Capítulo 21
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Fogo que não cessou, aqui reinou.
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Passou se dois dias após o cio de Jungkook, foram três dias de excitação constante e os dois gostavam daquilo. Mas não era apenas uma relação sexual, tinha amor, e era isso que fazia o coração de Jimin se aquecer mais a cada "eu te amo" que o alfa citava no meio de suas juras de amor. O ômega sempre fora apaixonado pelo mais velho desde que o viu pela primeira vez no Colégio Estadual de Busan, há onze anos atrás.
Jimin tinha se mudado de bairro após seus pais precisarem por conta do novo trabalho dos mesmos, então aquele pequeno ômega de onze anos se via em uma nova vida, longe de seus poucos amigos do antigo bairro. Senhora Park o matriculou num colégio público inicialmente apenas para começar o ano, quando se firmasse ali, iria trocar para um outro colégio melhor. Jimin era um rapazinho muito tímido então quase não tinha amigos, todo dia pensava que não iria fazer amizade com ninguém nesse novo colégio, ele não se sentia interessante o bastante e era muito novo, pelo que sabia, naquele lugar onde ele iria estudar, as pessoas tinham de doze aos dezoito anos, mas ele seria o único com aquela idade, já que ele era bem esperto para sua idade então pulou uma série.
– Filho, por favor, melhore essa cara. – Senhora Park suplicou enquanto ajeitava a camisa do filho.
– Eu não gosto dessa ideia, mamãe. Eu não posso ir para outra escola? – pediu formando seu tão fofo biquinho.
– Não, não tem. Mamãe e papai ainda estamos resolvendo isso, ano que vem você vai mudar, falta só uns oito meses para o ano acabar, pequeno. Você aguenta um pouquinho? – ela falou despenteando o cabelo o menor que estava muito lambido para o lado, jogando para trás em um lindo topete.
– Tudo bem, mamãe. – O pequeno ômega suspirou desanimado. Senhora Park assentiu e o guiou até o carro para que fossem para a escola.
O caminho fora calmo pela parte do pequeno Jimin, mas a conversa rolava solta entre seu pai que dirigia e sua mãe que estava no banco ao lado. O ômega mais novo ficava apenas olhando as extensas ruas do centro de Busan para onde tinha ido morar. Quanto percebeu ter muitos adolescentes em um só lugar, viu que já tinha chegado. Foi tirado de dentro do carro facilmente, mas seguia andando cabisbaixo até dentro da escola, tendo vários olhares em sua direção, ele sentia isso. Quando chegou na direção, assim deduziu, seus pais o abraçaram, deram beijinhos e prometeram buscar no horário.
– Querido, Park. Tudo bem com você? – A mulher alta perguntou sorridente. Eu apenas assenti. – Quero que se sinta bem aqui na sua pequena jornada nesse colégio, gostaria muito que você mudasse de dia e ficasse aqui até se formar, mas é uma escolha sua, você sabe não é? – assenti novamente ainda sem olhar diretamente para ela. – Bom, eu chamei um aluno que conhece bem esse colégio que vai te ajudar no que precisar certo? Por favor me responda direito. – ela falou parecia amuada, então olhei finalmente para ela.
– Tudo bem, diretora. – respondi deixando um tímido sorriso.
– Como você é uma gracinha. – ela falou e a porta se abriu.
– Querida, diretora. – um menino aparentemente bem maior que eu, deixou apenas o rosto para dentro da sala, sorrindo de bochecha a bochecha deixando em vista belos dentinhos iguais a de um coelho. – Me chamou ?
– Sim, senhor Jeon. – ela respondeu coma sobrancelha arqueada. – Quero sua ajuda em ajudar o nosso novo aluno a conhecer a escola.
– Mas por que eu ? – ele perguntou com o cenho franzido já dentro daquela sala.
– Porque você é o que mais conhece essa escola. – falou sentando na cadeira em frente à mesa e cruzando os braços. – Pode ir com ele, Park.
