Ardente Perdição - Duologia V...

By AutoraLua_M

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Uma missão não finalizada. Uma traição dentro de uma salaz paixão. Dois marcos dentro da história de duas bom... More

Ardente Perdição
Guia de personagens
Book Trailer
Prólogo
INÍCIO DE POSTAGENS
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
× Recado ×
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV

Capítulo XIX

171 16 135
By AutoraLua_M

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× Pode conter erros.

× Boa leitura.

× 2...

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Ethan Blake

— Foi em um lugar como esse que escondi o corpo de meu ex-marido, ninguém encontrará, mesmo com investigações — declarou assim que nos afastamos do local onde assassinamos e escondemos o corpo que era de interesse de Oliver.

Foi uma execução rápida e direta. Depois de engordarmos o porco com seus mais pecados e com a ajuda de Alexa, o fizemos desaparecer da vista de todos sorrateiramente e levamos para uma sala no último andar, o pretexto era uma foda com Alexa Montez, seu sonho de consumo carnal e monetário.

Tudo não passou de uma grande atuação, um tiro em sua cabeça foi o suficiente para sua execução sem grande espetáculo e para livrar nossa companheira das mãos nojentas daquele homem.

Pegamos o que precisávamos com ele, um código de seu quarto do pânico e documentos que seriam entregues para seu parceiro, um ator que substituiu o real corrompido por uma manipulação de informações.

A missão de Oliver, perfeitamente concluída, seguimos então para a de Roxie, manter a confiança e exaltação de seu chefe para que compartilhe todas as informações com os Kozlov e evite um desnecessário roubo.

— Sua experiência no assunto é tocante.

— Ele mereceu o fim, era estúpido e controlador demais para mim, uma pedra entre mim e o sucesso, o que eu poderia fazer? — Era clara a amargura em sua voz, não era para menos ao se falar de Charles Blanche. — Era ele ou eu, casamento entre famílias ricas entre empresário e herdeira não são como contos de fadas que as pessoas contam.

— Nada é realmente como parece.

Paramos defronte ao vidro espalhado de uma das salas, detínhamos uma visão privilegiada do salão onde ocorria a festa, mas não poderíamos ser vistos. Uma vantagem para esconder nossos passos e fazer um rápido relatório sobre a reação da ausência do homem morto e escondido no teto falso.

A equipe revezava suas posições para mapear o local e caracterizar as pessoas, todos os movimentos eram calculados entre eles e passados pelo ponto auricular em códigos. Alexa retomava seu lugar ao lado de Isaac como sua acompanhante e amiga de longa data, sem deixar vestígios de sua manipulação recente. Roxie era um dos pontos de atenção por sua identidade desconhecidas entre muitos e confundida pela máscara, porém ignorava com naturalidade ao acompanhar fielmente Oliver e Eleanor, enquanto Anthony terminava os trâmites com os falsos seguranças de nosso cadáver.

Tudo em um perfeito teatro.

Por fim voltei meu olhar para Lindsay, ainda estava entretida com o mesmo homem que a abordou há minutos, aparentemente se conheciam e não conseguiam muitas chances para conversar. Era óbvio, graças ao hobby obsessivo da Sparks, que é baseado em tirar minha paciência e cultivar seu espaço contra sua prima.

Ainda assim, isso me deu tempo e paz para pensar e agir. Com sorte ainda teria algum bônus pelo grande interesse na conversa e bebidas, e por estar muito bem protegida por seguranças empenhados apenas nela.

Enquanto isso, as outras pessoas se mantinham ocupadas em conversas regadas de bebida, shows de danças sensuais, sexo em público, jogos de azar e lutas ao vivo entre convidados no 'ringue' central.

— Preferia que estivesse tocando alguma música francesa.

— Por que não seleciona?

— Infelizmente não é adequada ao momento e a seleção já foi feita. — Rolou os olhos. — A presença de Sea nesse momento também seria uma boa pedida, mudaria seu péssimo humor.

