hora, Harry gostou da experiência. Johanna é uma mulher gentil de voz calma e paciente, sempre disposta ensinar e principalmente, a repreender. Afinal, foi preciso estapear as mãos espertas de Louis, para que o garoto parasse de atrapalhar e ela o fez sem hesitar, afastando o filho da cozinha. O cacheado também pode conhecer melhor as irmãs de Louis, cada uma possui uma característica similar ao irmão. Principalmente Charlotte, que além de possuir o mesmo humor acido, também é puxou a teimosia de irmão. A menina conversou um pouco com Harry enquanto lavava a louça sujo, o ego do omega aumentou consideravelmente quando foi elogiado pela garota.

A comida ficou realmente boa. E Harry, que está acostumado a viver em um ambiente silencioso, gostou de jantar ao som de risadas infantis e provocações trocadas entre os irmãos. Claro, a matriarca quem mediou todas as discussões. Ao término do jantar, o omega ficou sem saber o que fazer, porquê é Louis o responsável por organizar toda a cozinha. E por mais que tenha conversado com toda família, ele ainda fica perdido quando o alfa não está por perto.

— Você não precisa ajudar a limpar, já fez muito por hoje. — Louis diz suavemente, encarando o omega através das sobrancelhas. — Bom, como já está tarde, não nos resta nada além de assistir um filme. Podemos colocar na televisão do meu quarto.

Harry assente, balançando a cabeça com veemência.

— Eu posso subir até o seu quarto e já escolher algo para assistirmos... Tenho um ótimo gosto para filmes ruins.

O alfa sorri para a declaração de Harry, concordando em um aceno de cabeça. O quarto de Louis parece o mesmo desde a última vez, desde a decoração até a pilha de roupas abandonadas ao lado do armário, tudo relembra o alfa... E o seu cheiro está em todos os lugares, impregnado em cada canto. Um sorriso toma posse dos lábios de Harry quando adentra o quarto, já sentindo o aroma de Louis em todos os lugares. Ele não quer parecer invasivo ou folgado, ainda sim, não resistiu o quão confortável a cama aparenta estar, deixando o corpo cair no acolchoado. Seus músculos quase cantam em coro pela sensação de conforto, todo o corpo do omega ainda está cansado pelo o cio recente, deitar na cama espaçosa e macia de Louis, foi um alivio para as costas de Harry. Tanto que sequer notou quando seus olhos fecharam.

...

Está tudo escuro quando o omega acorda em um solavanco, com o torso levantado, ele confere o ambiente, assustando-se ao notar que não está em casa. Seu coração bate forte ao ponto de fazer seus ombros chacoalharem, fazendo o ar escapar de seus pulmões e atrapalhando seus neurônios de funcionarem na forma perfeita. O que o acalma é aroma familiar que invade seus sentidos, fazendo-o voltar a raciocinar aos poucos. Ao olhar para o lado, Harry vê a figura de Louis adormecida, que está com braço pousado em sua cintura. Nessa altura, ele já havia recordado ter adormecido na cama do alfa. Após retirar o braço apoiado em seu corpo com delicadeza, o omega escapa do aperto de Louis, conseguindo espaço para retirar o celular do bolso e verificar as horas.

Duas da madrugada. Harry engole seco, está apagado desde às dez. Ele olha para o lado novamente, imaginando qual a foi a reação de Louis ao encontra-lo adormecido. Há algumas notificações na tela, todas de Anne. Afinal, ele está fora de casa há um bom tempo. O que realmente o surpreende, é notar que não havia sinais de preocupação nas mensagens de Anne, que somente lhe desejou uma boa noite. O omega respira fundo, sacudindo o corpo do alfa. Harry assiste os olhos de Louis abrirem ao poucos, esperando que esteja definitivamente acordado para lhe dizer algo. O castanho finalmente suspira, espreguiçando o corpo antes de levantar seu torso, ficando sentado ao lado do omega. Louis ainda está sonolento, encarando o outro com olhos semicerrados.

— Está tudo bem?

O cacheado concorda, mordendo os lábios antes de dizer.
— Me desculpe, eu não deveria ter pegado no sono.

— Está tudo bem, o que importa é você estar descansado. — O alfa suspira cansado, levando a mão até o rosto para coçar os olhos. — Pode voltar a dormir, se quiser...

O omega nega rapidamente com um aceno negativo.
— Eu prefiro ir para a minha casa, você pode me levar?

— Harry, é quase três da madrugada... — Louis suspira, fitando o nada. — Está preocupado com a sua mãe?

— Na verdade, ela está bem tranquila... — Harry mostra o visor do celular rapidamente, relendo as mensagens que havia recebido de Anne. — Ela apenas perguntou se eu ainda estava com você, como não respondi, ela presumiu que eu dormiria na sua casa e me desejou uma boa tarde... Também mandou uma figurinha dizendo sexo seguro.

O omega não pretendia ler a última mensagem de Anne, mas foi automático. Ele rapidamente mudou de assunto.
— Nossa, o que você fez com ela? A minha nunca me deixou dormir na casa de alguém fora o Niall.

O alfa dá com os ombros, ainda está sonolento demais para responder. O que faz brotar um mero sorriso nos lábios de Harry, que bagunça levemente os cabelos de Louis antes de rastejar pela cama para alcançar o chão.

— Podemos ir?

Um bufo escapa dos lábios de Louis, que levanta relutante.
— Deixe-me ao menos jogar uma água no rosto, preciso estar acordado para dirigir.

O omega concorda, pensando em quão sério o outro parecia nesse momento. Contudo, ele não dá muita atenção a isso, esperando o alfa enquanto encara toda a decoração de seu quarto. A coleção de gibis chamou-lhe a atenção. Como ainda estão sozinho, Harry folheia as folhas da história, ficando realmente entretido na trama. Em passos arrastados, o alfa ressurge no quarto, esfregando os cabelos úmidos contra a tolha.

— Você ser um fã de histórias em quadrinhos, é uma novidade. — O omega abandona o gibi na cama.

Louis múrmura algo em puro mau humor, tateando o interruptor para apagar a luz ainda com o omega dentro do quarto. O caminho até a casa de Harry é rápido, mesmo que o alfa pareça lento durante o trajeto, demorando mais alguns minutos do que o esperado. O carro solavanca quando é estacionado, fazendo Harry arregalar os olhos.

— Desculpe por ter te acordado...

O alfa suspira.
— Não é isso... Só estou pensando.

O omega engole seco, deixando os olhos cair sobre seus joelhos. Ele franze as sobrancelhas, sentindo um ardor subir pela garganta. Por mais que tema a resposta de Louis, ainda há uma insistência em perguntar.

— Em quê?

Afinal, ele quer saber o que se passa pela mente brilhante de Louis. Somente seus olhos azulados, já parecendo tão profundos quando o encara, fazendo Harry se afundar em imersão em suas orbes, sentindo-se puxado por um ima que o atrai para o corpo de Louis. Portanto, sim. Ele não só quer entender a mente de Louis, como também quer compreendê-lo como um todo.

— Você não quis dormir me casa, por algum motivo.

Bom, talvez seus pensamentos não sejam tão difíceis de decifrar.

— Bom, sua família toda estava na casa... Não me senti confortável. — Harry responde, encarando o perfil de Louis e o quão sério ele aparentar estar nesse momento. Ambos caem em um silêncio sufocante... A falta de quaisquer reação do alfa, faz o omega assumir posições além do que deveria. — Não é nada com você, Louis.

O alfa assente ainda calado, levando a palma da mão suada até o pescoço.
— Faz parecer que não quer estar comigo...

Harry franze o cenho, esperando que o outro complete a sentença.

