Maia
Me sentei passando as mãos em meus cabelos, respirei fundo e fechei os olhos. Aos poucos fui sentindo a droga entrar em meu sangue me trazendo a sensação intensa do êxtase.
Parecia que só tinha eu ali, tudo sumiu em um passe de mágica. As pessoas, o som, a gritaria....tudo!
Abri meus olhos vendo a movimentação, sentia que não estava presente, a sensação foi aumentando e acabei rindo sozinha comigo mesmo curtindo minha vibe.
Henrique- Caralho Maia que porra você fez?- Parou a minha frente segurando meu rosto.
Mas eu estava tão fraca que não conseguia nem abrir a boa para falar, sua voz estava distante e tudo parecia rodar feito uma montanha russa.
Diego-Vamos levar ela embora- Ouvi sua voz mas não o vi.
Henrique- O pai vai matar a gente sabia? Porra garota não sabe se controlar não?
Senti ele me puxar pelo braço e me levantar, eu quase caí se não fosse ele me pegando no colo.
Dali em diante tudo passou feito um vulto, não me lembro do que aconteceu, a onda bateu forte e só me lembro de rir e ver coisas que não sabia se era real ou não.
Quando acordei no dia seguinte enjoada e com dor de cabeça, levantei do cama cambelando onde mal conseguia abrir os olhos.
Levei uma bela de uma bronca dos meus pais, eles realmente estavam nervosos com o que aconteceu. Eu confesso que exagerei também, usei mais que o normal.
Marina- Não foi para a faculdade?- Me encarou enquanto desmontava a arma.
Maia- Não, estou quase morrendo- Resmunguei deitando minha cabeça em cima do balcão sentindo minha cabeça latejar.
Marina- Bem feito, quem manda ser otária- Deu de ombros e revirei os olhos.
Lívia- Oi meninas- Chegou toda sorridente
Maia- Esse seu bom humor logo de manhã me irrita as vezes
Marina- E aí gata, qual a boa de hoje?- Perguntou voltando a montar a arma
Lívia- Nada de interessante, mesma chatisse de sempre-Suspirou
Maia- Já tem uma companhia para a festa?- A encarei e ela negou- Nem eu...
Lívia- Vamos juntas, nós duas?-Deu um sorrisinho sugestivo
Maia- Tá falando sério?.
Lívia- Claro, já que a gente não tem com quem ir- Deu de ombros.
Maia- Caralho esse é o nível de encalhada que estamos?
Marina- Eu convidei um amigo meu para ir, pelo menos não vou sair como a encalhada do rolê que nem vocês- Deu risada
Lívia- Desde que tenha alguém pra mim pegar lá, eu vou com qualquer pessoa.
Maia- Se eu não der para alguém, eu vou ficar pistola véi.
Marina- Vocês são tão dramáticas- Balançou a cabeça rindo.
Murilo- E aí meninas, tudo bem-? Empurrou a porta e foi entrando.
Baita homem gostoso esse, tia Helena que seu sorte.
Liz- Oi- Sorriu entrando atrás.
Maia- E aí gatinha- Sorri- Oi tio.
Lívia- Oi...
Marina- Oi...
Murilo- Esta pronta para começar Marina?- Tirou a jaqueta e pegou uma caixa com as armas dentro.
Vou nem olhar demais que já é pecado.
Maia- To caindo fora- Digo me levantando e fui andando até onde Liz estava
Lívia- Quer vir com a gente? Ficar aqui escutando tiro não é muito agradável.
Liz- Pode ser- Sorriu.
Saímos dali e fomos tomar um sorvete, depois nos sentamos na pracinha e ficamos conversando.
Me levantei indo até o lixo jogar meu copinho fora quando vi Eduardo passar parecendo com um pouco de pressa. Subiu o morro e entrou na salinha do Marcelo
Resolvi não dar tanta atenção e voltei para o lugar.
....
Terminei de copiar a matéria que perdi por não ter ido para a aula hoje e sai do meu quarto para comer algo. Quando desci as escadas escutei um murmurinho
Eduardo estava encostado na parede com uma expressão bem séria enquanto meu pai falava alguma coisa.
Quando notaram minha presença ficaram quietos e mudaram de assunto. Meu pai ainda estava bravo comigo e não me deu muita atenção.
Deu um toque no braço do Edu e saiu andando, ainda sem entender o encarei confusa.
Maia- O que está acontecendo?- Perguntei curiosa.
Eduardo- Nada que seja da sua conta- Disse seco.
Maia- Não precisa falar assim, só perguntei na boa- Revirei os olhos
Eduardo- Da próxima não pergunte então- Respondeu no mesmo tom.
Maia- O que você tem em?- Já estava ficando nervosa- Você não me tratava assim antes.
Eduardo- O que? Não está acostumada com as pessoas não babando seu ovo?- Cruzou os braços.
Maia- Que ridículo isso, não tem nada a ver- Bufei- Só é estranho porque até ontem estava me perturbando todo apaixonado e agora está me tratando assim?
Eduardo- Todo apaixonado?- Me encarou e deu uma risada sarcástica- Eu nunca fui apaixonado por você, isso não passava de vontade de fuder.
Maia- Você acha que eu vou acreditar nisso?- Digo séria e vejo ele se aproximar aos poucos.
Eduardo- Acredite no que quiser Maia, eu já consegui o que queria. Então no me importa o que acha ou deixa de achar, eu não ligo- Disse baixo em meu ouvido.
