AVISOS: Contém queimaduras de pele.
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O machado possui técnicas completamente diferenciadas da luta com espadas. Primeiramente, para usar essa arma, é necessário ter uma boa força, pois seu uso requer uma energia considerável. Após começar a movimentá-lo, geralmente é mantido em movimento, pois a energia necessária para pará-lo bruscamente sempre será extremamente grande. Em compensação, quando em movimento, o machado cria uma zona de perigo em torno do usuário. Se atingisse uma espada e se o inimigo não estiver preparado para o golpe, certamente conseguirá quebrar a lâmina. Além do mais, a força que há nessa arma, é capaz de arrancar um braço ou perna de uma pessoa. E justamente por isso, o desconhecido arremessou seu machado em direção às pernas de seu oponente.
Hu Long, assim que viu o movimento vindo do braço do indivíduo, primeiro empurrou Xia Ling para o lado no qual estava Fai Chen, com o intuito de protegê-la. Em segundo, pulou com uma força bruta no tronco de uma árvore próxima e subiu em um de seus ramos mais robustos. Dessa forma, conseguiu desviar do ataque que vinha em direção ao seu corpo.
Por consequência dessa ação, a lâmina do machado bateu no tronco e ficou preso no local. O assassino aproveitou o tempo para olhar com maior atenção a arma e verificar os detalhes.
A alça do machado era extensa e prateada. Já o olho, no caso, o topo da cabeça onde a alça pode ser vista, ao invés de ter uma estrutura arredondada, era afiada e poderia facilmente servir como mais um jeito de machucar alguma parte muscular do inimigo. Tanto quanto a lâmina, sua cabeça (a parte de corte em formato de V) e sua ponta do corte, eram feitas de aço e brilhavam graças a isso. Haviam detalhes ao redor dessas partes que deixavam-a com uma aparência celestial, o que era algo irônico, já que sua portadora tinha mais um ar sombrio do que ligado aos céus.
Todos esses detalhes chamaram a atenção de Hu Long, que estava com uma sensação de conhecer aquela arma na palma da mão. Essa situação estava deixando-o louco e nervoso. Então, como um último olhar, tentou ler o nome da arma que possivelmente estaria gravada na parte de trás da alça.
Ele desceu da árvore e puxou o machado com força, não deixando-o mais preso ao tronco. Seus sentimentos estavam um tanto misturados e Fai Chen conseguiu entender isso de longe. Já Xia Ling, olhava para seu amigo com ansiedade e esperava logo uma resposta.
"Um ataque desses não vai conseguir arrancar sequer um dedo meu", Hu Long disse, virando seu rosto para o desconhecido e ainda segurando o machado com suas duas mãos, pois seu peso era bem maior do que sua lança.
"Um narcisista? Fazia tempo que eu não encontrava um homem com essa personalidade", a pessoa respondeu cruzando os braços, parecendo nem um pouco surpresa com as palavras de Hu Long. "Devolva-me a minha arma. Assim, poderemos lutar seriamente."
No momento em que o desconhecido abriu sua boca novamente, Fai Chen, segurando Xia Ling nos braços, sentiu um encantamento poderoso. Era um pouco utilizado, mas caso fosse requerido, poderia danificar para sempre as cordas vocais de quem optou por usá-lo em sua vida.
Era o encantamento de voz, mais conhecido como aquele no qual há uma mudança na tonalidade vocal, deixando-a mais grossa ou mais fina, dependendo da escolha.
O cultivador inclinou o rosto, tentando olhar diretamente para os olhos da pessoa, a fim de descobrir mais sobre sua identidade. Sabia que isso era errado, mas em uma situação como essa, que Hu Long poderia estar em perigo, o melhor a fazer era isso. Porém, o inimigo só tinha olhos, no momento, para o assassino, que começou a tirar sarro de sua cara.
"Sua arma?", Hu Long começou a rir alto. "Uma arma como essa deve ser estudada e se você tivesse feito esse mínimo, saberia que ao arremessá-la dentro de nossas distâncias, tinha uma probabilidade de 50% de me machucar. Então, se desejasse mesmo acabar com a minha vida, deveria ter sido mais inteligente."
O desconhecido arqueou a sobrancelha e Hu Long continuou:
"Eu duvido que essa arma pertença a você."
Xia Ling e Fai Chen, apenas como espectadores, ficaram perplexos pela coragem de Hu Long ao intimidar uma criatura tão poderosa quanto aquela que estava diante deles. Ambos sabiam que o assassino tinha um jeito direto, mas dessa forma, estava realmente pedindo pela sua morte.
