Mistaken (FINALIZADO)

By Autorakapeixoto

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Trilogia Opostos - Livro 1 Não recomendado para menores de 18 anos. Noah Cooper é um advogado concorrido em... More

✨ Nota da Autora e Personagens ✨
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Epílogo
Recadinho para todos!

Capítulo 1

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By Autorakapeixoto

Estaciono meu carro, uma Ranger Rover, que é o meu xodó, na vaga aqui do WTC 1, um Edifício em Manhattan em que fica o escritório Cooper&Barbieri Consultancy. Sigo até o elevador, entro, aperto o botão do quarto andar e espero. Aproveito esse tempo e confiro a minha aparência no espelho do elevador. Sorrio satisfeito com o que vejo.

Hoje será um dia agitado!

Saio e sigo até a recepção do meu escritório. O prédio é dividido de maneiras diferentes, para atender o que os contratantes desejam. No caso do C&B, temos quatro andares inteiros exclusivos, com direito a um elevador privado para acessá-los. Ou seja, o máximo de exclusividade possível para clientes exigentes.

Chego no último andar depois de pegar o outro elevador; aqui fica a minha sala e do Barbie. Vou direto até a mesa da minha secretária, Jennifer.

— Oi, Jenni! — paro em frente a sua mesa, que sempre está muito organizada, e a observo enquanto sorri simpática. — Conseguiu separar o que eu pedi? Da minha cliente nova? — pergunto já sabendo a resposta. Jennifer é muito competente.

— Claro, Sr. Cooper. Está tudo separado em sua sala — diz e logo volta a fazer algo no ipad da empresa. — Sua cliente já está esperando pelo senhor na sala de reunião 3 — me avisa.

Olho para o meu relógio no punho e confiro o horário, constatando que ela está quase 1 hora adiantada, o que não é algo comum entre meus clientes. Trabalhar com as pessoas que trabalho costuma ser difícil, pois muitos deles pensam que tem o rei na barriga e, pontualidade é uma raridade de se acontecer.

Murmuro um obrigado e sigo para a minha sala, sento e vou separando apenas o que preciso para essa primeira reunião. Minha futura cliente é uma modelo e ex-participante de reality show. Não a conheço e nunca vi nada sobre ela, mas não sou referência, porque não sou ligado a eventos de moda e, muito menos programas de tv; então, se não for alguém do ramo musical ou cinematográfico, dificilmente saberei quem é. Entretanto, depois que ela entrou em contato procurando ajuda e explicando por alto o que houve, eu me vi pesquisando quem era e, uau, ela é lindíssima, além de bem famosa.

Assim que separo tudo e coloco em uma pasta, saio e caminho em direção a sala de reunião. Cumprimento meus funcionários enquanto ando, e quando alcanço a sala, vejo uma mulher sentada de costas, que deduzo ser a minha futura cliente.

— Bom dia, Srta. Ibrahim! — falo enquanto entro na sala e me encaminho para a minha cadeira, que está de frente para ela.

Ela estava de cabeça baixa, um pouco distraída, então, quando levanta o rosto e me olha, sou pego de surpresa. Ela é ainda mais linda pessoalmente, e eu já tinha ficado impactado pelas fotos. E não sou tão fácil de ficar impressionado apenas pela aparência de alguém, mas seus lábios carnudos, olhos de um castanho claro muito bonito e levemente puxado nas laterais, a deixa com uma beleza única. No momento, seu cabelo está preso em um rabo de cavalo, mas consigo ver que ele também é castanho e vai clareando pelo comprimento.

Sinto um leve nervosismo correr pelo meu corpo ao encará-la um pouco mais, porém, mantenho minha postura e fixo meu olhar apenas pelo seu rosto. Não quero que ela interprete algo errado.

— Prazer, Sr. Cooper — aperta minha mão e seu rosto ganha um tom rosado ao sorrir, mostrando dentes e um sorriso perfeitos. — Por favor, pode me chamar de Kath — diz enquanto solta a minha mão, posicionando as delas no próprio colo. Me permito observá-la enquanto fala.

