Ester

By Tyrelly

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Ester é uma mulher forte, que vive com as marcas dos seus traumas do passado. Sem muita esperança no amor, el... More

Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Epílogo I
Epílogo II

Capítulo 2

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By Tyrelly

- É aqui... - Digo em voz alta de dentro do carro.

Acabo de imbicar o carro na entrada da garagem do prédio da empresa. Há um carro na minha frente e espio a frente do grande prédio.

Vejo o nome "Bianchi American" imponente e bonito em cima da porta do enorme edifício, algumas pessoas entram no prédio e tudo parece normal para uma empresa de grande porte.

Graças aos céus não é a primeira vez que trabalho em um edifício enorme, por esse motivo sei que não vou ficar espantada com a imensidão do local.

O carro que estava na minha frente entra para dentro do prédio, e paro para falar com o segurança.

- Bom dia. Me chamo Ester Mattos, hoje é o meu primeiro dia, fui contratada para a vaga de secretária do Sr. Romeo Bianchi. - Explico para o homem.

Ele me dá bom dia, pede um documento meu e se afasta um pouco. O homem faz uma ligação, conversa com alguém e volta com o meu documento.

- Seja bem vinda, Senhorita. Sua vaga fica perto do elevador e é demarcada, entre, siga reto e vire à esquerda... - O homem me dá algumas instruções, o agradeço e sigo meu caminho.

Paro o carro na vaga que ele indicou, e observo que as cinco vagas ao lado da minha são do chefe, está marcado que é da presidência.

Saio do carro e sou abordada por um Senhor. Ele se apresenta como segurança e diz que antes de eu ir para o andar da presidência vou precisar ir ao RH, só depois que eu deixar minha documentação e pegar meu crachá, vou poder subir para o 32° andar, que é aonde vou trabalhar.

Não me surpreendo nem fico brava com a situação, pois faz parte da segurança do prédio. Fiz vários cursos voltados para administração e secretariado, em um dos cursos tinha uma matéria sobre ética e segurança no trabalho. Na época, a professora disse que depois do 11 de Setembro todos as empresas triplicaram sua segurança, afinal nunca se sabe quando um louco pode surtar e sair por aí querendo matar pessoas inocentes.

Chegamos ao andar do RH, entrego minha papelada e logo meu crachá está pronto e minha entrada é liberada, inclusive tive que criar uma senha para usar no elevador, cada pessoa que tem acesso ao andar da presidência possui uma senha de acesso, há câmeras pela empresa inteira, e até detector de metal e raio-x no térreo da empresa. Ninguém entra, ou sai sem que tudo seja devidamente registrado.

O segurança me acompanha até o elevador e digito minha senha.

- Bom dia, Senhorita. - O homem diz e agora estou por conta própria.

Subo para o 32° andar torcendo para que tudo dê certo.

As portas do elevador se abrem e vejo um saguão enorme e bonito.

- Nossa, aqui é lindo... - Sussurro impressionada, pois sem dúvidas é o saguão mais belo que já vi.

O piso é de cor creme, bege e marrom, tudo é muito luxuoso e bonito, vejo as luminárias descendo do teto e é perfeito.

Devagar caminho para a recepção e um homem me dá bom dia. Ele se apresenta como Saul Clayton, deve ter uns 20 e poucos anos e é o recepcionista principal do andar. O homem tem o cabelo preto, a pele negra e os olhos castanhos, ele me tratou com muita educação, me explicou que o Sr. Romeo estava sendo seu próprio secretário, então basicamente ele que vai me passar todo o serviço.

- Srta. Mattos, vou te mostrar a copa e depois vou te levar ao seu setor, qualquer dúvida pode contar comigo. O Sr. Romeo é bem tranquilo... - Saul diz e me mostra rapidamente o andar, então me encaminha para o meu setor.

- Aqui é a recepção da Senhorita, ali é o seu banheiro privativo. - Saul diz apontando meu balcão, que é semelhante ao dele e uma porta lateral ao balcão, então continua.

Aquela porta é a sala do Sr. Romeo, e aquela do Sr. Tomasso, ali é uma sala de reuniões grande... - Ele aponta os lugares e tudo bem, já sei o básico.

Saul me explica algumas coisas sobre o andar da presidência, e quando se vai assumo meu posto.

