SWEET EPIPHANY | Bucky Barnes...

By DixBarchester

169K 15.1K 34.6K

A cultura define Epifania como "revelação ou entendimento repentino", um segundo de clareza mental onde, de r... More

★☆ INTRO ☆★
★☆ MÍDIA ☆★
00 • WORLD OF HEROES
01 • STORMY EYES
02 • EPIPHANIC CERTAINTIES
03 • LITTLE BRIDGES
04 • LITTLE FLIRTING
05 • TRUST ISSUES
06 • COMFORT ZONE
07 • WAR ZONE
08 • TRUTHS THAT HURT
09 • WELCOME TO MADRIPOOR
10 • CHAOS IN MADRIPOOR
11 • BEAUTIFUL MESS
12 • KILLING ME SOFTLY
13 • GOODBYE MADRIPOOR
14 • SAVE SPACE
16 • THE FLAG SMASHERS
17 • LONG NIGHT
18 • LITTLE LOVE BUBBLE
19 • THE FORGE
20 • HEALING TIME
21 • ROAD OF HAPPINESS
22 • BACK TO NEW YORK
23 • THE WORST DAY...¹
24 • THE WORST DAY...²
25 • THE FORGE PRISONERS
26 • THE GREAT TRAP
27 • THE GREAT EPIPHANY
28 • READY FOR COMBAT
29 • BITTERSWEET ENDING
30 • SWEETEST FAMILY - Epilogue

15 • CIRCUS OF FRENEMIES

4.7K 442 1K
By DixBarchester

Olá! Estou de volta

Será que é hoje que John Walker se ferra? Ou será que vai dar ruim? Vamos ver... 

Esse capitulo se passa durante a segunda parte do episódio 04 da série.

Boa leitura!


Makayla se encontrava colada na porta, o coração aos saltos e as mãos se remexendo de forma ansiosa. John Walker estava no outro cômodo, sua voz presunçosa ecoando através das paredes era perfeitamente reconhecível. A jovem sequer precisava se perguntar como ele tinha encontrado os rapazes, já que ela própria, um pouco antes de adormecer, vira no twitter várias pessoas falando que haviam avistado o Falcão e o Soldado Invernal andando nas ruas de Riga.

A internet podia ser uma grande merda às vezes.

Era possível ouvir a conversa acalorada no cômodo ao lado, Walker acusava Wilson e Barnes de terem soltado Zemo, e Bucky retrucava que na verdade o Barão tinha escapado sozinho. Enquanto isso Makayla não sabia o que fazer...

Se aparecesse naquela sala seria um choque, apenas Sam sabia da conexão dela com Walker, nesse caso Bucky sofreria um impacto imediato com isso, e a reação dele para aquele fato podia estragar todo o clima calmo e agradável que o casal havia construído. Não estava pronta para outra discussão com Barnes, não queria ter que encarar a decepção nos olhos dele quando descobrisse que, mais uma vez, ela não havia contado toda a verdade.

Não era desse jeito que pretendia revelar que o homem usurpando o Escudo deixado por Steve Rogers era um velho conhecido de infância...

Pensou que talvez pudesse ficar ali no quarto, sendo discreta, se não se envolvesse nenhuma verdade seria revelada antes da hora, no entanto, conforme a conversa evoluía no outro cômodo, ficava cada vez mais claro que as coisas não iam nada bem.

Sam queria falar com Karli pacificamente, aproveitar o momento de vulnerabilidade para convencê-la a ceder, sem violência, sem confronto, sem arriscar que alguém se machucasse. Era um plano sensato e ponderado, porém John Walker discordava disso de forma veemente. Ele queria partir para a abordagem hostil logo de cara, emboscar Karli de forma que ela não pudesse escapar e que eles tivessem toda a vantagem. Parecia eficiente, verdade, no entanto era um confronto direto, uma operação de guerra onde todos podiam sair feridos... Era o jeito errado de enfrentar todos aqueles super soldados, principalmente porque Bucky era o único ali com um super soro correndo nas veias.

As chances de que ele acabasse se ferindo eram enormes....

— Vocês não dão as ordens aqui. Na verdade, todos vocês estão quebrando a lei, acobertando um criminoso internacional, fiquem felizes que eu não vou decretar prisão dos três nesse exato momento. — John discursava com presunção. — Vamos fazer do meu jeito!

Makayla sequer notou que tinha puxado a maçaneta até que o uniforme azul de Walker estivesse em seu campo de visão. Era tarde demais para ser discreta.

E, se tinha algo que sabia sobre John Walker é que ele era um Soldado muito bem treinado, se visse qualquer fraqueza nela usaria isso, nesse caso a aparição de Makayla se tornaria um problema e não a solução.

Ela decidiu então que teria que lidar com ele. Por sorte sabia muito bem como fazer isso.

— Na verdade, nós vamos fazer exatamente o que o Sam disse. — Finalmente entrou no campo de visão de todos eles.

Seu olhar focou em Walker, podia ver Barnes pela visão periférica com as sobrancelhas franzidas, no entanto sabia muito bem que dar atenção a ele naquele momento a faria fraquejar. Teria que lidar com Bucky depois.

— Oi, John. — Disse casualmente cínica, vendo o choque tomar conta do rosto de Walker.

— Você conhece ele? — A primeira pergunta a cortar o ar foi a de Bucky, havia uma certa pontada de indignação em sua voz, mas Makayla teve que se manter firme e preferiu não olhar pra ele. Por sorte Sam pediu calma, tocando o braço de Barnes.

— O que é que você está fazendo aqui?! — Walker perguntou entre surpreso, nervoso e irritado.

— Longa história e... nenhuma parte dela é da sua conta. — Makayla retrucou, oferecendo a ele um mover de lábios mordaz e superior que só fez com que o rosto do homem ficasse vermelho de raiva.

Ela o ignorou por um segundo e voltou sua atenção para Lemar Hoskins, que naquele instante tinha um grande sorriso no rosto.

— Lemmy... — Ela cumprimentou carinhosa, enquanto ele cruzava o espaço entre os dois e a abraçava apertado.

— Kay...

Makayla tentou não se deixar levar pela emoção daquele reencontro, não era hora para nada daquilo, mesmo que Lemar ainda usasse o mesmo perfume que Cameron costumava usar.

John analisou os dois com atenção e a mais pura indignação cortou seu olhar.

— Por que você não está surpreso? — Ele perguntou diretamente para Lemar, claro que conhecia o amigo bem demais para não reparar em certas nuances de sua postura. — Você sabia disso?

Depois de descobrir que Makayla tinha algum tipo de envolvimento com Bucky Barnes é claro que Hoskins não ficaria nada surpreso de ver a garota no mesmo lugar que o Sargento...