— Kath, claro, como preferir! — sorrio, ainda sentindo um desconforto diferente pela sua presença. Passo a mão pelo meu queixo, e apoio o mesmo nela, colocando meu cotovelo na mesa. — O que sei é o que ouvi por alto. Me conte melhor e assim, vejo o que poderei fazer por você.

Ela fica em silêncio por um tempo, como se estivesse tomando coragem para falar. Eu permaneço quieto, poderia esperar o quanto ela quisesse.

— Minha ex-agente me roubou — um tom de tristeza toma conta de sua doce voz. — Ela tomava conta de tudo o que eu tinha, e também cuidava da minha carreira. Éramos amigas desde que eu me entendo por gente, então, pensei que seria a melhor opção para esse cargo, já que confiava nela de olhos fechados — suspira frustrada e balança a cabeça, ainda indignada com os acontecimentos.

Fico em silencio e espero que ela termine.

— Ela tinha acesso livre a tudo, porque resolvia exatamente todas as minhas coisas. Eu fazia meus trabalhos e o resto era com ela — passa a mão nas coxas, tensa. Meu olhar acompanha suas mãos, mas logo volto para o seu rosto. — Um belo dia, acordei com várias ligações de jornalistas, de amigos e familiares, perguntando o que tinha acontecido e porque estavam falando aquelas coisas de mim na internet. Eu não entendi nada, até que comecei a olhar os sites de fofocas e programas de tv e, lá estava a notícia de que "supostamente" eu dei tudo que tinha para ela, porque estava falindo e era a única maneira que de pagá-la, já que ela não recebia seu pagamento há muitos meses.

"Tudo virou uma loucura. No desespero, eu tentei negar e ela usou isso contra mim, divulgando em todos os lugares que tudo o que um dia tinha sido meu, agora era dela. Falou que eu não queria assumir para o mundo que estava falida, fingindo ter uma vida que eu não tenho, que só me ajudava por pena e porque já fomos muito amigas. Tudo mentira, absolutamente tudo mentira — fala nervosa, contendo as lágrimas que quase transbordam dos seus olhos. — Ela vivia comigo, morava comigo. Eu sempre fiz tudo por ela e não sei o porquê disso tudo! E, ela continua falando na internet várias coisas inventadas. A última que falou é que eu usava drogas para manter meu corpo em forma; falou que sou uma viciada!" – Kathllen ri com ironia e aperta suas mãos, tentando conter a raiva.

Sinto muita verdade em tudo o que ela fala – e não sou de me enganar com as pessoas. Fico triste por ver que existe pessoas ruins em todos os lugares, querendo se aproveitar de quem lhe estende a mão. Trabalho como advogado há anos e tenho total ciência do quanto as pessoas são aproveitadoras e ruins mas, ainda me surpreendo com cada história que vou conhecendo. Essa é uma dessas histórias.

— Kath... — olho profundamente em seus olhos, levo as minhas mãos até as dela e as cubro por cima da mesa, apertando de leve. Tento disfarçar a vibração que sinto ao tocá-la. — Eu sinto muito por isso tudo, de verdade. Porém, não será nada fácil conseguir provar isso tudo. Se você realmente estiver disposta a resolver essa questão, é bom ficar preparada para muitas surpresas pelo caminho; ainda mais com a mídia envolvida.

Ela olha nossas mãos juntas por uns segundos, e fico imaginando se ela sentiu também, mas depois move seus olhos até encontrar os meus. Deixa escapar uma lágrima e vira o rosto, soltando as mãos das minhas e limpando a lágrima. Fico um pouco mexido com a cena, mas permaneço quieto, pois não quero invadir seu espaço.

— Eu vou precisar que você me passe absolutamente tudo o que tiver quanto às coisas que envolvam ela. Fotos, mensagens, registro de ligações, e-mails, contratos... Tudo mesmo. Iremos começar daí e depois veremos como prosseguir — digo. Apoio os dois cotovelos na mesa e entrelaço meus dedos uns nos outros. — Você consegue isso?

