Comum de Dois

By crsalmeiida

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Jude Montoya é uma talentosa roteirista que viu seu mundo virar de cabeça para baixo com o fim de seu longo r... More

Introdução
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IG - COMUM DE DOIS!
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EPÍLOGO
Agradecimentos

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By crsalmeiida

~ jude montoya

(...)

— Sam, aconteceu alguma coisa? — Perguntei enquanto ele me puxava pela mão, desviavamos das pessoas com velocidade moderada. Por um longo caminho...

— Aconteceu. — Foi a única coisa que disse, e como o lugar estava cheio, resolvi só perguntar quando chegassemos, sabe-se lá onde ele estava me levando. Mas eu podia ver como ele estava nervoso, se contendo.

Entramos no estacionamento, e ele tirou sua mão da minha, para literalmente, se virar para mim e agarrar pelo braço.

— Sam, o que é isso? — Soltei alarmada, com ele me levando em direção ao seu carro com o motorista que estavam a poucos metros de nós. — Me solta, Sam. — Rosnei, enquanto tropeçava nos meus saltos. Que droga era essa?

Ele nada disse, mas seu aperto em meu braço aumentou. Me machucando.

— Está doendo, Sam. — Puxei meu braço de volta e ele não soltou. Mas então se virou pra mim. — Entra no carro. — Mandou. Sua face. Sua expressão, era..  Era tanta raiva.

Engoli em seco, tremendo. O que ele estava fazendo?

— O que esta acontecendo? Por que está fazendo isso? Me solta!  — Pedi tentando me desvencilhar dele. Eu sentia... Pavor. Cru. Puro pavor. Meus olhos ardiam e meu coração batia forte.

Que droga era essa?

— Eu vi o que fez... — Sussurrou, cortante. Muito perto do meu rosto.

— O que eu fiz? EU NEM SEI DO QUE ESTÁ FALANDO!

E então ele apertou mais meu braço, me sacodindo no processo. Tentei me soltar de novo, mas foi em vão.

— Você tropeçando no Carl Archie. Que truquezinho ridículo, Jude. — Despejou com veneno, e então, soltou meu braço, em um rompante, e ergueu seus olhos, notei que um segurança passava pelo andar de cima do estacionamento. Sam me olhou, como se me alertasse "fiquei quieta". Me encolhi.

Abracei meu corpo fazendo uma pequena massagem no lugar onde ele apertou, parte de mim querendo sair correndo dali, mas a outra, queria saber do que ele estava falando. O que fiz de errado dessa vez? O que era esse truquezinho?

— Que truquezinho, Sam? — Cuspi, assim que o segurança passou. Mas recuei um passo. Olhei para o motorista dentro do carro, mas este olhava para o outro lado, fingindo que não nos via.

Sam riu com escárnio. Como se eu lhe contasse a melhor das piadas.

— Tropeçar. Você tropeçou em mim, Jude. Me fez te notar. E agora, tropeçou em um bilionário, ficou sorrindo pra ele. O ajudou a se levantar. — Chegou mais perto, me fuzilando com o olhar. Dei um passo pra trás — DEU EM CIMA DELE DEBAIXO DO MEU NARIZ! ACHA MESMO QUE ELE IRIA TE QUERER TENDO UMA MULHER COMO AQUELA? O ÚNICO IDIOTA QUE TE QUER AQUI SOU EU! MAS NÃO SOU O SUFICIENTE? O QUE MAIS VOCÊ QUER?

— O que? — Saiu da minha boca pois eu não consegui administrar o tamanho do absurdo que ouvi.

— Jack Dorney não bastou. Dormir com o diretor para ter espaço não bastou. — Apontou, como uma cartada final. Eu pude ouvir tudo se quebrar.

Mas ele continuou, enquanto eu apertava as mãos em punho. Ouvir aquilo... Acho que eu preferia uma facada.

— Então cansada de aguentar aqueles órfãos carentes você tratou de encontrar alguém mais bonito, famoso e mais rico? E agora que já me tinha, achou mesmo que tinha chance com o Archie? Você ia me discartar, Jude? Ia mesm...

Isso não.

— CALA A BOCA! CALA A PORRA DESSA BOCA! NÃO FALA DELES! NÃO FALA DO QUE NÃO SABE! NÃO... — Sequer consegui terminar a frase. Eu borbulhava. Sentia minhas lágrimas pintarem sobre meu colo.

— Não grita. — Rosnou. Por que claro, ele não queria um escândalo.

— Eu não dei em cima de ninguém, Sam. Nem de você! Eu te achava insuportável, você que se aproximou de mim, não tá lembrado? — Refresquei sua memória.

