Lauren Anderson
Terminei de amassar o abacate e coloquei tudo em uma vasilha com cebolas e tomates, duas pitadas de sal, azeite e misturei.
Peguei uma colher e provei.
- Nossa, isso está muito bom! - Falei para Daniel que cortava morangos ao meu lado.
- Depois eu que sou convencido. - Ele riu.
- Sério, está muito bom! - Eu falei pegando um nachos e colocando um pouco de guacamole.
Estendi a mistura até sua boca para que ele provasse e, com receio, ele abocanhou o salgadinho.
- Meu deus! Eu não sabia que você cozinhava tão bem! - Disse surpreso.
Revirei os olhos e o empurrei de leve.
Depois de preparar os salgadinhos, levei para fora cada um em uma vasilha para que os outros pudessem comer enquanto eu fazia o fondue de queijo.
Entrei na cozinha e Daniel colocava rodelas de morangos na ponta dos copos das bebidas com bolinhas de açúcar dentro.
- Prova! - Me entregou um dos copos.
Peguei de sua mão e provei a vitamina.
- O que achou? - Perguntou.
- Ficou ótimo. - Concordei.
Ele começou a gargalhar da minha cara e eu franzi a testa, confusa.
- O que deu em você? - Perguntei impaciente.
Ele me ignorou e pegou o celular.
- Daniel, o que você está fazendo? - Falei tentando pegar o celular.
Ele estendeu o celular para o alto, ainda em gargalhadas frenéticas.
- Você tem um bigode de morango. - Ele disse apontando para o meu rosto.
Me olhei rapidamente no reflexo da geladeira prata e arregalei os olhos.
Eu estava mesmo com um bigode. Que vergonha!
Limpei rapidamente e ele riu.
- Você tirou foto. - Virei-me irritada. - Daniel, eu vou te matar! - Tentei pegar o celular.
Ele jogou a cabeça para trás em uma risada gostosa de ouvir. Eu acharia fofo se eu não estivesse explodindo de raiva.
Ele estendeu seu braço com o celular para o alto para que eu não alcançasse.
- Seu brutamontes! Me dá esse celular agora! - Fiquei nas pontas dos meus pés, mas foi inútil.
Ele riu, divertido-se com o meu esforço.
- Por que você não pega? - Aproximou o celular de mim e desviou assim que tentei pegá-lo.
Mesmo sabendo que não conseguiria, tentei pular várias vezes para pegar enquanto ele me observava com seu sorriso divertido habitual.
- Você sabe que eu não dou altura! - Esbravejei. - Nós temos uma trégua, esqueceu?! Sem brincadeiras desse tipo! - Falei furiosa.
Ele riu da minha cara mais uma vez quando me viu tentando subir na bancada para alcançar suas mãos.
- É mais forte que eu. - Sorriu e eu bufei. - Se acalme, assim você vai explodir. Você está toda vermelha! - Ele brincou apertando as minhas bochechas.
- Se você postar isso em alguma rede social eu juro por tudo que é mais sagrado.... - Eu falei fechando os olhos de raiva. - Que eu vou te cortar em pedacinhos!
Ele se esforçou para não rir novamente.
- Calma, Lau, é uma foto. Olha como você está bonitinha! - Ele mostrou a foto de longe com um sorriso no canto dos lábios.
Revirei os olhos e cruzei os braços, séria.
Esse imbecil só sabe rir?
- Relaxa. Eu não vou postar, só vou deixar registrada. - Ele disse tentando me tranquilizar.
Registrar para que, afinal?
- Sabia que a trégua não duraria muito. - Bufei voltando a mexer o queijo no fogo.
- Se durasse, não teria graça. - Deu de ombros.
Insuportável.
Ele levou as vitaminas e ouvi os meus amigos, do lado de fora, animarem-se.
- Você já terminou o fondue? - Perguntou e se posicionou ao meu lado.
- Já.
Peguei a panela e joguei o molho dentro de uma vasilha de vidro.
- Você ainda está brava? - Ele riu ao ver que tinha uma expressão séria no rosto. - Não fica assim! - Apertou minhas bochechas como se fosse o meu avô.
Revirei os olhos.