A cadeira é confortável, e atrás do balcão tem uma outra bancada, aonde fica o notebook, o telefone, uma impressora e algumas decorações. Há um armário embutido e Saul me explicou que ali posso deixar minha bolsa e meus pertences, pois tem algumas gavetas e algumas portas, inclusive duas das portas só são abertas mediante ao uso do crachá, há sensores nas portas, e ao passar o crachá as mesmas se abre.

Testo as portas e guardo minha bolsa, deixo meu celular para fora e o pote com os biscoitos, então faço uma varredura pelas gavetas e percebo que tenho tudo que preciso, inclusive pego um caderninho de anotações e uma caneta, pois sei que vou precisar.

Olho ao redor e a decoração é tão linda e elegante, quanto a do saguão principal.

Abro a agenda e logo de cara tem o ramal da copa, da recepção e de vários setores da empresa... estou ali distraída, quando vejo uma movimentação, é o Sr. Romeo.

Olhos claros, pele branca, cabelos castanhos, barba e é isso, o homem é perfeito. Ele usa um terno preto, com uma gravata preta e rapidamente me levanto, percebo que o Sr. Romeo está mancando.

- Bom dia, Senhor. - Digo abrindo um sorriso e sentindo mil borboletas no estômago.

- Bom dia, Senhorita. - Ele diz se aproximando e estica o braço. Nos cumprimentamos e sinto até um arrepio, pois a mão dele é grande.

- Eu trouxe uns biscoitinhos para o Senhor, eu mesma fiz. - Digo me sentindo de um jeito estranho, sinto umas coisas novas no meu peito.

- Biscoitinhos? - Ele pergunta surpreso.

- Sim, Senhor. Achei que seria apropriado, afinal o Senhor estava com dor... - Digo descendo o olhar para o pé dele.

- Claro. Pode me chamar de Romeo, ou de você. Meu dedo ainda está doendo. - Ele diz e assinto.

- Vou pegar os biscoitinhos. Eu posso pedir para a copeira trazer um pouco de leite morno, esses biscoitinhos ficam ótimos se comer tomando leite. - Falo pegando o pote com os biscoitos.

- Eu vou aceitar. Estou tão desgastado... - O Sr. Romeo diz e assinto.

- Sentir dor é ruim, o Senh... quer dizer, você tomou algum remédio? - Pergunto o fitando.

- Tomei antes de dormir, mas agora cedo não. - Ele diz fazendo cara de coitado.

- Eu tenho remédio para dor na minha bolsa. Vou ligar para a copa, assim que a copeira trouxer o leite o senhor pode tomar um comprimido, e comer uns biscoitos. - Digo e Romeo assente.

- Vai ser bom, eu vou tirar meu sapato. O podólogo disse para eu não ficar de sapatos, mas não tinha como vir trabalhar de chinelo. - Romeo diz e assinto, então ele continua. - Eu tenho que te passar a agenda e explicar todo o serviço, vamos ter um dia cheio... eu vou me acomodar, eu... acho que quero provar um biscoito, nem tomei café da manhã direito. - Ele diz e entrego o pote de biscoitos na sua mão.

Romeo agradece, vai para a sua sala e rapidamente me sento na cadeira, pego o telefone, espio a agenda e ligo para a copa. Não conheço a copeira, mas explico que sou a nova secretária e faço o meu pedido. Desligo o telefone, pego o comprimido para dor na minha bolsa, a agenda, o caderninho de anotações, a caneta e o notebook, então vou para sala de Romeo.

- Com licença. - Digo entrando na sala.

Vejo Romeo sentado na cadeira do chefe, ele olha para baixo e percebo o pote de biscoitos está aberto em cima da mesa.

- Olha meu dedo, tá vermelho. - Ele diz de boca cheia e caminho para a lateral da mesa espiando seu pé.

Romeo está sem o sapato e sem a meia, seu dedão do pé está vermelho, mas não está tão feio.

- Eu trouxe o comprimido, depois que o senhor tomar vai se sentir melhor. - Digo ainda fitando o dedo.

- O biscoito está ótimo. - Ele diz e levanto meu olhar para o seu rosto.

- Obrigada. - Digo feliz por ele ter gostado.

- Essa é a minha sala, e ali o banheiro. - Ele diz e olho ao redor.

A mesa do chefe, a cadeira de chefe, duas poltronas, dois sofás de dois lugares e uma mesinha, uma mesa de jantar com 4 cadeiras, duas estantes lotadas de livros, alguns quadros na parede e tudo seguindo a decoração do andar.