— Não devemos falar sobre isso.

— Sua imagem associada a dela seria muito melhor e extremamente poderosa, isso foi provado no evento ao final do ano passado — detalhou com um sorriso ardiloso. — Espero que isso retorne e não precise tirar a falsa herdeira dos Sparks do caminho, meu poder está em risco.

— Estava me questionando sobre sua repentina admiração por outra pessoa ao meu lado.

— Há males piores.

Durante o tempo que mantivemos um caso de interesse maior e sexo, Ella se mostrava atenta e afiada a qualquer mulher que pudesse tomar mais espaço do que ela achava que devia.

Sua filosofia era que precisava ser sempre especial, ser a mulher com maior poder no mundo e em minha vida, caso desejasse destruí-la por capricho ou para tirar algum proveito.

Era possessiva e seletiva.

Tentava se embrenhar com sexo em ações, como uma erva daninha em mim, porém sempre era cortada e afastada, contudo aproximada quando de interesse mútuo ou algum novo jogo entre nós.

Ainda depois de nosso envolvimento, modelou-se para controlar o máximo que poderia, uma jogada arriscada e falha, sem qualquer conversa ou retorno, afinal não passava de sexo e conveniência.

— O que faremos agora?

— Você não pode ser visto agora, muito menos comigo.

— O que sugere?

— Siga pelo corredor até o fim, vire à esquerda e entre na última sala. É uma sala exclusiva, tem coisas que lhe interessarão por lá, tenho certeza.

— E você?

— Levarei isso para Lowell — garantiu levantando os papéis, era no mínimo perigoso e suspeito, mesmo que com sua cooperação. — Estou ao lado dela, é o lado vencedor e o que me convém, Shade, deveria já ter aprendido isso sobre mim.

— Todas as mulheres venenosas e com sede de poder que conheço, especialmente francesas, são no mínimo motivo de desconfiança quanto aos próximos passos.

— Pode me matar caso minha palavra for falsa.

— Não hesitarei em fazer.

— Kozlov logo aparecerá para confirmar as ações.

— Quando os conheceu? — disparei impedindo seus passos.

— Antes de conhecê-lo, chére, digamos que eles têm um longo passado e suas famílias acabaram fazendo negócios com a minha, apenas isso.

Blanche não esperou mais, saiu arrastando seu vestido branco. Precisaria manter meu olho em seus passos pelo maior tempo possível, qualquer erro custaria um degrau com Oliver e possivelmente a cabeça de Ella para mim e para Lowell.

Quando meus olhos alcançaram-na no salão, pude deixar a observação e seguir pelo caminho que instruiu. Era uma ala afastada da casa e com alguns seguranças, provavelmente existia algo de muito valor para a francesa, ou não se importaria de gastar espaço com outras pessoas.

Assim que adentrei a sala mencionada, as perguntas de minha curiosidade foram respondidas e facilmente elucidada, um local de grande valor monetário, emocional e acadêmico para ela.

A sala de artes com projetos únicos e admirados. Ella é uma amante das artes plásticas. Tem sua própria academia, ajuda em projetos sociais, financia estudos e dia grande quantia para universidades e escolhe a dedo seus novos artistas, sejam fotógrafos, escultores e pintores.

A sala estava recheada de quadros, fotografias e esculturas variados em tamanhos e movimentos, além de um espaço especial dedicado à criação e outros livros para estudos, como ouro para ela.

No entanto, o que prendeu minha atenção foi uma parede que detinha duas fotografias médias e uma grande ao centro. Fotografias de mim e Rosalie há meses, pouco antes de tantas revelações e segredos.

O primeiro retratava a risada de Rosalie, enquanto eu me empenhava em fazer cócegas como uma grande e adulta vingança, uma pura mentira; O segundo estávamos nos fitando, assim que caímos no silêncio do mundo e acabei por tropeçar em meu amontoado mental; O último, ela seguia para fora do beco com o olhar baixo e eu seguia ainda atordoado.