- Está com a cara boa. Posso provar? - Pegou um nacho e mergulhou metade no fondue.
Estava quente, mas eu não falaria. Ele que descubra por si só!
- Ai! - Murmurou. - Acho que queimei minha língua...
Eu não me aguentei e comecei a rir.
- Bem feito.
- Por que não avisou? - Perguntou indignado.
- Vingança. - Sorri divertida.
- Como você é rancorosa. - Ele fez careta.
- Sim, eu estou horrível naquela foto! - Protestei.
- Como se fosse possível... - Murmurou.
O olhei surpresa ou talvez, confusa.
- Leva logo o fondue lá para fora! - Coloquei a vasilha na sua mão e o empurrei pelas costas.
- Calma, sua desesperada! - Revirou os olhos e se retirou.
- Finalmente, vocês demoraram! - Julie falou colocando uma tortilha com queijo na sua boca.
- Claro, Daniel fica me atrapalhando. - Bufei.
- Mentirosa! Se não fosse a minha ajuda você ainda estaria lá. - Disse convencido.
Fiz uma careta e ele retribuiu.
Era verdade, mas eu não iria contar para ele.
- A trégua foi por água abaixo. - Jack balançou a cabeça rindo.
- Sabíamos que não iria durar muito. - Melissa deu de ombros e todos concordaram.
Me senti ofendida.
- Eu achei... - Murmurei.
- Quanta ilusão. - Daniel bagunçou meu cabelo úmido.
O lancei um olhar mortal e um sorriso divertido cresceu em seus lábios.
Depois de comer tudo que estava na mesa, incluindo os doces que tínhamos pegado, deitamos perto da piscina para descansar.
- Vamos jogar Twister? - Jack se levantou do chão onde estava deitado com os pés para dentro da piscina.
- Eu topo! - Julie falou dando um gole em sua vitamina.
- Vocês nunca irão ganhar de mim! - Me levantei assim que Julie apareceu com o jogo em mãos.
- Lá vem a Lauren cantando vitória. - Bryan revirou os olhos rindo.
Eu era estranhamente competitiva se tratando desse jogo.
Julie estendeu o tapete no chão e escolheu a ordem que seria.
Primeiro foi Melissa. Ela girou o ponteiro animada.
- Vermelho, mão esquerda. - Falou fazendo o que o ponteiro indicou.
Não demorou muito para chegar a minha vez. Eu era a última, depois da Julie. Até agora o jogo não estava difícil mas eu sentia que ia piorar.
Melissa rodou de novo o ponteiro e arregalou os olhos. Verde, pé direito. Ela se moveu com muito cuidado para que não desequilibrasse, esticou sua perna direita por baixo do Bryan e encostou seu pé no verde. Se ele caísse, ela quebraria a perna.
- Bryan, nem pense em cair. - Ela falou séria e ele conteve uma risada nervosa.
Chegou a minha vez novamente e eu girei: vermelho, mão direita.
Olhei para a cor que estava do outro lado do tapete. Minha perna esquerda estava no verde, então tive que esticar bem o meu corpo para chegar até lá, desviando do corpo de Jack.
Alguns minutos se passaram e ainda estávamos lá. Agora, Melissa se posicionava como se estivesse fazendo uma flexão embaixo de Bryan que estava de cabeça para baixo como o exorcista. Julie estava com as duas mãos esticadas: a direita estava passando por cima de Jack que continha a sua perna esquerda por cima de Julie.
Daniel estava entre Julie e Jack como se fosse o homem aranha e eu também estava no meio dos quatro. Minha mão esquerda estava embaixo de Bryan, já a esquerda estava por cima de Julie. Minhas pernas não estavam tão esticadas, mas passava por cima das pernas de Melissa e por baixo de Daniel. Se eu levantasse essa perna, eu poderia chuta-lo em seu lugar mais sensível.
Até que não seria tão ruim pensando por esse lado.
- Melissa, anda logo! - Bryan disse ofegante. - Eu estou sentindo o sangue indo para a minha cabeça.
Rimos, porém nervosos.
Era apenas a terceira rodada, mas meus braços e pernas não aguentavam mais ficar naquela posição. Talvez eu já tivesse perdido a prática.