- Claro, o senhor almoça na empresa? - Pergunto para entender a rotina dele.

- Sim, só saio se tenho algum almoço de negócios, ou se alguém me convida. Eu como de tudo. - Ele diz e isso é bom, minha antiga chefe tinha alergia a lactose, sempre que eu pedia comida tinha que ficar atenta.

Romeo enfia mais um biscoito na boca e coça o joelho.

- Preciso passar o remédio de verrugas no joelho... - Ele diz e assinto. - Quer biscoito? - Ele pergunta e nego com a cabeça.

- Não, obrigada, eu comi uns antes de vir pra cá. - Explico.

- Nunca tinha comido desses biscoitos, eu estou meio que abandonado aqui em Nova York, ninguém faz comida pra mim, só a governanta, mas não gosto da comida dela. - Romeo fala triste.

- Comida de mãe, ou de vó sempre é a melhor comida do mundo. - A comida da mamãe e da vovó eram perfeitas.

- Meus pais faleceram em um acidente de helicóptero, aí eu e o meu irmão Stefano fomos morar com os nossos avós, éramos crianças quando o acidente aconteceu. - Romeo diz chateado.

- Meus pais morreram a uns anos atrás, e meus avós também. Basicamente eu sou sozinha. - Digo nem sei por qual motivo.

Não sei o que há com Romeo, pois a nossa interação é surreal. O normal seria ele nem ter entrado em contato comigo ontem, hoje o correto seria falarmos só de trabalho, mas cá estamos nós, falando de vida pessoal. Isso nunca, e eu afirmo, nunca aconteceu na minha vida.

- Que chato. - Ele diz e assinto.

- O Saul disse que você está sem secretária a algum tempo... - Digo puxando assunto, coisa que não é normal para mim.

Algumas pessoas são tagarelas, mas eu não sou assim, quer dizer, no trabalho não sou assim.

- Eu sem querer vomitei no pé da última secretária. Foi um acidente, eu passei mal, mas ela não entendeu, fez escândalo e saiu daqui me xingando. - Ele diz e fico surpresa.

- Se você passou mal não teve culpa. - Na minha opinião ninguém vomitaria em cima de outra pessoa de propósito, então a moça poderia ter sido mais compreensiva.

- Foi o que eu disse, mas não adiantou. - Romeo fala e a copeira entra na sala, ela traz o leite morno de Romeo.

- Sra. Irva, essa é a Ester, a nova secretária. - Romeo nos apresenta e cumprimento a senhora com um aperto de mão, ela deve ter uns 50 anos, tem os cabelos pretos, olhos azuis e é bem alta.

A mulher se vai e Romeo toma seu comprimido com o leite.

- Realmente, o biscoito fica ótimo com leite. - Romeo diz enfiando um biscoito no leite e levando a boca.

- Sobrou muitos biscoitos lá em casa, se você quiser posso trazer mais amanhã. - Eu posso trazer mais amanhã, afinal realmente sobraram muitos biscoitos.

- Eu vou querer. - Ele diz e abro um sorriso.

- Então amanhã eu trago mais. - Falo fitando o pote, ainda está cheio, mas acho que Romeo vai comer tudo.

- Bom, vamos começar a trabalhar. - Ele diz e daí em diante mergulhamos no trabalho.

Romeo deixa a vida pessoal de lado, e começa a me explicar tudo que está acontecendo na empresa.

Ele é formado em Engenharia e Tecnologia, o homem é inteligente e sabe explicar as coisas. Romeo é paciente e educado. Comecei a me informar sobre alguns assuntos da empresa, e obviamente vou levar uns dias, ou até semanas para conseguir ficar 100% inteirada de tudo, mas faz parte.

- Vamos dar uma pausa para o almoço, eu estou com fome. - Romeo diz e percebo que já é quase meio dia.

- Claro, eu vou pedir o almoço... - Digo e vou buscar meu celular, que ficou na minha bancada.

Passei a manhã toda na sala de Romeo, pois como ele mesmo estava fazendo o trabalho de secretário, só ele poderia me passar as informações necessárias para eu fazer o meu trabalho.

- Pede frango e macarrão, e suco de morango, por favor. - Romeo pede quando volto para a sala dele com o celular.

- Tudo bem, melhor pedir uma salada pra equilibrar as coisas... - Digo entrando no app para pedir comida.

