Helena POV
Acordo e olho pro lado, vendo o Ander dormindo, então passo o braço envolta da sua cintura e começo a beijar seu pescoço, o fazendo acordar e se virar pra mim.
- Bom dia. - digo e ele sorri, antes de eu puxa-lo pra um beijo
- Bom dia. Agora não to muito afim, ta? - ele diz e eu suspiro
- Nem agora, nem ontem, nem no outro dia...O que ta acontecendo? - pergunto, mas ele não responde - Que foi? Enjoou de mim?
- De onde você tirou isso? - ele me pergunta
- Pode falar. Estamos à quase três anos juntos, devo ter perdido a graça. - digo
- Não faz draminha. - ele diz e eu reviro os olhos antes de começar a sair da cama, mas ele segura minha cintura - Lena.
- Me fala o que ta acontecendo, Ander. Você ta estranho desde o dia que buscamos seus exames e aconteceu o julgamento do Polo. Mas fica nessa de esconder tudo, de novo. - digo
- Eu posso falar? - ele pergunta calmo
- Então fala. Des daquele dia o nosso rolê mais legal é ver netflix. - digo e ele fica quieto - Puta que pariu. - digo e levanto indo pro banheiro
Eu entendo se ele não quiser mais estar comigo, mas prefiro que ele diga logo, do que ficar se sentindo preso.
Nos arrumamos e fomos pro colégio, não falamos o caminho todo e assim que chegamos andei pra longe dele, o que não passou despercebido pelo meu irmão.
- Problemas no paraíso? - ele pergunta
- Cala a boca, Gael. - digo
- Sério Lena, pode falar comigo. - ele diz
- Não tenho nada o que falar. - digo e saio
Quando entro na escola, me deparo com umas pessoas envolta de um menino. Ele estudou aqui uns anos atrás, pelo visto agora voltou. Conheciam ele como "Free Yeray", mas acho que ele não é mais esse cara.
- Yeray? - pergunto
- Lena! E ai? - ele diz me abraçando e o abraço de volta
- Quanto tempo. - digo
- É, mas voltei maior e melhor. - ele diz e rimos um pouco - Foi bom te ver. - ele diz e sai
- Igualmente. - digo e sigo meu caminho
Entro na sala e sento do lado da Lu. Depois de todos chegarem, a Azucena aparece.
- Bom dia, sentem-se. Ontem mesmo, o nosso colégio firmou um programa de intercâmbio com a Universidade de Columbia em NY, com acesso direto ao nível superior. Tanto o intercâmbio quanto a graduação vão ser totalmente financiados. Os candidatos apresentaram um projeto acadêmico de agora até o fim do ano, e o vencedor... - ela diz, mas o Samuel interrompe
- Financiados por quem? - ele pergunta
- Por um patrocinador generoso. Como eu estava dizendo... - ela diz
- Ontem foi firmado? Quem tava na sua sala ontem era a mãe do Polo. - o Samuel diz
- Sim. Foi a mãe do Polo. - a Azucena diz e continua a explicação
Depois que ela saiu, todos começaram a conversar.
- Ué gente, se a editora da mãe do Polo quer oferecer uma bolça, o que é que tem? Não tem problema nenhum, é você quem... - a Cayetana diz, mas o Samuel interrompe
- Você diz isso, porque já se vendeu, mas o resto da turma não. - ele diz
- Não precisamos nos vender. Porque o Polo foi oficialmente liberado. - a Nadia diz
- Obrigada. - a Cayetana diz
- Você quer levar o prêmio sem se corroer por uma culpa do caralho, é isso. - o Samuel diz
- Se a Nadia que se inscrever pra bolça, deixa ela fazer o que acha melhor. Talvez seja melhor todo mundo deixar isso pra trás. - o Guzman diz
- Pera ai, ta falando sério? - o Samuel pergunta
- Eu acreditei em você, Samu, mas fui o único porque nem à justiça acreditou. E eu ainda por cima duvidei do Polo, que sempre foi meu melhor amigo. Parece que fiz merda outra vez. - o Guzman diz e sai
Estava andando na escola quando vejo o Ander e a Rebeka conversando, o que acho estranho por eles não serem tão próximos. Mas deixo quieto e vou pra casa.
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Já era outro dia e não vi nem o Ander nem a Rebeka na aula hoje. Quando a aula acabou, fui pra casa e minhas paranóias só aumentavam.
Estava quase dormindo no sofá quando meu celular toca.
- Oi. - digo
- Oi. Pode vir aqui em casa? A gente precisa conversar. - o Ander diz e meu coração aperta
- Claro. - respondo e desligo
Pego minha bolsa e dirijo o mais rápido pra casa dele. Quando chego lá, fico um tempo encarando a porta, com medo de bater, mas bato e ele abre.
- Oi, entra. - ele diz e eu faço - Pode ir subindo eu já vou.
- Ta. - digo e subo pro seu quarto
Fico um pouco lá antes de ele aparecer com um copo de água e me entregar, me fazendo o olhar confusa.
- Acho que pode precisar...Lena... - ele diz, mas o interrompo
- Você ta me traindo com a Beka? É isso que queria conversar? Você quer terminar? - pergunto
- O que? De onde você tirou isso? - ele pergunta
- Eu vi você dois ontem e nenhum foi na aula hoje, dai você me fala que quer conversar, até me trás um copo de água. - digo
- Eu achei que eu fosse o paranoico da relação. - ele diz e ri - Lena, entre nós dois, ela tem mais atração por você. - ele me diz
- Pera, que? - pergunto
- Eu não trai você e nem vou terminar com você, hermosa. Nem pesaria nisso. - ele diz segurando minha mão
- Então, o que queria conversar? - pergunto e ele respira fundo
- O resultado dos exames...não era nada. Eu to com câncer. - ele diz e meu mundo cai
- Que? - pergunto com lágrimas nos olhos
- Eu não queria contar, mas logo vai ficar na cara e vai afetar a minha mãe. - ele diz
- E não vai me afetar? - pergunto
- Eu só to dizendo que essa cruz não é sua. Você devia ta saindo, bebendo, transando e se divertindo. - ele diz
- Cala a boca, Ander. Eu não consigo nem pensar em fazer essas coisas se você não estiver lá. Se você ta tentando me afastar pra bancar o heróizinho, sinto muito, mas não vai acontecer. Eu não sai do seu lado antes e não vou sair agora. Eu te amo, caralho. E você vai superar isso. E eu vou estar aqui pra ver cada passo. - digo e vejo seus olhos se encherem de água, então o abraço
- Eu te amo, muito. - ele diz me abraçando mais forte
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Era a primeira sessão do Ander e eu e a Azucena estávamos ao seu lado.
- Primeira vez e primeira sessão? - um menino pergunta - Sou o Alexis. - ele diz, estendendo a mão pro Ander - Se precisar de um concelho sobre como lidar com isso, ou algum macete, ou quiser se livrar de alguém, sabe onde me encontrar.
- Valeu. - o Ander diz
- Até mais. - o menino diz e vai embora
- Vou sair pra pegar um suco. A enfermeira disse que você vai sentir um gosto metálico ou esquisito. Você fica com ele? - a Azucena pede e eu assinto
- Saiba que eu não vou te dar a mão, já que quer bancar o corajoso. - digo e ele ri, então pego meu fone - Toma. Três horas de sessão podem demorar. - digo dando um dos lados pra ele
- Você não podia ta aqui, tinha que ta na aula. Vai manchar seu histórico. - ele me diz
- Eu não faltei a minha vida toda. Agora não vai fazer mal. - respondo