Ela falou e ouvi a porta se abrir, me virei vendo o menino Coelho segurar a maçaneta da porta me olhando com a sobrancelha arqueada, então passei pela porta sob seu olhar, engolindo seco.
– Então, de onde você vem? – ele perguntou enquanto saíamos do corredor da diretoria. Como não respondi ele parou segurou na alça da minha mochila. – De onde você vem, pequeno?
– V-venho do i-interior. – engoli em seco pela sua aproximação repentina.
– Você é um ômega, não é? – ele perguntou soltando a alça da minha mochila voltando a andar, assenti. – Percebi, você soltou seu cheiro quando eu cheguei perto de você. – ele falou rindo. – Aqui temos alfas e lúpus, mas não mexemos com ninguém, principalmente ômegas. – ele me tranquilizou.
– Q-quando vamos c-começar... – Eu falei tentando não parecer nervoso.
– Vamos, desculpa se eu te assustei. – ele falou me olhando. – Qual o seu nome?
– Park Jimin. – respondi sem olhar para ele.
– Seu nome é lindo, Jimin-ssi. Eu me chamo Jeon Jungkook. Sou do primeiro ano do ensino medio.
– S-seu nome t-também é bo-bonito. – falei com olhando para o chão.
– Obrigado, mas vamos logo, já já começa a aula e você não quer perder já no primeiro dia, não é? – Eu neguei. – então vamos. Aqui você já sabe que é a diretoria, ali é a biblioteca...
Assim ele passeou comigo por toda a escola, me apresentando todos os cantos daqui, as vezes cumprimentava alguém, mas sempre mantinha os olhos em mim, me deixando totalmente envergonhado, já que nunca tive tanto aproximação com um alfa e principalmente ter essa atenção toda. Quando chegamos na minha sala, que ele dizia ser, ele abriu a porta me deixando ali e se despedindo, deixando um carinho em meus cabelos e foi embora. Quando entrei na sala, pude ouvir cochichos. Mas despertei ao ouvir a professora me chamar para me apresentar diante a sala e assim eu fiz.
Ouvimos o alarme do recreio soar, então todos a minha sala saíram correndo para fora da sala, eu como ainda estava um pouco distante das coisas, acabei saindo por último, como eu tinha levado um lanche na minha lancheira, não precisei ficar naquela fila enorme que tinha ali no refeitório. Olhei em volta vendo poucas mesas vazias, até encontrar uma totalmente fazia, então segui até lá, me sentando e passei a comer meu lanche. Até ver um monte de gente enormes sentarem à minha frente e ao meu lado.
– Olá, pequeno, quem é você? – Um menino, pelo cheiro parecia ser alfa, me perguntou.
– Tudo bem? Você é o novato? – outro alfa me perguntou novamente. – Será que ele é deficiente auditivo?
– Não, acho que não. Ele olha de onde vem a voz quando alguém fala. Ele deve ser tímido. – falou outro alfa.
– P-por que a-aqui só t-tem a-alfas? – perguntei, já estava me tremendo de medo. Eu nunca tive nenhum trauma, mas eu nunca tinha me aproximado de tantos alfas assim, eles pareciam intimidadores.
– Aqui é a mesa dos alfas, bolinho. – uma voz conhecida soou atrás de mim. – Mas você pode ficar aqui se quiser, como eu já disse, a gente não mexe com ninguém. – olhei e vi que era Jungkook expulsando o alfa do meu lado para se sentar ali.
– E-eu v-vou s-sair, me d-desculpem. – Falei tentando sair do banco mas me desiquilibrei e quase cai para trás mas Jungkook me segurou.
– Calma, você não precisa sair, a não ser que queira. – ele falou me olhando estranho e eu gelei. O que era aquele olhar? – Bolinho?
– Eu? – olhei em seu olhos e ele assentiu. – O que foi?
– Pode ficar aqui se quiser. – ele falou me endireitando no banco e eu assentiu voltando a comer. Eles começaram a conversar normalmente. As vezes eles falavam algo e eu não conseguia conter minha risada, aí eles riam mais ainda.
