I'll be there: uma segunda ch...

By jakesumoon

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O que aconteceria se Lee Rang recebesse uma segunda chance? Por conta de um bug no sistema no Escritório de I... More

Dedicatória
Prólogo
1. O apelo de Yeon
2. A nova vida de Rang
3. O acordo
4. Da água para o vinho
5. Eu sei do que estou falando
6. Nem tão bem quanto parece
7. No meu rosto bonito, não.
9. Brincando com fogo
10. Certezas e Incertezas
11. Um dia bom para recordar
12. Ligando os pontos
13. A rush, a glance, a touch, a dance.
14. A verdade dói
15. Prazo de Validade
16. Apenas sentimentos humanos
17. Tic- Tac
18. Love already bloomed in my heart. (PARTE 01)
18. Love already bloomed in my heart. (PARTE 02)
19. Brothers Reunited
20. Fique comigo (PARTE 01)
20. Fique comigo (PARTE 02)
21. A pequena grande Mi-rae
22. Of course, I laugh
23. A intrusa
24. Agindo como uma raposa.
25. Moonchild Ballad
26. Eu sou melhor que ele.
27. Sad Fate
28.Parting at the River of Three Crossings
30. Atos e consequências
31. Tudo tem um preço
32. É tudo culpa do Rang
32. Dias Dourados
33. That was everthing for me
Epílogo
I'll be there em "UM CONTO DE NATAL"
Um conto de Natal- Parte 1: Com amor
Um conto de Natal - Parte 2: O Karma
Um conto de Natal - Parte 3: Meu caro amigo secreto
Um conto de Natal: Epílogo

29. I'll be there

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By jakesumoon


Rang podia se sentir renovado a cada passo que dava em direção de Yu-na, seu corpo vibrava com a energia nova, era como se fosse uma bateria que tivesse ganhando uma carga nova. Ele estava eufórico, por estar ali, vivo, em seu próprio corpo e por voltar a ser uma raposa. O perfume de Yu-na fez com que ele se perdesse nos pensamentos, antes já sentia atração pelo cheiro dela, mas agora sentia o seu cheiro de verdade e era incrível.

— Yu-na eu voltei a ser uma raposa. Eu sou um gumiho novamente. — Rang disse se aproximando para pegar as mãos da garota, que deu dois passos para trás involuntariamente. — O que foi? — ele tornou a avançar para ela, que dessa vez não se afastou, mas pode sentir que ela estava tensa.

— É que.... — Yu-na vira de costas para Rang e começa a chorar. A jovem estava extremamente aliviada de vê-lo vivo e bem, o fato de ser uma raposa provavelmente seria algo que lidaria depois, agora só queria agradecer.

Rang ficou surpreso olhando a cena, não sabia bem o que fazer, devagar colocou as mãos em seus ombros e antes que a virasse ela o abraçou. Yu-na não disse uma palavra, só queria ficar ali abraçada com ele, o que ela sabia desse mundo era muito pouco. Qual a garantia de que ele ficaria mesmo ali? E se ele desaparecesse como o Jihoon?

— Ei, ei... Eu disse que estou bem, você não precisa ficar assim.

— Mas você é um gumiho de verdade? Para sempre?

— Sim. Nada vai poder me machucar agora. — Rang secou as lágrimas que teimavam em cair pelo rosto da namorada.

— Você não corre nenhum risco? Não vai começar a definhar que nem antes?

— Yu-na-ssi. — ele levantou o rosto da humana para que olhasse para ele. — Eu vou estar sempre aqui. Não vai poder fugir agora, não tem mais um namorado moribundo.

— Eu acho que a gente deve voltar, a Ji-ah já deve ter saído. Eu... Vou ter tempo para me acostumar com isso.

O casal voltou para o corredor onde Shin-joo estava sentado, no momento exato que Ji-ah apareceu. Seu nariz estava vermelho de tanto chorar.

— Como ele está? — Shin-joo perguntou assim que ela se sentou ao lado dele.

— Inconsciente e muito machucado. O médico disse que vai mantê-lo assim por um dia para o corpo se recuperar mais rapidamente e ele não sentir muita dor. Mas por que ele não está se recuperando sozinho? — Ji-ah passou a mão no cabelo tentando pensar.

— Bom, acho que tenho uma resposta para isso. — Rang disse.

— O quê? Você sabe de alguma coisa?