— Espera... — John estreitou o olhar, encarou o melhor amigo, Makayla, Bucky e novamente o amigo como se montasse um quebra-cabeças. — Toda aquela idiotice da prisão foi ideia dela?

Lemar apenas respirou fundo, erguendo as mãos de forma culpada, seu rosto se movendo em uma careta de quem acaba de ser pego no pulo. Makayla por sua vez permaneceu impassível, apenas um leve sorriso cínico e desafiador brincando em seus lábios.

Havia uma certa satisfação em ver Walker se dar conta que fora usado o tempo todo e que não podia mais se gabar de ter tirado Bucky Barnes da prisão...

E falando no Sargento... Ao dar uma rápida olhada, Makayla soube que ele também havia montado o quebra-cabeças. E ela nunca tinha parado para pensar na reação de Bucky ao descobrir aquilo. Será que ele se sentiria ofendido?

— Inacreditável! — Walker moveu a mão livre em clara frustação, então apontou para Makayla. — Você tem um talento fora do normal pra se meter em problemas, Devinne!

A garota pôde ver pela visão periférica que Bucky se moveu de modo hostil na direção de John, mas foi novamente contido sutilmente por Sam. Ela agradeceu por isso, porque uma briga não os levaria a lugar nenhum. Além disso era o jeito errado de lidar com Walker naquele momento.

— E você tem um talento fora do normal pra se meter aonde não é chamado, John. — Rebateu com aquela casualidade cínica que obviamente irritava o homem. — Parece que velhos hábitos nunca morrem, não é?

Ele a encarou com um ódio visceral no olhar, era um homem previsível, a jovem sabia disso, tinha convivido com ele o suficiente pra entender que, se desse corda o bastante, logo teria o que precisava para enforca-lo. Walker não era exatamente um grande especialista quando se tratava de discussões, era nervosinho demais para esse tipo de coisa.

Quanto à Makayla... ela não tinha sido a capitã do clube de debate por acaso.

— Eu não tenho tempo para suas rebeldias aleatórias, Devinne, estamos trabalhando em uma coisa importante. — John declarou com o dedo em riste e o tom alterado. — Aliás, sua mãe por acaso sabe que você está aqui?

Makayla sorriu de forma inocente. Tinha sido muito mais rápido do que ela esperava.

— Dois pontos muito relevantes, Soldado, parabéns pela análise. — Seu tom cínico tinha um quê de divertimento. — É exatamente por causa desses dois detalhes que vamos seguir o que o Sam falou.

— É "Capitão", e você... — Walker tentou rebater, mas ela o cortou antes que terminasse.

— Eu sou a filha da mulher que banca as suas viagens, a sua missão, seus equipamentos e que te dá todas as ordens, e estou muito, muito longe de casa. — Explicou com uma casualidade um tanto cruel. Colocando a mão no bolso de trás e puxando o celular. — Então... fico imaginando o que aconteceria se eu fizesse um telefonema nesse instante... — Seu sorriso cínico fez Walker piscar em confusão. Makayla prosseguiu, colocando um tom forçado na voz para casar com suas palavras. — Ela não atenderia, tem muitos assistentes pra isso, então alguém encarregado ouviria essa frágil jovem, chorando do outro lado da linha, dizendo o quão assustada e perdida ela está... Ferida depois de ser sequestrada por terroristas anarquistas que fugiram, e seu único porto seguro é esse nobre Soldado com recorde de medalhas. — Colocou o dorso na mão na testa de modo teatral. — Ai ai. Você é meu herói, John Walker...

Ninguém no cômodo pareceu entender o rumo que as coisas estavam seguindo. Porém quando o sorriso da jovem se tornou um misto perfeito de cinismo e crueldade, o próprio Walker foi o primeiro a deixar transparecer que entendia exatamente onde tudo aquilo ia chegar... Mesmo assim Makayla fez questão de explicar, focada somente nele, porque se distrair com as reações de Bucky, Zemo ou Sam poderia colocar tudo a perder:

— Eles te mandariam ficar aqui, comigo, preso às minhas "rebeldias aleatórias", até que uma equipe do CRG viesse me levar pra casa, e então seu mais precioso recurso, o tempo, escorreria entre seus dedos, enquanto Sam, Bucky e Zemo seguem o plano e salvam o dia. — O tom dela ficou sério, pesado, quase ameaçador. — Você tem toda a razão, John. Você não tem tempo para as minhas rebeldias aleatórias, então podemos seguir o plano do Sam todos juntos, ou... eu, você e o Lemar vamos ficar aqui atolados em burocracia, porque, você sabe, os Soldados seguem ordens e você um ótimo Soldado, não é?

— Makayla... — Lemar advertiu, mas ela o ignorou totalmente.

— Ninguém acreditaria em você! — Walker retrucou irritado, porém seus olhos diziam que ele estava analisando as possibilidades de tudo aquilo ser real.

— Uma vez você disse que o meu vício por mentir acabaria me consumindo, lembra? Isso quer dizer que você sabe muito bem o quão extremamente boa eu sou nisso. — Makayla devolveu com um dar de ombros casual, porém seu sorriso mordaz dizia tudo. — Então, quer mesmo apostar contra mim? Acho que eu devia chorar pra quem atender o telefone, é mais convincente, não é?

Ela piscou algumas vezes até que seus olhos ardessem e se enchessem de lágrimas, não era difícil, depois fez a expressão mais triste que conseguia, tudo fingimento é claro e qualquer um ao redor saberia disso, mas não um pobre estagiário do outro lado da linha, e esse era o único detalhe que importava no momento.

— Diga pra ela parar com isso, Lemar. — Walker apelou para o melhor amigo que encarou Makayla por alguns instantes.

A jovem torceu para que Hoskins achasse o desperdício de um tempo precioso argumentar com ela... Ele abriu e fechou a boca duas vezes, seu olhar dizendo muito mais que as palavras, Makayla por sua vez ergueu uma sobrancelha e focou em Sam por um instante bem curto, apenas para que Lemar entendesse que o plano de Wilson era o melhor para o momento.

— Ela vai fazer o que quer fazer, John. — Ele disse por fim, respirando fundo em frustração e erguendo as mãos em rendição.

— Você decide, Johnzinho. — Makayla sorriu, acendendo a tela do celular como se estivesse prestes a teclar o número do CRG.

Não era isso que queria fazer de verdade, mas se fosse preciso faria... Compraria o tempo necessário para que Sam e Bucky terminassem a missão.

— Você não tem o direito de falar comigo assim, sua garota mimada! Eu sou um herói, ganhei medalhas pelo meu trabalho, um trabalho que eu fiz muito bem! — John retrucou irritado e superior, dando um passo ameaçador na direção da jovem. — Eu sou o Capitão América!

Todo o rosto de Makayla mudou para uma expressão de deboche puro, e uma risada escapou da garganta dela.