"Hu Long... Não provoque o inimigo dessa forma...", Fai Chen disse, em um tom de voz que fizesse o mais novo escutar.
"Cegueta, não se preocupe comigo! Eu sei o que estou fazendo e...", antes que Hu Long pudesse continuar sua resposta, sentiu que suas duas mãos começaram a formigar.
"Formigar" é uma sensação que pode ou não vir acompanhada com dormência, que é uma perda de sensibilidade temporária de alguma parte do corpo. Quando Hu Long olhou de volta para suas mãos que seguravam o machado, reparou em algo que instantaneamente fizera com que seu corpo, como reflexo, soltasse o machado imediatamente.
Havia linhas de sangue fresco rodeando toda a alça do machado e, a partir do momento que estava livre, um fio sanguíneo puxou-o de volta para as mãos pálidas do desconhecido. Ele segurou sua arma com força e olhou com desdém ao assassino, que agora estava com o rosto imobilizado de tamanha surpresa.
"Você disse que sabia o que estava fazendo... Tem certeza disso?", a pessoa seriamente comentou, deixando claro que uma certa irritação começou a crescer em seu peito. "Um machado como esse, é difícil de lidar. Dessa forma, alinhei sua força física ao meu sangue, me conectando com ela graças a minha grande cultivação."
O desconhecido virou a parte inferior da alça para baixo, pousou-a bravamente no chão e olhou novamente para Hu Long, que já estava com sua lança em mãos para o próximo ataque.
"Humanos são tão previsíveis... A esperança que há em seus corações é tão ingênua...", a pessoa poderosa e que dominava a cultivação, fechou seus olhos e suspirou forte.
Sua respiração fez com que até os cadáveres que queimavam gritassem mais forte e os humanos, no caso, Hu Long, Fai Chen e Xia Ling, sentissem que dessa vez, o ataque seria completamente fatal.
Em meio aos gritos angustiosos, ouviu-se o nome dado à arma e a libertação do caos.
"ChunXue. Dei-me sua força."
Um fogo escuro, ardente e caloroso foi espalhado por todo o chão que o desconhecido já pisou e o qual o cercava. Seu machado prateado se envolveu com imensas linhas de sangue e as mesmas começaram a ir em direção a Hu Long, cortando sua pele. O assassino tentava evitar o máximo possível com sua lança, desfazendo algumas linhas que vinham em direção aos seus olhos. Porém, era impossível acabar com todas de uma única vez e seu emocional estava completamente abalado, não ajudando a manter-se firme.
"Como... Não é possível...", Hu Long murmurava, sentindo que sua mente poderia entrar em um colapso de loucura a qualquer minuto e não se importar mais com as inúmeras linhas de sangue cortantes o machucando.
Fai Chen segurou firme Xia Ling pela cintura e levantou sua mão, preparado para atacar. Sabia que Hu Long era forte o bastante para quebrar todos aqueles fios, mas algo dentro de sua mente estava deixando-o fraco.
E, a última coisa que o cultivador desejaria, era ver seu amado morrer diante de si.
Então, com seus olhos vidrados nas linhas, recitou um encantamento que possivelmente o deixaria com imensas dores de cabeças depois, mas era necessário para quebrar aquele tipo de cultivo demoníaco.
ChunXue significava "Sangue Puro", deixando claro o cultivo que o adversário dominava.
O cultivo de sangue; uma linha de cultivação proibida e que poucos cultivadores demoníacos já tiveram força o suficiente para usar. Para Fai Chen, era a primeira vez que tinha visto um usar diante de seus olhos, então, deveria destruir os fios usando o seu cultivo de olhar, que requer uma grande atenção ao obstáculo para queimá-lo.
E em breves segundos, com tamanha concentração, Fai Chen, recitando um encantamento enquanto olhava os fios, conseguiu incendiar todos.
Depois, assim que seus olhos bateram com o corpo danificado de Hu Long, seu coração ficou desesperado e desejava correr até ele. Porém, o cultivador ainda estava com Xia Ling nos braços e não a deixaria sozinha diante de tal inimigo tão assustador.
Diante de sua preocupação, algo que Fai Chen não pensou, aconteceu. A jovem falsa concubina tocou levemente a mão do maior e suspirou, enquanto olhava para a figura poderosa à sua frente.
