Todas as coisas que (não) dev...

By JessicaFaustino

38.7K 288 20

HISTÓRIA COMPLETA REPOSTADA | ALICE ganha uma bolsa de estudos para cursar Direito no Rio de Jane... More

📜
Prólogo
Capítulo 1: Imprevisto ៚

Capítulo 2 - Cadê os modos, Alice? ៚

2K 73 7
By JessicaFaustino

[Tadeu]

             Quando se possui um sonho é preciso ir até o fim, seja ele qual for, e ainda assim fazer o necessário e o impossível para realizá-lo. Sendo assim, cá estou eu pegando outro voo para o Rio de Janeiro.
             Estou dando tchau a Bahia e a faculdade de Administração na UNICSUL, depois do meu pai descobrir que filei algumas aulas para fazer uns sons nas casas de shows acompanhado de alguns amigos. O seu jeito de tentar resolver isso foi me transferindo de Salvador para o Rio, acho que por minha mãe ter dito que longe da "má influência" eu irei me interessar mais. Ah! Pelo amor, né mãe?
            Se ela acha que eu vou desistir da música, enganada.
            Estava procurando meu assento no avião quando descobri que a minha companheira de viagem mais parece um pimentão de tão vermelha do que uma garota. Sento-me do seu lado procurando uma posição confortável para a viagem. Escuto o fungar da loirinha no assento ao lado e a dúvida surge: eu falo com ela ou não?
            Vai que é coisa passageira.
            Ou será que ela pode mesmo estar precisando de alguém?
            Mas com certeza essa pessoa não seria eu.
           — Tá tudo bem?
           Se ela está chorando é porque não está nada bem né, Tadeu!
           
— Vai ficar. — responde. Seu olhar antes preso às nuvens volta-se para mim. — Me desculpe se te deixei desconfortável.
          — Oxe, que nada. — Inspiro fundo. — Eu não sei o que é ou quem é que te fez chorar, mas ponha a angústia pra fora. Às vezes chorar pode fazer bem, mas não se demore muito nessa, sabe?
         Com um movimento delicado a garota limpa a região abaixo dos olhos e ri. Não é um riso tímido como eu esperava, mas um em que parece que contei algo engraçado — o que não deixa de ser um sorriso bonito. Eu retribuo.
          — Isso garota. — parabenizo. — Aposto que a sua mãe nunca te disse para conversar com estranhos. — brinco.
          — Ah, com certeza. — ela ri.
          — Vamos resolver isso então. Qual o seu nome? — pergunto fitando-a e cruzando as pernas.
          — Alice — responde. — E o nome do poeta qual é?
          — Tadeu. — digo rindo — Então... Alice, você quer desabafar? Conversar sobre o que está sentindo? Não precisa dar detalhes.
         — É complicado. — Ainda sorrindo, Alice solta um suspiro estremecido.
         — Falar sobre o problema não vai complicá-lo mais. Saudades de alguém? – pergunto. Ela confirma com a cabeça — Do nego?
         — Quem?
         — Namorado.
         — Não, não! — respondeu determinada. — Da minha família.
         — Então você não tem namorado ou não sente saudades dele? — Miro na brincadeira.
         — Terminamos há algum tempo.
         Mas acabo acertando em um ponto delicado.


[Alice]

