" Porém, para o meu alivio, ou não, ele simplesmente desviou o olhar em descaso e foi para dentro do prédio como se não estivesse visto nada, e realmente, aquele rosto bonito não era o suficiente para salvar aquela postura arrogante."
(...)
Realmente não era novidade as atitudes rudes e arrogantes de Yoongi entre toda a vizinhança, eu mesma já tentei me aproximar dele, com a melhor da intenções e simpatia, para ser tratada com descaso por aquele vizinho arrogante.
(...)
Era um domingo, e como de costume, estava indo a lavandeira do prédio, para finalmente esvaziar meu cesto de roupa suja que juntei durante a semana. E eu realmente estava de bom humor naquele dia em especial, afinal, quem não ficaria, depois de finalmente receber os tão suplicados dias de folga de seu chefe.
E pensei que aquele meu rito de lavagem de roupa, que faço religiosamente todo fim de semana, só iria deixar meu humor ainda mais leve – pois para mim, é quase uma terapia hipnótica, assistir aquelas maquinas de lavar trabalhando no meu lugar – porém, eu não poderia estar mais enganada.
Comecei por estranhar ao ver Bom* sair tão mal-humorada do local e antes que eu pudesse pará-la e questionar o que havia acontecido – coisa que ela não me permitiu, pois parecia querer fugir daquele lugar o mais rápido possível – assim que virei curiosa, em direção as maquinas pude entender o que se passava.
Havia poucas semanas que o nosso novo vizinho havia se mudado para nosso condomínio, e, como todos que possuíam olhos poderiam notar, o rapaz era extremamente bonito – que no começo, até mesmo nosso síndico, questionou se ele não era uma celebridade ou um ator que estar no prédio para fazer uma pegadinha para a televisão – e onde há homem bonito, que viva sozinho em um apartamento, há vizinhos interessados ao seu redor.
Até mesmo na primeira apresentação como inquilino, pude ver algumas senhoras solteiras sendo extremamente convidativas – talvez, até mesmo, vulgarmente simpáticas – ao começarem a conversar com o novo vizinho freelancer musical.
E assim como notei aquelas aproximações suspeitas, também pude notar os olhares nada discretos de Park Bom* – uma de minhas colegas de prédio, e uma romântica irremediável – em direção ao novo rapaz, desde o seu primeiro dia por aqui.
E por isso não pude deixar de suspirar entristecida ao vê-la sair dali como estava, era obvio o que havia acontecido, e para ser bem justa, se quer poderia culpar o rapaz por aquilo também. Afinal, era só olhar para aquele rosto, aposto que não era nem a primeira nem décima vez que ele deveria ter dado um fora em uma garota apaixonada.
Olhei para atrás, onde ainda conseguia ver as costas de Bom correndo para virar o corredor, e suspirei mais uma vez, ela iria se acostumar, afinal, esse era somente o seu segundo crush do mês, logo, logo ela encontraria outro para se distrair.
(...)
Entretanto, mesmo um pouco sentida com minha colega – que logo iria ter de consolar no fim do dia – não iria permitir que isso estragasse o meu humor. Inspirei fundo, e com a cara mais lavada do mundo – fingindo que não havia visto nada – ajeitei o saco de roupas que carregava em meu colo, e fui em direção a uma das maquinas vazias daquele saguão.
– Bom dia! – Sorri animada, tentando ser a mais legal possível na primeira conversa decente com meu novo vizinho, porém, neutra o suficiente para que ele não pense que estou interessada.
E diferente do que eu esperava das belas e boas maneira que havia aprendido com meus pais – onde, quando cumprimentamos uma pessoa, ela sorri e cumprimenta de volta – o disputado vizinho, ignora completamente minha saudação – da qual eu tenho plena certeza ter falado alto o suficiente – e para enfatizar seu descaso, o vejo virar seu rosto na direção oposta de onde estava e colocar seus fones de ouvido, como se minhas boas maneiras o estivesse o incomodando.
E foi naquele momento que eu soube que Min Yoongi seria de longe um exemplo de bom vizinho.