- Verde, pé direito. - Ela disse com os olhos arregalados. - Cara, esse jogo quer me matar. - Bufou.
O verde estava do outro lado. Para ela esticar sua perna teria que levantar um pouco seu tronco sem tombar Bryan, tirar sua perna sem me tombar e colocar ela entre Julie e Daniel.
Como eu previa: não deu certo.
Bryan caiu para o lado, puxou o braço de Julie que fez Daniel cair para trás e quase esmagar o meu pé. Caí de cara em seu abdômen sarado, quase quebrei o meu nariz e meu pé direito bateu na perna de Jack, dando-lhe uma rasteira.
Um efeito dominó incrível e doloroso.
Depois do susto da queda, começamos a rir. Estávamos todos um em cima do outro, em posições totalmente desfavoráveis.
- Ninguém venceu, eu acho. - Julie disse com uma careta enquanto se levantava com as mãos nas costas como uma velha.
- Eu teria vencido se a Lauren não tivesse me dado uma rasteira! - Jack bufou e nós rimos.
- Isso foi culpa de Daniel que quase caiu em cima da minha perna! - Protestei.
-Tenho certeza que o dano maior seria em mim. - Ele falou e nós gargalhamos.
Me levantei e enchi meu copo com a vitamina de morango com laranja. Depois desse jogo eu precisava de descanso. Deitei na cadeira sentindo o sol quente na minha pele.
Peguei o protetor e passei nas minhas pernas, abdômen e braços. Deitei e fechei os olhos, sentindo a brisa fresca da tarde e aproveitando o silêncio estranho na casa.
Não durou cinco minutos.
- Olhem o que eu trouxe! - Ele disse vindo com uma caixa de som.
Ele conectou a caixa no celular e colocou sua playlist do spotify.
As playlists de Jack podiam ser muito boas ou muito ruins. Seu gosto musical era extremamente eclético, podendo ir de Beyoncé até Gun's & Roses. Ou na pior das hipóteses, poderia começar com um Rock Metal de uma banda russa desconhecida e terminar com um single do Flo Rida de 2005.
Dua lipa começou a tocar por toda a casa enquanto Jack ensinava a Bryan a coreografia que a cantora fazia no videoclipe da música.
Era uma cena cômica para se ver.
- Pessoal! - Melissa nos chamou saindo de dentro de casa. - Olha o que eu achei na garagem da Julie! - Sorriu, animada.
Ela estava com as armas de Nerf que nós brincávamos quando éramos crianças.
- O que você estava fazendo na minha garagem? - Julie franziu a testa.
- Ah, é lá que sua mãe guarda o detergente. Eu estava lavando as vasilhas. - Deu de ombros. - E então, vamos brincar?!
Ela entregou uma arma para cada um. Dividimos duas equipes, escolhemos dois capitães e os capitães escolhiam quem queriam pro time.
- Qual será o prêmio? - Bryan falou colocando a munição na arma.
- Duas barras de chocolate. Daquelas que a gente comprou. - Daniel deu a idéia e concordamos.
Os grupos ficaram divididos assim:
Grupo 1 - Jack (capitão)
Eu
Melissa
Grupo 2 - Julie (capitã)
Bryan
Daniel
Competir com Bryan e Daniel nesse jogo era uma coisa difícil, já que eles eram extremamente competitivos. Mas, nada nem ninguém se comparava a Melissa. Ela sim faria qualquer coisa para vencer. Qualquer coisa....mesmo! Aquele rosto angelical, esconde várias vitórias no Nerf.
- Não vale no quarto dos meus pais nem na casa dos vizinhos, vocês sabem o que aconteceu da última vez! - Julie repreendeu.
De fato, não tínhamos boas lembranças daquele jogo. Quer dizer, eu realmente achei que aquele rottweiler iria arrancar todos os órgãos do Jack em uma única mordida.
Nós concordamos e ela deu a largada.
OLA, OLA, OLA
Tudo bem, amores? Não demorei tanto assim né?! Então, talvez eu tenha postado só um pouco tarde, mas...
O que acharam desse capítulo? Esse Daniel sempre tão serelepe, uma hora todo romântico e na outra fazendo a Lauren explodir de raiva!
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