            Tadeu não me pareceu ser uma pessoa ruim. Admito que ele me assustou quando analisou o meu rosto milímetro por milímetro, mas ao menos tentou ser engraçado e me distraiu de alguns problemas boa parte da viagem. Sou grata por seu esforço.
            Ainda acompanhada por ele, saímos do avião e entramos juntos no Aeroporto Santos Dumont para pegar as nossas malas na esteira. O lugar estava simplesmente lotado, o que já era de se esperar, mas puts! Uma correria danada, tics e plins por todos os lados, voos sendo anunciados... Eu precisava de silêncio e espaço para me acalmar e então enviar uma mensagem para uma pessoa.
          Já afastados da área de embarque fiquei próxima das bancas de revistas, DVD e CDs. Eu já podia sentir o silêncio e o ar-condicionado lá dentro. Avisei ao Tadeu que eu precisava fazer uma ligação para que viessem me encontrar e educadamente ele perguntou:
           — Quer que eu vá com você?
           — Não precisa, imagina. — Pensando mais um pouco acrescentei — Obrigada. Para o que seria só um colega de poltrona, você fez muito por mim nessa viagem. Acredite.
           Tadeu maneou a cabeça sem jeito. Eu solto um riso baixo relembrando nossas conversas.
           — Estou te devendo uma! — Se não fosse ele minha viagem teria sido mais chorosa do que bebê sem chupeta.
           — Que nada! Se posso ajudar uma pessoa, por que não fazer isso? Espero que fique bem e que se estabeleça logo aqui no Rio. — Aproximando-se, Tadeu me deu um abraço daqueles com ar de conforto e eu tentei retribuir na mesma intensidade. Acho que nós dois estamos precisando. — Aproveite para conhecer a cidade. Se precisar de um guia...
             Tadeu também deixou os pais e o irmão mais velho para trás. Lá na Bahia para ser mais clara. Longe pra porra, como diz ele, e nem por isso estava choramingando feito eu. Mas no caso dele, parece que há mais vantagem em estar longe do que perto.
             — Obrigada mesmo. — agradeço.


              Depois de enviar a mensagem acabei não resistindo a tanta novidade musical na banca e tive que levar alguns cds para ouvir mais tarde, mas foi quando eu estava passando no caixa e olhei pela vitrine que vi a Gabi em pé na entrada do aeroporto com o que parecia ser um aparelho celular em mãos. Por muito pouco não a reconheci.
             Deixo a banca para ir ao seu encontro e ela abre um sorriso enorme ao me avistar. Quando enfim alcançamos uma a outra, Gabi envolve nossos braços e me arrasta para o estacionamento. Olho para os lados nutrindo esperanças de reencontrar o meu colega de viagem mesmo sabendo que ele já deve estar a caminho de casa.
             Só depois tomo real consciência que minha amiga que eu não via há alguns anos está bem aqui na minha frente.
             — Nossa, como você cresceu! — digo.
             Ela me olha com um sorriso tímido.
             Gabrielle sempre foi alta, mas não era daquelas esbeltas que os meninos babavam. Desa vez fiquei de queixo caído enquanto a observava. Seus cabelos negros ainda continuam compridos e sua cintura mais fina do que nunca. Já suas pernas estão um pouco mais grossas e seu rosto com uma aparência melhor de jovialidade e madura.
             — Eu não fui a única que mudou. Você está linda, Alice! Eu nem acredito que você veio. — Gabi sorri me abraçando mais uma vez.
              Aquele buraco de tristeza que tinha se criado quando deixei minha família no aeroporto estava mais uma vez dando lugar a uma centelha de felicidade e ansiedade.
             Eu tinha um sorriso besta no rosto enquanto olhava pela janela do carro. Estava começando a entender o porquê de apelidar o Rio de Cidade Maravilhosa. Passando por uma praia cheia de vegetação e quiosques, haviam pedestres e ciclistas usando roupa de banho. Biquininhos e biquinão, coxas e peitos suados. Senti pena apenas de um cachorrinho cor caramelo correndo com o seu dono naquela calçada que parecia super quente. Ao longe as águas fortes aproximavam-se e recuavam da faixa de areia, eu podia ouvir seu som bem ao longe, era quase que refrescante. Em algum momento durante a minha estadia eu precisava vir ali.
            — Você parece uma menininha olhando as coisas. — Gabi disse rindo. Empurro devagar o seu ombro usando o meu.
           — Todos os turistas são assim quando chegam à cidade pela primeira vez. — disse o motorista, que até então não tinha falo nada.
          Olho para ele pelo retrovisor e aceno com um sorriso em agradecimento.