– Quem é esse pirralho? – Um menino de cabelos escuros e loiros na ponta dos fios, apareceu segurando uma bandeja nas mãos.
– Esse é o Jimin, o novato. – O Jungkook falou sorrindo. – Ele é a maior onda, senta aí. – falou, e vi os outros dando espaço para aquele menino branquelo sentar, me olhando semicerrado.
– Então quer dizer que no primeiro dia já conseguiu chamar atenção dos alfas, né, pirralho? – ele perguntou levando o canudo da caixinha de suco até a boca.
– N-não. – Falei abaixando minha cabeça.
– Duvido, cara de bolacha. – Ele voltou a falar e eu fechei os olhos começando a ficar com muita raiva. Até que senti meus olhos arderam me fazendo abrir.
– Wow, calma, bolinho. – Jungkook falou segurando em meus ombros e eu pisquei os olhos olhando para ele.
– Doma essa fera antes que ele acabe com vocês, eu estou dizendo. – ele voltou a beber o suco, sugando com mais força.
– Para com isso, cara. – um alfa do lado dele o chamou atenção fazendo seus olhos rolagem.
– Não liga, não. Isso tudo é ciúmes. Esse é o Yoongi, meu amigo – Jungkook falou no meu ouvido rindo baixo e eu assenti engolindo seco.
Continuamos ali até o sinal tocar novamente, indicando que devíamos voltar para nossas salas, cada um seguiu seu caminho. E assim todos os dias eu passava meu tempo naquela nova escola. Chegava ia para minha sala, as vezes encontrava Jungkook ou o tal do Yoongi que sempre me olhava semicerrado ou bufava quando me via. Nos encontrávamos naquela mesma mesa e encerrávamos o dia cada um indo para sua casa.
Aí o ano acabou, para mim não foi nenhum surpresas mas para meus pais e a diretora foi uma grande surpresa quando eu decidi ficar naquele colégio. Então, aguardei as férias, já passado para outra série, dentro de casa, outras vezes eu ia dar uma volta ao redor do quarteirão da minha casa para conhecer melhor ali onde eu passaria uma boa parte da minha vida.
Faltava apenas algumas horas para começar mais um ano letivo, eu já estava totalmente arrumado para o primeiro dia de aula, eu já conhecia uma boa parte só colégio, então eu não precisei me enturmar novamente. Reconheci o grupo com que eu mais andei ano passado, quando eu ia chegar perto eu vi outros meninos e meninas chegam perto deles, rindo e se abraçando. Eu não entendi nada quando eles me olharam com mais seriedade, eles me olharam e um deles me disse: “Bolinho, porque você não se junta com os ômegas?” e outro disse :” Sim, Bolinho. É só uma sugestão, ande com os ômegas.”
Eu não tinha entendido com o que eles queriam dizer, mas acho que sei o que é. Eles já estavam quase adultos, faltando pouco para saírem da escola, eu ainda iria ficar um bom tempo, eles estavam pensando em mim, é isso. Eu estava acreditando nisso, até ouvir cochichos de algumas pessoas enquanto entrávamos na nova sala de aula.
– Você soube? Os meninos do segundo ano já tiveram seus primeiros cios no verão. – uma garota comentava com a outra.
– Com quem será que eles passaram? – outra cochichava bem baixo.
Cio? O que era isso?
Enquanto eu mergulhava em meus pensamentos, senti alguém me cutucar, era só um colega me entregando uma folha, pedindo para descrever minhas férias. Então perdi minha linha de raciocínio quando eu vi ele passar pelos corredores à fora. Jungkook estava passando graciosamente, provavelmente indo m direção a sua nova sala, estava vestindo uma calça jeans e uma camiseta preta com as mochilas nas costas. Passei índia inteiro suspirando. Deu o horário do intervalo e quando vi umas ômegas e outros ômegas mais velhos sentados na cadeira nos alfas, foi aí que a ficha caiu. Ali não me pertencia mais.
