2013- Illinois/ Springfield.
Terceirão.
NOAH URREA.
- Sei lá Noah, deve ser algo idiota. Tipo maconha.
- Idiota? Maconha numa escola, na mão da capitã das cheerleaders, não é idiota.
- Não entendo sua obsessão. Já tentou pergunta-la?
- Ah por favor, Mason. O que eu perguntaria?! "Ei, eu sei que você me detesta desde sempre, mas o que faz todas as sextas-feiras depois do treino de torcida no quartinho do zelador?"
- Ok, faz sentido. Não é uma boa ideia.
- Eu sei que não. Por isso vou descobrir agora.
- Sei... E porque mesmo?
- Só para ter um segredo dela na minha mão. - Respondo com um sorriso.
- Vocês são extremamente infantis.
- Não. Somos competitivos. Eu quero o carro.
Ele revira os olhos.
- Essa competiçãozinha de vocês é do sexto ano. Literalmente, é coisa de criança.
- Você não tem ideia do quão satisfatório é saber que estou vencendo dela, Mason.
- É uma aposta nojenta. Só faz de vocês dois uns vagabundos.
Agora eu sou quem revira os olhos.
- Não sabe como é ter que a ver todas as noites de sexta-feira na minha própria casa com aquele sorrisinho de vadia e uma carinha de santa pra cima da minha mãe. Essa competição é a única coisa que me dá o direito de esfregar na cara mimada dela que eu sou melhor.
- Por Deus Noah, você é louco.
- Sou louco mas estou ganhando.
Agora ambos caminhamos em passos silenciosos para mais perto do quartinho do zelador Phillipe. Pelos meus cálculos, ela já teria entrado á alguns minutos.
- Fica aqui, vou me aproximar mais. - Sussurro.
Meu melhor amigo me mostra um joinha e permanece onde está, sem fazer um sequer barulho.
Ando como se meus pés fossem penas pelo corredor vazio, me aproximando cada vez mais. Quanto mais perto ficava, mais ouvia ruídos crescerem.
Não eram ruídos, eram... Gemidos.
Eu não acredito que isso realmente poderia ser melhor do que imaginei. Tapo minha própria boca com os dedos, segurando as risadas altas que sairíam.
Viro para Mason um pouco longe de mim, e faço com minhas mãos, um sinal de que sexo está rolando. Seus olhos arregalam e ele aponta para meu bolso, onde está meu celular, sugerindo que o use para ter provas.
Por mais que a câmera não seja nada boa, já é algo.
Ahá. Você vai comer da palma da minha mão á partir de agora, Sina.
Quando estou na frente da porta, seus gemidos parecem consideravelmente altos. Respiro fundo duas vezes antes de abrir a porta, com meu dedo quase encostando no click da câmera.
- Puta merda! - Eu exclamo, tirando fotos freneticamente.
Sina estava enrolada com o aluno mais estranho da escola toda de, Doodle. Simplesmente o nerd com o melhor desempenho em matemática. Não sei nem o nome real dele, só sei que recebeu o apelido pela esquisitice.
Doodle rapidamente coloca sua blusa jogada no chão de volta e Sina cobre os peitos com as mãos antes que pudesse ver. Os dois pareciam desesperados com a minha presença, o que é completamente compreensível diante do que estou presenciando.
Com ambos pares de olhos assustados me olhando, explodo em risadas.
- Não, espera aí. - Volto a rir. - Só um segundo mesmo. - Aponto para a cara patética de Sina, sentindo meus pulmões esvaziarem de tanto gargalhar. - Você está tão fodida!
Agora sabemos como a aluna perfeita tira notas boas em matemática. Dando pro melhor aluno, pra que esse faça seus trabalhos.
- Sai daí vai Doodle. Vai, vai!
Ele cata seus óculos jogados em algum lugar com muita pressa, quase tropeçando em si mesmo de tanta vergonha, ele treme de constrangimento e passa por mim em passos rápidos.
- Ah, e Doodle... - O chamo. - Esse semestre eu quero um A bem grande no meu boletim, tá? Comece á se esforçar nos trabalhos para dois.
Que situação mais incrível, nada na minha vida poderia estar melhor que isso.
Sina, a capitã de torcida por três anos seguintes que nunca ficou de recuperação tem a reputação acabada por dar pro nerd da classe e revelar sua real face.
Seria esse o nome da matéria que forçaria os idiotas do jornalismo aqui á escreverem.
É meu dia de glória, vadias.
- Caraca loirinha, até o Doodle? Está tão desesperada assim para me passar?
Suas bochechas brancas viram para um tom vermelho extremamente rápido, sua raiva era óbvia.
Encaro seu tronco inteiro descoberto, e apenas seus seios sendo cobertos, um por cada mão.
- Peitos legais, quer que eu os segure pra você enquanto procura seu sutiã em algum lugar desse quartinho que fode aquele esquisito todas as sextas?
- Eu te odeio Noah. Só aconteceu duas vezes! Eu juro que-
-Que o que?! Que vai me chutar nas bolas? Posso ficar sem meu pau por meses e ainda assim vou ganhar de você. - Sorriu. - Aliás, coloque sua roupa, temos termos para discutir.
Fecho a portinha do zelador, e corro até Mason como uma criança. O conto tudo tão rápido e tão ansiosamente que mal respiro.
- Cara, que loucura da porra! Nem com os caras burros e tarados do fut acontece umas merdas assim.
- Não sou parte do time mas, exatamente! Sina está na minha mão agora.