— Você se oferecia pra mim, ficava me testando. Tentava chamar minha atenção. Eu notei, Jude. Achei que era só pra mim. Mas pelo visto é com todos, não?

Eu podia fazer milhões de coisas. Ou bater na cara dele como tinha vontade. Mas ia adiantar?

— Vai pro inferno e me deixa em paz! — Falei pronta para sair dali. Sozinha. Pra longe dele.

— Você não vai a lugar nenhum. —  Foi rápido, voltando a me agarrar pelo braço. Mas não, eu não ia entrar naquele carro.

— Se você não me soltar, Sam. Eu faço um escândalo. Agora ou depois. Aqui. Na hall do hotel. No meio da rua. Eu grito. Grito. Eu grito tanto. — Deixei muito claro. A ameaça mais séria que já fiz em minha vida. Eu sabia que isso era o que ele temia. A mancha em sua carreira impecável.

Ele olhou em meus olhos. Viu que eu não estava blefando.

E então, sua mão soltou meu braço.

Me olhou de cima a baixo.

— Se é o que quer... — Recuou, a voz em um tom brando. Carinhoso. — Pense no que fez. E me procure quando quiser conversar. Eu te amo, Jude. É por isso que tive que ser tão duro com você.

O que?

Ele simplesmente entrou no carro e pouco depois haviam saído dali.

Tirei as sandálias de salto alto, e me coloquei a andar para fora do estacionamento, as lágrimas embaraçavam minha visão e meus soluços criavam ecos no ambiente cavernoso.

Eu jamais me senti tão humilhada e pequena em toda minha vida.

E apesar de tudo... Estava anestesiada. Parecia que não era real. Eu não podia sequer acreditar, mas podia sentir ainda, a pressão de seus dedos em meu braço.

Eu jamais vivi algo como isso... Meu Deus, como Sam podia ser assim? Eu sabia que não tinha feito nada demais. Não é?

Ele... Ele me feriu onde mais dói. Mas falar daquela forma deles... Parece que só alí eu saí do torpor, para ter uma reação. Ninguém ia falar deles assim perto de mim. Nunca.

Assim que saí do estacionamento abri minha clooth. Então praguejei alto. Meus documentos, meu dinheiro, tudo ficou no hotel. Com Sam.

Ali eu tinha meu celular e um batom. Grandississima ideia sair sem nenhum cartão Jude. Parabéns!

Não podia ligar para Nia, pois ela foi fazer o teste em Atlanta. Minha mãe... Bem, era 12:15am talvez ela ainda estivesse acordada. Coloquei para chamar, uma, duas, três, quatro vezes. Nada.

Resolvi sair dos arredores do teatro, e seguir pela rua atrás dele, continuei andando pelas ruas por uns bons minutos, evitando a frente e a avenida movimenta. Coloquei minhas sandálias novamente... Eu conhecia aquela rua onde estava, ficava há umas quadras da casa de Genevieve, já estive ali antes....

Eu estava na esquina de uma agência bancária 24 horas, quando fui virar a rua, pude ver o carro com o motorista de Sam passar na avenida, me enfiei dentro da agência, me encostando contra uma parede que tinha cartazes para que eu não fosse delatada pelo vidro.

Um segurança me encarava curioso, mas nada disse, e eu pude ver pelas frestas do vidro o carro de Sam, passar direto pela rua. Devagar. Droga, estava me procurando.

Abracei meu corpo, em um ato instintivo de proteção.

Continuei ali até que ele sumisse, tinha uma praça há umas quadras daqui que tinha um posto de taxi, se não me engano quando estive aqui com Genenevieve fomos até lá tomar um sorvete pegamos um e fomos pra casa, mas isso faz muito tempo, eu tinha que achar um que aceite pix ou transferência bancária, pois eu só tinha meu celular comigo. E a madrugada estava entrando e eu não podia ficar no meio da rua.

Era isso ou importunar Martin. Ele era meu amigo e ele viria se eu chamasse, mas... Sabe quando você não se atreve? E ele é meu advogado, se ele ver as marcas que Sam deixou no meu braço... Seria um escândalo. E eu estava com medo demais. Para pensar nisso agora.

E depepcionada demais.

Eu só queria chegar em casa. Só isso.

Mas como se o universo tivesse ouvido, quando apontei para fora da agência bancária, um carro estava parado ali. E Kennedy saía dele. O que ele fazia aqui uma hora dessas?

— Jude? O que faz aqui uma hora dessas? — Foi o que ele perguntou.