— Quero dizer, a noite do baile...— O castanho nota a imposição, precisando pigarrear antes de continuar. — Nos beijamos. E desde então, você não tocou no assunto... Como se a sua resposta ainda fosse a mesma desde a noite em que nós conversamos e eu me declarei.

Novamente, Harry está sendo colocado contra a parede... E caramba, como ele odeia quando é Louis quem o pressiona dessa forma. No entanto, há momento em que o confronto é necessário. Afinal, o alfa ainda é humano. Apesar de ser gentil e paciente, ele tem o direito de estar confuso. E principalmente, cansado de esperar Harry tomar uma iniciativa.

— Eu gosto de você e sei que gosta de mim. — Como não houve nenhuma resposta, Louis continua. — Só que... Nós não temos algo concreto. E eu odeio isso em nós dois.

O omega assente calado.

— E quem gostaria. Sinto muito por isso, eu não quero que você fique inseguro, com dúvidas e tampouco, que se sinta rejeitado...

Louis balança a cabeça descrente, ele quer uma resposta direta e Harry está fugindo disso.

— Por que você faz ser tão difícil? — As palavras escorregam por sua língua, ele não pretendia soar tão incisivo como soou. Ainda sim, seu tom de voz permanece suave, como se nada fosse capaz de tirar a calma que Harry lhe causa.

— Porque eu não sou seguro o suficiente para tornar isso fácil! — Diferente de Harry, que se pronuncia em um grito. — Sinto muito, Louis! Mas eu não sou seguro o suficiente para pensar que sou bom o bastante para você, ou que não vou estragar tudo... Porquê eu realmente gosto de você e não quero acabar com tudo o que construímos no menor deslize! Caramba, eu realmente quero, mas tem essa voz na minha cabeça... Que insiste em dizer que isso não vai dar certo e você nunca mais vai querer olhar na minha cara, porquê eu sempre fodo com tudo.

O alfa franze as sobrancelhas de forma empática. Nesse momento, Harry está delicado e vulnerável, o que faz doer em todo o seu interior. Quando decidiu ser mais incisivo, não esperava tal reação do omega, uma rejeição teria sido mais fácil de lidar.

— Eu queria poder tirar isso de você. — Ele desliza a língua entre os lábios, dando uma pausa curta para ponderar o que deveria dizer. — Ao ponto que, a única voz que ecoe por sua mente seja a minha, dizendo que te amo.

Agora é Harry quem suspira de forma derrotada, deixando os ombros caírem. Afinal, que outra pessoa usaria dessas palavras em um momento como este? Somente Louis. Porquê, é sempre Louis quem possui sempre uma resposta na língua e encara Harry dessa forma, como se pudesse ler todos os sentimentos do omega.

— Me dê só uma chance para mostrar que tudo será diferente. Nós devemos ficar juntos, não há como ser diferente.

Os lábios de Harry abrem, prontos para balbuciarem algo, mas se fechem em seguida. Ele se cala, assentindo com veemência antes de engolir seco.

— Promete que você não vai mudar, mesmo sobre qualquer situação? Digo, você não precisa ficar preso a mim... Só esteja por perto, como esteve até agora.

Um bico se forma nos lábios de Louis quando ele assente calado, como um cachorro pidão. O omega sorri pela reação boba, ele não pode encarar seu reflexo no momento, mas não é preciso para saber que seus olhos estão brilhando em adoração. Porquê neste momento, Louis também lhe encara dessa forma. O que faz surgir um rubor pelas bochechas de Harry, que esconde o sorriso com o ombro.

— Certo. — E a sua timidez ressurge das cinzes, fazendo-o tatear pela porta até encontra a maçaneta, abrindo a porta de forma desastrosa. Apesar de todo o momento bonito que está vivendo, ele ainda é um omega adolescente que prefere fugir a superar o constrangimento.

O alfa percebe a tentativa de fuga, rindo para a reação embaraçosa do outro.
— Harry... — Ele cantarola.

— O quê? — O omega vira o rosto de abrupto e Louis aproveita esse momento parar segurar segurar seu rosto e prender seus lábios em um beijo. O contato é curto, foi um beijo casto. Ainda sim, acalmou os ânimos de Harry.

...

— Deixe-me ver esse anel...— Calvin diz enquanto leva uma lata de energético até os lábios, ele estende o braço para Harry, que está logo à sua frente.

— Não é um anel. — Harry recua, grudando a mão contra o peito, impedindo o amigo de pegar em seu punho. Ele franze o cenho para o desinteresse de Calvin, que revirou os olhos ao término da frase, fazendo o cacheado semicerrar os olhos para o omega. — É uma aliança. E você está com ciúmes por não ter uma.

É a noite de uma sexta-feira e todo o grupo de amigos está reunido no boliche, o encontro foi uma sugestão de Oliver, que pretende planejar uma viagem de verão. Já são quase dez horas, alguns minutos antes de casa de boliche fechar as portas e nenhum combinado a respeito da viagem foi feito. O que já incomoda Harry, que está encolhido em uma das poltronas próximas à pista. Não só ele, como também Calvin e Liam parecem entediados. Após um comemoração de Louis, envolvendo muita gritaria e abraços dos outros jogadores, o restante do grupo decide interromper a competição. Louis surge, beijando forte as bochechas de Harry, ao ponto de espremer seus lábios. Assim que rouba o energético do namorado, o alfa se senta para amenizar a respiração ofegante.

— Então, há uma casa no lago... — Niall começa. — Pensei que fosse apenas uma história mentirosa do Oli.

O ruivo balbucia, imitando as facetas do amigo enquanto zomba da fala de Niall.
— É a casa de férias da minha família, eu disse! E como estamos no verão, eu pedi a permissão dos meus pais para levar vocês, animais.

— Nos fazemos essa viagem todos os anos. — Louis dá continuidade ao notar que Harry ainda parecia perdido no assunto, ele entrelaça os dedos na mão do omega, apertando firme antes de continuar. — Mas somente no ano passado fomos sem a supervisão dos pais do Oli... E é claro, demos uma baita festa. Vamos repetir a dose.

— Uma tradição de dois anos que merecem ser mantida. — O loiro concorda, arregalando os olhos surpreendido. Um sorriso espreita em seus lábios e Harry acompanha cada reação, já sabendo como o beta está animado.

— É o nosso spring break! — Stanley completa, ainda ofegante pelo boliche.

— Estamos no verão. — Harry o corrige.

— Se encher o meu saco, você não vai. — Stan retribui em tom de diversão, apontando o indicador parra Harry.

Louis franze as sobrancelhas, empurrando o dedo do amigo para longe.
— Okay, eles já entenderam... Podemos nos organizar? Como iremos dividir os quartos e a comida.

— Eu não irei esse ano... Vou começar a jogar para um clube da cidade vizinha, tenho que me preparar. — A voz  desanimada de Liam surge, o alfa aparenta estar cansado e com o saco cheio. Harry notou a figura abatida do amigo, seus olhos estão baixos como se tivesse tido uma noite mal dormida e enquanto seus amigos jogavam, ele permaneceu sentado ficando mais irritado à cada grito que ouvia. Liam deixa a mão cair sobre os joelhos, suspirando mais uma vez antes de continuar. — E a Sophia também não irá... Não estamos bem.

— Uma viagem pode melhorar as coisas entre vocês. — Louis sugere, apoiando as mãos nos joelhos.

Liam nega.
— Não... O Louis e o Harry podem ficar com o nosso quarto.

Oliver assente.
— Sendo assim, só iremos precisar de algum lugar para o NIall dormir.

— Me dê vodka com energético e eu consigo dormir no chão. — O loiro se pronúncia, arrancando risadas de todos os amigos.

