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By catratonks

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π˜πŸ’: Quidditch World Cup
π˜πŸ’: The Triwizard Tournament
π˜πŸ’: The Four Champions
π˜πŸ’: Potter Stinks
π˜πŸ’: The First Task
π˜πŸ’: Will You Dance With Me?
π˜πŸ’: Yule Ball
π˜πŸ’: The Golden Egg
π˜πŸ’: The Second Task
π˜πŸ’: The Third Task
π˜πŸ’: Everything Changes
π˜π„π€π‘ π…πˆπ•π„
π˜πŸ“: Grimmauld Place
π˜πŸ“: The Silver Dress
π˜πŸ“: The Prank
π˜πŸ“: Dolores Umbridge
π˜πŸ“: Firefly Conversations
π˜πŸ“: Harry, My Harry
π˜πŸ“: The Astronomy Tower
π˜πŸ“: The High Inquisitor
π˜πŸ“: The Revenge
π˜πŸ“: The Reunion
π˜πŸ“: Midnight Talking
π˜πŸ“: Dumbledore's Army
π˜πŸ“: Weasley Is Our King
π˜πŸ“: Love Potion
π˜πŸ“: Nightmares
π˜πŸ“: Holly Jolly Christmas
π˜πŸ“: Maddie's Birthday Party
π˜πŸ“: Happy New Year!
π˜πŸ“: Fireworks
π˜πŸ“: Draco Malfoy
π˜πŸ“: Honeycomb Butterflies
π˜πŸ“: Expecto Patronum
π˜πŸ“: The New Seeker
π˜πŸ“: Breakdown
π˜πŸ“: A Whole New Perspective
π˜π„π€π‘ π’πˆπ—
π˜πŸ”: Horace Slughorn
π˜πŸ”: The Burrow
π˜πŸ”: Weasley's Wizard Wheezes
π˜πŸ”: August 11th
π˜πŸ”: Back to Hogwarts
π˜πŸ”: Amortentia
π˜πŸ”: The Quidditch Captain
π˜πŸ”: Draco?
π˜πŸ”: Falling Apart
π˜πŸ”: The Bookstore of Mysteries
π˜πŸ”: The Curse
π˜πŸ”: Slug Club
π˜πŸ”: Champagne Problems
π˜πŸ”: Dirty Little Secret
π˜πŸ”: Sign Of The Times
π˜πŸ”: Road Trip
π˜πŸ”: Whispers and Secrets
π˜πŸ”: Shopping Day
π˜πŸ”: Rufus Scrimgeour
π˜πŸ”: The Hunt
π˜πŸ”: Valentine's Day
π˜πŸ”: Quidditch Disaster
π˜πŸ”: Sixteenth Birthday
π˜πŸ”: Liquid Luck
π˜πŸ”: Sectumsempra
π˜πŸ”: The Cave
π˜πŸ”: What Starts, Ends
π˜π„π€π‘ 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍
π˜πŸ•: The Seven Potter's
π˜πŸ•: The Birthday Party
π˜πŸ•: The Wedding
π˜πŸ•: The Murderer
π˜πŸ•: September 1st
π˜πŸ•: The Sins Of Tragedy
π˜πŸ•: Body and Soul
π˜πŸ•: Slytherin's Locket
π˜πŸ•: The Depths Of Fall
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π˜πŸ•: Godric's Hollow
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π˜πŸ•: Bellatrix's Vengeance
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π˜πŸ•: The Boy Who Lived
π˜πŸ•: When Nightmares Come to Life
π˜πŸ•: Blood And Bone
π˜πŸ•: Voids
π˜πŸ•: Death Comes
π˜πŸ•: Sunflowers
π˜πŸ•: Turning Page
π˜πŸ•: Intertwined Fates
𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐀𝐑
I. Surprises
II. Soft Kisses And Bad Dreams
III. Death's Lullaby
IV. WARNING: DANGER!
V. Hunting Season
VI. The Corner Of The Lost Souls
VII. The Letter
VIII. Sex On The Beach

π˜πŸ’: Truth Or Dare

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By catratonks

— Rita Skeeter ataca novamente — comentei, atirando a mais nova edição do Profeta Diário sobre a mesa. — Deem uma olhada. 

Harry, Ron e Hermione inclinaram as suas respectivas cabeças para observar o que estava escrito nas primeiras linhas daquela matéria potencialmente arrasadora. 