— Vamos falar disso lá fora? — Shin-joo sugeriu. Por mais que estivessem entrando na madrugada, ainda tinham pessoas circulando pelos corredores, precisavam tomar cuidado ao conversar sobre certas coisas.

Os quatro caminharam até o estacionamento. Ji-ah estava extremamente cansada, por mais que sua barriga ainda tivesse pequena, não tinha ido para o quarto mês ainda, suas costas doíam muito. Fora isso, estava triste pela situação em que Yeon se encontrava e chateada por saber que Rang tinha a ver com isso de alguma forma.

— Pronto. Podemos falar agora, o que você sabe?

Rang percebeu pelo tom de Nam Ji-ah que ela estava no mínimo culpando ele pelo que estava acontecendo com o irmão. Por mais que Yu-na tivesse feito sinal para ele relevar foi inevitável revirar os olhos.

— Para começo de conversa, eu salvei o meu irmão, okay?

— Você o salvou? Eu tenho que te agradecer então? Por ele ter se arriscado, tentando fazer você ficar aqui, porque voltou de forma inapropriada?

Ya! Eu não fiz isso porque eu quis! Não sabia o que ia acontecer!

— Claro, você nunca sabe, não é?

— Rang, Ji-ah, vocês estão muito cansados, vamos dormir, amanhã conversamos sobre isso. — Shin-joo disse tentando amenizar as coisas.

— Não. Eu quero saber agora. O que está acontecendo com o Yeon?

— Eu não sei como, mas eu acho que o Yeon virou humano.

— O QUÊ? —Shin-joo e Ji-ah falaram em uníssono.

Aish...Eu sou uma raposa de novo. Eu não sei como isso é possível, mas dessa vez não sou só uma meia raposa.

— Rang você está querendo dizer que o Yeon abdicou da sua forma de raposa para você ficar aqui? — Ji-ah estava incrédula.

— Se ele está se recuperando como um ser humano normal e eu me tornei uma raposa, então sim, estou. Só quando ele acordar que vamos entender o que exatamente aconteceu.

— Vocês dois realmente não conhecem a palavra limites.

— Está tarde, entrem no carro, vou deixar todo mundo em casa.

No carro ninguém ousou dizer uma palavra. Ji-ah foi na frente com Shin-joo, enquanto Yu-na estava atrás com a cabeça virada para o lado de fora da janela, Rang se perguntava em que ela tanto pensava.

— Ji-ah, a Yu-ri vai ficar com você essa noite, suba, vou ficar esperando enquanto você entra.

A humana assentiu com a cabeça e saiu do carro.

— Srta. Yu-na, pode me dizer onde mora?

— Claro. — Yu-na foi despertada de seus pensamentos ao ouvir a voz de Shin-joo, ela cordialmente se manteve atenta e foi explicando para ele o caminho até sua casa. Vez ou outra, com sua visão periférica podia sentir o olhar de Rang sobre si.

— No próximo canto a esquerda. O terceiro prédio.

— Aquele com trepadeiras no muro?

— Sim. Obrigada Shin-joo. Boa noite. — ela se virou e Rang a observava. Yu-na colocou a mão sobre a dele rapidamente e disse: — Boa noite Rang, a gente se fala amanhã.

Ao dizer isso saiu do carro e não olhou para trás.

— Rang.

— O que?

— Você não vai sentar aqui no carona? Eu não sou seu motorista, sabe?

Aish...

Rang mudou de lugar, mas os seus pensamentos não mudaram. Ele tinha muita coisa para resolver nos próximos dias. O que faria em relação aos seus "pais"? E todos os conhecidos dele e de Yu-na? Até mesmo o seu status com ela teria que mudar, além disso, precisava ver o irmão e saber como e por que ele fez o que fez.

— Shin-joo. — Rang chamou assim que entraram no estacionamento do prédio.

— Pois não?

— Você já se despediu?

— Do que?

— Do meu quarto. Quero ele de volta.

Entraram no apartamento com Shin-joo ainda reclamando tentando explicar que não tinha como ele mudar de quarto àquela hora, quando Rang fez sinal para que ele calasse a boca.

Podia ver os pés de Soo-ho no lado de fora do sofá, a televisão estava ligada, mas ele estava dormia profundamente. Rang ficou olhando o garoto dormir por um tempo, admirado como ele tinha crescido.

— Arruma o outro quarto, eu vou ficar lá por enquanto. Tudo bem, deixa que eu levo ele para a cama.