No entanto, o único dente eles que permaneceu sério foi o Harry. Há graça nas falas do amigo, é claro... No entanto, o omega não riu porquê se perdeu nas palavras de Liam, relembrando o que o alfa havia falado a respeito de jogar em outro clube de futebol. Não que ele esteja desmerecendo o desempenho impecável do colega nos jogos do time, mas todos sabem que Louis era o melhor jogador do time. Sendo assim, Louis também deveria ser cotado em outros clubes, quando não recebeu nenhum misero convite... Isto é, Harry não soube de nenhum. É nisso que o cacheado pensa enquanto encara o namorado gargalhando com os amigos. Seu olhar caí gradativamente, decidindo afastar os devaneios para aproveitar o resto da noite ao lado de Louis.

...

As estações passam, porém o clima da cidade continua o mesmo. No céu há somente nuvens nubladas, como se não estivessem no verão, a estação em que o sol deve brilhar na imensidão azul. Ainda sim, está consideravelmente quente. Ao ponto de passarem a tarde toda na piscina da casa de Oliver, desperdiçando a primeira tarde da viagem imersos na água. Harry parece ser o único a perceber que o tempo está passando, ao contrário de Louis e seus amigos, que estão bebendo desde que chegaram. Contudo, não será ele quem irá reclamar, pois a água da piscina é refrescante e os poucos raios solares no céu beijam a pele de Harry, nada consegue ser mais agradável que isso.

Louis está sentado á beira da piscina, há meia dúzia de garrafas vazias ao seu lado, porquê bem... Ele está empenhado em se divertir. Harry deixa a água para sentar-se ao lado do alfa, notando como o namorado já está queimado pelo sol. Louis não parece ligar para o quão quente está a sua pele no momento, levando mais uma garrafa até os lábios.

— Aconteceu algo? — O alfa nota o olhar analítico de Harry.

— Você está pelando...— Dito isso, o omega pega uma toalha em mãos para cobrir as costas desnudas de Louis, que torce os lábios ao sentir o atrito da toalha contra a pele sensível. — Quando vamos começar a organizar a festa?

Um mero sorriso brota nos lábios de Louis, que somente está prestando atenção nos cílios molhados de Harry e suas bochechas rosadas.

— Você também está vermelho... — Ele beija a ponta do nariz do omega, que arde em reação ao toque dos lábios de Louis. — Não há muito o que fazer, na verdade... A festa será em torno do lago, iremos apenas iluminar lá fora e organizar uma mesa com as bebidas.

Harry assente.

— Ainda sim, já está ficando tarde... Não é? — Após alguns segundos em silêncio encarando o horizonte, o alfa conclui ao notar o por do sol chegando. — É melhor nos apressarmos.

— Eu vou tomar banho, okay? Você fica aqui e tenta tirar os seus amigos da piscina. — O omega levanta, mas se inclina novamente para roubar a garrafa das mãos de Louis. — É hora de dar uma pausa na bebida.

Como não há nenhuma contestação, o omega sobe até o quarto onde está hospedado, é a única suíte da casa, o que acaba sendo conveniente, pois ele não irá precisar dividir o banheiro. Sendo assim, Harry dispõe de um longo banho, deixando a água fria cair em sua pele quente. O som da porta batendo faz Harry olhar para atrás de si, sorrindo minimamente ao perceber que é Louis quem está adentrando ao quarto. O alfa aparenta estar assustado, encarando o outro com olhos arregalados e lábios entreabertos.

— O que foi? — Harry checa. — Os meninos saíram da piscina?

O castanho faz uma careta, levando a mão para coçar a nunca.
— Yeah, bom... A maioria deles.

O cacheado ri.
— Quantas vezes vocês já vieram passar as férias aqui?

— Muitas. — Louis espreita pelo quarto, indo curioso até o banheiro. — Mas nunca havia ficado com a suíte.

— Nós estamos em dois, merecemos mais espaço. — O omega já havia tomado banho, estava até mesmo passando hidratante nos braços para amenizar as dores pelas queimaduras do sol.

— Você está cheirando bem. — Louis caminha até o namorado para abraçá-lo e sentir seu perfume de perto. Ele puxa o omega pela cintura, colando as costas de Harry em seu peitoral. Suas mãos deslizam pelo abdômen do cacheado, acariciando a pele desnuda. — Por que está usando cremes? O seu cheiro já é bom o suficiente!

A fala de Louis é alterada, foi uma tarde inteira bebendo cerveja e drinques à beira da piscina. Sua cota de álcool havia estourado, em razão disso, está mais aéreo do que o normal, deixando sua voz sobressair quando pronúncia as palavras de forma confusa.

— Assim as queimaduras não doem. — O cacheado responde casualmente, recostando a cabeça nos ombros do alfa.

— Eu não me queimei com o sol.

A fala de Louis faz Harry franzir o cenho, porquê o alfa está realmente mais bronzeado, seus ombros estão até mesmo avermelhados por ter passado a tarde com a pele exposta ao sol. Inclusive, seu corpo está quente.

— Você deve ir tomar um banho para refrescar, você está quente! Deve estar com insolação. — O omega desvencilha dos toques de Louis, girando o corpo para o encarar nos olhos. O alfa retribui o olhar, tentando permanecer sério com suas pílulas dilatadas e faróis baixos. — Também irá ajudar te deixar sóbrio.

Louis sopra o ar, gargalhando em seguida. Sua risada cessa ao notar a carranca estampada no rosto do omega, que ainda lhe encara de forma séria.

— Eu estou bem! — Louis atravessa os braços pela cintura de Harry como em uma abraço, chocando as mãos contra a bunda do omega, o puxando novamente para mais perto. Dessa vez, ambos estão com o peito colado um no outro. O alfa arqueia uma sobrancelha, espreitando um sorriso nos lábios para o namorado. — Eu estou bem, você está bem. Você está ótimo.

Ele cantarola a última frase, deixando seus lábios caírem no pescoço de Harry, sugando a pele da região em um aperto ágil. As mãos fortes de Louis ainda estão no corpo de Harry, o segurando com firmeza, impedindo que ele escape.

— Louis. — A voz do omega soa como um alerta. Harry está cansado e preocupado com seu alfa, que passou a tarde inteira bebendo à beira da piscina. Sendo assim, ele não pretende cair nas tentações de Louis... No entanto, a maneira em que os lábios ásperos continuam a percorrer por seu pescoço é o que o faz ceder. Porquê os lábios de Louis parecem ter sido feitos exclusivamente para encaixarem na curva de seu pescoço, e no momento em que os sente deslizar pela região, toda a pele de Harry arrepia.

Seus lábios são pressionados em um beijo e somente nesse momento, o omega se deu conta que os lábios de Louis não estão mais em seu pescoço. Ambos estão sem camisa, vestindo apenas as peças inferiores, sendo que Louis ainda está usando seu calção de banho. Assim, Harry pode sentir os músculos dos braços de Louis enquanto é abraçado pelo alfa, a sua pele quente está começando a irradiar calor, fazendo seus toques ferverem contra o corpo fria de Harry. Eles continuam o beijo, mas o omega não consegue conter a necessidade de aproveitar os músculos definidos do alfa, deslizando a ponta dos dedos por seu abdômen, arranhando meramente a pele da região. Os toques são leves e rápidos. Isto até, Louis encher os dedos com a bunda de Harry, apertando forte a região.

E corpo de Louis parece tão rígido e firme sob os toques delicados de Harry, apenas a sensação de senti-lo contra o seu corpo, faz o omega querer derreter. Eles estão namorando há algum tempo, já é verão e ainda não transaram. Harry afastou os pensamentos de que o alfa não se sentia atraído por ele, diversas vezes. Tentando evitar que essas afirmações inconsciente tornem-se uma insegurança, ele tocou no assunto. Houve poucos momentos em sentiu o toque de Louis e ainda sim, eram contatos simples. No entanto, agora ambos estão colados um contra o outro nesse momento, O alfa parece querer quebrar a barreira física, puxando cada vez mais o corpo do omega para si, seus antebraços prendem o lado do corpo de Harry com força, ao ponto de machucar a cintura do rapaz. Fora, que os braços firmes impede que faça qualquer movimento, ele está realmente preso entre os músculos de Louis.