Um retrato que dizia muito, que poderia entregar quando acabamos por cruzar o limite que tão espertamente William traçou, o limite para uma queda que quebraria muito mais que o corpo.

A vida normal que nossas escolhas tomaram cedo.

A segurança que jamais teremos.

A vida que em anos não cogitei, mas repudiei.

A maldita francesa corria muito bem apesar das pessoas e dos saltos em seus pés, mas logo se cansaria graças às risadas que emitia pela situação desastrosa que nos encontrávamos, dois adultos correndo por quarteirões após uma discussão infantil por doces.

Como previsto, ela cansou e se apoiou em um beco qualquer, era minha chance de vingança por minhas duas 'madeleines' e sua tentativa de me calar com 'macarons'.

— Eu me rendo.

— Ah, não, não. Eu não corri atoa — certifiquei.

— Eu não tenho cócegas mesmo — deu de ombros indiferente.

"É o que vamos descobrir, senhorita Aubry", concluí mentalmente ao negar com a cabeça e me aproximar de seu corpo que se encolheu com a distância, um instinto de proteção.

A ataquei com cócegas sem pausas, gerando risadas altas e mínimos gritos histéricos, era jovial e simples, nada de pomposidade, arrogância ou limitações. Poderia dizer que era um dos melhores sons que escutei, melódico e doce como jamais pensaria que alguém tão amargurado poderia fazer.

Foi trazer a infância e a segurança de volta para nós, o que me trouxe a grande questão sobre a possibilidade de Rosalie ter tido algo assim na infância, momentos de paz com brincadeiras inocentes ainda que por instantes.

Não percebi quando parei as cócegas, talvez em algum segundo próximo ao momento em que comecei a analisar cada traço de seu rosto, o som da sua risada e seu relaxar, porém ela já se recompunha e me fitava.

O ar parecia rarefeito.

O mundo pareceu parar.

Não existia nenhuma preocupação com missão, cobranças ou identidade.

Apenas mantinha minha atenção em cada traço de seu rosto, o sorriso que se desfazia aos poucos em seus lábios vermelhos, o olhar que suavizava a medida que parecia perdido na situação

Tão perdido quanto eu naquele instante e em minha mente extremamente conturbada que anotava mais um tópico a ser abordado durante a noite.

Era diferente dos momentos de liderança, das discussões calorosas, do sexo bruto ao decorrer do dia. Foi como encontrar um farol em meio a uma tempestade em alto mar, um sentimento repentino de compensação e segurança.

Um calor que não poderia explicar a origem ou intuito, contudo o reconhecia de outros episódios com Aubry. Era no mínimo uma mistura de confusão e uma dose de ansiedade.

Era uma loucura.

Precisava ser uma loucura.

— Vamos antes que fique tarde — asseverou ao retornar a postura defensiva e pétrea.

— Mazen conseguiu se aproximar? — A voz de Anthony me trouxe de volta ao presente, ainda que atordoado e sob efeito do calor que senti naquele dia.

— Nossa falsa discussão ajudou.

Não me recordo da última vez que estive sozinho com Anthony, talvez não tivéssemos chance ou estivéssemos evitando pela situação atual ou sobre o passado conturbado com sua esposa.

Sua amizade era importante para mim, ainda que o contato fosse pouco através do tempo, preferiu se manter nas sombras de seu dever como um Kozlov com a Rússia, o que não julgo, enquanto eu mantive meu trabalho e compromisso com a ASSA.

Ele fitou minuciosamente cada quadro, mas o que mais o interessou foi o central, não pareceu ter alguma reação além da atenção e curiosidade, um fator diferente de anos atrás.

Meu passado estava entregue às suas interpretações.

— Uma fotografia e tanto.

— Quantas pessoas devem ter visto isso? — Inquiri minha real preocupação.

— Uma quantidade quase nula, Blanche sabe ser discreta.

— Eu espero.

O silêncio nos tomou.