              — Seja bem-vinda e sinta-se em casa! — Gabi faz uma reverência pondo uma das minhas malas no chão da sua sala.
               A casa de um andar não é nada parecida com o que eu estava esperando com base na situação financeira memorável do pai dela. Sem exageros. Pelo menos não a sala e a pouca visão que eu tive da cozinha.
              Porém, como bons filhos criados com o que é bom e de melhor, a casa não deixava de ter os seus toques de requinte. A porta de correr feita de vidro, os dois sofás enormes forrados em um verde musgo, um painel cor cappuccino composto de estrados de madeira e papel de parede 3D logo atrás de uma smart TV três vezes o tamanho da que estava em minha casa — e isso com ela virada.
              Também havia um aparelho de som com duas caixas enormes, aparelho de DVD e um outro que eu deduzi ser um vídeo game. De frente para a escada na lateral da sala, tem um janelão coberto por uma cortina de renda fina. Mas essa eu tinha visto antes de entrarmos e já imaginava o seu acesso à varanda, esta toda trabalhada em grama artificial composta por cadeiras de madeira. A rendinha final deixava a luz do sol oferecer toda a sua claridade em direção a escada.
              — Só irei ficar por alguns dias enquanto você me ajuda a achar um apartamento. — relembro. — Barato. Até lá, tentarei ser a sua melhor hóspede.
              Esse foi o combinado feito junto a minha mãe, e ela não arredou mesmo quando a Gabi ligou de vídeo chamada tentando convencê-la de que não seria necessário alugar um apartamento, além de que seria um desperdício de dinheiro. Mesmo mamãe não mencionando, eu sabia muito bem o motivo dela não concordar que eu morasse aqui. De toda forma, enquanto eu não encontrasse um bom lugar e me adaptasse ao novo emprego passaria uns dias com Gabi e isso era, obviamente, inquestionável.
             Acompanho-a pelas escadas enquanto ela me guia até meu quarto temporário.
             — Aqui. Eu tentei deixar confortável e iluminado, porque é o que eu me lembro do seu quarto, mas se algo não estiver à seu gosto você pode ficar à vontade para mudar. Ali fica o seu banheiro. — Apontou uma porta próximo do guarda-roupa. — Você está em casa. Estou lá embaixo se precisar.
             Ela caminha até a porta e para virando-se para mim.
— Pode ficar quanto tempo for preciso.Não tenha pressa. — Sai sem esperar por uma resposta.
             Sem cerimônia, coloco minhas malas no chão e corro para o banho.
             Depois de almoçarmos a Gabi me permitiu retornar ao quarto e esperar que eu descansasse da viagem para que pudessemos fazer atualizações das nossas vidas. Porém, sempre que eu tentava fechar os olhos e me concentrar em dormir a mente viajava para as malas que ainda tinham que serem desfeitas, e foi o que comecei a fazer até perceber uma figura me olhando da porta.
             — Olha ele! — Fico de pé tentando esconder a surpresa.
             Gabi, seus pais e o mimado do seu irmão moravam lá em São Paulo. Crescemos todos juntos no mesmo prédio até que os pais deles se separam e eles vieram para o RJ com a mãe. Então já dá para imaginar como eu fiquei ao me separar da minha primeira melhor amiga de infância. O Michael não fez muita falta. Só na primeira semana. Foi com ele que dei meu primeiro beijo da vida. Eu devia ter uns treze anos de idade e lembro bem que foi meio melequento. A gente brigava muito e eu me achava muito nova para ser chamada de namoradinha por ele.
             Depois sua mãe adoeceu e acabou falecendo. Foi quando os irmãos retornaram para São Paulo e eu passei uns tempos com eles na casa do seu pai. Foi a última vez que nos vimos pessoalmente e ficamos próximos de verdade. Quando Michael ficou de maior, decidiu voltar para o Rio e Gabi o acompanhou. Os dois sempre foram muito apegados um o outro.
              — Você está ainda mais linda do que nas fotos do Instagram! — sorriu. Sarcástico como sempre.
              — Já você não mudou muita coisa! — Minto. E a minha surpresa denunciava. Está um pouco mais alto e mais forte. O que não mudou mesmo foi a cara de sem vergonha.
              — De arrancar suspiros, como sempre! — disse ele.
              — Também não deixou de ser convencido! — reviro os olhos e contenho um sorriso.
              — E você não deixou de ser descuidada...
             Olho para ele e entendo o que quis dizer. Entre os dedos, Mike segurava um sutiã meu, próximo a cama onde estavam todas as minhas roupas íntimas espalhadas para guardar.
             Eu nem bem havia me instalado e ele já estava começando com suas gracinhas. Esse, ou melhor, ele é o motivo preocupante da minha mãe não me querer aqui.
              — Que mole, Michael! — reclamo impaciente. — Põe de volta no lugar.
              — Não precisa mais usar papel higiênico pelo visto. — Ele estica o braço me impedindo de chegar até ele. Suas palavras me deixam vermelha.
              — Esquece essa história! — digo puxando meu sutiã. — Agora vê se cresce e devolve isso!                — Esse dia foi ótimo! — Ele deu uma risada que me fez ter vontade de parar para ficar ouvindo.
              — Vai rasgar, devolve! — tomei-o de suas mãos. Eu não iria ficar sem graça atoa e dá esse gosto para ele. Se ele quer jogar, vamos jogar. — Sério, eu só queria saber como eu ficaria com seios grandes antes de eles realmente crescerem!
              Senti seus olhos indo em direção ao meu busto e, sem duvida alguma, se eu me visse no espelho agora estaria parecendo um tomate daqueles bem maduros.
             — Tenho certeza que ficou uma maravilha! — disse se aproximando, olhando para minha boca.
             Posso sentir sua respiração no meu rosto semelhante as várias oportunidades como aquela no passado. Pior do que isso, é que eu não acredito que depois de tanto tempo eu ainda tenho vontade de beijá-lo, como agora... Agora que sabemos o que fazer com as mãos e onde colocar a língua. Ele ainda me atrai e me deixa desconcertada a ponto de querer enfiar a cabeça no chão.
            — Mas já?
            Mike se afasta rapidamente. Olho para a porta do quarto e vejo uma Gabi se divertindo com nossa situação.
            — Não é nada do que você está pensando, Gabrielle! Não viaja.
            — Isso é o que todos dizem, Ali. — ela se diverte saindo do quarto.
            — Não pense bobagens! É serio caramba! Eu só estava tentando tomar meu sutiã. — Explico caminhando atrás dela.
            Acabo de chegar à casa da pessoa e ela já me encontra aos mínimos centímetros com seu irmão.
           Cadê os modos Alice?
          