Como se pudesse ler os pensamentos de Harry, o alfa empurra a sua cintura, virando o corpo do omega novamente. As unhas de Louis fincam contra os quadris de Harry quando o puxa para mais perto, o suficiente para senti-lo apoiado em seu peitoral. A posição permite que o omega sinta o penis ereto do alfa, que agora está roçando contra a sua lombar. Todos os movimentos são arrastados e quentes, Louis ainda segura o namorado pelos quadris, depositando lhe um beijo curto e carinhoso na nuca, isto antes de voltar a beijar os lábios do omega, que já está com o rosto virado. A cintura de Harry começam a mexer involuntariamente, como um resposta por conseguir sentir o quão duro Louis está em suas costas, ele rola os quadris, pressionando toda a extensão do alfa, que arfa em resposta.

Somente o gesto de se esfregar contra o pau de Louis, já faz todo o lubrificante do omega escorrer pelas pernas, fazendo o tecido da bermuda grudar contra seu corpo. Notando como a roupa está em atrito com o corpo do namorado, Louis tira a peça do corpo de Harry com um único puxão, esticando a roupa com tanta força ao ponto da peça ceder e cair no chão. A cueca do omega também aparenta estar arruinada, o pênis ereto de Harry etica o tecido na frente e como não há nenhuma outra peça de roupa para esconder, o volume fica visível. As pernas de Harry vacilam quando os dedos de Louis voltam a percorre por seu abdômen, parando ao alcançar a peça íntima. Tal como o cacheado havia feito, o desliza as unhas pela região, criando um ardor contra a pele de Harry.

O gemido do omega ecoa pelo quarto, fazendo Louis rosnar de forma audível. As pernas de Harry falham mais uma vez quando sente as mãos de Louis agarrar seu pau e o acariciar, ao
ponto do alfa precisar segurar seu corpo com o braço livre. Há muito acontecendo com Harry, ele sente o alfa deslizar a mão com rapidez em volta de seu pau, ao mesmo tempo em Louis investe os quadris contra a bunda do omega, fazendo todo o corpo de Harry estremecer.

— Louis... — Eles sussurra em um fio, levando a mão cegamente até o pescoço do alfa, puxando seu rosto para mais perto. — Cama, por favor...

Ele já não pode suportar mais manter-se em suas pernas, visto que já teria ido contra o chão se não fosse o braço firme de Louis sustentando seu corpo. O colchão chia quando ambos corpos caem sobre ele, Harry está deitado com as costas no acolchoado, devidamente relaxado por ter um apoio e uma posição melhor. Louis está entre suas pernas, deslizando as mãos pelas pernas esguia do omega, aproveitando para retirar a única peça de roupa em seu corpo. Ele arranha ligeiramente as coxas do omega quando puxa a cueca, deixando um rastro vermelho na pele clara. Sua boca prontamente vai até a região machucada, deixando beijos curtos nos machucados enquanto desliza os lábios pelas coxas de Harry, quando sua boca cai na parte interna da coxa, sua respiração sopra um ar gelado contra o local umedecido pelo lubrificante, fazendo o omega arfar surpreso. Os olhos de Louis notaram os pelos arrepiados pelo corpo de Harry.

Ele poderia ficar ali a noite inteira, lhe dando pequenos estímulos apenas para ver qual seria a sua reação. No entanto, Louis sente como se todo o sangue  de seu corpo pulsasse unicamente em seu pau, fazendo o membro latejar contra o tecido da bermuda que ainda veste. E seu desconforto é palpável para Harry, que nota respiração do alfa falhar inúmeras vezes, já imaginando que seria pelo contato contra a roupa, o omega estica o braço até o torso de Louis, puxando a peça para livrar-se dela uma vez por todas. O como o sol já havia ido embora e não há nenhum outro tipo de luz, fora a do luar que a janela reflete, a visão de ambos é limitada. Ainda sim, Harry pode ver claramente quando o pau do alfa saltou para fora. Sua língua desliza entre lábios pelo desejo. Ele sentiu quando o corpo de Louis ficou rígido e o assistiu levantar o torso.

— Está bem? — Apenas checando, como sempre.

O omega queria rolar os olhos e puxar Louis pelo pescoço, para que possam prosseguir de onde havia parado. No entanto, ele sente os dedos do alfa acariciar levemente os lados de seu corpo. A maneira em que as pontas dos dedos de Louis deslizam por suas coxas, faz seu peito expandir.

— Sim, claro. — Harry murmura, há um mínimo sorriso em seus lábios.

Louis assente, esticando o braço para a mesa da cabeceira ao lado da cama.
— Deve haver preservativos aqui. — Sua voz sai falhada pelo esforço, a posição em que estão não lhe dá muita mobilidade. — Achei.

O alfa se apoia contra um mão posta ao lado da cabeça de Harry, que aproveita a proximidade para morder levemente o antebraço do namorado, arrastando os dentes contra a pele macia da região.

— Essa posição está boa para você? — A pergunta ofegante de Louis faz o omega arregalar os olhos.

— Porra! Apenas me fode logo. — Apesar da frase soar intimidante, há um sorriso animado nos lábios de Harry.

Como um gatilho para Louis, ele avança no sob o corpo de Harry, pressionando os dedos contra o quadril delicado do omega, deixando marcas esbranquiçadas. Porquê Louis segura o corpo do omega com muita força quando o penetra, estocando seu pau de uma vez contra o interior de Harry que geme alto em resposta, agarrando o pescoço com ambas as mãos para conseguir alcançar os lábios de Louis. Afinal, seu beijo é o melhor que o omega já havia provado. E o alfa está grato por não conseguirem manter os lábios afastados, porquê ele não quer para de sentir o gosto de Harry em momento algum. Como havia acabado de penetrar, seus músculos ainda estão rígidos e ele ainda não realizou nenhum movimento, deixando que o parceiro se acostume com seu membro. Passa ser difícil a ficar parado quando o omega pisca em torno de seu pau, implorando por mais. Ao sentir o corpo de Harry ficar ainda mais apertado, Louis deixa o torso cair em cima do rapaz, apoiando-se em uma única mão pousado ao lado da cabeça do omega... Assim, ficará mais fácil de tomar impulso.

É o que ele faz, empurrando os quadris para frente em um movimento rígido, sentindo ser sugado pelo interior de Harry, que geme contra os lábios de Louis. O corpo do omega solavanca pela forma agil em que o alfa o fode, saindo e entrada facilmente por conta do quão molhado Harry já estava quando começaram. Tudo é tão molhado e quente ao ponto do corpo de Louis estremecer, fazendo seu braço ceder e deixá-lo cair contras os cotovelos. O que não é um problema, porquê isso lhe rendeu mais apoio, podendo descontar uma força maior em seus quadris. Louis não parar nunca, pois os sons que está extraindo da boca de Harry, são maravilhosos. Fora, a dormência gostosa que atinge percorre por seus músculos conforme seu prazer aumenta.

— Porra... — A voz do omega é falha e consegue atrair a atenção do alfa, que até então estava focado em seus movimentos ao ponto de estar com os olhos fechados. Seu olhar recai sobre Harry, que tem as sobrancelhas franzidas e os lábios entreabertos, sua boca move milimetricamente conforme deixa escapar os gemidos. Ele já parece tão perdido e imerso no sexo.