A MÁGOA SECRETA DE HARRY POTTER

Ao que parece, a vitória de Cedric Diggory na Segunda Tarefa não foi o único acontecimento que o Torneio Tribruxo proporcionou.

Hermione Granger, uma típica aluna do quarto ano que possui fortes vínculos com o famoso Harry Potter, foi vista com o garoto diversas vezes após a Primeira Tarefa, quando ele obteve nota máxima após uma excelente captura do ovo de ouro; e especula-se que a menina esteja vinculada a um dos segredos mais íntimos e dolorosos do campeão do Torneio Tribruxo mais jovem da história do Mundo Mágico.

Um garoto excepcional, talvez — mas um garoto que sofre com as mágoas comuns da adolescência. Privado do amor dos pais e obrigado a lidar com os holofotes indesejados devido a um passado trágico, Harry Potter procurou refúgio nos braços da amiga (uma das mais inteligentes da sua classe, segundo informações de primeira qualidade).

Entretanto, ele definitivamente não estava esperando que uma das suas amigas mais próximas estivesse tentando interferir no seu relacionamento recente com uma das alunas mais populares da escola. Além disso, a Srta. Granger também foi flagrada diversas vezes com Fleur Delacour (campeã de Beauxbatons) e Vitor Krum (campeão de Durmstrang); e isso prova que a garota se diverte ao brincar com os sentimentos dos outros.

Contudo, os efeitos naturais de Hermione Granger se provaram duvidosos nesse quesito.

"Ela é realmente feia, mas é inteligente" diz Pansy Parkinson, aluna do quarto ano. "Por outro lado, a Granger é bem capaz de preparar uma boa Poção do Amor. Acho que foi isso o que ela fez".

Nós, os editores e coprodutores do Profeta Diário, não podemos imaginar como o nosso jovem Harry deve estar se sentindo. Esperamos que Alvo Dumbledore tome medidas a respeito do uso indevido da Poção do Amor nas dependências da escola e que Harry Potter tome mais cuidado da próxima vez que for aceitar bebidas de um estranho (ou alguém não tão estranho assim).

— Não — exclamou Ron. — Absolutamente não. Sem chance.

— Ela realmente escreveu uma matéria sobre...? — perguntou Harry de olhos arregalados. — Meu Deus.

Hermione suspirou pesadamente e colocou a folha de jornal sobre a mesa.

— Isso tudo tem um cheiro terrível de problemas — disse ela. — O Sirius vai surtar.

— O que te faz pensar isso?

— Não é óbvio? Segundo a notícia, a garota que supostamente está namorando o Harry é você, S/N.

Abri e fechei a boca diversas vezes, tentando assimilar o que ela acabara de dizer, e senti que parte do sangue do meu corpo subiu para a região das minhas bochechas. Harry sorriu e me olhou descaradamente, rindo da minha reação; e Ron olhou de um lado para o outro como se não estivesse entendendo absolutamente nada.

— Por que eu sinto que tem algo que vocês sabem que eu não sei?

Coloquei uma mecha de cabelo para trás da minha orelha.

— É impressão sua — falei. Depois, tentei mudar de assunto. — Mas como ela sabe dessas coisas? Não tem como a Skeeter saber sobre as suas relações pessoais sem entrar nos terrenos da escola, Hermione.

— Ainda estou trabalhando nisso — disse ela. — Vou descobrir algum podre sobre a Rita Skeeter e usá-lo contra ela. Ah, se vou.

— Eu só... Eu não entendo — comentei. — Eu falei muito mais para ela do que você, Hermione, mas a reportagem não fez críticas negativas a mim.

— Você é uma McKinnon Black — respondeu Hermione. — A Rita Skeeter não se atreveria a mexer com você duas vezes, especialmente depois das ameaças do seu pai. Foi por isso que a matéria não citou o seu nome, S/N.

— É, eu sei que eu sou incrível — falei enquanto penteava o meu cabelo para trás com uma das mãos. — Mas se ela achou que isso vai impedir o meu pai de fazer alguma coisa, então ela está muito enganada. O Harry é o afilhado dele e mora com a gente, e literalmente todo mundo sabe disso.

Nesse momento, centenas de corujas entraram no Salão Principal para a entrega do correio matinal e, como sempre, Edwiges pousou no ombro de Harry com a nossa correspondência amarrada a uma das pernas.