A raposa pegou o garoto com cuidado e o carregou, mesmo com o movimento, Soo-ho não deu nem um suspiro diferente que dissesse que ele iria acordar. Rang foi andando com o garotinho nos braços, deixou que escapasse um sorriso no caminho. Colocou ele na cama e quando ia dando as costas algo pegou na manga de sua camisa.

Ahjussi?

— Acordei você?

— Eu ainda estou dormindo? O senhor está no seu corpo! — Rang sorriu e bagunçou o cabelo do garoto com as mãos.

— Volte a dormir, amanhã eu te explico tudo.

Quase que instantaneamente, Soo-ho deitou a cabeça no travesseiro e dormiu.

Rang encontrou com Shin-joo no corredor, ele andava para lá e para cá com várias coisas organizando o quarto para ele.

— Não precisava de tudo isso, era só arrumar a cama.

— Amanhã Yu-ri vai passar no depósito para pegar as suas roupas.

— Ela não jogou fora?

— Claro que não. Todas as suas coisas estão guardadas. Separei um pijama para você passar a noite. Vou deixar você sozinho agora, boa noite Rang.

— Boa noite.

— Ah, eu fico feliz que tenha voltado. — Shin-joo não esperou a resposta da outra raposa, fechou a porta e o deixou sozinho com seu turbilhão de pensamentos.

______֎______

Ji-ah acordou cedo para ir paro o hospital, não ficaria mais um segundo longe de Yeon. Queria estar lá quando ele acordasse.

— Ji-ah, o Rang me ligou a pouco. Ele está no hospital, descansa mais um pouco e mais tarde levo você lá. Pensa no bebê, não está em posição de se esforçar tanto. Se olha no espelho, você está pálida, precisa sim comer algo forte e descansar mais.

— Desde quando você é preocupada assim? — Ji-ah questionou. Tudo que a raposa tinha falado, havia completamente sentido. Yu-ri sorriu.

— Vem, vamos tomar café. Pedi uma sopa para você.

— Tudo bem, mas eu vou passar a noite lá hoje.

Aigoo!!! Você não ouviu o que eu acabei de falar? Trouxe sopa, coma e volte a descansar.

Detestava a ideia de ter que dividir o horário no hospital com Rang, mas Yu-ri tinha razão, ela tinha se esforçado muito ontem e precisava cuidar melhor de si. Precisava estar bem quando seu amor acordasse.

A sopa estava uma delícia, o caldo quentinho fez com que Ji-ah se sentisse um pouco mais revigorada.

— E a Mi-rae? Já acordou?

— De madrugada fiz um leite para ela, tomou e voltou a dormir. Ela está bem, só precisa descansar. O que ela fez ontem foi muito esforço para um bebê.

Pensar nisso deixava a humana com o coração na mão. A filha era muito pequena para passar por esse tipo de coisa, por esse lado se sentia agradecida por Yeon ter virado humano. Problemas assim não aconteceriam mais. Pelo menos assim ela esperava. De agora em diante sua vida seria mais tranquila, não sabia até que ponto, considerando suas duas filhas meio raposas.

Mi-rae acordou perto do almoço, Yu-ri tinha acabado de voltar do Noiva Caracol com a comida, e Ji-ah havia levantado a pouco de uma soneca revigorante. O remédio que Taluipa estava quase acabando, pelas contas da humana a última dose seria no dia que Ji-ah completaria quatro meses. Pensar nisso a fazia ver como uma gravidez foi diferente da outra, enquanto a de Mi-rae ela soube já no primeiro mês de gestação, essa ela soube dois meses depois.

Ji-ah tinha cedido em ficar em casa e ir apenas no final da tarde, mas vez ou outra fazia Yu-ri mandar mensagem para Rang para saber se tinha tido alguma alteração no quadro de Yeon.

— Mamãe, quando eu vou ver o papai?

— Assim que ele acordar, meu amor.

— Se eu fosse lá ele acordaria logo.

— Mi-rae. — Yu-ri a chamou séria. — Escuta bem o que a titia vai dizer para você. Sua energia é preciosa demais, você só pode usá-la para isso em último caso, como fez com o seu pai ontem a noite. Você pode ficar fraquinha demais. Não use ela assim com frequência ok?

A garotinha fez um bico e olhou para a mãe na esperança de que ela discordasse, mas ao ver que a mãe concordou, ela deu um suspiro fazendo com que a franja do seu cabelo levantasse com o sopro.