Aproveitando o momento, Louis aproxima ainda mais o rosto, colando suas bochechas contra a face do omega, respirando forte contra o seu ouvido. A mão que antes lhe servia de apoio, vai até os cabelos de Harry e os prende entre os dedos, puxando forte ao ponto de fazer a cabeça do omega inclinar para o lado, deixando amostra a curva de seus pescoço. Louis rosna pela necessidade que aflinge o alfa de fincar os dentes por todo o pescoço de seu omega, descarregando toda a sua frustração em uma estocada funda, que faz Harry soluçar e cruzar as pernas na cintura do alfa, deixando os calcanhares bater contra as omoplatas do namorado. Como se todas as articulações de Louis estivessem prestes a ceder, seu ritmo diminui sem que perceba, somente movimentando o quadril em movimentos circulares ao invés de sair por completo.

— Quer gozar? — Ele sussurra abafado contra o ouvido de Harry, que reage com um balançara-me frouxo de cabeça, abrindo os lábios para deixar escapar um gemido quase inaudível.

E com isso, o alfa levanta o torso novamente, fincando ambas as mãos na cintura de Harry, puxando o corpo do omega para baixo, indo de encontro com os movimentos lentos de seu quadril. Louis fica imóvel, focado apenas em mover o corpo de Harry, fazendo-o subir e descer em seu pau. E ele está fazendo isso com tanta seriedade, seus olhos somente estão concentrados em assistir o seu pau sumindo pelo interior do omega. Harry desmorona após sentir as unhas de Louis contra seu quadril, machucando a pele para afundar-se em uma última estocada. O alfa não dura ao sentir seu pau ser comprimido pelo orgasmos do omega, dissolvendo o nó de sua barriga ao se despejar dentro da camisinha.

E ambos ficam um minuto na mesma posição, apenas respirando ofegantes, sem trocar nenhuma palavra ou mover-se nem que seja milímetros. Assim que os sentidos de Louis voltam ao eixos, ele sai cuidadosamente de dentro do omega, arremessando o preservativo em um canto qualquer do quarto. Sua primeira reação é inclinar o rosto para beijar a barriga de Harry, onde a pele está machucada pelas unhas do alfa que estavam ali fincadas. Ele beija os cortes, arrastando os lábios até as gotas de gozo na barriga do omega, lambendo toda a região que fui suja durante o orgasmo de Harry. A língua úmida de Louis arrepia cada centímetro da pele do omega, fazendo-o estremecer pela sensibilidade.

Após tomar um tempo para respirar, o alfa se arrasta em joelhos para deitar ao lado do namorado, agarrando a cintura do omega em uma abraço.

— Você fode tão bem...— A voz de Harry soa mais rouca do que o normal.

— Eu fiz com vontade. — Louis aperta seus braços em torno do omega.

...

A responsabilidade de ajudar a organizar a festa, caiu sob os ombros de Harry, como Louis está adormecido, é ele quem faz a parte do alfa, tendo que se desdobrar para conseguir deixar tudo pronto até o horário da festa... O que parece impossível quando seus amigos estão lentos por terem passado toda a tarde bebendo. Harry até mesmo brigou com Niall, que estava encarregado de pendurar as luzes pelo jardim, porém o beto foi incapaz de subir na escada sem sentir vertigem, passando a tarefa para o primo, que a realizou em meio à reclamações. Após muito esforço, tudo estava pronto para os convidados.

Os quais eram as mesmas pessoas de todas as outras festas. Por estarem fora da cidade, Harry não esperava que os alunos da escolas estariam presentes, ele estava contando com pessoas diferentes... No final, todo o corpo estudantil está presente. Quando foi confrontar Oliver pelo alvoroço que o alfa havia criado em cima da festa, o ruivo apenas balançou os ombros.

— Qual é... Não somos tão popular assim. — A resposta de Oli fez Harry rolar os olhos, deixando a sala barulhenta com os braços cruzados em frente ao corpo, já entediado.

O decorrer da noite tornou tudo mais eufórico, em duas horas de festa e som alto, já havia jovens golfando pelo jardim... Outros estão caídos ao pé da escada, e há aquele pequeno número de pessoas beijando como se fossem transar em público, deve haver algo especial na bebidas dessas pessoas. É o que Harry pensa quando passa pela sala de estar, tentando obter passagem entre o amontoado de gente na sala sem tocar em nenhum corpo suado, como se estivesse tendo um deja-vu de sua primeira festa na cidade, quando conheceu Louis e todo o seu grupo. A cicatriz em seu punho já está esbranquiçada, logo irá desaparecer por completo.

Seu corpo tromba com o de outra pessoa, fazendo seus ombros balançarem. Em razão da luz baixa, ele demorou para reconhecer a garota à sua frente, notando alguns segundos depois que se trata de Sophia.

— Ah, Harry! Eu finalmente encontrei você. — As mãos da garota agarram os antebraços de Harry. Ela não parece estar chateado por ter sido empurrada pelo garoto, pelo contrário, a menina aparenta estar aliviada. — Os meninos me disseram que você o Louis estão na suíte... Acontece que nós estamos verdadeiramente apertadas! Mas os banheiros já estão nojentos. E como você tem um intocado lá em cima, eu pensei...

Eleanor está logo atrás de Sophia, segurando seu antebraço para evitar se perder da amiga.

— Podemos usar? — Ela diz após suspirar cansada. — Será rápido.

O cacheado desliza a língua entre os lábios, encarando a escadaria da casa.

— Certo, tudo bem... — As meninas vibram de alegria. — O Louis está dormindo no quarto, então façam silêncio!

Eleanor franze as sobrancelhas.

— O Louis está dormindo em uma festa? — Ela pergunta incrédula, já conhece o alfa há muito tempo para saber que isso não é de seu feitio. — O que aconteceu com ele?

— Esses meninos... Eles bebem o tempo todo quando estão aqui. — Sophia rola os olhos, guiando a amiga pela escada.

É claro, a namorada de Liam já conhece o caminho. Ao contrário de Eleanor, que parece perdida enquanto segue a amiga pelos corredores. Harry está logo atrás, observando esses mínimos detalhes. Harry não é possessivo, mas seu peito encheu de felicidade ao notar que Louis nunca havia trazido outro omega além dele. Antes que Sophia leve a mão até a maçaneta, o cacheado toma a frente. Afinal, este é o seu quarto, é o seu alfa que está adormecido... Ele é quem deve abrir a porta para visitantes. A porta é aberta com delicadeza, revelando somente uma fresta para as garotas passarem. No entanto, apenas o rangido da madeira, é o suficiente para fazer Louis guinchar.

Harry arregala os olhos, deixando a porta bater atrás de si. Enquanto as meninas vão até o banheiro do quarto, ele caminha até a cama, sentando-se ao lado de Louis, porquê bem... Ele já está com saudades. Suas unhas percorrem pelas costas do alfa, arranhando a pele já irritada da região. A sobrancelhas de Louis se move, seu braço muda de posição para alcançar o punho de Harry, segurando sua mão.

— Ai, babaca...— A voz de Eleanor ecoa pelo quarto em um grito. — Acorda! Assim você vai perder a festa.

O cacheado franze o cenho para a menina, se Louis já não estivesse acordado, ele iria repreende-la por isso.

— Devo estar tendo um pesadelo. — Louis balbucia, fazendo o olhar de Harry sobre si. O alfa espreguiça o corpo, mudando de posição. — O que elas estão fazendo aqui?

— Vieram apenas usar o banheiro...— Harry sussurra, deslizando a mão pelo cabelo sedoso do namorado.

— Achei que a Sophia não iria vir...— A voz de Louis não é nada discreta, sua fala saiu em alto bom tom, o suficiente para a omega ouvir de onde está.

— Ah, bom... O Liam não veio. Ele vai para outra cidade, mas eu continuarei na mesma.— A menina responde. — Não há como manter nosso compromisso assim, certo? Não com o Liam morando a uma distância de cem quilômetros.