Ela concorda com a cabeça e volta a me olhar. A esperança estampa seu rosto e um brilho toma conta dos seus olhos, deixando suas írises mais claras.

— Você é o primeiro advogado que me dá alguma esperança, Dr. Cooper. Isso, para mim, já é muito — o tom sincero em sua voz faz com que eu me questione, mas sou bom o suficiente para resolver isso se ela realmente tiver alguma prova, nem que seja mínima, do que está falando. — Eu vou separar tudo que eu achar e trago aqui o mais rápido possível. Eu preciso da minha vida de volta.

Consigo imaginar o inferno que ela está passando, ainda mais sendo uma pessoa famosa. A internet é maravilhosa até deixar de ser; é uma faca de dois gumes, da mesma forma que ela te dá o mundo, ela o tira em dois tempos. Nas pesquisas eu consegui ver muita gente destilando ódio a Kathllen, ódio gratuito a troco de nada.

— Teremos muito trabalho, e o quanto antes começarmos, mais rápido sua vida voltará ao normal. Nesse cartão tem todos os meus contatos, inclusive meu número pessoal. Caso você precise de alguma orientação urgentemente fora do horário comercial, pode mandar mensagem para o meu número que irei te ajudar, ok? — estendo a ela o meu cartão de visita, tentando evitar tocar em seus dedos.

— Tudo bem... Dr. Cooper, eu nem sei como explicar como estou grata! — sua voz é tão doce que nem parece vir desse mulherão todo. — Quando me indicaram seu escritório, fiquei sem acreditar que iria conseguir finalmente uma reunião com você, porque eu pesquisei bastante e sei que você é o melhor para o meu caso — seu rosto ganha um tom vermelho depois de me elogiar e, eu acho isso gracioso.

Entendo o que ela diz e, não serei modesto nesse ponto, pois realmente sou o melhor para lidar com o meu nicho de clientes. Aliás, é exatamente por ter ficado conhecido, que só aceito clientes que venham através da indicação de outros clientes, amigos próximos ou familiares. Trabalhar com pessoas famosas é um tanto quanto problemático, então prefiro estar restrito a uma pequena porcentagem delas.

Eu tenho 28 anos e já advogo há 5, e faz pouco mais de 3 anos que me tornei oficialmente um advogado apenas de pessoas famosas. O porquê disso? Bem, eu gosto de sair da minha zona de conforto e sempre me superar, então, onde mais eu poderia me superar se não fosse com os escândalos dos famosos? Não que eu tenha algum problema com pessoas famosas, muito pelo o contrário, meus pais já foram muito famosos, eu apenas não gosto da mídia e o que ela pode fazer com uma pessoa inocente. Assim, me sinto bem quando provo o quanto ela foi cruel para com as pessoas que me procuram.

— Quando o Jackson me ligou e disse que uma amiga precisava de ajuda, não pensei duas vezes antes de aceitar te receber e descobrir se teria como te ajudar — isso é verdade. Jackson é um ex-cliente que virou um grande amigo, quase um irmão.

Me levanto, a vejo se levantar e virar de costas, indo em direção da porta. É quase que inevitável aproveitar essa oportunidade e olhar seu corpo desse ângulo. Como tudo o que já tinha visto, aqui também é perfeito.

Uau, essa mulher não tem como ficar melhor.

Caminhamos até a porta e abro para que ela passe.

— Srta. Ibrahim, espero que entre em contato o mais breve possível com tudo que eu pedi — sorrio e estendo a mão para me despedir. Sou pego de surpresa quando ela segura a minha mão, mas fica na ponta dos pés e beija cada lado do meu rosto. Nesse momento, seu perfume toma conta do meu espaço e eu controlo a minha respiração para não sugar todo o cheiro dela, que tento identificar qual é, mas falho miseravelmente.

— Muito obrigada por hoje. Vou correr atrás de tudo que você me pediu hoje mesmo — se afasta, olha a hora no relógio, depois me encara novamente e, um sorriso que mostra seus dentes brancos ganham a minha atenção. Ela sacode o meu cartão que ainda está em sua mão. — Eu entro em contato — se vira e vai embora.