— Tudo bem, tia Yu. Eu não vou mais curar os dodóis assim. Mas e um bolo de chocolate mamãe? Eu posso?

— Hoje pode. Você vai querer ir para a sua creche hoje filha? Se sente bem para ir?

— Sim! A professora vai ensinar uma musiquinha nova hoje! Mas se o papai acordar você me pega para eu ir ver ele?

— Claro, minha princesa.

As horas pareciam não passar, mas assim que Rang ligou para Yu-ri informando que os médicos retiraram os sedativos de Yeon não teve quem impedisse Ji-ah de ir até lá. Ela e Yu-ri passaram para buscar Mi-rae na creche e seguiram para lá.

— Eu vou levar a Mi-rae e o Soo-ho para tomar sorvete. Tem certeza que você vai ficar aí a noite toda?

— Sim. Qualquer coisa eu aviso você. Filha, não dê trabalho para a Yu-ri, ok?

— Pode deixar mamãe.

— Yu-ri, se ela der trabalho para dormir...

— Eu sei, embalar ela na varanda, olhando para lua, eu sei. Não se preocupe, ela e o Soo-ho vão brincar tanto que vão chegar em casa exaustos. Deixei ele em casa montando uma cabaninha para eles dormirem. — Yu-ri diz se despedindo da humana junto com a meia raposinha.

A vontade que tinha era de ir correndo até o quarto dele, mas se conteve no último segundo, ele não acordaria tão rápido, e como provavelmente ele era de fato um humano, levaria um tempo até o efeito da anestesia passar. Quando chegou no andar pode ver Rang entrando no elevador para ir embora, ela acenou com a cabeça para ele, que retribuiu antes das portas se fecharem com um levantar de sobrancelhas.

Ji-ah entrou no quarto e ver Yeon naquela condição dava vontade de chorar, por mais que soubesse que era por conta da anestesia, vê-lo desacordado por tanto tempo e cheio de curativos o tornava indefeso. A humana se aproximou da cama dele, segurou a sua mão e com a outra passou a mão nos seus cabelos, assim de perto podia ver que ele estava com um aspecto melhor, a cor já tinha voltado ao rosto.

— Yeon, amor... — uma lágrima caiu no seu rosto. — Lembra quando eu fui perseguida por aquelas crianças fantasma? Antes de cair você foi o primeiro e o último nome que eu pensei, e tamanho foi o alívio que eu tive por você ter me pego em seus braços... — ela parou de falar para controlar o choro — Lembra quando a anciã me prendeu e eu estava quase para cair naquele poço? Por mais que nós ainda não fossemos tão próximo, eu torci para que você conseguisse me achar e você conseguiu, pegou na minha mão na hora certa. Você sempre esteve lá pra mim e por mim. Então é a minha vez, eu estarei aqui segurando a sua mão quando acordar. Eu e o bebê, mas por favor não demora muito. Eu não aguento mais esperar tanto por você.

Ji-ah ficou um bom tempo fazendo carinho na cabeça de Yeon e dizendo palavras bonitas, torcendo para que ele estivesse conseguindo ouví-las. No entanto suas pernas começaram a formigar, ela chegou a poltrona para perto da cama e se sentou lá, sem soltar a mão que tanto já lhe segurou.

______֎______

Yeon estava de novo naquele dia de verão, em que seguia uma mulher de hanbok, há um minuto atrás havia pedido para Ji-ah espera-lo enquanto olhava ao redor, e no outro lá estava ele procurando seu amor do futuro, mas extremamente confuso com o que via. Com ela vestida assim, passado e futuro se uniram numa coisa só na cabeça dele.

Haviam tantas pessoas naquele lugar, demorou até que ele a avistasse na ponte, entre os véus coloridos. Seu coração quase parou de bater quando ela afastou um dos véus, olhou para ele e sorriu. Yeon não conseguiu pensar em mais nada a não ser em quebrar a pouca distância que faltava entre os dois e a beijar.

Só quando ela o afastou que percebeu que talvez pudesse ter ido longe demais. Ji-ah o olhava surpresa com o que tinha acontecido. Suas intuições estavam certas quando teve a ideia de se vestir com aquelas roupas.