Ao que parece, Sophia só estava precisando de uma gatilho para desabafar. Ela continuou por alguns minutos, até mesmo após Eleanor deixar o banheiro, encarando a amiga com uma carranca por conta das lamúrias da mesma.

— Porra. — A menina revira os olhos, batendo os sapatos contra o chão para chamar a atenção da amiga. — Será que dá para esquecer esse rapaz por um momento? Há muitos alfas aqui, vamos nos divertir.

— É muito fácil dizer isso quando você está com o Jesse. — Sophia balbucia baixo, encarando o chão cabisbaixa.

O corpo de Louis sobressai na cama.
— Jesse? O da nossa escola? — Ambas as garotas concordam. — O que porra ele está fazendo aqui?

Eleanor bufa, pousando a mão na cintura enquanto retruca as palavras de Louis.
— Eu o convidei, está legal? Ele está comigo.

Harry encara a menina com uma face surpreendida, levantando as sobrancelhas enquanto sibila em choque. Como um devaneio, ele recordou da festa na casa de Stan, onde viu o alfa e a omega conversando diversas vezes.

— O que foi? É uma troca equivalente. — A menina nota o quão incrédulo Harry aparenta estar. Ela balança os quadris, passando pela porta. — Não arrume briga, Louis. O Jes não está aqui pelo seu namorado.

Dito isso, a menina caminha para longe, deixando apenas o eco de seus sapatos de salto batendo contra o chão. Sophia, que havia ficado para atrás, balança os ombros para os garotos antes de sair, deixado a porta bater.

— Vá tomar um banho para a aproveitar a festa. — Harry beija a testa de Louis, afastando os cabelos grudados na região. — Te espero lá embaixo, okay?

E todos vibram quando Louis aparece, seus amigos abraçam seu corpo com força, derrubando as bebidas em sua camiseta limpa. Apesar de já estar cheirando à vodka, ele sorri enquanto cumprimenta os colegas de escola, pedindo para aumentar a música com seu bom humor de sempre. E Harry assiste todas essas pessoas cercarem seu alfa, Louis é de fato, popular. Todas parecem querer um pedaço de sua atenção, rindo alto quando ele diz algo engraçado e oferecendo-lhe bebidas. O cacheado permanece isolado no canto da sala, levando o corpo de plástico até os lábios enquanto aprecia a cena. De onde está, Louis consegue ter uma boa visão do namorado, olhando para o omega de relance ao mesmo tempo em que conversa com as outras pessoas. Assim que consegue uma brecha, ele escapa até onde o namorado está, o abraçando pela cintura.

— Ei.— Louis beija os lábios úmidos de Harry, analisando a beleza do omega após cortar o contato. — O que está bebendo?

Sem aviso prévio, o alfa toma o copo das mãos do namorado, cheirando o liquido com seu olfato apurado.

— Está limpo, foi o Cal quem serviu. — Harry garante, já imaginando que Louis está apenas checando se há ou não a presença de drogas na bebida.

O alfa assente, dando um longo gole na bebida.
— Vamos dançar?

Mais tarde, na mesma noite após a festa encerrar perto das cinco horas, Harry se permite cair contra o colchão, suspirando aliviado por poder finalmente, descansar. Não só ajudou a organizar toda a festa, como também auxiliou os amigos com a limpeza, isto é, somente os sóbrios ajudaram... O que é minoria. Os demais, caíram bêbados no sofá. Apesar de sentir uma grande vontade de deixá-los dormindo desconfortável no pequeno estofado da sala, ele não foi cruel a este ponto, pedindo a ajuda de Louis para levá-los até seus respectivos quartos. Louis que não havia bebido, em razão de ter extrapolado sua dose de álcool antes mesmo da festa conversa, foi o responsável por cuidas dos colegas alcoolizados. Ele também deixa o corpo cair contra o colchão, deitando-se ao lado de Harry, que está de bruços contra o acolchoado.

— Está bem? — As mãos do alfa vão diretamente para a lombar dos rapaz, acariciando a região delicadamente. O omega assente em silêncio, sua cabeça está apoiada em um de seus braços.

— Foi um dia longo. — Harry murmura arrastado, deixando escapar um chiado de seu peito.

— Mas foi um dia bom ao seu lado. — Louis retruca, enfiado a mão pela camiseta do omega para sentir sua pele quente por baixo do tecido.

Harry fecha os olhos em deleite, desfrutando do carinho. Após tanta horas do som alto agredindo sua audição, a voz suave de seu namorado soa como música para os seus ouvidos, agraciando sua audição. Através de uma fresta de seus olhos, ele consegue ver como Louis está bonito sendo iluminado pela luz do luar que atravessa a janela, sorrindo meramente em adoração.

— O que foi? — O alfa rola para ficar mais próximo, colando o peitoral com os ombros de Harry.

O cacheado apenas balança a cabeça.
— Não é nada, você só está bonito...

As sobrancelhas de Louis arqueia em surpresa. Ele aproveita para proximidade para depositar um curto beijo na testa de Harry, ao mesmo tempo em que desce a mão para apertar forte a bunda do omega, que deixa um sorriso espreitar nos lábios.

— Você me deixou cansado. — O cacheado diz em tom baixo. Apesar de como a frase soa, não há malícia em sua voz.

O alfa sorri incrédulo, balançando a cabeça desacreditado. Seu próximo gesto é beijar os lábios de Harry, abraçando seu corpo antes de pegar no sono.

...

Além do fato de todos acordarem tarde no dia seguinte, ainda perderem horas limpando os  vestígios de festa que passaram despercebidos na limpeza da noite anterior. Sendo assim, nenhuma refeição concreta foi feita, não havendo outra opção para comer além do nachos servidos durante a festa, que agora estão murchos e sem gosto. Diante desse cenário caótico, onde adolescente famintos estão reclusos em uma casa beirando ao longo, algumas discussões surgiram entre os amigos, o que apaziguo quando Oliver sugeriu fazerem um churrasco à beira do lago. No entanto, eles não tinham muitos recursos além de uma pequena grelha e um cooler. Fora a falta de aptidão de Oliver em cozinhar, um passo em falso e todos ficariam sem almoço. E Harry está prestando atenção, franzindo os olhos para a forma em que o amigo se distrai fácil, correndo um sério risco de tostar os alimentos.

Está tudo muito agradável, o céu é nublado mas há uma brisa fresca que refresca a todos, os pernilongos deixaram de ser um problema ao longo prazo. Há uma grande mesa de madeira acoplada ao chão, com enormes bancos ao seu redor. Mesmo havendo muitos assentos disponíveis, Louis optou por sentar contra a grama, usando o banco apenas como um apoio para suas costas. Harry por sua vez, decidiu se acomodar entre as pernas do alfa, colando os ombros contra o peitoral do namorado.

— Quais são as chances do Oli queimar o nosso almoço? — Harry pergunta em um sussurro, deixando a cabeça tombar contra a clavícula de Louis.

— Altas. — O alfa responde, umedecendo os lábios. Ele assiste os colegas, franzindo o cenho para Niall, que está mostrando para todos um peixe que havia pego à beira do lago. Na verdade, o beta está amedrontando seus colegas ameaçando a jogar o peixe morto em seus corpos. — Eu só aceitei vir para esse manicômio, apenas para ficar com você. Eu juro, já não aguento mais esses idiotas.

Harry é incapaz de conter o riso tímido, escondendo o rosto na curva de seu ombro. Seu pescoço amostra é vítima dos lábios de Louis, que deposita um beijo abaixo da mandíbula.

— Oliver deixou a grelha sozinha novamente, terei que assumir o controle. — É o que o alfa diz antes de levantar.