Mas não tem problema, eu posso sentar em outro lugar. Dei meia volta e voltei a andar, não encontrei lugar algum, então pensei em ficar na biblioteca. E foi ali que passei metade do ano, comendo sozinho e outrora lendo algum livro. Até ele me reconhecer.
– Bolinho? – alguém me chamou, fazendo com que eu me assustasse. – Calma, sou eu. – falou rindo.
– Ah, o-oi. – respondi deixando minha caixinha de suco em cima da mesa.
– O que está fazendo aqui sozinho?
– Eu costumo ficar aqui agora. – respondi olhando para o chão.
– Ah, então você não é o único que mudou, posso me sentar aqui? – ele perguntou e eu assenti, ele sorriu e sentando. – Eu e o Yoongi meio que estamos afastados dos outros, eles estão agindo estranho depois do que aconteceu.
– Vocês dois não... – tentei falar.
– Se nós dois tivemos nossos cios? – ele reforçou que eu ia falar, então assenti concordando. – Tivemos, mas passamos sozinhos, diferente dos outros. Então eles estão meio que se sentindo superior, então nada melhor do que se afastar de gente assim, não é?
– Sim. – assenti com a cabeça baixa.
– Jimin, cê sabe o que é cio, não é? – neguei. – Ah, meu deus, se eu soubesse eu teria ficado calado – ele falou passando a mão no rosto, parecia nervoso.
– Calma, Jungkookie. – tentei acalma-lo, deixei minhas duas mãos sobre seus ombros e ele me olhou novamente com aquele olhar. Que estranho. – D-desculpa. – Falei tirando minhas mãos nele.
– Você é tão fofinho, bolinho. – Ele disse rindo. – Por isso que te chamo de bolinho. – sorriu.
– Hum. – Falei cruzando os braços. – V-você e todo mundo.
– Mas eles que me imitam. – ele disse deixando com cara de bravo. – Já mandei eles pararem porque só eu posso chamar você assim. O bolinho é meu.
– O que? – arregalei meus olhos, olhando diretamente para ele.
– N-não, calma, eu quis dizer q-que o apelido “Bolinho" é m-meu porque f-foi eu quem t-te deu. – sorriu nervoso.
– Ah, tá. – Eu respondi rindo mínimo por conta de seu nervosismo e ele sorriu amarelo. – Você é um novo, Jungkookie.
Então, após esse dia passei o decorrer do ano com ele, rindo, conversando, comendo juntos, até andávamos pela escola juntos, outras vezes sendo acompanhado por Yoongi também, dessa vez ele já estava menos carrancudo comigo e conversarmos normalmente. Jungkook me disse que ele era assim porque tinha ciúmes e perder a amizade que eles tinham, já que toda semana aparecia um novo alguém, então ele se fechava completamente. Mas isso não muda o fato e que ele é um folgado.
Quase no final do ano, eu ouvi uma conversa deles dois dizendo o que iriam fazer após terminarem seus ensinos médios, mas fui pego, sem querer bati minha cabeça na porta e foi automático reclamar de dor.
– Bolinho? – Jungkook falou com as sobrancelhas arqueadas.
– Oi. – sorriu amarelo. – Tava só passando pra ir pra minha sala.
– Mas sua sala fica do outro lado do colégio. – ele disse me olhando semicerrado.
– Droga. – murmurei baixo. – Eu só queria ver vocês. Faltam poucos dias para acabarem as aulas.
– Oh, meu deus. – ele falou com uma vozinha fina vindo em minha direção e me abraçou.
Tudo naquela hora congelou, até a respiração que eu achava estar praticando, falhou. Só consegui sentir seus braços ao redor do meu, sendo visível a enorme diferença de altura, ele estava todo curvado em minha direção enquanto mantinha sua cabeça em cima da minha. Eu não sabia o que fazer, então fiz o que eu acho que deveria ser feito, levantei meus braços o circulando. Eu praticamente batia na altura do peito dele, então eu estava todo coberto pelos seus braços.