"Fai Chen... Vá...", Xia Ling disse, soltando-se dos braços do cultivador e se afastando um pouco dele. "Hu Long precisa de você. Ele é incrivelmente forte, mas lutando contra ela... Jamais ganhará..."
"Ela? Como assim?", Fai Chen pegou o braço de Xia Ling, confuso pela sua frase. Não tinha conseguido identificar até nesses últimos minutos o gênero do desconhecido, apenas o encantamento de mudança das cordas vocais.
Entretanto, suas dúvidas foram respondidas em um olhar.
Xia Ling virou seu rosto diretamente para Fai Chen e tiveram o primeiro contato visual, que, em meras palavras, mudou toda a concepção do cultivador sobre a luta que estava ocorrendo. Por sentir as tamanhas emoções que acabara de ver diante daqueles olhos cor de mel, deixou uma lágrimas escorrer por sua bochecha enquanto a falsa concubina o olhava gentilmente.
"Vamos... Me deixe ir também...", Xia Ling sussurrou baixinho, como se fosse seu último pedido.
E sem impedimentos, Fai Chen a soltou.
Xia Ling observou a verdadeira pessoa que estava machucando seus amigos. Por mais que seus olhos estivessem vermelhos graças ao uso da cultivação demoníaca, a jovem concubina tinha conseguido identificá-la desde o momento no qual lançou seu machado em direção a Hu Long. Aquele movimento era inesquecível, por conta das imensuráveis vezes que o viu.
A falsa concubina não sabia ao certo que sentimento perambulava seu coração nesse momento, mas o medo que a habitou por mero tempo, foi desfeito quando os olhos de ambas se encontraram.
"Por que está fazendo isso...?", essas foram as primeiras palavras de Xia Ling, depois de anos à tal mulher. "É impossível você ter se esquecido..."
"O que está falando? Deveria me agradecer por tirar esses dois cultivadores de perto de seu corpo", a mulher respondeu, irritada. "Cultivadores são criaturas nojentas..."
"Por que está com essa voz? Fale comigo... Com aquele mesmo tom de voz no qual eu sempre admirei...", Xia Ling respondeu, ainda sorrindo.
A cultivadora demoníaca arregalou os olhos e a energia Yin que ela exalava em seu corpo, começou a se acalmar.
"Não... Não pode ser... Saia daqui...", a mulher não queria dar ouvidos à jovem, então levantou sua mão, pronta para lançar suas chamas escuras em Hu Long e Fai Chen, que agora estavam ajoelhados no chão juntos do outro lado.
Porém, o que a cultivadora demoníaca não esperava era Xia Ling dando os primeiros passos à frente de todo aquele fogo que a cercava.
"O que você..."
Ao ver aquela cena, Fai Chen deixou mais algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
Era como se Xia Ling estivesse correndo em um vasto jardim de lírios-da-aranha-vermelha ou como mais conhecida "a flor de fogo". Por causa das pétalas que parecem chamas quando florescem, muitas pessoas a associam com fogo e como tal, pode queimar imensas emoções. Além do mais, ela significa a dor da perda e da saudade, como também pode representar a morte, mas não no sentido pejorativo da palavra e sim no sentido de transição para uma nova vida.
A flor de fogo, em sua história principal, representa dois amantes apaixonados que devido às circunstâncias precisaram viver separados. Dessa forma, acredita-se que se uma pessoa encontrar outra que nunca pensou em ver novamente, estas flores vão crescer ao longo do seu caminho.
E por isso que Fai Chen, ao ver Xia Ling correndo no meio do fogo ardente do cultivo demoníaco da mulher, acreditou que, para a jovem concubina, ela estaria apenas pisando em um jardim de flores de fogo, em busca da pessoa na qual pensou que jamais veria novamente e faria seu coração queimar de amor.
"Você continua a mesma...", Xia Ling soltou um riso, tentando espantar a dor que estava sentindo por ter jogado seu frágil corpo em frente aos poderes da outra e queimado vários pedaços de sua pele. Mas, mesmo com a sensação de ardência, ela correu ainda mais, até chegar tão próxima que foi capaz de agarrar a cintura da outra mulher. "Não se lembra da nossa promessa? Juramos de dedinho mindinho que não importa se haverá fogo, demônios ou homens à nossa frente, corremos uma para a outra..."
Hu Long e Fai Chen observavam tudo de longe e sem um único movimento brusco, apenas prestando atenção nas ações da mulher poderosa, com certa angústia, da mesma fazer algum mal a Xia Ling. Entretanto, por outro lado, a jovem que segurava a cintura da mais alta, não expressava nem sequer um pingo de pavor.