O encarei sentindo meu rosto ferver de raiva, quando me dei conta minha mão estava ardendo com o tapa que dei em seu rosto.
Maia- Escuta aqui Eduardo- O puxei pela camisa- Você acha que me usou? Você está muito enganado, eu só dei pra você para experimentar, você quem foi emocionado demais. Eu posso ter o homem que eu quiser, e você não é um deles, um froxo como você só fez parte da minha lista.
Eduardo- Faça bom aproveito dos seus homens então-Segurou meus pulsos- Quem sabe um dia um deles não te veja apenas como uma garota facinha.
Ele me afastou e saiu andando, escutei a porta bater e continuei parada onde estava. Senti uma dor na boca do estômago e um nó na garganta
Me encostei na pia e passei a mão no rosto limpando uma lágrima que escorreu desobediente.
Henrique apareceu bem na hora e me encarou confuso, fui até ele e o abraçei. Senti seus braços me envolver por inteira em um aconchego bom.
Apesar das desavenças, sinto uma conexão muito forte com ele.
....
Raissa- Será que você pode não me responder com sarcasmo pelo menos uma vez?
Danilo- Será que você pode não me fazer perguntas estúpidas pelo menos uma vez?
Maia- Aí gente, já chega- Revirei os olhos.
Liz- Está tudo bem?- Perguntou colocando a mão em meu braço.
Maia- Sim, está- Sorri fraco.
Gabriel- Vocês tem que parar de me fazer de garçom-Chegou carregando nossos lanches.
Diego- Você faz porque quer-Disse simples apagando seu cigarro.
Henrique- Para de falar e passa isso pra cá, tô na maior larica- Foi puxando o prato.
Marina- Não vai comer?- Me olhou
Maia- Já comi antes de sair de casa, não estou com fome-Enchi meu copo com cerveja e começei a beber
Não estava a fim de conversar nem comer, queria só ficar na minha de boas.
Quando todo mundo terminou de comer pegamos rumos diferentes, fui andando na frente e meus irmãos atrás conversando.
Maia- Podem ir para casa, eu vou passar em um lugar- Parei me virando para eles.
Henrique- Que lugar?- Cruzou os braços
Diego- Já está tarde, você vai pra casa- Falou sério.
Maia- Eu já sou maior de idade, e não devo satisfação a vocês. Então eu não vou pra casa, vou passar em um lugar, já disse.
Henrique-Deixa de ser otária e vamos logo pra casa- Apontou morro a cima.
Maia- Não enche porra. Já disse que não vou agora - Bufei e sai andando, escutei eles me chamarem mas não liguei.
Passei pelo beco e me certifiquei de que não estava sendo seguida, parei na beira do lago e peguei meu celular mandando uma mensagem.
Inclusive tinha um monte dos meus irmãos, mas ignorei.
Não demorou muito e ele chegou, sem dizer uma palavra tirou um saquinho de balinha do bolso e me beijou.
Maia- Chegou rápido- Digo puxando o saquinho da sua mão.
Oliver- Pra você eu estou sempre disponível- Esticou a mão e lhe dei a grana.
Maia- É assim que eu gosto- Sorri e tirei uma do saco e coloquei na boca
Ele me beijou novamente e senti a bala se desmanchar de baixo da minha língua. Passei minhas mãos por seu pescoço e ele foi descendo a sua por minha cintura até minha bunda
Estava tudo gostoso até sentir um solavanco e ele foi jogado no chão com o rosto sangrando.
Maia- O que você está fazendo?- Gritei nervosa.
Eduardo- Você fica na sua- Apontou o dedo pra mim e veio na minha direção e segurou meus braços com certa força- O que pensa que está fazendo comprando drogas desse filho da puta?
Maia- Isso não é da sua conta caralho- O empurrei e vi Oliver se levantar.
Ele nos olhos meio sem jeito e nervoso e foi andando na direção da rua até sumir de vista.
Eduardo- Vai se foder, que merda é essa Maia?.- Bufou- Vai ficar usando drogas agora até virar a porra de uma viciada é?
Maia- Se for não te diz respeito, você entendeu? Eu não te devo satisfação de merda nenhuma. Quem você pensa que é? Em caralho?
Eduardo- Escuta aqui, não vou deixar que fique enchendo a porra do cara de drogas- Voltou a me segurar pelos braços com força
Maia- E você vai fazer o que em? Não temos nada e você não é meu pai, então cuida da merda da sua vida- Bati a mão contra seu peito.
Eduardo- Se não parar, eu vou contar para o Pesadelo e eu tenho provas muito boas para isso- Me colocou contra a árvore e segurou meu rosto fazendo eu lhe encarar- Pode me odiar o quanto quiser, não vou deixar que faça isso com você mesma
Maia- Vai se foder- Digo pausadamente- Até hoje mais cedo você só me achava mais uma, e agora quer vir dar um de super mocinho preocupado comigo? me poupe vai.
Eduardo- O aviso está dado, não me faça repetir duas vezes-Me soltou e deu um passo atrás- Eu sempre vou estar de olho em você, não se esqueça disso.
Vi o saco de bala ir parar no meio do rio e ele ir na direção oposta me deixando sozinha ali
Maia- Ah, merda-Bufei chutando a árvore- Aí porra..
Apertei as mãos tentando extravasar meu nervoso. Nunca senti tanta raiva de alguém na minha vida como sinto dele agora.
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