– Aiai. – ouvi alguém dizer me fazendo sair dos meus pensamentos. – Já sei onde isso vai dar.
– O que você quer dizer com isso? – Jungkook perguntou ainda me abraçando, ele apertou-me mais em seu abraço.
– Nada, Jungkookie. – Yoongi falou e eu achei estranho quando ele falou o apelido, que eu uso para chamar o Jeon, olhando diretamente para mim.
– Não liga, ele está com ciúmes. – falou me apertando mais. – Bolinho, você é tão fofinho, da vontade de morder.
– Só de morder? – Yoongi provocou novamente dançando as sobrancelhas.
– Sai daqui, Yoongi. Deixa eu e meu bolinho quieto. – ele falou e eu engoli seco, sentindo uma movimentação estranha no meu estômago. – E também ele só tem doze anos, é praticamente um dongsaeng. – ele falou e tudo gelou, mas dessa vez não foi um gelo gostoso, foi um balde de água fria.
– Você acabou de fazer merda. – Yoongi novamente provocou, agora cantarolando e saia da sala de aula. – Vamos logo, essa pra mim foi a gota d’água.
– Ué? – Jungkook falou e eu rapidamente me desfiz de seu abraço.
– V-vamos, antes que o bolo de m-morango acabe. – ele assentiu e seguimos andando lado a lado em direção ao refeitório, tudo isso em silêncio.
Eu já tinha falado para minha mãe desde o verão passado sobre ele, a grande falta que eu senti dele durante quase três meses sem o vê-lo. Minha mãe disse que quando eu envelhecesse um pouco eu saberia o que era aquilo que eu sentia, dizia que não queria me contar para não me assustar. Nas mesmas semanas, eu tinha visto um vídeo no YouTube sobre Adolescência. Aquela frase na imagem do vídeo me chamou atenção.
“ Sente saudades dele? Ou se sente diferente perto dele? O que eu faço agora?”
Não demorou nada e o pequeno Jimin já colocou o vídeo para rolar na tela do seu computador. A menina dizia tudo o que ele realmente sentia durante aquelas férias. Sentia saudade, seu peito doía quando pensava, ou as vezes sorria bobo pensando nele, até mesmo quando lembrava de uma mania que ele fazia. E tudo isso o fazia lembrar de Jungkook. O menino Coelho.
E agora acabar de ouvi que ele era apenas um dongsaeng acabou o acordando para triste realidade, ele nunca poderia ter algo com o alfa porque ele era apenas um irmãozinho mais novo. Talvez seja por isso o grande carinho que recebia, nada além disso.
Então Jimin resolveu agir como um irmão mais novo, aproveitava os mimos que recebia do mais velho. Tentava suprir todo o sentimento até enquanto quase desconhecido pelo alfa, as vezes até dava certo, até ele o chamar de “Meu bolinho.” Aquilo desmontava totalmente o pequeno ômega.
No outro ano, já no último ano e Jungkook na escola, que já estava com seus dezoito anos de idade e Jimin com treze, ainda continuava a bela amizade. Quem nunca se apaixonou pelo menino do terceirão? Que atire a primeira pedra. Naquele ano, foi a queda para Jimin. Onde sabia que o bem mais alto agora, iria embora. Jungkook estava mais alto, mais forte e com um porte diferente de três meses atrás. Como ele pode mudar tão rápido assim?
– Bolinho? – ouvi ele me chamar me fazendo sair de meus pensamentos. – Nossa, você tá... – ele tentava falar, mas seus olhos percorriam por todo meu rosto até a pontinha dos meus pés. – Você está fofo. – sorriu amarelo.
– E você parede um poste, não vai parar de crescer nunca? – brinquei tentando descontrair, estava chateado. Para ele eu serei sempre fofo?
– Ah, isso tudo é raiva porque nunca vai ser do meu tamanho, Bolinho? – ele disse sorrindo ladino, estava me provocando e ele sabe que mexeu na ferida certa.