- Pode pedir almoço pra você, nós comemos juntos. Eu não gosto de comer sozinho. - Romeo diz e peço o almoço.

- Pode pagar a conta com o cartão corporativo... eu vou ao banheiro... - Romeo diz e vai para o seu banheiro.

Peço a comida e pago no cartão corporativo, pois quando passei no RH peguei o tal cartão, esses cartões são bem comuns em grandes empresas. Mas tudo que é gasto precisa ser lançado no sistema, inclusive as notas, o cartão é para necessidades.

Aproveitei que demos uma pausa, e fui até o meu banheiro fazer xixi.

Entro no banheiro e fico até boba, pois o banheiro é puro luxo. Faço meu xixi e me ajeito, hoje vim trabalhar de vestido.

Coloquei um vestido social preto, sandália preta e deixei meus cabelos soltos, passei pouca maquiagem e optei pelo básico, afinal não tenho uniforme e nem vou ter, mas gosto de estar bem vestida.

Lavo às mãos, me olho no espelho e parece que está tudo em ordem.

Saio do banheiro e espio para dentro da sala de Romeo, ele não está na sala e deve estar no banheiro.

Me sento na minha cadeira e vejo pelo celular que estão preparando nosso pedido.

Observo um homem e uma mulher vindo para a direção da minha bancada. O homem deve ter uns 50 anos, seus cabelos são grisalhos e ele usa óculos, a mulher é mais jovem, acho que tem uns 40 anos, sua pele é negra, ela tem os cabelos cacheados e um sorriso bonito.

- Boa tarde. - Falo abrindo um sorriso para os dois.

- Boa tarde. - Ambos falam em uníssono, e a mulher diz.

- Sou uma das advogadas da empresa, me chamo Pamela Smith. E esse é o Mark Zucker, ele é advogado. - Pamela se apresenta e apresenta Mark.

- Prazer. Me chamo Ester Mattos, sou a nova secretária do Sr. Romeo. - Me apresento levantando e apertando a mão dos dois.

- Nós viemos para saber se o Romeo quer almoçar conosco. Ele sempre reclama que não gosta de almoçar sozinho. - Mark explica.

- Podemos ir todos juntos. - Pamela sugere.

- O Sr. Romeo está com o dedo machucado, a unha dele encravou, e ontem ele precisou ir ao podólogo. No momento ele está no toalete, trabalhou a manhã toda sem um dos sapatos. - Explico e vejo Romeo vindo para a porta de sua sala.

- Ei pessoal... - Romeo diz tranquilo e continua. - Conheceram a minha nova secretária? Eu ia apresentar ela pra todo mundo, mas com o pé desse jeito não sai da minha sala. - Romeo diz olhando para deu dedão, ele continua descalço de um pé.

- A Srta. Mattos já se apresentou, nós íamos convidar vocês para almoçar. - Mark explica de olho no dedão de Romeo.

- A Ester pediu comida, com esse pé não vou sair daqui. Tô todo ferrado. - Romeo diz movendo o dedão.

- Ainda bem que não tem nenhuma reunião pra hoje... - Digo pensando no fato.

- Vou pedir comida e almoçamos juntos. - Mark diz e tudo bem.

- Entrem, eu vou me sentar um pouco... - Romeo pede e vamos pra sala dele.

- Adorei sua pulseira. - Pamela diz e nos sentamos no sofá.

- Obrigada. Foi presente da minha avó. Ele me deu de aniversário de 15... - Digo e começo a bater papo com Pamela.

Ela me diz que é casada e que tem dois filhos. Um de 10 anos e outro de 12... vamos conversando e acho ela uma pessoa bacana, é muito chato ter colegas de trabalho antipáticos.

Romeo fica conversando com Mark e quando a comida chegou desci com Pamela, pois a comida que Mark pediu está prestes a chegar.

Pegamos as comidas, subimos para sala de Romeo e começamos a almoçar. Todos começam a falar de trabalho e me explicam algumas coisas da empresa, inclusive sobre um determinado contrato.

Terminamos o almoço e fiquei satisfeita por ter conhecido Pamela e Mark, ambos me trataram muito bem.

Eu e Romeo voltamos a trabalhar e assim a tarde foi passando.

Leio atentamente a um documento e quando finalizo debato o mesmo com Romeo, pois ele já havia me passado o conteúdo dele, e de qual contrato o documento pertencia.