— Você tem certeza disso? — Ela questionou entre o sarcasmo e a ironia, sua reação fazendo com que Walker recuasse um passo. — Tudo que eu vejo é um cosplay de segunda categoria e um escudo roubado do verdadeiro dono. Se eu surrupiar a coroa da rainha da Inglaterra e colocar na cabeça de um cachorro de rua ele não vai virar da realeza. Aceite isso. Você é apenas o segurança de luxo de uma organização mundial multimilionária. Uma marionete que minha mãe vestiu de azul pra vender bonequinhos exatamente iguais a você pra norte-americanos burros e, no fim, agradar políticos engravatados. — John recuou outro passo, Makayla avançou um. — Eles não te criaram pra ser um herói, John, eles só te deram esse escudo pra você fazer o trabalho sujo que um homem muito mais honrado jamais aceitaria fazer por eles. Estão usando você.

Os dois se encararam por alguns instantes, a sala estava em um silêncio tão absoluto que era como se ninguém ali sequer respirasse. John podia ser arrogante e presunçoso, mas ele não era ingênuo, ele conhecia o governo que servia, com certeza conseguia encaixar cada palavra de Makayla nas coisas que tivera que fazer desde que colocou as mãos naquele escudo; entrevistas, aparições públicas, autógrafos em bonequinhos, encontros com políticos, ordens pouco ortodoxas...

Makayla deu outro passo para trás e encolheu os ombros, escolhendo um tom mais casual, porém levemente desafiador para usar a seguir:

— Além disso... Se você fosse mesmo o Capitão América, você saberia que o Sam tem o melhor plano, porque estamos no meio da cidade, isso não é uma guerra onde se pode sair atirando primeiro e perguntando depois. — Ela sorriu pra ele em uma simpatia visivelmente falsa. — O Capitão América sabia trabalhar em equipe, ele sabia quando liderar e quando ouvir. E você? Sabe fazer isso, John?

— Você é uma arrogante sabe-tudo igualzinho ao seu irmão. — Walker declarou, porém seu tom não era critico realmente, apenas um tanto implicante.

— Obrigada. — Makayla agradeceu como quem acaba de receber um elogio.

Por fim ele respirou fundo e meneou a cabeça de forma frustrada.

— Vamos de uma vez. — Decidiu, gesticulando com a mão e então encarando Zemo de forma contrariada. — E eu vou lidar com você depois.

Makayla não prestou atenção no Barão, porque seus olhos seguiram para Bucky que tinha as íris gélidas fixas nela, era difícil saber o que ele estava pensando, porém o choque e a surpresa eram duas coisas bem visíveis no rosto masculino. A jovem começou a se preparar para o pior, devia saber que tudo que estava indo bem demais. É claro que aconteceria alguma merda.

Certamente Bucky não a perdoaria dessa vez...

— Mas você não vai! — John deixou claro, apontando para Makayla e a fazendo encará-lo.

Ergueu uma sobrancelha em desafio, ela não queria ir, tinha concordado em ficar ali, porém com o babaca do Walker presente era um risco deixar que fossem todos sozinhos e ele mudasse de ideia em aceitar o plano de Sam assim que passassem pela porta.

Antes que ela pudesse retrucar, no entanto, Lemar começou a rir, ganhando um olhar nada satisfeito do parceiro.

— Ah, qual é cara, você tem que admitir que é engraçado você pensar que em qualquer versão da realidade ela obedeceria você. — Hoskins ergueu as mãos em rendição e Makayla acabou por rir também.

— Escuta ele, Jonhzinho a gente sabe que o Lemar sempre foi o cérebro e coração dessa dupla.

Walker olhou de um para outro e depois para cada um na sala e revirou os olhos de forma irritada, dando as costas em direção a saída.

— Meu Deus, essa missão virou um circo! — Reclamou, batendo os pés no chão a cada passada.

— Pelo menos está bem claro quem é o palhaço. — Makayla alfinetou, fazendo com que Lemar tivesse que segurar outra risada.

Walker ignorou aquilo, abrindo a porta e esperando que os outros se movessem, Zemo foi o primeiro, passou por Makayla dando a ela um olhar clinico que podia significar nada ou tudo, Sam se moveu depois, tocando o braço da garota casualmente e piscando apenas um dos olhos.

— Mandou bem. — Elogiou com um sorriso amigável e saiu logo em seguida.

Os olhos de Makayla seguiram para Bucky, que ainda permanecia parado no mesmo lugar, ela não sabia se devia se aproximar dele ou não, porém deu o primeiro passo mesmo assim.

— Achei que você tinha concordado em ficar aqui. — Foi a primeira coisa que ele disse, olhando por cima do ombro dela, já que Lemar continuava no ambiente também.

— Eu tinha, mas aparentemente sou seu melhor trunfo contra o palhaço intrometido, então... — Makayla apenas encolheu os ombros, analisando Barnes em busca de qualquer indicio de raiva ou algo assim. — Além disso o plano do Sam não envolve confronto, eu vou ficar bem.

Bucky assentiu devagar, nada disse, seus olhos continuavam em Lemar que se aproximou deles naquele momento, desafivelando o próprio colete a prova de balas.

— Coloca isso. — Entregou a peça para Makayla e a interrompeu com o dedo em riste antes que ela pudesse retrucar. — Não discute comigo. Não me importo se seus amigos são heróis fodões, você ainda é só uma civil e não vai entrar em um ambiente cheio de terroristas super fortes sem pelo menos o básico de equipamento de proteção, já enfrentei esses caras, eles não são brincadeira.

— Ele está certo, Makayla. — Bucky declarou sério e a jovem alternou seu olhar entre os dois enquanto o colete era colocado em seu corpo por Lemar.

— Viu? Olha só, a gente já começou a concordar. Sabia que acabaríamos nos dando bem. — Ele sorriu para Barnes de modo amigável, e logo voltou sua atenção de volta para Makayla. — Você apostou muito alto dessa vez, sabe disso, não sabe?

— E quando foi que eu apostei baixo nessa vida? — A garota retrucou, enquanto Hoskins afivelava o colete com destreza e checava se tudo estava certo.

Quando terminou, ele apoiou as mãos nos ombros de Makayla e analisou o rosto dela por alguns instantes.

— É bom te ver, Kayzinha. Mas pega leve, por favor, tá bom? Tem sido dias difíceis. — Ele pediu e ela acabou por sorrir.

Era muito típico de Lemar apagar incêndios antes mesmo que o fogo se espalhasse, ele sempre estava procurando um ponto de equilíbrio entre todas as pessoas...

— É bom te ver também, Lemmy. — Makayla respondeu e ganhou um beijo na testa.

Hoskins deu um passo para trás, encarou a garota por mais um instante logo depois movendo os olhos na direção de Bucky, para erguer o polegar e abrir um sorriso. Barnes se limitou a assentir e Lemar se deu por satisfeito, saindo na frente.

