O lugar estava em completo silêncio. Ninguém entendia o que estava acontecendo e ninguém ousava dizer uma só palavra. Tão confuso quanto o Homem-Aranha analisando aquela máquina, era Peter que tentava desesperadamente, mas sem sucesso, ligar para Tony Stark. Para Gwen, era como se a qualquer momento o Homem-Aranha fosse tirar a máscara e revelar sua verdadeira identidade. Ela estava contando com isso, precisava saber quem ele era.
— E aí? — Ned perguntou a Peter com voz baixa, mas todos conseguiram escutar.
— Não consigo. Ele desligou o celular ou está fora de área — Peter respondeu, balançando a cabeça negativamente.
— Nós estamos encrencados? — MJ perguntou ao Homem-Aranha.
— Por enquanto não, eu só preciso saber quem são vocês e o que é isso — apontou para a máquina.
— Eu explico — Gwen falou. — Nós estávamos na escola, terminado de construir essa máquina quando um brilho lilás saiu dela. Eu fui a primeira a passar achando que seria alguma máquina do tempo, mas não só fomos pro Queens.
— Na verdade, ela e o Peter construíram — MJ concluiu. — Eu e o Ned só estávamos observando. Não somos bons com isso.
O Homem-Aranha foi até eles em silêncio, ainda descrente com aquilo então inclinou a cabeça levemente.
— Não tem como vocês serem Peter Parker e Gwen Stacy — falou.
— Olha. — Peter tirou sua identidade da mochila e mostrou a ele. — Eu sou Peter Parker.
— Tenta ligar pra tia May — Ned disse.
— Espera! — o Homem-Aranha parou eles. — Tia May?
— Já dissemos quem somos, mostra seu rosto agora. — Gwen cruzou os braços.
Após pensar por alguns segundos, ele puxou a máscara e revelou seu rosto. O queixo de todos caiu com aquela ação. Quem era ele? Eles nunca tinham visto ele por aí.
— Olha, não é o Peter — MJ comentou sem animação.
— Meu nome é Peter Parker — ele disse.
— O quê? — Peter questionou. — Não é possível. Você só pode ser um impostor. Não é o Homem-Aranha.
Gwen só tirou os olhos dele para olhar para Peter.
— Você por acaso conhece o Homem-Aranha? — Questionou.
— Ele é o Homem-Aranha — Ned respondeu como se fosse óbvio.
— O quê? Não pode ser! — Ela olhou para os dois ao mesmo tempo. — Te conheço, Peter, sei que não mente, mas o Homem-Aranha está bem na nossa frente.
Peter abriu a mochila e tirou o uniforme com rapidez, segurando com força entre as mãos para provar a verdade.
— Eu sou o Homem-Aranha!
— Sempre soube — disse MJ com um sorriso.
— Eu não sei quem você é — o Homem-Aranha disse, erguendo as sobrancelhas —, mas claramente é um impostor. Vocês viram, eu sou o Homem-Aranha, Peter Parker, sobrinho da tia May.
— Você pode ser o Homem-Aranha, mas ele também é o Peter Parker — Gwen respondeu.
— Ai meu Deus! — MJ parou eles como se tivesse descoberto a cura do câncer. — Eu sei o que está havendo! — Apontou para a máquina com animação. — Essa máquina não é do tempo, ela nos fez viajar pelo multiverso!!
— O quê? — Ned perguntou com confusão.
— É só pensar, gente. Dois Peters, duas Gwens, dois aranhas... Será que existe outra de mim aqui?
— É loucura — o Homem-Aranha disse com confusão.
— Ultimamente, estou acreditando em qualquer coisa louca — Gwen comentou.
— Vamos fazer assim — MJ apontou para ele —, você é o Peter dois e o nosso Peter é o Peter um. A nossa Gwen é a Gwen um e a Gwen que morreu é a dois, se for citada.
— Nossa isso é muito confuso. — Ned colocou as mãos na cabeça. — Então, é só passar pela máquina novamente?
— Eu não sei — Gwen respondeu, andando de um lado para o outro. — A máquina tinha muita energia quando passamos, uma energia pouco estudada por nós. Não sabemos se ela alterou algo, mesmo que mínimo, no nosso DNA. Talvez passar por ela novamente possa alterar nossa genética outra vez e causar danos.
— Por que vocês não pensaram nisso antes de passar? — MJ questionou.
— É o nosso primeiro experimento que dá certo. Isso nem passou pela nossa cabeça.
— Precisamos voltar — o Peter (TH) falou, balançando a cabeça negativamente. — No meu universo, só existe um Homem-Aranha.
— Essa é aquela parte que você tem ciúmes por ter outro de você por aí? — MJ olhou para ele.
— Não. Eu só estou preocupado com a tia May. Com certeza, ela está me procurando.
— Eu concordo com o Peter — Ned falou.
— Peter um — MJ corrigiu. — E eu também concordo. Quer dizer, eu tenho uma vida no outro universo, não posso ficar aqui.
Peter um tirou a pequena pedrinha brilhante do bolso e andou até a máquina, respirando fundo e rezando para que conseguisse voltar para sua realidade. MJ e Ned foram atrás, esperando ansiosamente.
— Então, tchau. — Gwen sorriu, acenando para o Homem-Aranha.
— Tchau. — Ele devolveu um sorriso doloroso.
Aquela Gwen presente ali só trazia lembranças dolorosas.
— Vamos, Gwen — Peter chamou, passando pela máquina.
— Você pode vir para a nossa realidade — ela sugeriu, se virando para ele novamente. — Vai ser legal você trabalhando com o Peter. Na verdade, ainda estou em choque por saber quem vocês dois são. Eu sempre sonhei imaginando como o Homem-Aranha seria e... Estou falando demais, não é?
— Não. — Peter dois sorriu, balançando a cabeça. — Sua ideia é interessante e tentadora.
— Então venha.
— Não posso.
— Você pode voltar a qualquer momento.
— Minha tia ficará preocupada.
— Se você ligar avisando que vai dormir na casa de uns amigos, ela não vai ligar. Eu conheço a tia May... a outra May.
— Está quase me convencendo, Gwen Stacy.
Gwen abriu um sorriso. O som do nome dela nos lábios dele era encantadora. E nem era porque ele era o Homem-Aranha. Ou talvez fosse, não poderia negar sua queda pelo Homem-Aranha.
— E eu posso continuar. Temos o melhor pão prensado do Queens. Qual é, Peter, depois daqui você irá para casa, escola e depois vai saltar por aí pendurado nos prédios.
— Duas horas e nada mais — ele cedeu, soltando os braços que estavam cruzados.
— É o suficiente.
Os dois foram até a máquina, aonde todos os outros já haviam passado e estavam apenas esperando por ela.
— Primeiro as damas — Peter (AG) falou, apontando para a máquina a sua frente.
— Promete que virá depois? — Ela questionou com os olhos estreitos.
— Prometo. — Ele colocou a máscara novamente.
Gwen passou pelo véu brilhante e sentiu o calor do corpo de Peter logo atrás dela. Assim que abriu os olhos novamente, o céu estava ensolarado e novamente eles estavam no meio da rua, parando o trânsito.
— Droga! — Peter (TH) disse, passando as mãos pela cabeça. — Estamos em outra realidade.