Sua atenção mudou para o primeiro quadro, aquele que eternizou as gargalhadas de Rosalie e nosso momento de distração, quando baixamos a guarda e acabamos esquecendo de o que éramos e como deveríamos agir para o mundo.

— A aparente queda do grande Shadow — sondou com um humor fraco e observador. — Devo dizer que formavam um belo casal.

— Não éramos um casal.

— Ela sabe sobre seus sentimentos?

— Não.

— Ausência de palavras?

— Sim, uma maldita ausência de palavras.

— Duvido que seja por falta de sentimento. — Deu de ombros. — O conheço e há anos não o vejo dessa forma, seja alegre como na foto ou transtornado com os acontecimentos.

— Como não enlouqueceria com este demônio em minha mente?

— É uma boa pergunta, Sea em seu estado natural é complexa, se torna pior em seu raro estado de liberdade.

O fitei com desentendimento, havia um grande reconhecimento e propriedade em sua voz sobre o assunto, apesar da forma impassível que utilizava. Sabia que era um conhecido de Hillary e Taylor, mas não imaginava que o irmão protetor deixaria alguém se aproximar de sua irmãzinha mais nova quando estava vivo.

Muito menos alguém como nós.

— A conheceu?

— Sim, é a famosa irmã mais nova e encrenqueira de Jordan.

— Pelo pouco que ele falava, a definiria como sua princesa que precisava de sua superproteção. Muito longe da realidade — soprei com a grande ironia da vida. — Não me recordava que o conhecia tão bem.

— A conheci antes de minha estadia no exército americano.

— Teve muito contato com ela?

— O suficiente para comparar o futuro e o passado com propriedade, e perceber que muita coisa mudou e deduzir que o futuro que criaram para ela, não será concretizado.

Muitas perguntas se formaram em minha mente, mas sua expressão dizia que não falaria mais nada, talvez não coubesse a ele detalhes da vida de Rosalie, mesmo que parecesse conhecer muito mais que a superfície do mar que ela é.

Diferente de mim, observava o quadro com indiferença, o total oposto da forma como olha para Roxie, a mulher sem expressão e tão fria quanto aço. Eles formavam um relacionamento que não parecia caber por completo, me causavam lacunas mentais.

— E seu casamento? — Sem grande demora como meus amigos, indaguei. — Foi comprado?

— Não, existe uma longa história com ausência de palavras e atos que feriu ambos, porém nos trouxe até aqui.

— É a garota por quem você era apaixonado e zelava ao nível de se afastar totalmente?

— Sim... As palavras me corroeram por muito tempo, quando achei que tinha aprendido a lidar com a ausência e com a decisão de partir, ela retornou. Mais uma vez a perdi e tudo era tarde demais, ela ficou ferida com meu ato e o chamou de ignorante, isso a manteve segura por mais algum tempo.

— Mas ela retornou e se casaram.

— É como um carma, uma linha que não se rompeu, coisas a acertar. Ela retornou, seu ímã para problemas a trouxe de volta, meu apreço por seu veneno e independência me fez ficar, e cá estamos.

— Não a imaginaria em um relacionamento que não seja por aparência — aclarei, era difícil demais imaginar que Roxie pudesse deter algum arquétipo de sentimento ou expressão. — Mas parece ser diferente com você, o protege tanto quanto você a ela.

— Estou cumprindo minha promessa, mesmo que pareça impossível protegê-la.

— Temos um problema semelhante, proteger quem não quer e aparentemente não precisa ser protegido.

Concordei com a cabeça, não estávamos em situações completamente diferentes, detínhamos duas das piores cobras do mundo, ainda assim existia a necessidade de proteção, Rosalie sequer poderia ser parada.

A maior prova foi o dia em que sorrateiramente me dopou, a memória de acordar sem sua presença ainda corria por minha mente. Uma jogada suja para que não impedisse seu plano suicida.

Som de passos acompanhado por um pigarro de introdução, soou. Oliver aparentemente detinha um amaldiçoado passe livre ao ser o maior — suposto — aliado de Ella, graças ao seu poder sobre a Alpha, portanto não detinha problema para adentrar a sala que expunha-me para seu veredito.