Fico olhando até ela entrar no elevador e sumir. Passo a mão na minha cabeça quase raspada e suspiro.

É bom eu me acostumar logo com a beleza dessa mulher.

— Aquela ali era a Kathllen Ibrahim ou eu estou ficando doido? — fala Barbie, apontando em direção ao elevador e logo depois me olhando, com uma cara de cachorro abandonado. Encosta na parede de vidro ao meu lado e cruza os braços, esperando por uma resposta.

Decido ignorar e ando para a minha sala, mas logo sou seguido por ele. Tiro o paletó ao entrar na sala e me sento, esperando que Barbie se sente em minha frente.

— Sim, cara, era ela — ergo as sobrancelhas e o observo enquanto senta e estica os pés, apoiando-os em minha mesa, como sempre faz. — Ela é a minha mais nova cliente, aquele caso que comentei no final de semana — me estico e empurro os pés dele da mesa, escutando o barulho oco ao cair no chão. — Deixa de ser folgado, cara! E, por que a pergunta? Devo me preocupar com você rondando-a?

Scott Barbieri é meu amigo desde que tenho 18 anos, nos conhecemos na faculdade. Nós dois fazíamos direito, e nos demos bem logo de cara. Na mesma época em que o conheci, também conheci Jacob Ramsey; nós três ficamos inseparáveis e somos assim até hoje, eles são a família que escolhi. Jacob fazia administração, mas tínhamos algumas matérias juntos. Com menos de 2 meses de amizade, decidimos alugar juntos um apartamento perto da Columbia, que era a faculdade que frequentávamos, e sair dos alojamentos dos calouros. O fato de morar só nos três nos aproximou mais ainda e, já sabíamos que seria uma amizade e tanto, pois pouco tempo depois eu e Barbie já planejávamos abrir um escritório de advocacia em sociedade quando terminássemos a faculdade. Para nossa surpresa, Jacob também quis entrar nessa conosco, não como advogado, claro, mas como administrador do escritório. Ele tomaria conta de tudo que não fosse advogar.

Foi dessa forma que, com 24 anos, nós três abrimos a Cooper & Barbieri Consultancy.

O início foi bem difícil, éramos dois advogados novos no meio da gigantesca Manhattan, que tem inúmeros escritórios de advocacia, e um administrador que não tinha muito o que fazer já que não tínhamos clientes. Fizemos muitos trabalhos para amigos e familiares de graça até que um belo dia, Barbie se envolveu com uma mulher que é filha de um senador, e ele falou por alto que era advogado e deu uma melhorada na história, dizendo que éramos lotados de clientes políticos e famosos. Ela contou para o pai, e alguns dias depois, recebemos em nosso pequeno escritório um senador importante com vários seguranças ao redor. Não entendemos nada até contar de quem era pai. Na hora pensei que aquilo daria em um grande problema, ou que ele desistira, por não sermos "lotados de clientes políticos e famosos", como o Barbie tinha falado. Porém, ele estava tão desesperado que pediu pela nossa ajuda e disse que, se conseguíssemos resolver seu caso, ele nos indicaria para todos os seus amigos enquanto estivesse vivo. Nós estávamos precisando de um caso assim para garantir alguma visibilidade, então, aceitamos sem nem pensar direito nos prós e contras.

Foi um caso extremamente difícil, o senador estava realmente sendo injustiçado – nós só pegamos casos em que as pessoas realmente estão do lado certo da história, não somos advogados do "diabo", como costumam chamar os advogados que pegam casos de criminosos. Depois de meses de muita luta, em que eu e Barbie trabalhamos juntos para ele, ganhamos o caso. Acredite, o senador cumpriu o seu papel e faz isso até hoje. Além de nos pagar uma pequena fortuna, em 1 ano nos deixou com o escritório lotado.