– Você é um chato, sabia? – resmunguei cruzando os braços.
– Sou. Sou mais você gosta. – Ele disse aquilo rindo ladino e eu só revirei os olhos. – Eu não vou ganhar nem um abraço? Passa três meses longe de mim e nem cumprimenta o hyung direito?
– Só foram três meses, Jungkookie. – Falei indo em direção a ele. Sendo recebido pelos seus agora braços fortes. – O que você aprontou pra estar assim ?
– Assim como? – senti ele cheirar o topo do meu cabelo.
– Forte, né? Você não era assim. – Eu falei apertando involuntariamente suas costas sentindo seus músculos.
– Ah, estive treinando. Cê sabe, né? Quero ser jogador de futebol. – Senti ele me apertar mais em seus braços. – Quando foi que você ficou mais desse jeito?
– O que? Que jeito? – Eu realmente não tinha entendido. Que jeito eu estava? Eu estou a mesma coisa que os últimos anos.
– Jimin, você não reparou que você está com mais corpo que antes, não? – Yoongi apareceu tomando uma caixinha de suco e revirava os olhos.
– Que? – Falei no automático congelando no lugar. O que ele queria dizer com isso?
– Vai dizer que não reparou como sua bunda tá grande? Tá todo mundo falando disso. “ viram o Jimin? Aquele garoto que anda com Jungkook e Yoongi?ele está diferente, blá blá blá” – ele repetiu o que ele tinha escutado dos outros e eu me vi nervoso.
– Isso é mentira, está a mesma coisa. – Falei saindo do abraço do mais velho, e senti um sentimento estranho, parece que senti falta. – Olha isso, a mesma coisa. – Falei olhando para minha bunda.
– É, tá a mesma coisa, não é Jungkookie? – Yoongi falou e eu olhei para o citado esperando sua resposta mas ele mantinha o corpo tenso.
– Não é, Jungkookie? – reforcei a pergunta, inocentemente, para o mais velho que engoliu seco.
– Claro. – ele disse dando de ombros e assentimos. Yoongi ainda disse alguma coisa mas não ouvi por ter sido baixo de mais. Então seguimos cada um para sua sala.
A queda para mim foi saber que Jungkook estava apaixonado. Aquilo foi uns dois meses antes da escola terminar e ele sair de vez da minha vida. Eu não sabia quem era a pessoa, se era uma menina, um menino, um ômega ou um beta. Ele não tinha me contado nada. Ainda continuávamos amigos, mas ele tinha parado com os avanços e as vezes me chamada de bolinho novamente. Era apenas Jimin-ssi ou Jimin-ah. Yoongi uma vez me contou: “Jimin, eu tenho noção do que está acontecendo. Eu vou te ajudar no que eu conseguir, certo?” Eu não tinha entendido, mas assenti do mesmo jeito. E uma coisa que eu jamais esperava era Yoongi me abraçar e deixar um carinho desajeitado sobre meus cabelos e sair andando sorrindo.
Jungkook e Yoongi tinha se formado.
Ele estava diferente, não parecia o mesmo Jungkook, parecia que ele tinha me esquecido, talvez para ele eu nunca tenha existido. Ou foi apenas para passa do tempo, tudo isso não passou de uma miragem. Yoongi que se despediu de mim, já que no dia que eles vieram buscar seus últimos documentos e pertences na escola, estava tendo aula normalmente. Jungkook nem para minha cara olhou. Eu estava sentado na cadeira do lado da porta da diretoria onde ele tinha ido. Ele estava muito mais alto, mais forte e ainda estava com a aparência muito seria para ele. Que mantinha sempre o sorriso em seu belo rosto.
Minha vida foi uma desgraça sem tê-lo por perto.