Ela estava confiante.
"Eu sempre corri para você... Até quando desapareceu... Eu... Ah... Você sabe como eu odeio admitir meus sentimentos, mas... Eu preciso que retorne. Por favor...", a voz da jovem já estava fraca, graças a dor das queimaduras.
Mesmo assim, abriu um sorriso perante a mulher sanguinária e disse, antes de desmaiar:
"Se lembre da nossa promessa... Li Ming-Yue..."
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- ale yang on -
Decidi postar um capítulo nesse final de sábado pois amanhã ficarei muito ocupada (choro).
Demorou 1 ano para essa mulher poderosa aparecer e quando finalmente apareceu, machucou a gada dela. Complicado.
Espero que tenham gostado desse capítulo. Revisei muitas vezes antes de postar!
E como um agradecimento aos 47k - 50k de leituras, terá mimo da Nyski, artista oficial da novel e uma entrevista!
Céus, vocês são incríveis... Até chorei de emoção por conseguir chegar aos 50k de leituras. Muito obrigada por todo o apoio!
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ARTE ORIGINAL - Li Ming-Yue
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ENTREVISTA - Gadas e Gados
Ale Yang: É FESTA! FINALMENTE APARECEU A LI MING-YUE! (solta os confetes)
Li Ming-Yue: A festa virou um enterro... Xia Ling ficou machucada por minha causa...
Xia Ling: Não se preocupe com isso, A-Yue! Pelo menos estou viva! Isso já é uma vitória para uma gada como eu.
Li Ming-Yue: Gada? O que você quer dizer com isso?
Xia Ling: Ser gada por A-Yue é uma escolha honrosa. Eu faria de tudo por você. Andei até nas chamas por ti! Existe alguém mais gada do que eu?
Ale Yang: Isso é uma boa pergunta! Vou utilizá-la para essa entrevista. Certo! Quem é o personagem mais gado dessa novel?
Xia Ling: Obviamente eu!
Li Ming-Yue: Meu nível... É sumir da vida da pessoa que eu mais gosto para não machucá-la... Isso entra em algum ponto de ser gada?
Ale Yang: Er... Talvez? Você pensou nela e quis protegê-la!
Xia Ling: Péssima escolha. Tive que viver solteira por anos...
Li Ming-Yue: Nem estávamos juntas antes de eu partir.
Xia Ling: (finge chorar) A-Yue cortou meu coração!
Ale Yang: Céus... O próximo?
Hu Long: Gado? Eu também sou e isso é bem óbvio. Talvez seja o mais gado de todos por aqui. Eu mataria qualquer pessoa pelo bem estar de meu Cegueta. Imagine a audácia do inimigo em querer tocar no meu homem.
Fai Chen: Sem matar.
Hu Long: Mas... Seria uma morte necessária... (faz biquinho)
Fai Chen: Pare de besteiras...
Ale Yang: Você se considera também gado, Fai Chen?
Fai Chen: Bem... Eu quero fazer Hu Long feliz ao meu lado, não importa o que aconteça. Já o perdi uma vez, não posso perdê-lo de novo.
Ale Yang: Vish... (olha o enredo da novel)
Fai Chen: O que significa esse "vish"?
Hu Long: AH NÃO! O QUE ISSO SIGNIFICA?
Hong Shaoran: NÃO GRITA! PORRA! EU ESTOU DO SEU LADO, CACHORRO NO CIO! (coloca as mãos nos ouvidos)
Hu Long: Aliás, parando para pensar... Ser gado está no sangue do clã Hong. Olhem para o Shaoran. Ele está nas mãos de Wei Huli e faz tudo para agradá-lo.
Wei Huli: Ha Ha Ha! Isso é bem verídico.
Hong Shaoran: Você está me chamando de gado, Huli? (trinca os dentes)
Wei Huli: Quem ousaria falar uma coisas dessas... (boceja)
Hong Shaoran: VOCÊ É UM IDIOTA!
Wei Huli: Um idiota que você não consegue desgrudar...
Hong Shaoran: Eu vou te matar. (levanta da cadeira)
Wei Huli: Me mate com sua tamanha gadice, por obséquio.
Hu Long: (ri escandalosamente)
Xia Ling: (ri e bate palmas)
Ale Yang: Ai Ai... Esses gados raivosos... Obrigada pela entrevista! Até a próxima!
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Obrigada por tudo e desculpem quaisquer erros!
Até domingo!