Um tempo depois desse início de fama no ramo, decidimos investir em um escritório apropriado para pessoas famosas e importantes – porque sejamos sinceros, essas pessoas gostam de luxo a todo momento e lugar. Compramos 4 andares de um dos edifícios mais famosos de Manhattan, fizemos mais contatos com pessoas importantes e, hoje em dia somos um dos escritórios mais requisitados de NY.

— Cara, essa mulher é linda demais... toda linda! — enfatiza as duas últimas palavras e arqueia as sobrancelhas. Eu reviro os olhos, nada surpreendido com o comentário dele. — Você é um sortudo da porra — gira na cadeira e se levanta, indo até o pequeno bar que tenho em minha sala.

Me levanto também e o sigo, mas paro diante da janela que vai do teto ao chão e admiro a paisagem. Nosso escritório não pega os andares mais altos, mas daqui consigo ver bastante coisa dessa cidade tão agitada.

— Para ser sincero, eu não tinha noção de quem ela era antes de pegar a ficha — me viro quando percebo sua presença ao meu lado. Pego o copo de whisky que ele me serve. — Ela é muito linda mesmo, acho que nunca tinha visto uma mulher tão linda assim — tomo um gole, sinto o líquido queimar enquanto desce pela minha garganta, olho para o copo e depois para Barbie. — Mas ela é cliente, e qualquer coisa que não seja profissional, está fora de cogitação. Além do mais, ela deu zero demonstração de interesse... Na verdade, mal me olhou de maneira diferente que não fosse a de alguém desesperada por ajuda — dou de ombros, caminho até a minha mesa novamente, coloco o copo em cima do descanso, apoio as duas mãos na mesa e dou uma rápida olhada em meus e-mails. — E, ninguém aqui vai constrangê-la com olhares ou qualquer piada. Sei que nunca tivemos problemas com isso, mas é bom enfatizar.

— Uhum, se você está falando isso... — ele termina de beber, coloca o copo no bar e para na minha frente, cruzando os braços — Relaxa, bebê! Eu só comentei com você e, com certeza vou falar com Jacob, além de depois ir reclamar com Jackson por nunca a ter me apresentado. Entretanto, dentro dessa empresa eu sou um anjinho. Quero ver se você vai conseguir não cair no charme dessa linda dama — debocha. Ele adora fazer isso quando dificilmente eu comento sobre alguma mulher.

Reviro os olhos e o ignoro. Barbie é um mulherengo de primeira! Dificilmente alguém irá vê-lo com a mesma mulher uma segunda vez. Nos auges dos seus 28 anos, ele é famoso tanto no seu lado profissional, como também no lado pessoal. É um ótimo amigo, mas às vezes me irrita de tanto que fala de mulher. A sorte é que eu amo demais esse cara, então acabo escutando sobre suas aventuras.

— Sério, Barbie?! Sou totalmente capaz de trabalhar com uma mulher bonita e não confundir as coisas — passo por todos os e-mails, sinalizo alguns importantes e desligo o computador. Estico o corpo e pego meu celular. — Nem todo mundo é igual a você, que não resiste ao sexo oposto. E, todo mundo sabe que você dorme com suas clientes depois que encerra o caso delas.

— Falando assim, parece até que sou um mulherengo — coloca a mão no peito, fingindo estar magoado e depois solta uma risada. — Não me leve a mal, bebê. Todo mundo sabe que você não mistura as coisas... Só achei que vocês dois fariam um belo casal. Não tenho culpa se eu sou irresistível, mas ética em primeiro lugar. Depois que encerro o caso, começo a trabalhar de outra maneira — continua rindo enquanto sai da minha sala. Rio também, porque essa cara é uma figura.

Olho as mensagens no celular, respondo algumas e, logo em seguida, ligo para a minha mãe.

— Dona Elizabeth, que saudades da senhora! — digo quando me atende.

OH DEUS! OBRIGADA! Meu filho lembrou que a mãe existe — fala e solta uma gargalhada gostosa, que preenche meu peito de felicidade.

— Quanto exagero, mãe — coloco o celular no auto falante, deixo na mesa e visto meu paletó, me preparando para as próximas reuniões — Mãe, a senhora e o pai estão de bobeira hoje? Pensei em ir à casa de vocês e fazer um churrasco, que tal? Tenho mais alguns compromissos mas pensei em ir direto quando acabar por aqui.