Somos interrompidos com a portinha do zelador abrindo, e Sina saindo exatamente como um cachorro com o rabinho entre as pernas.
Ando em encontro á ela com o peito cheio, e o rosto mais levantado e esnobe que posso.
- Bom loirinha, você sabe muito bem o quanto posso foder com a sua vida com essas fotinhas que tirei de você. Então quero vantagens.
- Que seja. - Ela diz com desdém.
- Ótimo. Quero primeiro saber se gosta mesmo do cara. Tipo, daquele jeito bem clichê dos filmes ou só deu por nota.
- Obviamente só por nota, mas que pergunta idiota! E nem cheguei a dar, seria nojento.
- Certo... Só queria ouvir você mesma assumindo sua própria vagabundagem. Nesse caso, eu quero mais dois pontos na aposta.
- Oi?!
- É.
- Não, não! Dois é muito Noah, é completamente injusto.
- Mas esse é o ponto loirinha, com mais um ponto, eu ganho e pego o seu lindíssimo carro.
- Para de me chamar de loirinha, é muito estressante.
- Bom, foda-se. Você está oficialmente perdendo agora. E ainda decidiu um ter um namoradinho capitãozinho do time de futebol... Esse cara vai te atrasar mais ainda.
- O Cam não me atrasa.
- Você sabe que isso é mentira. Além de que ele não passa de um bombadinho mimado que só quer te comer.
A irritação em seu rosto é evidente, junto com o fato de saber da sua derrota.
- Eu gosto dele, Noah. - Ela afirma, constrangida.
- Que bom pra você e que bom pra mim. Não quer mais o trair para a competição? Podemos acabar agora mesmo e você me dá seu carro.
Ela puxa seus fios loiros com força para trás, parece extremamente encurralada.
- Não, não vou desistir. Marque seus dois pontos á mais e o Doodle do meu lado.
- Certo loirinha... Você é realmente burra.
- Que seja... - Ela coça a cabeça. - Não vaze essas fotos, por favor? Eu imploro dessa vez.
- Só não fazer algo que eu não faria. Agora estou na sua frente, Sina. - Sorrio e dou de costas. - Te vejo hoje á noite!
{...}
Antes de abrir a porta de casa, dou uma última tragada no meu cigarro e o jogo no chão, o apagando com uma pisada.
- Oi mãe! - Grito quando entro em casa.
- Oi criança. - Ela responde com um sorriso.
Mamãe e eu, uma relação engraçada, eu diria. Ela tem trinta e três anos e eu dezessete, o que te deixa concluir que ela foi uma mãe extremamente nova. Ela tem um senso de humor bom o suficiente para me alegrar nos dias ruins.
E não, ela não sabe que eu fumo. Jamais pode saber.
- Como foi a escola hoje?
- Interessante. Bem interessante... Quer ajuda com o almoço?
- Nah. Peça algo para nós no Mancini, não quero cozinhar agora. Já vou ter que fazer jantar pro idiota do Deinert hoje mesmo.
- Não acha essa tradiçãozinha de vocês injusta? Porque nunca vamos na casa dele?
- Porque não é a tradição?
- Ah, pelo amor...
- Se o seu problema é a sua quedinha pela Sina, esquece, indo lá ou não, ainda vai ter que a ver.
- Quedinha, mãe?! - Exclamo. - Da onde tirou isso?!
- Não tem uma quedinha nela?
- Não! Ew! Óbvio que não!
- Hm. Interessante, eu tinha certeza que você tinha.
- Porque?!
- É o jeito que vocês se olham. Sei lá.
- Ew. É sério!
- Nunca percebeu? Seu olho fica preso no dela o jantar inteiro.
É ódio, mãe.
Dou de costas enquanto subia as escadas pro meu quarto.
- Você é louca! - Afirmo.
- E você é um mentiroso.
- Não mesmo!
{...}
São nove horas agora, exatamente o horário que os Deinerts achegam aqui.
- Liga pro Jason e pergunta onde ele está. - Minha mãe me pede, pondo os últimos detalhes do jantar na mesa.
Reviro os olhos fortemente e procuro por Jason Deinert nos meus contatos.
- Ei Jason, minha mãe tá perguntando onde você está.
- Fala pra ela que estou comendo uma na esquina. - Ele ri abafado.
Jason tem a idade da minha mãe, para colocar contexto. Os dois são melhores amigos.
- Fala sério! - Eu riu.
- Estamos virando a rua. E pergunta pra ela se tem comida o suficiente para uma pessoa á mais.
- Certo... - Respondo desconfiado.
Tampo o alto-falante do celular e viro para pergunta-la.
- Ei Luce, o Jason quer saber se tem comida para mais um.
- Sempre tem, filho. - Ela responde.
- Ela falou que tem. - Volto á dizer no celular.
- Ótimo. Agora abre a porta aí. - A ligação termina.
Largo o celular em cima da mesa, abrindo a porta de madeira com tédio, exatamente como abro todas as sextas á noite, para as mesmas pessoas.
- Noah! - Jason me puxa para um abraço.
Quando meus olhos encontram os de Sina, havia uma ponta de desafio, e um sorrisinho leve em seus lábios.
Nos braços do pai dela, estendo minha visão um tanto mais para ver Cam ao lado de Sina, segurando sua mão.
- Noah! - Ela imita debochadamente o tom de seu pai. - Já conhece Cam, certo? Meu namorado.
Puxo seu braço para longe por um instante.
- Qual a porra do seu problema?!
- Advinha. Te dou três chutes.
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Esse foi o primeiro capítulo! Espero que tenham gostado!❤️