O cacheado encara o namorado se afastar, lembrando que há algum tempo havia se referido ao alfa como o líder da matilha, o que deixou de ser uma brincadeira para se tornar um fato. A vibração de seu celular desperta sua atenção, o fazendo encarar o visor do aparelho com a sobrancelhas franzidas. É Anne ligando. Apesar de estar receoso, ele caminha para longe, atendendo a ligação conforme anda. Sua mãe não diz muito na chamada de voz, apenas pede para que o omega volta antes do combinado. Algo que faz Harry questionar internamente, encarando o celular com uma carranca enquanto retorna para o grupo de amigos.

— Aconteceu algo? — Louis facilmente a face apática de Harry, o questionando sobre quando estão pertos o suficiente.

O omega nega, guardando o celular no bolso.
— A minha mãe ligou... Ela estava estranha, séria.

— Deve estar preocupada...— O alfa garante, passando o braço pela cintura do namorado.

— Yeah... Acho que ela quer que eu volte amanhã, tudo bem?

— Certo, voltaremos amanhã. — Louis assente.

A garganta de Harry pinica levemente, ele não quer atrapalhar o tempo de Louis com seus amigos, tampouco incomodar. No entanto, o omega sabe que somente irá gastar energias ao tentar convencê-lo do contrário, porquê Louis tem esse instinto protetor e jamais deixará Harry voltar sozinho. Sendo assim ele apenas assente, depositando um beijo casto nos lábios do namorado.

...

O relógio atrás da cabeça de Harry aponta para as onze horas da noite, algo que Louis só notou após desfocar os olhos do rosto do omega, o que não conseguiu fazer durante uma sequência de minutos em razão de haver lágrimas escorrendo pela face à sua frente. Bom, aconteceu desta forma... No domingo, após dar carona para ao namorado, Louis foi direto para casa e caiu no conforto de sua cama, dormindo por horas a fio. Somente despertou pelo som insistente de seu celular tocando, não há pausa entre os toques, como se alguém tivesse ligando repetida vezes. Quando finalmente criou coragem para atender, a voz de Harry embargada de choro lhe assustou, fazendo-o pular da cama e caçar as chaves do automóvel para ir até o omega. Não foi preciso nem ao menos acionar a buzina, seu namorado já estava do lado de fora, sentado no meio fio abraçando os joelhos. Sem pensar duas vezes, ele entrou no carro e pediu para dormir na casa de Louis, o que o alfa jamais negaria.

E nesse momento, eles estão assim, sentados um de frente para o outro. Harry está chorando ao ponto de fazer seus ombros balançarem e o ar faltar de seu peito, enquanto Louis faz o possível para lhe acalmar... Não há muito o que fazer quando o omega mal consegue pronunciar as palavras corretamente. Então, sem saber ao certo qual foi o ocorrido, Louis apenas permaneceu calado, acariciando o braço de Harry enquanto o rapaz se afoga nas próprias lamurias. Levando até o ponto em que a respiração do omega passa a ficar mais ofegante. Preocupado, Louis abraça o corpo esguio do namorado e o segura com firmeza.

— Você precisa me dizer o que aconteceu, hum? Respira devagar, se acalme...— Sua voz cantarola no pé do ouvido de Harry. Seus olhos aproveitam a proximidade para checar se há algum ferimento por seu corpo, o que não é o caso.

Harry soluça, puxando fortemente o ar para seus pulmões.
— Quando cheguei, a minha mãe disse que precisávamos ter uma conversa séria. — Ele diz as palavras pausadamente, até recuperar o fôlego. — Ela esteve conversando com o meu pai nos últimos dias.

O alfa assente.

— Sobre os filhos.— O cacheado continua. — Ela está preocupada com o nosso futuro, porquê eu não prestei nenhum vestibular e a minha irmã trancou a faculdade...

Nesse momento, Harry afasta o rosto poucos milímetros, franzindo as sobrancelhas tristemente para o namorado. Afinal, Louis está lhe encarando com grandes olhos esperançosos, segurando a respiração em ansiedade. Os lábios de Harry tremem novamente, ele apenas não quer dizer a verdade.

— No fim, o meu pai se ofereceu para pagar a nossa faculdade...— O omega seca as lágrimas que escorrem pela bochecha, redirecionando o olhar para qualquer canto, evitando encarar o namorado e ter que lidar com seus olhos intensos e expressivos. — Se nós formos morar com ele.

Louis pisca, assentindo em seguida. Involuntariamente, seus braços afrouxam ao redor do corpo do omega, rompendo o abraço. O alfa continua em silêncio, mas há muitos pensamentos rondando sua mente nesse momento.

— Tudo bem. — Ele finalmente consegue dizer. seus olhos analíticos percorrem pelo quarto, sua mente ainda está tentando assimilar as palavras que escutou agora a pouco. — E onde o seu pai está vivendo?

Harry engole seco, ele tomou uma dose de coragem para responder de uma vez... No entanto, as palavras pararam em sua garganta, o fazendo engolir a própria saliva novamente. Seu pomo de adão raspa contra a laringe, fazendo subir um ardor por todo o pescoço

— Em Londres. — E a voz de Harry escapa em um fio.

E uau. O alfa nem ao menos consegui disfarçar a face surpreendida, formando um perfeito arco nos lábios, piscando atônito para o namorado. No entanto, a forma em que Harry está fragilizado, o faz voltar para a órbita. Afinal, ele precisa demonstrar apoio, ser o alicerce de seu namorado e agir com clareza. Sendo assim, a postura de Louis muda.

A reação espantada do alfa não foi fácil de lidar para Harry, fazendo cuspir as primeiras palavras que lhe vem em mente, afim de tranquilizar o namorado.

— Eu não vou! — Por fim, ele diz decidido.

— Harry... — O alfa diz suavemente, usando a ponta dos dedos para tocar o queixo do namorado.

— Não! — Novamente em tom firme, o omega diz com olhos arregalados. — É sempre assim, Louis! Nós sempre nos mudamos, de cidade em cidade, como a porra de nômades. É assim desde o divórcio deles... Eu sempre fui a criança nova, o novato, aquele que precisa se adaptar em um lugar novo à cada seis meses. Isto é, até eu fazer amigos e dar continuidade na minha vida... Eai, nós mudamos de novo. Por um instante, eu pensei que isso acabaria, afinal eu já sou um adulto, não sou? Mas é sempre a mesma merda, como um círculo vicioso.

Dito isso, o omega se debulha em lágrimas mais uma vez.

— Eu não vou ir... Não é justo eles continuarem a fazer isso comigo. Eu tenho uma vida aqui, eu tenho amigos e o Niall... Eu tenho você.— Seu tom de voz caí gradativamente conforme termina a frase, pronunciando a última palavra em um sopro,

— Será uma grande mudança, de fato.— O alfa diz pausadamente, escolhendo as palavras certas para proferir em uma momento tão delicado como esse. Louis precisa transparecer segurança e certeza, só assim irá conseguir consolar o omega. — Ainda sim, querido... Será uma grande oportunidade. Digo, você irá para uma faculdade! O quão legal isso poder ser?

— Não longe de você...— Harry insiste.

— Você irá para outra cidade, eu sei.— A voz de Louis é firme, tal como seu aperto contra as mãos do omega. — Mas não vamos pensar apenas nos lados ruins, está bem? Londres é totalmente diferente daqui, Harry... São infinitas possibilidade que você terá, pense nisso, está bem?

— Eu também posso fazer faculdade aqui!

— Não, não pode! — O alfa deixa a voz sobressair, aumentando seu tom consideravelmente. O que faz o omega recuar, lhe dando um olhar surpreendido pelo grito. — Essa cidade, é um buraco, Harry! As faculdades daqui são uma merda, nós não temos emprego e continuamos a viver como se estivéssemos duas décadas atrasados no tempo... Londres é infinitamente melhor, entendeu?