Os olhos de Makayla seguiram para as íris azuis gélidas, esperando pelo que viria naquele momento, porém Barnes apenas começou a andar em direção a porta e ela teve que ir atrás.

— Você conhece os dois da infância, não é? Disse que cresceu na Georgia, Walker fez o ensino médio lá, isso apareceu na televisão. — Bucky disse finalmente, seu tom neutro, enquanto davam os primeiros passos para a rua, metros atrás dos outros. — Não pretendia ter me contado isso?

Pelo menos ele não parecia desapontado e irritado como da última vez...

— Eu pretendia sim, mas quando? Quando você estava bravo comigo pelas mentiras? Quando estávamos fugindo de tiros, depois de eu ter sido sequestrada ou quando você estava brigando comigo pela minha irresponsabilidade costumeira? — Ela enumerou de um jeito divertido. — Não, espera! Melhor, quando você estava olhando pros meus peitos como um cego que vê a luz pela primeira vez, ou talvez quando sua língua estava dentro da minha boca, ou, melhor ainda... quando a minha mão estava no seu pa...

Não conseguiu terminar a palavra porque Bucky se colocou na frente dela e a impediu de forma exasperada, olhando por cima do ombro para ver se não tinham atraído a atenção dos outros.

— Já entendi. Não deu tempo e não era o momento certo. Tudo bem. — Ele assentiu e então meneou a cabeça de um lado para o outro, dando um sorriso de canto e voltando a caminhar. Ainda estava tudo bem entre eles pelo visto. — Não precisa ficar brava, acabei de descobrir que você fica terrivelmente má quando está brava.

— Eu não estava brava. Esse sempre é meu humor padrão com John Walker. — Makayla moveu os ombros de forma casual e isso acabou arrancando uma risada contida de Bucky.

— Pelo menos você também sabe que ele é insuportável... — Ele comentou, encarando Walker lá na frente com uma careta de desgosto.

— Ah, Bucky... — Makayla sorriu, passando a caminhar de costas para olhar nas íris gélidas. — Nesse clubinho do ódio que você acabou de entrar, eu sou a presidente faz mais de dez anos...

Bucky riu de forma discreta, lá na frente Zemo falava com uma garotinha, que pelo visto seria a guia deles pelo restante do caminho...

— Você parece gostar do Lemar. — Bucky comentou e Makayla assentiu, se virando novamente para caminhar do jeito usual, vendo Hoskins também lá na frente ao lado de John.

— Ele é família... — Respondeu apenas, sem querer entrar em detalhes sobre a história, preferiu olhar para Barnes antes que a melancolia das lembranças lhe engolisse. — Está com ciúmes dele também?

— Eu nem falei nada... — Ele se defendeu e, quando percebeu que Makayla ainda lhe encarava, trocou repentinamente de assunto. — E que história era aquela da prisão?

Ela respirou fundo, não sabia se o ego e o orgulho de Bucky iriam falar mais alto naquele caso. Talvez ele se ofendesse com a forma como ela interferiu em tudo, talvez preferisse até mesmo ter saído daquela confusão por seu próprio mérito.

— Eu vi no twitter que você tinha sido preso e pedi para o Lemar convencer o John a mandar soltarem você. Todo o privilégio branco daquele panaca tinha que servir pra alguma coisa útil. — Explicou da forma mais simples que podia.

Bucky assentiu devagar, ficando em silêncio por alguns instantes.

— Eu quis quebrar o nariz dele por aquilo. — Comentou casualmente.

— Devia ter quebrado, perdeu uma boa oportunidade. — Makayla respondeu e os dois acabaram por trocar um sorriso mordaz.

— Você me assusta às vezes, sabe? Mas obrigado por se preocupar comigo. — Barnes declarou por fim, não parecia ofendido ou bravo com toda a situação.

— Tenho que dizer que você está lidando com isso muito melhor do que eu imaginava... — A jovem confessou surpresa e viu Bucky encolher os ombros enquanto respondia:

— Bom... o que eu poderia fazer além de aprender a lidar com esse seu jeito nada ortodoxo de fazer as coisas?

— Você podia brigar comigo. — Ela devolveu copiando o movimento dele.

— Pra quê? Já tentamos isso, não nos levou a lugar nenhum. Você mesma disse que vai me deixar falar e vai fazer o que quiser no final. — Bucky comentou neutro e casual, enquanto Makayla sentia o alivio preencher seu peito. Era bom saber que tudo aquilo não viraria um drama desnecessário. — Nesse caso vou guardar energia pra quando eu realmente precisar te convencer de alguma coisa importante, não vou desperdiçar isso pra me opor a você fazendo o Walker de idiota.

Ela acabou rindo da forma como Bucky disse aquilo. Os dois se olharam por um instante e ele se aproximou, abaixando o tom de voz para nada mais que um sussurro:

— Além disso, foi meio que excitante ver você acabando com ele daquele jeito, vou guardar essa lembrança para os meus sonhos picantes.

— Você tem sonhos picantes comigo? — Ela perguntou surpresa e curiosa.

— Quem sabe... — Bucky encolheu os ombros e deu um sorriso de canto que era a imagem perfeita de um duplo significado.

A conversa teve que acabar ali quando eles finalmente chegaram ao destino; um prédio antigo em uma ruazinha estreita, entraram por trás, o local era um tipo de fábrica desativada com caldeiras e essas coisas bem ali no acesso dos fundos.

Enquanto Sam assumia a dianteira, John fez questão de dizer que ele teria apenas dez minutos, também algemou Zemo em uma das caldeiras, o que na verdade era provavelmente uma precaução inteligente ali, nem o próprio Barão se ofendeu com isso...

Wilson se foi atrás da Karli então, deixando os outros sozinhos, esperando, presos em um clima tenso que parecia a contagem regressiva de uma bomba. Enquanto Zemo procurava a melhor posição para ficar, que não lhe machucasse o braço por causa da algema, Lemar se encostou em uma das paredes e Walker se sentou em um degrau formado pela construção do lugar, Bucky por sua vez se encostou exatamente na passagem, parecia casual, mas Makayla sabia que aquela escolha era uma precaução, ninguém passaria por ali a menos que ele permitisse...

A jovem encostou perto de Zemo e encarou todos os presentes, aquela tensão no ar era tão densa que parecia tornar o oxigênio mais pesado. Ela focou o olhar em Bucky, mas ele tinha a cabeça baixa, embora estivesse bem claro que estava atento a tudo ao redor, principalmente em Walker.

— Então... — Lemar limpou a garganta e atraiu a atenção de Makayla. — Você parece bem... e feliz.