Chegamos à conclusão que vai ser necessário ajustar alguns termos do contrato, me levanto para ir na minha bancada, lá vou me acomodar melhor e fazer o novo documento.

Quando me levanto penso que talvez Romeo queira comer algo, afinal são quase 16 horas.

- São quase 16 horas, quer que eu peça um café com leite para você finalizar os biscoitos? - Pergunto achando que ele pode querer, afinal sobrou biscoitos.

- Eu quero, por favor... peça algo pra você também, talvez vamos ter que fazer hora extra. - Romeo diz e assinto.

Saio da sala dele tão satisfeita. Romeo até agora está sendo o chefe mais legal que eu já tive.

Pego o telefone e ligo para a copa, falo com a Sra. Irva e peço dois cafés com leite e uns biscoitinhos salgados, assim tomo o meu leite com uns biscoitos salgados.

Foco no notebook, abro o sistema e começo a redigir o documento que debati com Romeo, vou fazendo as modificações que conversamos e a Sra. Irva traz os cafés com leite, e os biscoitos.

A agradeço, e depois de deixar as bandejas ela se vai.

Faço o documento, e só fui tomar meu leite e comer meus biscoitos quando terminei o documento, fui revisando enquanto comia.

Depois de analisar e ver que estava tudo certo, enviei para Romeo por e-mail.

Em seguida comecei a ler outro documento, para me inteirar sobre o assunto de outro contrato.

As horas foram passando, e só fomos parar de trabalhar perto das 20 horas.

- Dia puxado. - Romeo diz enfiando a meia no pé, encerramos o expediente e arrumei todas as minhas coisas, peguei minha bolsa e o pote que trouxe os biscoitos, achei que seria falta de educação eu descer e não esperar Romeo.

- Seria melhor você descer só de meia, pelo horário acho que não tem mais ninguém na empresa. - Eu acredito que agora está tudo vazio.

- Boa ideia. Meu dedo parou de doer, só dói se encosto em algo. - Romeo diz pegando seu sapato do chão.

Saímos da sala dele e caminhamos juntos para o elevador.

- Gostou do seu primeiro dia? - Ele pergunta enquanto caminhamos.

- Sim, trabalhar aqui está sendo diferente. - Digo sincera.

- Diferente? - Ele pergunta e assinto.

- Sim, em todas as empresas que já trabalhei o ambiente era mais formal, todos eram fechados e ninguém falava muito de coisas pessoais, o seu dedo por exemplo, nunca falei com um chefe sobre unha encravada. - Falo gesticulando.

- Eu não sou o tipo de cara truculento nem mal humorado, meu avô sempre disse que independente dos nossos problemas não deveríamos descontar nos outros. Eu me sentiria mal se fosse tratado com grosseria, então trato os outros de maneira amigável e educada. O trabalho é cansativo, eu gosto de ter uma boa relação com os meus colegas de trabalho. - Ele diz e fico feliz por escutar isso.

- Você é uma exceção. Um dos meus primeiros chefes vivia nervoso. - O meu segundo chefe me fez chorar, o homem se chamava Dorian e parecia um bicho.

- Como se ficar nervoso fosse resolver algo. Eu às vezes fico mal humorado, mas o efeito disso é que fico meio carente, aí faço coisas inusitadas, como ontem, quer dizer, desculpe se te atrapalhei em algo. - Ele diz e o acho novamente tão bonzinho.

- Está tudo bem, não me atrapalhou. Eu moro sozinha e às vezes também é chato, tem horas que falo sozinha. - Digo e arregalo os olhos pela minha boca grande, o homem vai me achar uma doida.

- Eu também falo sozinho. Outro dia estava fingindo que era um gato e comecei a miar, aí minha governanta viu e me olhou de um jeito estranho. - Ele diz e damos risada.

Como posso estar agindo assim com ele? Conversar com ele é leve e natural, e isso nunca aconteceu com nenhum outro homem na minha vida.

Entramos no elevador e sinto um arrepio, Romeo é tão lindo.

- Vou chegar em casa, tomar banho, comer a janta que a minha governanta fez, e ligar para os meus avós, depois ligo para o meu irmão e vou dormir, estou cansado. - Ele diz enquanto o elevador desce.

- Eu acho que chegando em casa vou fazer janta, quando eu terminar a comida tomo banho e depois janto, aí vou dormir. - Falo dos meus planos.

- O que você vai fazer de comida? - Romeo pergunta curioso.