O que está dizendo não chega a ser uma mentira grandiosa, porém é uma meia verdade. A questão é, Louis não irá permitir que Harry perca a oportunidade de conseguir algo melhor.

— Então vem comigo?

A fala de Harry interrompe o namorado, o que faz Louis engolir seco, encarando o fundo de seus olhos. Ele balança a cabeça negativamente em um aceno rápido, fazendo os ombros de Harry cair em desapontamento.

— Eu não posso... Tenho a minha família e as meninas, não posso.— Dito isso, Louis acaricia a nunca do namorado, entrelaçando os dedos nos emaranhado de cabelos ondulados. — Mas você terá a sua família com você, sim?

— É muito longe.— Harry nunca aparentou estar tão ferido como agora.

— Vamos estar sempre um com o outro, sim? Podemos conversar por mensagens, ligações, chamadas de vídeo... Não vou te deixar sozinho.

O omega assente em silêncio com seus lábios trêmulos, ele pisca para o vazio deixando as lágrimas escorrerem de seus cílios já umedecidos pela crise de choro. Como se todas as forças de seu espirito tivesse se esvaído, ele deixa o corpo cair no colo de Louis, que permaneceu em silêncio, somente acariciando os ombros do namorado enquanto fita o nada, assimilando todas as informações de uma vez por toda.

...

Através do vidro do carro, Harry encara a paisagem desagradável que a rodoviária proporciona, mantendo a mandíbula tensionada pelo descontentamento, semicerrando os olhos assim que localizou a fisionomia de Anne entre tantas outras. Ele havia passado o dia inteiro da viagem ao lado de Louis, que ofereceu para levá-lo até a rodoviária e assim aproveitar todo o tempo que lhe resta ao lado do namorado. E esse é o problema, porquê parece haver uma insistência no corpo de Harry, que lhe impede de deixar o automóvel. Eles já estão assim há pelo menos quize minutos e Louis nem ao menos poderia estacionar onde o carro está parado. A mão pesada do alfa aperta gentilmente o joelho de Harry, que redireciona o olhar para dar atenção ao namorado.

— Você não pode perder o seu ônibus...

— Eu sei. — Não há nada além de apatia no rosto de Harry, como se já não lhe restasse mais nenhum sentimento para demonstrar após ter extravasado tudo o que lhe afringiu nos últimos dias. Porquê ele passou a última semana chorando pelos cantos, ao mesmo tempo em que soltava seus melhores risos ao lado de Louis. No final, Harry se permitiu desfrutar de todas as sensações ao máximo, caindo no estopim de seus sentimentos. Seus devaneios são interrompidos por outro aperto de Louis, que ainda estão com a mão posicionada no joelho do omega.

Harry respira fundo antes de soltar o cinto de segurança, apertando a fivela lentamente, deixando seu peitoral ser chicoteado. Pelo cantos dos olhos, ele pode observar Louis fazendo o mesmo.

— Não...— Ele contesta, mostrando a palma da mão. O alfa recua, lançando um olhar confuso. — Digo, você não precisa descer e me acompanhar... Prefiro que fique aqui.

O castanho estala a língua pelo céu da boca, deixando o cinto de segurança escorregar entre os dedos.
— Tudo bem... Como quiser.— Ele gesticula, sem saber ao certo o que responder.

Harry assente novamente, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Seus olhos percorrem por tudo a sua frente, parando ao encontrar o painel do carro, onde um pequeno visor marca as horas. Bom, ele ainda terá cinco minutos. E tudo está tão quieto, como se não houvesse mais assunto entre o casal, o que macera o coração do jovem omega em pedaços. Ao menos, o banco de Louis está afastado o suficiente para ter um certo espaço entre o seu corpo e o volante. Sem pensar duas vezes, Harry toma impulso nos joelhos para avançar em Louis, sentando em suas pernas. O peso inesperado faz o alfa levantar as sobrancelhas surpreendido, sorrindo em surpresa. O omega leva ambas as mãos até o pescoço do namorado, usando a ponta dos dedos para acariciar a pele áspera da região, seus olhos analisam o rosto bonito de Louis uma última vez.

— Promete não me esquecer? — A voz tipicamente grossa do cacheado falha, evidenciando o quão instável está nessa despedida. Ele prende novamente a lábios inferior entre os dentes, ferindo a carne da cavidade bucal. Uma de suas mãos move até o rosto do alfa, acariciando seus traços delicados.

— Nós vamos nos falar todos os dias, já disse.

O alfa garante novamente, seus olhos percorrem pela face do omega, as íris refletem sob o olhar de Harry, que está igualmente brilhoso.

— Eu vou te visitar no primeiro recesso de aulas, okay? — Louis agarra a palma da mão de Harry, levando até seus lábios para distribuir beijos. — Vamos nos ver em breve.

O omega assente, um sorriso brota em seus lábios pela confiança do alfa.
— Promete? — Suas sobrancelhas franzem novamente.

— Prometo. — Louis assente. — Vou mandar tantas mensagens até chegar no ponto em que você não irá me aguentar mais.

— Impossível.

— Veremos. — Louis agarra as bochechas do namorado para segurar seu rosto, levando os lábios até os de Harry para beijar com ternura. O beijo é liso, seus lábios já estão umedecidos o suficiente para deslizarem entre si, ambos estão despidos de malicia, o contato somente é um gesto de amor entre os jovem casal. O beijo é interrompido por Louis, que afasta o rosto em poucos milímetros, mantendo sua testa colada contra a de Harry. — Está na hora de ir, hum? Sua mãe vai nos matar se você perder o ônibus.

Um riso escapa dos pulmões de Harry, que concorda com a afirmação. Afinal, ele consegue imaginar perfeitamente, que nesse momento, sua mãe está prestes a surtar por sua ausência. Ele puxa o pescoço do alfa novamente, dessa vez para conseguir apertar seu corpo em um abraço, suspirando ao que sente o aroma de Louis inundando suas narinas.

— Vou sentir sua falta. — Harry tateia pela porta o motorista, puxando a maçaneta.

— Mútuo. — Louis segura o namorado pela cintura, impulsionando seu corpo para cima, facilitando a saída de Harry. — Me avise assim que entrar no ônibus, sim?

O omega assente, tirando o celular do bolso para mostrar ao namorado, balançando o aparelho como um lembrete de quem sempre estará pronto para falar com o alfa. Após seu sorriso fechar gradativamente, ele inspira fundo antes caminhar até a entrada da rodoviária, batendo a mão contra contra o capô do carro assim que o alcança. Harry evita todos os pensamentos intrusivos que o instiga a olhar para atrás e checar qual é a expressão de Louis nessa exato momento, focando apenas em dar passos largos até a selva de pedra à sua frente. Anne e Gemma já estão na fila para adentrar no ônibus, ambas acenam para o omega, que acelera os passos dando uma breve corrida até alcançar a plataforma. Anne está sorridente e animada, o oposto de Gemma, que está tão apática e carrancuda quanto o irmos. O ar quente sopra contra os cabelos ondulados de Harry, o fazendo franzir os olhos, porquê toda essa situação parece uma merda.

— Porra.

Harry sibila em tom baixo, quase inaudível. Aproveitando os últimos segundos que ainda lhe restam, ele torce o rosto para a direção de onde veio, espremendo os lábios ao notar que o carro de Louis já não está mais parado no mesmo local. Apesar de ainda estar relutante, o omega toma coragem para pisar nos degraus altos do ônibus, impulsionando todo o seu corpo para dentro do veículo.

...
LEMBRANDO QUE AINDA FALTA O EPÍLOGO ENTÃO ESSE AINDA NÃO É O DESFECHO DA HISTÓRIA!
para aqueles que gostam da minha escrita, estarei postando outra fanfic larry no universo alfa, beta e omega! a história chama PEACHES e já está disponível no meu perfil, venham dar uma olhadinha ;)

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