— A mulher que você acabou de beijar, sou eu? — ela o encarou. Foi a vez da raposa ficar surpresa com o questionamento da humana. — Ou é o seu primeiro amor que morreu? — Ji-ah observou bem a imagem do homem a sua frente, ele piscou duas vezes, mais surpreso do que antes. — Não deve ser eu.

— Eu não... — Yeon começou a falar.

— Eu não sou... — Ji-ah disse o interrompendo. — a sombra do seu passado. Então agora mesmo, se decida. Você pode escolher se prender ao passado e viver de datas vencidas ou...

— Ou? — ele ousou perguntar.

Ji-ah esticou a mão e tocou o seu rosto.

— Dê uma boa olhada em mim.

Yeon abriu os olhos e viu a mulher determinada do sonho apoiada sobre a sua cama enquanto dormia, tinha a mão entrelaçada na sua. Ji-ah dormia serena, foi impossível que ele não a observasse dormir, aquela cena era como um deja vu, já tinha passado por isso antes, a diferença é que agora não tinha receio em tocar em seu rosto, e afastar a mecha de cabelo para vê-la com mais clareza.

— Ji-ah... — Yeon a chamou. Sua voz estava um pouco rouca e seca.

— Yeon! — a humana disse contente ao vê-lo acordado. Ele tentava tirar a máscara de oxigênio, Ji-ah o ajudou. — Como você está? Está sentindo muita dor? Eu preciso avisar as enfermeiras...

— Ji-ah... — ele segurou a sua mão, a impedindo de sair. — Eu não fiz você esperar muito, não é?

Ela com cuidado absoluto o abraçou.

— Você acordou na hora certa. — Ji-ah teve que segurar o choro novamente, ao ver Yeon olhar para ela de um jeito bobo, que só ele sabia fazer. — Eu vou chamar o médico, eu não demoro.

Enquanto ela havia saído, ele mesmo se examinou. Suas costelas ainda doíam bastante e o seu ombro ainda estava meio dormente, tinha alguns hematomas e arranhões pelo corpo. Ferimentos graves e leves que estavam sendo curados de uma forma humanamente lenta. Estendeu a mão para a janela, no qual do lado de fora, uma cerejeira balançava com o vento. Sua intenção era trazer algumas folhas até ele, porém nada aconteceu. Yeon respirou fundo. Se ele estava assim, sabia muito bem o que tinha acontecido.

— Aqui, doutor. — Ji-ah estava voltando ao quarto com o médico.

— Senhor Lee, fico feliz que tenha acordado. As enfermeiras vão vir medir sua temperatura e pressão arterial. Além dos machucados, sente alguma dor? Cabeça, abdômen?

— Não.

— Olhe para cá. — o médico tirou uma pequena lanterninha. E o examinou. — Vou aguardar o resultado dos exames, mas ao que tudo indica, amanhã à tarde você receberá alta e poderá ser cuidado em casa.

— Obrigado.

— Mais tarde eu volto com o resultado dos exames. Com licença.

— O que aconteceu? E o Rang?

— Ele está bem. Bem demais, inclusive.

— E você? E o bebê? — ele colocou a mão na pequena barriga de Ji-ah, agora não conseguia mais sentir o bebê, então tinha que perguntar.

— Nós estamos bem.

— A Mi-rae?

— Foi dormir na casa da Yu-ri, depois de muito dormir e um pedaço de bolo, ela está bem.

Yeon suspirou aliviado. Ele tinha conseguido. Estavam todos bem.

— Amor... — ele a chamou. Ela se aproximou, e ele a encarou, com um pequeno sorriso querendo lhe escapar pelos lábios.

— O que foi?

— Nada. Só estou dando uma boa olhada em você.

______֎______

Quando os primeiros raios da manhã apontaram no céu, Rang chegou no quarto.

Hyung! — ele disse sorrindo, sorriso esse que morreu ao ver Ji-ah ao lado do irmão.

— Aconteceu alguma coisa? Vocês parecem mais ariscos um com o outro do que o normal.

— Nada que valha a pena você saber. Eu vou para casa, mais tarde trago a nossa filha, ela está louca para te ver. — Ji-ah deu um beijo em Yeon. Foram interrompidos pelo pigarro de Rang. — Tchau, até mais.

— Nossa, vocês dois hein? Não podem esperar chegar em casa?

— Cala a boca.

Hyung. Você sabe o que aconteceu, não é?

— Sim. Você é um gumiho e eu um humano.

— Como isso aconteceu? O que foi que você fez?