— Foi realmente uma rapidinha? — ela para de frente para mim prendendo uma risada.
          — Você e o seu sarcasmo. Não é atoa que é irmã daquele ser insuportável! — digo impaciente. — Da para me levar a sério? Não quero que pense que estou afim do seu irmão ou que vim para o Rio para me pegar com ele!
           Foi coisa da infância. Coisa de criança. Essas lembranças deveriam fazer eu e ele rir e não ter vontade de sabermos como seria a sensação agora que estamos mais velhos.
           Gabrielle respira fundo e põe as mãos dramaticamente nos meus ombros.
           — Tudo bem, amiga. – começou. — Eu não ligo. Mesmo assim seria maravilhoso ter você como cunhada. — Terminou as últimas palavras descendo a escada.
           — Gabrielle! — a repreendo.
          Quando voltei para o quarto Mike já não estava mais. Dei uma pausa e quando vim terminar de arrumar as minhas malas a noite já se mostrava presente. Gabi me chamou para jantar, mas eu só precisava de um banho, conversar com a minha mãe ao telefone e cair direto na cama.

Continue Reading

You'll Also Like

72.8K 3.9K 39
📍ʀɪᴏ ᴅᴇ ᴊᴀɴᴇɪʀᴏ, ᴄᴏᴍᴘʟᴇxᴏ ᴅᴏ ᴀʟᴇᴍᴀᴏ "dois corações unidos num sentimento, novinha e guerreiro em um só fundamento..."
16M 188K 9
(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar...
17.5M 1.2M 91
Jess sempre teve tudo o que quis, mas quando Aaron, o sexy badboy chega a escola, ela percebe que, no final das contas não pode ter tudo o que quer...
59K 3.8K 94
TODOS OS DIREITOS AUTORAIS SÃO DE "Tessa Lily!" "Eu, Logan Carter, Alfa da matilha Lua Crescente, rejeito você, Emmy Parker da matilha Lua Crescente...