- Acho que vou fazer macarrão alho e óleo, com bacon. É mais rápido. - Se desse tempo eu ia fazer arroz, feijão e frango com molho, mas por conta do horário vou fazer macarrão.

- Eu gosto de macarrão alho e óleo com Bacon. Minha governanta deve ter feito legumes, salada e alguma carne... eu prefiro macarrão... - Ele diz de um jeito que fico com um sentimento estranho.

Fico com vontade de convidar ele pra comer macarrão comigo, mas nunca que eu faria isso. Nem sei como seria ter um convidado homem na minha casa, sem falar que ele poderia achar que eu estava dando em cima dele.

Com certeza Romeo ia rir da minha cara, afinal sejamos realistas, o homem é um gato! Ele pode arrumar uma mulher mil vezes mais linda que eu... sem falar que se por um milagre o homem olhasse pra mim, eu nem saberia o que fazer, provavelmente agiria como uma destrambelhada.

Falando em destrambelhada, hoje meu dia foi bom, eu não quebrei nada, caí, ou fiz algo vergonhoso.

- Eu gosto de macarrão com qualquer coisa, até sem nada, só a massa cozida com sal já me deixa feliz. - Falo sentindo minhas bochechas quentes, acho que estou vermelha.

Acho que deve ser meio óbvio que eu gosto de qualquer coisa, não cheguei ao peso que estou comendo só salada e legumes.

- Eu também gosto de macarrão assim. Fica bom com ketchup e mostarda também. - Romeo diz abrindo um sorriso.

- Se colocar Ketchup, mostarda e maionese, faz um molhinho rosé, fica bem gostoso. Nuggets com molho rosé é uma delícia. - Amo Nuggets, inclusive o que faço, pois sei fazer.

- Eu também adoro, aqueles que tem queijo é muito bom, as pequenas bolinhas de queijo meio que ficam ali na casquinha, é muito gostoso. - Romeo diz e a porta do elevador se abre.

Saímos do elevador e vejo vários homens de terno preto.

- Eles são meus seguranças. Aquele é o Ravi, meu motorista e chefe da equipe de seguranças. - Romeo diz apontando para um dos homens que mais parece um gigante.

- Bom, eu vou indo. Obrigada por tudo, o dia foi bom. - Falo me despedindo de Romeo.

- Eu também achei o dia bom. Minhas outras secretárias eram chatas e frescas, acho que a maioria delas ia sair correndo se visse meu dedão vermelho. Desculpe por qualquer coisa, eu longe da minha família fico meio folgado. - Ele diz e abro um sorriso.

- Está tudo bem. Amanhã vou trazer mais biscoitinhos. - Digo reparando que ele tem um sorriso nos lábios.

- Obrigado por isso, eu adorei os biscoitinhos. - Ele diz e sinto borboletas no estômago.

- De nada, eu... meu carro é aquele ali, o azul. - Digo apontando meu carro, e é meio óbvio que ele é o meu, o estacionamento está vazio.

Tenho um carro bom e grande, não gosto de carro pequeno. Comprei meu carro há alguns meses, ele é um Ford Edge, achei tão lindo na cor azul que me apaixonei e comprei.

- Gostei da cor. Eu tenho um carro com a cor quase igual. - Romeo diz espiando meu carro.

- Eu gosto de carros grandes, acho melhor pra dirigir. - Comento.

- Eu ultimamente ando com preguiça de dirigir, sei lá, depois que passei dos 30 anos ando me sentindo um vovôzinho, mas por favor, não conte pra ninguém. Principalmente para o meu irmão, ou ele vai ficar me zoando. - Romeo diz e acho engraçado.

- Eu acho que me sinto uma vovózinha desde sempre. Não por preguiça, mas só por levar uma vida mais calma. - Baladas, festinhas e farra é algo que desconheço.

O barulho, o medo de me envolver com gente que não presta e de acabar apanhando, meus traumas... tudo corroborou para uma vida de muitas privações.

- Meus avós dizem que eu preciso casar, mas como? Hoje em dia só esbarro com mulheres malucas e frescas. A última moça que eu fiquei queria me dar umas chicotadas, eu saí fora, não sou saco de pancadas. - Ele diz e fico feliz por escutar isso.

Outro dia assisti um filme que o homem gostava de uma relação violenta, na cena que ele foi dar umas cintadas na mocinha passei mal. Depois da segunda cintada tirei do filme e cheguei até a vomitar.