A garota franziu as sobrancelhas, não era o tipo de adjetivo que alguém colocava lado a lado em uma frase sobre ela, isso porque Makayla quase nunca estava feliz, a menos que estivesse chapada, e, nesse caso, ela não estaria bem.

Seu olhar seguiu para Bucky automaticamente, ela sorriu de forma pacífica.

— É, eu estou bem e feliz. — Respondeu e isso fez com que Lemar abrisse um sorriso honesto.

— Pelo menos dessa vez seu pai com certeza aprovaria escolhas de vida. — Ele jogou em forma de piada, mas é claro que Makayla sabia que as "escolhas" em questão, eram os rapazes com quem ela costumava andar...

Danniel não gostava muito de nenhum deles. Talvez Bucky Barnes fosse a primeira exceção para essa regra. Makayla gostou de pensar que sim.

— Pois é... — Ela disse apenas, sabendo que continuar naquele assunto não traria boas lembranças. — E você? O que tem feito, além de andar por aí protegendo o traseiro desse tapado? — Apontou para Walker que lhe deu um olhar mortal em resposta.

— Nada demais, missões e essas coisas. — Lemar encolheu os ombros de forma displicente.

— Falando em missão... — John interrompeu de forma irritadiça. — Isso ainda é uma, lembram? Não estamos na Disney.

Ele se afastou para olhar um relógio preso na parede. Bucky acompanhou cada movimento com os olhos, embora ainda estivesse de cabeça baixa. Era bem claro que Walker estava começando a ficar um pouco nervoso demais, Makayla achou que uma distração qualquer seria útil...

— Lembram daquela vez que fomos na Disney? — Ela perguntou casualmente, incluindo John na conversa de propósito.

— John vomitou na montanha-russa e você filmou tudo. — Lemar riu abertamente.

— Pelo amor de Deus... — Walker revirou os olhos, mas havia um sorriso mínimo em seus lábios.

A situação era constrangedora, mas a lembrança em si era boa, principalmente para ele, e Makayla sabia disso.

— Planejou um pedido de namoro e vomitou na garota, ótima técnica de sedução, John. — Lançou casual.

— Ela ainda casou comigo. — Ele se gabou com um sorriso.

— Olivia é uma santa, coitada. — Makayla rebateu, um pouco aliviada que o assunto tenha surtido o efeito desejado. A última coisa que precisavam naquele momento era qualquer descontrole causado por tensão e ansiedade.

John Walker podia ser muitas coisas, algumas delas bem irritantes, capazes de tirar qualquer um do sério, mas havia algo que sempre seria a característica imutável daquele homem. Ele amava Olivia. A amou desde o colegial, e Makayla lembrava bem disso, porque ela Liv quem costumava tomar conta dela quando os pais tinham que trabalhar e Cameron tinha seus assuntos pra cuidar.

— Eu nunca vi o Cam rir tanto e... — Lemar começou a comentar casual e divertido, mas parou abruptamente. O nome de Cameron trazendo a realidade à tona; aquela não era mais uma memória tão feliz assim.

Makayla se lembrava perfeitamente do dia, a primeira vez que tinha ido na Disney, os meninos haviam acabado de tirar a carteira de motorista, queriam comemorar... Foram os cinco, Cameron, Lemar, John, Olivia e Makayla de vela, ela sempre era a vela nos encontros, mas realmente não se importava com isso naquela época, eram bons tempos, ela se sentia importante de estar entre os amigos de Cam, "os mais velhos", gostava deles, de todos eles, talvez até de John naquela época, porque sempre foi engraçado ver o irmão e ele implicarem um com o outro...

Porém todas aquelas lembranças pareciam incompletas e cinzentas.

Lemar se colocou de pé, dava pra ver o quão balançado ficou.

— Vou tomar um ar, um minuto e estou de volta. — Declarou, saindo dali sem encarar Makayla nos olhos. Um clima ainda mais pesado se instalando entre eles.

Walker observou o relógio uma vez mais e voltou a se sentar.

— Ele sente falta do seu irmão... — Declarou com os olhos em Makayla. — Eu sinto também.

Foi a primeira vez que Bucky ergueu a cabeça e encarou a conversa diretamente.

— Você nem gostava dele. — Makayla devolveu, porém daquela vez não havia agressividade em sua voz.

— É claro que eu gostava. — John rebateu de forma direta e quase ofendida. — A gente tinha uma rivalidade saudável, mas ele era meu parceiro, eu teria feito qualquer coisa por ele, assim como eu faria qualquer coisa pelo Lemar.

Ela soube que Walker estava sendo honesto, talvez essa fosse outra característica que não se pudesse questionar sobre aquele homem, ele era leal aos seus parceiros. Não importava quantas vezes ele e Cam brigassem, — e eram muitas mesmo, — quando algo dava errado eles sempre estavam lá um pelo outro. Eles podiam trocar socos entre si, mas nunca deixariam que o outro fosse ferido por alguém de fora. Não se amavam, mas dariam a vida um pelo outro. E quando se tratava de Lemar e John essa verdade era ainda mais clara, eles matariam um pelo outro se fosse preciso....

Foi a primeira vez naquela última meia hora que Makayla realmente olhou para Walker, enquanto ele tinha os olhos no escudo. O homem estava um caco, a barba por fazer, olheiras fundas, algo em sua postura indicava muito bem que ele tentava se manter de pé, mas estava exausto. Ser o Capitão América não era como ser um soldado na guerra, a pressão daquilo, a responsabilidade de ser um herói, com certeza estavam cobrando um preço bem caro de John. Ele não era um super soldado afinal.

Makayla começou a se preocupar com o efeito que tudo aquilo teria. Se Walker quebrasse — o que parecia bem perto de acontecer — o que seria do legado que ele insistia em carregar?

No fundo ela desejava que ele simplesmente devolvesse o escudo para Sam, mas seria ingenuidade pensar nisso, John tinha alguns pontos positivos, verdade, mas os pontos negativos de sua personalidade; o orgulho, a presunção e a teimosia; nunca permitiriam que ele abrisse mão daquilo.

O único jeito de Sam ter aquele escudo de volta seria se o arrancasse das mãos de John Walker...

E essa certeza deixava Makayla inquieta, porque se Bucky e Sam entrassem em um confronto direto com John, com certeza Lemar entraria no meio. E ele acabaria se machucando para defender o amigo.

Por um instante, quando Hoskins voltava e se encostava na mesma parede, Makayla cogitou arrancar o escudo das mãos de Walker de supetão e sair correndo. O que provavelmente foi a ideia mais tosca que ela já teve na vida...

Cada um se manteve em seu lugar, o tique-taque constante do relógio era o único som entre eles, Makayla tentou não demonstrar sua ansiedade crescente, procurou em sua cabeça outro assunto, porém o provável era que todos acabassem em uma lembrança nem tão feliz, porque toda sua vida estava manchada de morte.