Oh, meu amor, parece que você leu nossas mentes. Seu pai ia te chamar para almoçar amanhã, mas, podemos jantar hoje então — fala com seu jeitinho doce que sempre aquece meu coração. Eu sorrio para o aparelho.

— Tudo bem, mãe! Daqui a algumas horas estarei aí. Beijo, amo a senhora — termino de deixar a minha mesa organizada, pego meu celular e saio da sala. Espero minha mãe se despedir e desligo, colocando-o no bolso.

O resto do meu dia corre como planejado e quando menos percebo já encerrei tudo e dou meu dia por aqui como finalizado.

Sigo em direção ao elevador, confiro a hora no meu relógio e caminho para o estacionamento. Tiro a chave do carro do bolso e destravo, entro e jogo a minha pasta no banco ao lado, solto as abotoadoras da camisa e afrouxo a gravata.

Meus pais moram em uma casa de dois andares no Brooklyn. Mudaram-se para essa casa assim que eu e meu irmão saímos da casa deles. Lá é um ótimo bairro, e não é muito distante de Manhattan, que além de ser onde trabalho, também é onde moro.

Ligo o rádio e vou dirigindo sentindo a casa deles. Batuco os dedos no volante de acordo com o ritmo da música enquanto dirijo, também prestando atenção no caminho. Paro em um sinal, olho ao redor e vejo uma banca de jornal. Reparo em várias fotos da Kathllen, mas não consigo ler o que estão falando; provavelmente, é sobre todos esses boatos contra ela.

Como nunca tinha visto nada dela por aí antes?

Quase uma hora depois, chego na casa dos meus pais. No caminho, parei em um mercado e comprei tudo que achei necessário, só que em mais quantidade, porque chamei Jacob e Barbie e, eles nunca deixam de vir. Pego minha chave e abro o portão, já sendo recebido pela minha mãe.

— Oi, querido! Me dê algumas sacolas, seu pai já está vindo ajudar — me dá um beijo no rosto, passa a mão em um dos meus braços e pega umas sacolas, levando tudo para dentro.

Minha mãe é uma mulher linda, no auge dos seus 50 anos e, muito bem conservada. É muito comum as pessoas acharem que ela é uma irmã mais velha, porque realmente não parece ter seus 50, muito menos ser mãe de dois homens barbados. Seu jeito alegre e descontraído faz com que pareça ser ainda mais nova. Às vezes, até eu mesmo me esqueço que é minha mãe quando engatamos numa conversa, já que ela é super para frente.

— Não precisava, mãe, eu poderia levar sozinho! — ela faz um movimento com a mão, dispensando o que eu disse e seguindo direto para os fundos da casa.

— Noah! Que saudades, filho — meu pai desce até onde estou e me abraça forte, fazendo com que eu quase derrube as sacolas, mas não me importo e correspondo ao abraço. — Vou pegar o resto que ficou no carro! — desfaz o abraço e segue em direção ao meu carro.

Meus pais são ex-modelos, então sempre cuidaram muito bem da aparência e da saúde. Dificilmente alguém vai olhar para eles e não reconhecer o quanto são bonitos e, um casal de dar inveja. Eu mesmo espero que, no dia que eu decidir parar com alguém – caso esse dia chegue –, que eu consiga ter algo minimamente parecido com o que eles têm. Eles são meu exemplo para tudo nessa vida. Não poderia ter pais melhores.

Sigo para a parte interna da casa, que é toda em tons de branco e bege, com moveis em marrom bem escuro. Há muitas fotografias espalhadas pela casa, além de quadros enormes e lustres lindíssimos. Minha mãe adora decoração, então sempre muda as coisas por aqui; é o passatempo preferido dela.

Passo pela cozinha, que é toda moderna e totalmente branca (incluindo os móveis e eletrodomésticos), saio pela porta dos fundos e vou para a área da churrasqueira. Coloco as sacolas em cima da pia, depois tiro as coisas e arrumo como consigo. Meu pai chega ao meu lado e guarda as cervejas no freezer.