— Eu fui falar com Yeomra.

— Como é? — Rang sabia que não era uma tarefa fácil falar com o rei do submundo. Muitos que tentaram não conseguiram sair de lá vivos. — Então aquele dia que você chegou machucado, foi porque foi falar com ele? O que você disse?

— Nós fizemos um trato.

— Que trato?

— Eu pedi para que ele salvasse você, colocasse sua lama no corpo certo. Em troca disso, eu trabalharia para ele para o resto da vida.

— O quê? Você surtou? Esse trato é ridículo.

— Pelo visto ele também concordou com você, tendo em vista a situação em que estamos.

— Ainda bem. Então ele que resolveu deixar você humano e eu um gumiho? Que formidável. — Rang disse com um olhar travesso e um tom irônico.

Aish, se você vai começar a se gabar, pode sair, dispenso a sua companhia.

— Obrigado. — Rang disse sereno. — De verdade, obrigado. — Yeon sorriu ao ver o irmão a um passo de ficar emocionado.

— Se você disser mais uma vez que eu abandonei você, eu juro que dou um jeito de acabar com sua vida.

— Combinado... Yeon, tem uma coisa... — Rang parou de falar. Não queria envolver o seu irmão na vida que teve enquanto ainda era humano, mas ao mesmo tempo queria saber o seu conselho.

— Senta aí, diga irmãozinho, o que deseja saber?

— Eu vivi esse tempo todo no corpo do Jihoon, eu não sei bem o que fazer com os laços que eu fiz.

Yeon ouviu atentamente. Era um fato que ele era humano agora, mas a sua personalidade ainda era a mesma, ia demorar um tempo até que aprendesse a ter sentimentos totalmente humanos.

— Eu queria muito poder te dizer outra coisa, mas... Corte os laços. Não há nada que possa fazer além disso.

— Cortar?

— Apagar para ser mais exato. Apague esses meses da vida de todos eles e tudo se resolverá. Você é um gumiho agora, pode fazer esse tipo de coisa durar tempo suficiente.

Apagar. Yeon tinha completamente razão quanto a isso, daria um pouco de trabalho ter que se aproximar de todo mundo, mas não seria um problema. A ficha caiu. Todos eles. Isso incluía seus "pais". Com eles isso seria um pouco mais difícil.

Rang ficou pensativo o resto da manhã, e saiu sem se despedir quando Ji-ah voltou com a filha.

— PAPAI!!!!! — Mi-rae disse entrando correndo pelo quarto. Subiu na poltrona e escalou até a cama para abraçar o pai. — Eu fiquei com tanto medo por causa do seu dodói.

— O papai está bem, princesa.

A garotinha fez uma carinha triste sentada na cama.

— O que foi, filha?

— Eu não vejo mais a luz de raposa que eu via em você.

— É, o papai teve que dar ela para o tio Rang ficar com a gente.

— Você deu ela para ele?

— Mais ou menos.

— Ah...

— Você não vai ficar feliz? O tio Rang vai ficar com gente agora, ele não está mais doente.

— É que estava tudo certo. Quando eu crescesse e ficasse do tamanho da mamãe, eu ia ser a sua parceira.

— Parceira?

— Sim, ajudar você a destruir as coisas más.

— Oh, meu amor, você não precisa fazer o que o papai faz... fazia. Não vê o tio Shin-joo? Ele cuida de bichinhos. Não é porque você é uma raposa que tem que sair por aí...

— Procurando encrenca. — Ji-ah complementou.

— Não era bem isso que ia dizer, mas serve.

Os três ficaram um bom tempo ali conversando e convencendo a filha a não seguir os passos do pai.

______֎______

Rang tinha voltado para casa. Olhava para o telefone indeciso. Fazia um dia que não falava com Yu-na, se perguntava se esse teria sido um tempo apropriado para ela pensar sobre tudo isso.

— Yu-na? — ele disse após tomar coragem e ligar.

— Rang, oi...

— Está tudo bem? Você... Está bem quieta. — ele ouviu ela suspirar ao telefone. O que aquilo significava?

— Eu estou preocupada, tudo mudou tão de repente... o que vamos fazer agora que você está em outro corpo? O que vamos dizer para os seus pais, para os meus pais...? E a faculdade? Nossa...

—Ei, ei, ei... Calma. Eu vou resolver tudo, só preciso de um pouco de tempo para isso. Eu já sei o que fazer. Não se preocupe com isso, certo?