John se colocou de pé, ele murmurava negativas enquanto andava de um lado para o outro, tentando olhar por cima de Bucky. Makayla começou a prever que aquilo não acabaria muito bem, seu coração tinha saído totalmente do ritmo.

Bucky pediu calma, disse que os dez minutos não haviam se passado e que Sam sabia o que estava fazendo, palavras simples e pacíficas que foram como atear fogo em um rastro de pólvora. John arrumou o escudo e assumiu uma postura mais ofensiva e, o "eu vou entrar" dele, soou como "vou fazer isso nem que tenha que passar por cima de você".

Barnes se moveu, seu corpo no caminho, sua mão direita detendo Walker. Lemar se levantou, pronto para qualquer coisa. Makayla sentiu seu estômago embrulhar, temendo o que viria a seguir.

John deu um passo para trás, encarou Bucky dos pés à cabeça com desdém:

— Tudo isso é muito fácil pra você, não é? Todo esse soro correndo em suas veias...

Barnes não se moveu, não disse uma só palavra, porém Makayla soube o peso que aquela frase teve, porque doeu nela.

Nunca. Nunca. Nunca tinha sido fácil para Bucky. Nenhuma única fez naquelas últimas décadas tinha sido fácil...

Não houve um pensamento coerente sobre isso, apenas a reação imediata.

— Walker. Já chega! — Ela se colocou entre os dois, batendo ambas as mãos no peitoral do loiro com toda a força que tinha, fazendo com que ele recuasse três passos. — Você não tem a menor ideia do que você está dizendo.

— E você sabe? — John acusou com um riso seco. — Você é só uma garotinha mimada que ganha montes de dinheiro toda vez que uma tragédia acontece, nunca teve que lutar por um nada nessa vida... Toda vez que as coisas ficam difíceis de verdade você foge, todo mundo sabe disso. — Ele avançou os dois passos, Makayla sentiu as palavras lhe atingirem como um tapa. — Então sai da minha frente!

Viu Walker se mover para afastá-la, o braço erguendo no ar para isso, talvez para um empurrão, ela não soube prever realmente, o fato é que isso nunca aconteceu, porque antes que qualquer contato ocorresse a mão de vibranium de Bucky se fechou contra o punho de John. Foi um movimento tão rápido que Makayla só se deu conta quando já tinha acontecido.

— Não se atreva a colocar as mãos nela ou eu vou garantir que seja a última vez que você coloca as mãos em qualquer coisa. — A voz gélida de Barnes era mais que uma ameaça ou uma advertência era uma promessa.

Os dois homens se encararam como se estivessem prestes a arrancar a cabeça um do outro.

— John... — Lemar pediu, pousando sua mão no ombro do amigo e Makayla se lembrou que Walker não seria o único que se machucaria em um confronto.

Ela se virou na direção de Bucky, seus olhos procurando os dele e sua mão pousando sobre o braço de vibranium de forma suave.

— Tudo bem... — Ela disse de forma pacífica.

Barnes piscou devagar, o azul gélido de suas íris focando em Makayla como se ela fosse uma fonte de paz e calmaria. Ele soltou Walker e deu um passo para trás, voltando ao seu lugar na passagem.

John também se afastou um passo, mas não desistiu de falar.

— Você costumava ser uma boa menina, Devinne, você se importava com as pessoas. Seu irmão te ensinou isso. Ele nunca deixaria um amigo enfrentar algo assim sem reforço. — Argumentou e então focou sua atenção em Bucky. — É o seu parceiro lá, Barnes, realmente quer o sangue dele nas suas mãos?

Makayla viu que a incerteza alagou o azul-gélido, ela conseguiu decifrar o real impacto daquela frase porque a imagem de Wilson ensanguentado também lhe veio à mente. E se estivessem cometendo um erro?

— Dez minutos, foi o que combinamos, é o que vamos dar a ele. — Bucky declarou sem se mover, e embora suas palavras fossem certeiras Makayla o conhecia bem o bastante para saber que havia dúvida ali. Ele estava preocupado com Sam.

— Temos que fazer isso mesmo. — Lemar concordou, porém usava aquele tom apaziguador, que precedia um argumento de equilíbrio. — Mas podemos chegar mais perto e se, e somente se, ouvirmos algo suspeito a gente entra.

Bucky alternou o olhar entre Lemar e John, para depois pousá-lo em Makayla. Ela quis ter algo edificante para dizer, porém temeu que qualquer opinião sua naquele instante fosse a diferença entre o sucesso e o fracasso da missão, e o pior, entre a segurança e o risco para a integridade física de Sam, por isso não foi capaz de falar absolutamente nada.

— Não vamos intervir. — Bucky deixou claro.

Lemar foi o primeiro a assentir, impelindo John a concordar e, antes de dar o primeiro passo, o loiro jogou a chave das algemas para a jovem.

— Fica aqui com ele. — Barnes apontou de Makayla para Zemo e a ela assentiu, ainda atordoada e cheia de dúvidas.

Walker seguiria o plano?

Os três seguiram pelo mesmo caminho que Sam tinha passado minutos antes e logo Makayla os viu sumir de seu campo de visão, deixando apenas o som de seu próprio coração desesperado batendo freneticamente em seu ouvido. E se algo desse errado?

— Quem diria, não é... — A voz de Zemo ecoou pelo lugar assim que eles ficaram sozinhos. — Você é bem mais importante do que eu esperava.

Makayla respirou fundo, com certeza não estava no clima para jogar conversa fora com o Barão...

— E, pelo visto, você é bem menos importante do que queria ser, certo? — Ela retrucou, se virando para ele de braços cruzados.

— Você é boa com as palavras, esse é um talento raro, a maior parte das pessoas apenas dá sorte de dizer a coisa certa no momento certo, mas você não, você sabe o que tem que dizer. — O estranho elogio de Zemo fez com que Makayla desconfiasse que aquela conversa tinha um propósito escuso.

— E eu suspeito que você saiba disso porque é um talento que você também tem. — Seus braços ainda estavam cruzados, enquanto falava ela reparou que o Sokoviano estava muito à vontade, mesmo com uma das mãos algemadas à caldeira.

Ele com certeza tinha algum tipo de plano.

— Precisamente. — Zemo concordou e então moveu o braço algemado com casualidade. — Mas agora eu acho que você devia me soltar.

A primeira reação de Makayla foi rir, porque sempre imaginou que o homem responsável por separar os Vingadores fosse um mestre na arte da manipulação, então claro que desconfiava que o Barão teria um plano para ficar livre daquela algema, porém nunca pensou que ele seria tão cara-de-pau para sugerir aquilo casualmente.

Era quase burrice, devia ter algo mais....

— E por que razão eu faria isso? — Questionou divertida, curiosa para saber até onde ele chegaria com aquela palhaçada.