— Ela deveria estar comemorando o aniversário com as NYX em um longa noite de bebidas e loucuras, para aproveitar o dia com a pequena Aggie.

— Deveria, mas não está.

— Não me culpe pelas escolhas de Sea, ela escolheu salvar a equipe e teve seu preço.

Escolhas que engoliram a todos, inclusive a ela. Decisões tomadas rapidamente para abrandar uma guerra que nos antecede e sequer deveríamos participar, fruto da trapaça de um irmão e a rejeição de outro.

Poderia culpá-lo mil vezes se fosse possível, a William e seus pais, mas não poderia me ater a isso, estávamos jogando e o tempo sempre corre independentemente se queira ou não.

— A maior prova de que não era apenas sexo. — certificou com um riso de canto, não parecia muito impressionado, na altura do campeonato deveria ser difícil. — Sei como é estar nas mãos de uma Aubry, são como bruxas.

— Eu diria que são como demônios sorrateiros — concordei.

— Me casei por aparências pela família que me destruiu, enquanto isso meu irmão se deleitava com quem eu amava. Depois de anos, mesmo com raiva pela escolha de Eleanor e seus jogos, desejo tê-la mais do que como uma simples observadora traiçoeira do jogo ou um troféu.

— Todos sabemos como é lidar com uma mulher traiçoeira — Anthony pendurou ganhando o apreço de Oliver, afinal era uma verdade irrefutável, os irmãos Sparks com Eleanor, Anthony com Lowell, e eu com Rosalie.

— Tão traiçoeiras quanto o destino — murmurou cansado.

Existia algo nas entrelinhas, uma analogia, era parte dos jogos subliminares de palavras que Oliver se deleitava, desta forma irritava inimigos, controlava subordinados e fazia novas alianças.

Ele estava receoso, com medo ou incomodado, não sabia se referia-se ao rumo que tomaria com seus jogos e apostas altas, alianças e empresas, adoradores e opositores, ou sequer se esperava uma traição esquematizada e descoberta.

Mordi a língua contendo minhas palavras e acenei discretamente para Anthony com o olhar, ele poderia adentrar o território, investigar e opinar sobre as palavras e ações de Oliver, enquanto eu deveria bastar de olhares e alfinetadas.

— Se refere a uma iminente queda?

— Sim.

— De seu império? É um resultado quase impossível com tamanha ascensão, controle e recolocação, prevejo apenas consolidação.

— Não me diga que está inseguro por inconsistências ou furos em um plano que levou anos, seria no mínimo... — atinei em uma falsa ameaça, era meu papel.

— Não me refiro ao futuro, apesar de meus movimentos decisivos, detenho um apoio invejável até por Koll — assegurou indiferente. — Me refiro ao passado.

Ele está confiante, um fator neutro dependendo das ações de minha equipe e das decisões dos Kozlov sobre qual lado eles realmente estavam, ao nosso ou do homem em um pedestal de alianças com máfias e agências esquecidas pelo centro.

— Admito que gostaria que fosse minha filha — admitiu atraindo meu olhar confuso. — Mesmo que não seja, detém a mesma força, ambição e persuasão, uma joia preciosa que não foi perfeitamente lapidada nas mãos de meu irmão.

— Vê um filho apenas como uma arma? — questionei sem nem pensar nas palavras, o que obrigou o russo a me condenar com o olhar por míseros segundos antes de desviar sua atenção.

— Licença, preciso trocar algumas palavras com a segurança — Kozlov quebrou o clima tenso por uma resposta para se afastar.

— É assim que os Sparks veem. — Uma detestável e medieval verdade. — Mas a admiro de toda a forma, diferente de outras gerações, e não vi problema em firmar um elo com ela, afinal é melhor tê-la como amiga do que como inimiga.