Sabe aquele momento em que tudo desmorona dentro de você, mas você tem que segurar o choro? Esse foi o momento.

— Eu estava no teatro, e bem... Aconteceu um imprevisto. — Falei, pensando que o que me restava era passar por cima do meu orgulho e pedir a Kennedy um dinheiro emprestado.

— Sei. — Disse desconfiado. Eu deveria estar com a maquiagem borrada e cara de choro. — E por que estava chorando? — Perguntou.

— Sam e eu brigamos e...

— E onde ele está?

Espero que longe.

— Não sei. — Respirei fundo. — Kennedy... Você pode me emprestar o dinheiro pro taxi, eu saí só com isso aqui e sem nada e... — Falei balançando a clooth e minha humilhação.

— Claro que posso... Mas ele te deixou aqui sozinha, sem dinheiro, Jude? — Perguntou parecendo bem infeliz na constatação.

— Bem é... É complicado.

Ele respirou fundo.

— Vamos fazer uma coisa. Eu estou indo naquele mercadinho aqui do lado. Genevieve quer comer rosquinhas de queijo que só tem aqui. E então, eu ligo pra ela e te levo pra casa. — Ofereceu.

Agora estava explicado ele estar na rua a essa hora... Os desejos de grávida da Gen.

— Não precisa, Kennedy. — Falei, afinal não queria dar esse trabalho.

Pois que ele ia contar isso pra Genevieve eu não tinha nenhuma duvida. O mal dos Dorney. E dos agregados também. Esses fofoqueiros...

— Imagina se eu te deixo no meio da rua sozinha... Minha esposa me mata e meu cunhado me enterra e cospe em cima! — A menção de Jack me atingiu como uma pontada dolorida no peito.

Eu só queria... Queria... Droga!

— Eu não quero mesmo dar trabalho. — Falei, mas minha voz saiu embargada de choro. Kennedy fingiu não notar.

— Já falei que não é trabalho. Não dá pra deixar uma mulher sozinha na rua uma hora dessas ou entrar em um taxi com um desconhecido. Se fosse a minha esposa eu ficaria louco. — Disse então... Bem...

— Tudo bem. Muito, muito obrigada, Kennedy. — Falei muito agradecida mesmo.

— Você está com frio. — Apontou para meu braço arrepiado. Ele abriu a port traseira do carro e tirou dali um cardigan branco. Da Genevieve. — Ela sempre esquece roupa dentro do carro. Tem ate sapatos e maquiagem aqui dentro. — Disse rindo.

E então me estendeu a peça, eu podia negar, mas estava cansada demais.

— Quer entrar no carro ou vem comigo? — Se referiu ao mercado.

— Vou com você. — Falei. Eu... Eu estava com medo. De ficar sozinha. De Sam aparecer.

Então segui Kennedy até o mercado, compramos as rosquinhas da Gen, enquanto ele ligava pra ela dali. E bem, é claro que ela enfatizou que era pra ele me levar em casa.

E o foi o que ele fez. Quando chegamos, eu me ofereci para pagar a gasolina, mas ele negou, então depois que agradeci mais algumas vezes, saí do carro. Eu tive receio de entrar no prédio e encontrar Sam na minha porta. Mas felizmente tudo estava silencioso. E eu estava em um lugar... Meu.

Me desfiz daquela roupa cara, e me enfiei dentro do meu pijama de Harry Potter, de forma automática. Eu não conseguia sequer chorar. Eu só sentia aversão. Medo. Não era nada mais que isso.

Eu não ia conseguir ficar no meu quarto... Então fui até o de hospedes, minha mãe dormia pesadamente, me arrastei para debaixo das cobertas como fazia quando era criança. E me deitei ali com ela. Me obriguei a fechar os olhos, e dormir para não ficar remoendo mais. Amanhã... Amanhã eu teria muito tempo pra isso...

E eu consegui pegar no sono. Por um tempo. Até o pânico noturno me atingir com força, acabando comigo.

Só que dessa vez... Minha mãe estava comigo. Me abraçou, me acalmou e me ninou como uma menina... Até que meu choro se tornasse leve e o terror se esvaisse. E junto com isso... Contei a ela tudo o que aconteceu. Cada detalhe. Ela me confortou. Choramos juntas.

— Ele não te merece, Jude. — Ela disse baixinho, quando tudo já estava silencioso. E eu acreditei nela.

___________

OLÁ PESSOAS❤

Este capítulo, bem, não preciso nem falar, que foi o mais complicado da história para escrever, até aqui. Mas eu sei que não será meu maior desafio, pois ainda tem por vir.

Por agora é isso.

beijos

- cris

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