— Porque John não vai seguir o acordo, ele vai acabar impedindo o plano do Sam e é provável que tudo dê muito errado depois disso. Karli vai fugir e levar as doses do soro com ela e o James não vai poder voltar para casa, mas eu desconfio que você sim, afinal alguém vai contar pra sua mãe que você está aqui e eu duvido que vão deixar uma garota com a sua importância no meio disso. — Zemo explicou daquele jeito formal, dando um sorriso cordial no final que na verdade escondia muito de superioridade e presunção.

Ele sabia que suas palavras balançariam Makayla.

Ela tentou não deixar que sua reação transparecesse, mas é claro que aquilo a atingiu, afinal havia uma grande possibilidade de John realmente estragar tudo e isso gerar um efeito dominó que culminaria em Sam e Barnes tendo que prolongar aquela missão...

E ela teria mesmo que voltar pra casa depois de tudo que disse para Walker, porque ele certamente faria questão de contar tudo para Emma e, depois disso, a diretora do CRG dificultaria toda e qualquer coisa que pudesse e, assim, a presença de Makayla seria um problema constante para Bucky, por causa da interferência do Centro de Repatriação.

— E te soltar vai resolver todo esse problema como? — A jovem questionou, indisposta a ceder, mas curiosa para ouvir o plano de Zemo.

— Esses locais são prédios antigos com saídas múltiplas, por sorte eu conheço algumas delas, isso significa que, se me soltar, podemos interceptar Karli e as doses do soro. — Ele explicou de forma prática.

— Claro, eu e você contra uma super soldada, parabéns Zemo, que plano brilhante. — Makayla retrucou com a voz carregada de uma ironia debochada.

O Barão não se afetou em nada com aquele tom, muito pelo contrário, apenas respondeu com a mesma praticidade de antes:

— Ela não é como James ou Steve. Você ouviu o doutor Nagel, ele reproduziu o soro de forma diferente, sem efeitos físicos.

— Isso não muda nada. — A jovem retrucou com um dar de ombros.

— Mas é claro que muda, "sem efeitos físicos" quer dizer sem toda a capacidade de regeneração. Karli e seus amigos não são invulneráveis ou imbatíveis e, mais do que isso, eles não são treinados. Talvez você não saiba, porém eu sou. — Zemo tinha uma resposta na ponta da língua, provando que havia pensado naquela nova vertente do soro por muito tempo.

Makayla começou a perceber que tinha subestimado o Barão. Talvez ele fosse muito mais inteligente e perigoso do que parecia...

— Como eu disse, isso não muda nada, não vou soltar você. — Ela declarou convicta, sabia que se Zemo acabasse fugindo ao invés de ajudar, seria Bucky quem teria que arcar com as consequências disso com as Dora Milaje.

A última coisa que Makayla queria era causar mais problemas.

— O ponto é, senhorita Devinne, eu posso me soltar sozinho. — Zemo afirmou calmamente, colocando a mão dentro do sobretudo e tirando uma arma dali. — Mas prefiro que você me ajude, porque ainda estou pedindo com educação.

Pelo visto de nada adiantava Sam e Bucky tentarem manter o Barão desarmado, ele sempre acabava dando um jeito nisso...

Makayla encarou o revólver apontado em sua direção e riu.

— Uau, que grande anfitrião não é mesmo?

— Você não está na minha casa agora, está? — Zemo devolveu de forma simples.

Naquele curto segundo a cabeça de Makayla trabalhou em várias direções diferentes, ela se perguntou se ele realmente atiraria, caso ela tentasse tirar a arma da mão dele... também se deu conta que não se importaria em levar um tiro, porém diferente do que havia acontecido em Madripoor, daquela vez ela não queria que isso acontecesse. Tinha feito uma promessa, pretendia cumpri-la...

No entanto, Zemo não sabia disso, então Makayla julgou que a melhor saída era mentir.

— O que vai fazer? Atirar em mim? Grande coisa, vá em frente, não me importo em morrer, você já devia saber disso. — Ela deu de ombros de forma displicente. — Eu não vou te soltar pra você fugir na primeira oportunidade e colocar Bucky em um problema com as Dora Milaje.

— Bucky, Bucky, Bucky... — O Barão repetiu de forma ritmada. — Você faria tudo por ele não é mesmo? Entendo, James é um homem charmoso como poucos... O tipo de homem que faz garotas ficarem perdidamente apaixonadas e prometerem coisas... como não morrer, por exemplo.

Makayla não se moveu, percebeu que suas mentiras não adiantariam de nada contra Zemo.

— Você ouviu... — A raiva escapou por suas sílabas.

O comportamento de Zemo era invasivo e com certeza nada casual, ele tinha feito de propósito, estava colhendo informações caso tivesse que usá-las contra Makayla e Bucky em um momento mais oportuno.

Um momento com aquele.

Por um instante Makayla cogitou não ceder e encarar as consequências dessa decisão...

— Vocês são adoráveis, fazem mesmo um lindo casal. Então não me obrigue a atirar, você quebra sua promessa e, o pior, pode imaginar como James ficaria? Quão devastadora sua morte seria para ele? — Zemo discursou, pintando um doloroso cenário nos olhos de Makayla. — Provavelmente o pobre James se culparia para sempre, o homem que ele soltou terá sido o responsável pelo tiro fatal, ele nunca se recuperaria ou se perdoaria por isso e, o pior... acho que sua mãe também jamais perdoaria ele.

A jovem encarou a arma, enquanto absorvia a certeza de que levar aquele tiro seria a pior coisa que poderia fazer com Bucky...

Pensou que talvez pudesse tentar uma das técnicas do Soldado Invernal para tirar o objeto de Zemo, porém ela sabia que, se errasse, o Barão atiraria.

Ele tinha matado um rei e várias outras pessoas inocentes só para incriminar Bucky no intuito de chegar a Steve, é claro que ferir uma garota qualquer, para interceptar vinte doses do super soro, não seria grande coisa...

O colete de Lemar não seria muito útil se ela levasse um tiro na cabeça.

Se Makayla não cedesse acabaria por machucar Bucky, e Zemo fugiria do mesmo jeito, com certeza uma algema não o impediria. Então a única chance da jovem era fazer o que o Barão estava mandando e torcer para que ele realmente quisesse apenas pegar Karli e não fugir de vez.

— Você é uma cobra, Zemo. Igualzinho a Feiticeira Branca. — A jovem declarou, enquanto abria as algemas com as chaves que Walker deixara com ela.

— Muito obrigado. — O homem sorriu como se tivesse recebido um elogio e então apontou o caminho para Makayla. — Podemos?

Eles seguiram para o lado oposto que os rapazes tinham ido, descendo uma escada estreita e cortando corredores escuros. Zemo sempre com a arma em punho, atento a qualquer coisa ao redor e Makayla pensando em uma forma de impedir tudo aquilo de acabar da pior forma possível.