- Isso de bater nas pessoas não é bom. Eu não gosto disso, agressão é algo que não tolero, pra mim um tapa já seria demais. - Sou sincera.

- Eu também não gosto de agressão. Eu gosto de carinho... - Ele diz e sinto uma satisfação pelo que escuto.

- É... eu também... - Digo nem sabendo direito do que estou falando.

Sei que não tolero agressão, mas nunca fui acarinhada por um homem, não sei qual a sensação de beijar na boca, namorar e dormir juntinho.

No quesito amor e relacionamentos eu sou completamente ingênua, só sei a parte mecânica da coisa.

- Olha! Uma lagartixa. - Romeo diz apontando para uma das paredes da garagem.

- Elas comem aranhas e mosquitos. - Digo vendo a lagartixa que é bem grande e de cor marrom.

- Vou ir embora, vai que ela cisma comigo e vem para cima do meu dedo. - Romeo diz e acho engraçado.

Dificilmente a lagartixa iria para o pé dele, mas tudo bem.

- Até amanhã, boa noite. - Digo abrindo um sorriso.

- Boa noite, até amanhã. - Ele diz e vou para o meu carro.

Entro no mesmo, me ajeito e saio da minha vaga, quando vou virar observo Romeo acenando, me dando tchau com a mão, ele está dentro do carro, no banco de trás e o vidro está aberto.

Aceno um tchau pra ele e vou para a saída do prédio. Saio guiando e fico o caminho todo até em casa pensando em como Romeo é gente boa.

Ao chegar no meu prédio, estaciono o carro e vou apressada para o meu apartamento. Estou com fome e cansada.

Entro, lavo as mãos e pego uma panela grande, encho a panela com água, coloco sal e um fio de óleo, então pego o pacote de macarrão, o bacon e o alho.

Pego outra panela e a tábua de carnes, começo a picar o bacon e fico pensando em Romeo, ele disse que gosta de macarrão, acho que ele deve ter ficado com vontade de comer quando eu disse que ia fazer.

Será que se eu levar um pouco de macarrão pra ele vai ser errado? Eu acho que ele ia gostar, mas não sei se é o certo a fazer.

- Tá, se você fizer um pacote de macarrão, pode jantar agora, levar duas marmitas para a empresa e ainda jantar amanhã à noite, vai ser mais prático, assim amanhã não vai ser necessário fazer o jantar... - Falo em voz alta comigo mesma.

Quando percebo estou fazendo um pacote de macarrão. Não é legal passar vontade, e o Romeo pode até passar mal. Tudo bem que ele é adulto, mas ele sente falta da sua família... ele me pareceu tão sensível.

Faço o macarrão, e quando está pronto vou rapidamente tomar banho. Tomo banho, seco os cabelos com secador e depois pego um prato imenso de macarrão e um refrigerante.

Me sento no sofá e ligo a TV, enquanto como assisto um programa de construções de cabanas no Alasca.

Termino minha janta e vou arrumar minha cozinha. Lavo as louças e separo o macarrão que restou em três potes, dois vou levar para a empresa e um deixo na geladeira.

Lavo o pote de biscoitos, o seco e coloco o resto dos biscoitos que sobrou, falei que ia levar os biscoitos e vou levar.

Assim que minha cozinha fica limpa, pego um pudim de chocolate na geladeira e dois bombons no armário, então vou para o quarto. Eu amo pudim de chocolate, os que vendem no mercado são tão gostosos.

Arrumo minha cama para dormir e pego meu tablet, pesquiso pelo nome do Romeo e várias fotos surgem na tela.

Fico olhando as fotos dele enquanto como minhas besteiras.

- Será que ele realmente é tão bonzinho? Acho que só o tempo vai dizer. - Digo olhando a tela do tablet.

As aparências podem enganar muito. Sei que me dei bem com Romeo, mas espero que ele continue sendo um chefe legal, eu gostei de conversar com ele como se fossemos amigos.

Vai ser bom ter um chefe amigo, afinal as chances de algum dia termos algo além da amizade são nulas.

Mas está tudo bem, sou grata e feliz pelo que Deus está me dando. Tenho um bom emprego, um chefe bacana e tudo está indo bem.

Quem sabe daqui pra frente eu dê sorte e comece a viver com mais normalidade.

Posso ter amigos e começar a confiar mais nas pessoas... um passo de cada vez... um dia de cada vez...

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