— Seu irmão disse que chega em uns 20 minutos e, graças a Deus, não trará nenhuma menina com ele — fala em tom de ironia. Meus pais sofrem com o meu irmão e seus namoros que não duram um mês, mas ele sempre acredita que a mulher da vez é a mulher da sua vida... Ele tem 30 anos e fala isso desde os 18. Já não acreditamos há alguns anos.

Deixo tudo arrumado para o churrasco, pego o avental, o coloco e prendo a fivela. Vou ao freezer e pego duas cervejas, abro ambas e levo em direção a minha mãe, que está sentada em uma espreguiçadeira, com seu fiel livro a tira colo. A surpreendo dando um beijo em sua cabeça, coloco a cerveja à sua frente e vejo-a pegar da minha mão. Minha mãe adora cerveja, já meu pai prefere vinho e dificilmente eles bebem outra coisa.

— Sabia que não ia esquecer da sua mãe — pisca e encolhe as pernas, dando espaço para que eu me sente e, eu faço isso assim que ela termina de se arrumar. Abro a minha cerveja, levo de encontro a dela e brindamos.

— Que nunca nos falte! — digo minha frase típica de quando brindo. Levo a cerveja a boca e dou um grande gole, sentindo o gosto amargo descer pela minha garganta e refrescar todo o meu corpo.

— À nossa vida linda e, que em breve você me dê uma nora tão linda quanto nossas vidas! — fala em um tom de esperança. Minha mãe também sempre brinda assim, ou pelo menos, é assim que ela brinda comigo de uns anos para cá.

Balanço a cabeça após ouvir e levanto o olhar para trás dela assim que vejo que meu irmão e os meninos chegaram. Devem ter se encontrado para vir em um carro só. Me levanto, ajudo minha mãe e vamos em direção a eles.

— E aí, gente?— cumprimento Barbie e Jacob rapidamente, depois vou ao meu irmão e o abraço. — E aí, Bryan, sem namorada hoje? — não consigo evitar a brincadeira e me solto do abraço já rindo.

Bryan é meu único irmão e, é mais velho que eu, completou 30 anos em janeiro. Nós somos totalmente o oposto e não só na aparência, mas na personalidade também. Ele é ligado no 220v, romântico fervoroso e brinca com tudo – inclusive, quando éramos mais novos, brigávamos demais por conta desse jeito dele. Ele é loiro, tem por volta de 1.85m e seus olhos são tão azuis que, às vezes, parece que não são naturais. Não aparenta ter a idade que tem, porque como eu e nossos pais, também cuida muito bem de si.

Eu e o B fomos adotados ainda quando crianças pelos nossos pais. Não consigo imaginar uma vida melhor do que eu tenho, e acredito que ele também não tenha o que reclamar, já que nunca nos faltou nada e muito menos amo. Elizabeth e Justin são o tipo de pais que todos deveriam ter.

Bryan finge uma risada sem humor e vai falar com nossa mãe. Dou uma última risada e sigo para a área da churrasqueira. Jacob e Barbie estão encostados na pia, conversando. Aproximo-me e bato minha cerveja nas deles, brindando.

Começo a separar as carnes e outras proteínas para pôr na churrasqueira e canto baixinho a música que alguém colocou. Eu não gosto de cozinhar, mas churrasco é algo que sou apaixonado, então aprendi a fazer ainda adolescente, e sou sempre eu quem faço nos encontros da família e nas festas com meus amigos.

Depois de alguns minutos, tudo já está pronto e minha mãe já colocou o restante da comida na mesa que fica do lado de fora. Todos estão sentados, rindo e brincando uns com os outros. Vou levando as carnes e sorrio ao ver a minha família. Sou muito grato a todos eles, não preciso de mais nada e mais ninguém.

Eurealmente acreditava nisso, mal sabia que, em breve, iria descobrir que aindame faltava uma pessoa para ser completo. 

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