— Sabe, estou curioso; nessa analogia de Narnia você seria o Edmundo e o Bucky o Manjar Turco? — O Barão questionou casual, mas foi possível notar um certo deboche em sua voz.

— Não enche o saco. — Makayla retrucou apenas, nada inclinada a entrar em joguinhos mentais com o Sokoviano.

Já o tinha subestimado uma vez, não cometeria esse erro novamente.

Desceram outro lance de escadas, seguiram por mais um corredor, aquele lugar se assemelhava a um labirinto, porém Zemo parecia saber exatamente para onde estava indo. Ele empurrou uma porta de ferro e os dois entraram em uma saleta feita de tijolos que servia de depósito, cheia de maquinário e tubulação metálica típica daquelas instalações.

Makayla ouviu outra porta ser aberta no ambiente e Zemo olhou para ela por um segundo pedindo silêncio. Ambos deram um passo para a esquerda, entrando em um pequeno corredor limitado pelos tubos de metal e, como se o Barão tivesse planejado assim, deram de cara com Karli Morgenthau...

Os olhos azuis cinzentos de Makayla focaram na líder dos Apátridas, ela nunca tinha visto Karli antes, a não ser por fotos mal tiradas na internet, sempre com a máscara que era marca registrada do grupo. Ela era só uma garota.

Devia ser ainda mais nova que Makayla, os cabelos ruivos encaracolados e o rosto cheio de sardinhas. Praticamente uma criança ainda... E Zemo sequer pensou antes de dar o primeiro tiro.

Foi possível ver o medo alagar os olhos da ruiva antes que ela corresse para o lado oposto. Apenas uma garota assustada.

Zemo deu outro tiro e outro, enquanto avançava sem hesitar, a menina pulou por cima de alguma coisa e o som de vários objetos caindo no chão se espalharam por toda parte. Makayla só conseguiu processar um fato naquele instante. Karli era apenas uma garota ainda, tão assustada e perdida que, mesmo com todo aquele poder nas veias, ela não lutou contra o Barão. E ele a mataria sem pensar.

Makayla apenas agiu, correu de encontro a Zemo que estava de costas e o empurrou para o lado antes que ele desse o tiro fatal. Ela tropeçou em algo no chão e cambaleou para frente, o que a colocou em campo aberto....

Diversos frascos azuis chamaram a atenção do Barão, mas o que prendeu os olhos de Makayla foi todo o vermelho vertendo da barriga de Karli, que estava encolhida atrás de uma mesa.

Os olhos das duas se encontraram e, contra toda a lógica, Makayla se aproximou, já tirando a camisa que usava por cima da regata e por baixo do colete.

— Não vou te machucar... — Ela disse, erguendo as mãos quando viu que Karli estava prestes a reagir. — Você está sangrando, eu posso ajudar.

Ela se abaixou ao lado da ruiva, já colocando a camisa sobre o ferimento e fazendo pressão, notando que embora não sangrasse tanto quanto uma pessoa normal, o soro realmente não fazia da líder dos Apátridas invulnerável ou mais resistente a tiros, como Bucky e Steve.

Enquanto isso, Zemo pegou um dos pequenos frascos azuis, a arma ainda em punho, mas sua atenção presa ali, ele fez uma pergunta retorica a Karli e a reação da ruiva foi toda a resposta que o Barão precisava.

Aquele era o soro que ela havia roubado do Mercador do Poder.

Zemo jogou o primeiro frasco no chão, pisando sobre ele, e então sobre outro e outro.

— Não! — Karli tentou se levantar.

— Você não quer morrer por aquilo... — Makayla apertou um pouco mais o ferimento e a dor fez com que a ruiva permanecesse no mesmo lugar, enquanto cada frasco de soro era sistematicamente destruído.

O cérebro de Makayla trabalhava depressa, tentando encontrar uma saída para aquela situação, porque é claro que assim que Zemo terminasse sua tarefa ele atiraria em Karli outra vez, e a garota ruiva estava assustada demais com o ferimento e com o soro sendo destruído para reagir. O que talvez fosse uma coisa boa, porque ela poderia quebrar o pescoço de todo mundo ali com uma só mão se quisesse.

Makayla cogitou enrolar os dois o máximo que pudesse, talvez Bucky e Sam chegassem e tudo se resolvesse sem mortes, porém, nem bem esse pensamento tinha se estabelecido em sua mente e a mesma porta, uma que ficava no topo das escadas, se abriu.

Infelizmente não era Bucky ou Sam e sim outro Apátrida...

Assim que viu o reforço a postura de Karli mudou totalmente para a pura obstinação. Ela agarrou o pulso de Makayla e se colocou de pé.

— Você vai vir comigo. — Declarou apenas, puxando a morena escada acima, logo sendo amparada por seu companheiro.

Makayla tentou se soltar, mas eram dois super soldados, ela sequer tinha chances.

Zemo percebeu a movimentação e saiu de sua obstinação cega para destruiu o soro, olhou para cima a tempo de encontrar as íris azul-cinzentas e até tentou intervir dando mais um tiro, porém os Apátridas já haviam passado pela porta de ferro levando Makayla com elas.

Enquanto era arrastada para longe a jovem teve apenas uma certeza. Tinha feito uma grande merda.

De novo...



Se tá ruim pra gente, imagina pra Makayla que vai ajudar alguém e acaba sendo sequestrada pela segunda vez em menos de uma semana? kkkkkkkkkkkk

É claro que a aparição do John seria o ponto de partida para várias merdas... E agora? 

Tô curiosa, como vocês acham que o Bucky vai reagir de saber que a Makayla foi levada pela Karli? 

Saberemos sábado que vem... 

Beijos e até!

Continue Reading

You'll Also Like

5.8K 585 6
Arabella Stilinski é a filha de Noah Stilinski e Cláudia Stilinski, e irmã gêmea de Stiles. A garota é considerada inteligente, bonita e popular, pri...
22.9K 2.9K 14
⭑ุ˚. 𖠨 𝐓𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐖𝐈𝐋𝐋𝐈𝐀𝐍𝐒 𝐒𝐄𝐌𝐏𝐑𝐄 𝐓𝐄𝐕𝐄 a mera sensação de que o universo sempre conspirou si, como ela tinha certeza disso? Tudo c...
7.2K 744 7
TOM RIDDLE Now this might be a 𝗺𝗶𝘀𝘁𝗮𝗸𝗲 I still 𝗯𝗲𝗹𝗼𝗻𝗴 with you Anywhere you, anywhere you are...
3.1K 274 11
O que você faria se você e um de seus irmãos fossem mordidos por algo desconhecido? Qual seu irmãosacredita ser um lobo mesmo você sabendo que é quas...