— O que você vai fazer?

— Pessoalmente eu te falo.

— Isso é uma desculpa para me ver?

— Também. Mas em grande parte é porque eu conheço você o suficiente.

— Fiquei preocupada agora.

— Não fique.

— Como o seu irmão está?

— Bem, como eu suspeitava, ele é um humano agora.

— Sério? Que incrível! A Ji-ah deve estar bastante feliz. — Rang percebeu que por mais que ela tivesse tentando parecer animada, ela não estava.

— Eu tenho que desligar agora.

— O Yeon vai receber alta hoje, vamos fazer uma comemoraçãozinha na casa dele, você vai, não é?

— Claro. Então até mais tarde.

Haviam poucas pessoas à espera de Lee Yeon. Principalmente por causa da bagunça, tanto ele como Ji-ah não podiam fazer muito esforço então foi algo bem íntimo e rápido. Apenas os pais de Ji-ah, cujo a senhora Nam encheu a geladeira de diversas comidas; Hyun Eui-ong, Yu-ri, Shin-joo, Soo-ho, Rang e Yu-na.

Ainda assim, Mi-rae estava extremamente contente por ter tantas pessoas queridas na casa dela, foi correndo buscar os desenhos da escola, e uma medalha que ela tinha ganhado como aluna exemplar do mês.

Shin-joo e Rang ajudaram Yeon a sair da cadeira de rodas para o sofá.

— Eu comprei aquele sorvete horroroso para você, está na geladeira.

— Obrigado. Ji-ah, você está bem?

Ji-ah virou surpresa, não esperava que ele tivesse prestando atenção nela, dormir no hospital havia sido um esforço a mais, e agora que tudo estava resolvido todo o cansaço e tensão dos últimos dias haviam despencado. Yu-ri ao ouvir a observação de Yeon, foi imediatamente até ela.

— Eu estou bem, só um pouco cansada.

— Você precisa sentar, vem. — Yu-ri a guiou para o outro sofá, e colocou as pernas dela para cima.

Com isso, aos poucos as pessoas foram indo embora, primeiro os pais de Ji-ah, depois Eui-ong, no qual disse que assim que ele se recuperasse mais iam comer algo no Noiva Caracol e por fim Yu-na.

— Eu te deixo em casa.

— Não, não precisa, eu já pedi um táxi, me leva até lá em baixo?

Rang a acompanhou até o térreo incomodado.

— Eu chamei um táxi porque vai ser estranho outra pessoa me deixar em casa.

— Entendi. — ele esperava que fosse apenas isso mesmo, mas no fundo sabia que ela estava estranha com ele desde o dia que descobriu que era uma raposa.

Na portaria, Rang pegou em sua mão, pensava que ela o afastaria, mas não o fez.

— Eu sei que as coisas estão difíceis. Você ter que se acostumar com todas as minhas mudanças... Eu baguncei a sua vida não é?

— Não, não... — ela segurou a mão dele com mais força. — Só é um pouco estranho retomarmos tudo como se nada tivesse acontecido. Eu... — ela se afastou e olhou para ele, mexeu na mecha de cabelo dele que estava caído sob a testa. — Eu ainda tenho que me acostumar com o seu novo rosto. Você está um pouco mais alto...

— Vamos jantar amanhã, o que acha?

— Rang a gente não pode ser visto juntos em público assim...

— Eu sei de um lugar que você não precisa se preocupar com isso.

— Tudo bem, vamos. O táxi chegou, até amanhã. — a humana deu as costas para ele e desceu os degraus que separavam a portaria da calçada.

Deu as costas para a rua e quando ia pegando o elevador seu celular toca. O número que apareceu na tela fez com que o seu coração apertasse de leve.

— Oi, mãe.

— Querido, faz dois dias que não tenho notícias suas, ontem passei o dia inteiro com uma sensação estranha, hoje resolvi ligar. Já sabe quando volta?

— Acho que em uns dois dias.

— Tudo bem, me avisa quando for embarcar para eu fazer seu tteokbokki favorito.

— Aviso sim, mãe.

— Boa noite, querido. A mamãe ama você.

— E-Eu também.

Com essa ligação Rang soube que precisaria de muita força para fazer o que ele tinha que fazer, não fazia ideia de que tinha se apegado tanto a esse casal até se dar conta de que iria perdê-los.

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