— É impossível que consiga criar um elo com alguém quando existe apenas obsessão e ódio, Sparks. Ela não seria louca de deixar que se aprofundasse e criasse algum vínculo, sabendo que você seria capaz de destruí-la para concretizar sua vingança, pessoas rejeitadas e egocêntricas reconhecem os passos das outras.

Aparentemente toquei na ferida inflamada do mais velho, a tensão em seus músculos aumentou, sua mandíbula "trincou" em uma tentativa de calma. Por fim respirou profundamente, talvez estudasse como poderia me matar nesse momento ou qual seria sua melhor carta como resposta.

— Os chás favoritos dela são de menta e maçã; Procura estar constantemente ocupada; Odeia romances melosos e sua escritora francesa favorita é Marguerite Duras; E é uma péssima cozinheira; Um momento perfeito é silencioso e na companhia de um vinho.

Não me surpreendia, poderia ter conseguido essa informação de "n" maneiras diferentes, seja por espiá-la durante anos como fez comigo — um fato de sua obsessão — ou coagir pessoas a detalhar o que sabiam sobre ela.

Todavia precisava entrar em seu jogo, estendi uma expressão pensativa mista de curiosidade e preocupação, poderia ganhar uma resposta "ingênua".

— Onde quer chegar?

— Apesar de obedecer às ordens de Lowell e me favorecer, ainda não está trabalhando como quero, as provas são sua provocação e relutância. Minha conselheira pessoal é minuciosa ao concordar com algo, ainda mais com informações. — Suspirou profundamente. — Me arrependo de ter a deixado lá, poderia ter evitado tudo.

Duas linhas e postura modificaram-se totalmente, seus olhos estavam cravados aos meus e demonstravam cansaço e um resquício de arrependimento, algo impossível de se levar em conta quando o assunto é sua loucura. Deveria estar se deleitando enquanto semeava a ansiedade em minha mente, a manipulação era sua grande carta.

— Sem jogos de palavras e máscaras.

Oliver mal conseguia observar a foto na parede, apenas pelo canto do olho em relutância, jamais o vi de tal forma. Algo parecia culminar em meu peito, uma espécie de formigamento e calor, um mau pressentimento misto do ódio de sua expressão.

— Minha confiança foi traída em uma noite que ocorreu uma série de explosões, comandada por uma pessoa de minha criação e supervisão. Havia apenas um objetivo. — Sua pausa engasgada travou meu corpo como se já conhecesse as palavras que estavam por vir. — Sea sofreu as consequências...

As palavras de Oliver foram silenciadas por instantes, poderia apenas ler seus lábios proferindo uma maldita sentença aos meus dias e glória aos seus.

Meu coração e sangue pareceram congelar durante este tempo, assim como o sangue em minhas veias e meu mínimo resquício de racionalidade. Tudo desabou no segundo que a mão de Anthony me virou para que desse imediatamente atenção a si.

Estava preso no furacão de minha mente, sem distinção de certo ou errado, seguro ou arriscado, repugnante ou brando, como um animal irracional que mal poderia calcular se seus próximos atos levariam a morte.

No momento seguinte, o mundo se tornou extremamente sensível a qualquer coisa, desde a música alta que vibrava pelas paredes até as palavras de Anthony que pareciam desconexas e insignificantes na altura do campeonato.

O principal limite foi cruzado e ele sabe disso.

Minha mão formou um punho quando nem sequer pensei, meu desejo era quebrar a ilusória expressão deprimida do Sparks em minha frente, seria apenas a primeira dose do meu ódio que experimentaria graças a falha em sua ganância e estupidez.

Meu soco foi parado por Anthony que desviou o golpe e me puxou consigo para o outro lado da sala, aos tropeços caímos atrás de um dos móveis e uma série de livros atingiu nossas cabeças.

— Shadow — chamou me trazendo para a realidade, a sala estava parcialmente coberta por fumaça e os sons de ataque se misturavam no ar. — Estamos sob ataque.

▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜

Chére: Querido

Lua Mazzine

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