Soube que ele tinha saído de Busan, tinha conseguido realizar o sonho dele de ser jogador de futebol. Então pensei, jogadores precisam de secretários. Eu posso ser um. Conversei com minha mãe sobre isso mas ela me aconselhou que eu não devia agir por impulsos. Eu devia fazer algo que eu goste. Então passei quase quatro anos decidindo o que eu queria realmente fazer. Eu tentei, consegui, e o que sempre me dizia: secretário. Eta isso, não era mais por conta do Jungkook, era por mim. E eu iria conseguir.
Eu nunca tive uma aproximação com um alfa sem ser Yoongi e principalmente Jungkook, então na faculdade estou algo totalmente diferente, eu não sabia de nada sobre relacionamentos. O pouco que eu sabia era o que eu via em algum vídeo no YouTube ou publicações nas redes sociais. Era bastante antissocial desde pequeno, então passei uma pequena parte sozinho por um bom período. Até aparecer um menino nem bonito naquela época, ele era carinhoso, fofo e até atencioso. Eu já nem lembrava totalmente do alfa Coelho a quem entreguei meu coração. Aquele menino me convidou para sua casa num dia de domingo para assistir um filme, então eu fui, assistimos metade do filme quando senti seus dedos enrolarem nos meus e então ele me beijou quando retribui o aperto em sua mão. Naquele mesmo dia eu perdi minha virgindade. Então decidimos namorar, era tudo lindo. Passeávamos, íamos para a faculdade juntos, nos beijávamos apaixonadamente, outras horas tínhamos nossos momentos íntimos. Então estranhei que meu cio tinha atrasado três semanas. Bateu o desespero, eu já tinha conhecimento sobre o que poderia acontecer quando o cio atrasa. Eu estava grávido. Contei para meu namorado, sua reação me surpreendeu bastante, ele tinha amado tudo aquilo. Dizia planos para o futuro, nós três juntos, nossa casa, até um cachorro que teríamos para correr no nosso extenso quintal. Quando eu tinha algum desejo que eu pedia pela madrugada ele corria para atender. Comprávamos roupinhas juntos, era perfeito. Até estar com nosso pequeno em nossos braços. Ele já tinha alugado um apartamento para morarmos juntos para não ter complicações depois. Ele dizia que Yeonjun chorava muito, já não aguentava mais, queria paz, dizia que não queria essa vida, que não era pra ele. Dizia que não tinha jeito para ser assim. Então ele partiu. Me deixando sozinho com meu filho ainda recém nascido. Sem emprego, sem terminar a faculdade e ainda sem dinheiro. Não tive outra opção além de mudar para casa da minha mãe e viver lá.
...
– Jimin? – ouvi alguém me chamar então me virei abrindo os olhos lentamente. Dando de cara com Jungkook ao lado da cama me olhando serenamente. Será que ele não se lembra de mim?
– Oi. – respondi rouco, já que estava dormindo. – O que é isso?
– Seu café da manhã, meu bem. Tem suco, pão, frutas e o bolinho da senhora Kang. – ele disse e o sono foi embora, arregalei os olhos assustado. – O que foi?
– A-ah, nada. Você já comeu? – dei e ombros tentando não parecer tão tenso.
– Já sim, já é quase dez da manhã. Treinei umas duas horas e você ainda continuou dormindo. Está tão acabado assim, é?– Perguntou arteiro sentando ao meu lado e deixando aquela bandeja sobre meu colo.
– Eu não vou nem te dizer nada. – Falei emburrado e o ouvi rir, se aproximou de mim e deixou um beijo em meu nariz.
– Vou precisar sair, tenho que buscar os meninos, estou com saudades. Tenho certeza que meu irmão já não deve mais aguentar brincar o dia todo. – ele disse rindo já se levando da cama, mas segurei seu braço.
– Me dá um beijo. – pedi o que mais queria pedir em toda a minha convivência que tive com ele.
– Claro que eu dou, meu bebezão. Tão mimado, tão lindo. – Ele disse e eu suspirei em meio ao beijo que ele me deu. Ele saiu fechando a porta deixando um piscar de olho e u. beijinho.
– Eu te amo, menino Coelho. – sussurrei para mim mesmo, suspirando. – Eu finalmente consegui.