Peguei um dos envelopes que foram endereçados a mim e desdobrei o papel de carta.

Querida S/N,

Sirius e eu acabamos de ler a nova reportagem da Rita Skeeter, e eu vou ser honesta quando digo que ele está louco de raiva.

Para você ter uma noção, tive que esconder a varinha dele para impedi-lo de aparatar a fim tirar satisfações com a Skeeter e o próprio Dumbledore; então ele está xingando o barman do Caldeirão Furado quase cinco minutos.

Estamos no Beco Diagonal, por sinal. A equipe de aurores estava fazendo uma ronda na Travessa do Tranco, mas convenci o Sirius a parar para tomar um pouco de vinho. Achei que ele estava precisando.

De qualquer forma, vou aproveitar para comprar o seu presente de aniversário; mas confesso que não faço a mínima ideia do que dar a você. Prometo que não será um par de meias <33

Maddie.

Virei-me para mostrar a carta aos meus amigos, mas a quantidade de envelopes e corujas que estavam dispostos sobre a mesa me surpreendeu.

— São cartas dos leitores do Profeta Diário — explicou Ron enquanto abria um dos envelopes. — Esse aqui, por exemplo, diz que a Hermione é uma... Pelas barbas de Merlin!

— Isso não é nada bom — disse a garota. — Ah, olhem. Mais corujas.

De fato, pelo menos dez outras corujas entraram voando pelas janelinhas superiores do castelo e deixaram cair sobre a mesa mais e mais cartas de todas as cores e tamanhos. Havia um berrador, inclusive; mas Harry e eu nos apressamos para nos livrar dele.

Considerando que foi publicada ainda naquela manhã, a matéria teve uma repercussão muito maior do que eu esperava. A única coisa que eu não entendia, porém, era o motivo pelo qual os leitores do Profeta se importavam tanto com notícias que claramente não eram verdadeiras. E, mesmo que fossem, não acho que o assunto era da conta de pessoas que não tinham nada a ver com as nossas vidas.

Em certo momento, Hermione soltou um grito de dor.

Um dos envelopes que ela abrira continha uma espécie de poção ou encantamento que fez com que as mãos dela começassem a ficar muito vermelhas e cheias de bolhas. Ron e eu entramos em desespero e tentamos pensar em alguma solução plausível para o problema, mas não veio nenhuma. Sinceramente, eu era a pessoa menos indicada para resolver qualquer coisa numa situação de extremo desespero.

Harry, por outro lado, simplesmente encarou as mãos dela por uns cinco segundos, provavelmente tentando processar o que acabara de acontecer, e sugeriu que fôssemos até a Madame Pomfrey.

Como tínhamos dois tempos de Defesa Contra as Artes das Trevas há exatos dez minutos, Ron se ofereceu para acompanhá-la até a ala hospitalar. Não gostei muito de ficar por fora do que estava acontecendo, mas concordei porque o Harry e eu (principalmente eu) já tínhamos problemas demais com o Prof. Moody.

Era algo bastante inexplicável, para falar a verdade, porque o nosso novo professor não tinha nenhum motivo para não gostar de mim do jeito que ele aparentava fazer. É claro que eu não era nenhum santo e que ele provavelmente não gostara nada da pegadinha que fizemos na noite do Baile de Inverno, mas acabei decidindo que não ligaria muito para isso porque os meus pais costumavam dizer que o Moody nunca foi uma pessoa cem por cento normal. Ele simplesmente não ia com a minha cara, e pronto. Não havia o que fazer.

Eu não gostava muito dele, mas tinha que admitir que o homem era muito bom no que fazia — e, se não fosse, então era um excelente ator.

De qualquer maneira, fiquei muito feliz com o fato de que Ron e Hermione voltaram a conversar normalmente após a Segunda Tarefa. Não houve um pedido de desculpas próprio ou algo do gênero; eles simplesmente voltaram a se falar como se nunca houvessem feito algo diferente disso.

Eu gostava de acreditar que tudo ficaria bem.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

Nos dias que se seguiram, Hagrid voltou a lecionar Trato de Criaturas Mágicas e Hermione recebeu outras dezenas de cartas dos leitores do Profeta Diário. Dessa vez, porém, a garota procurou pensar duas vezes antes de abrir qualquer uma delas.

O ser humano pode ser absurdamente mau quando tem vontade e a minha melhor amiga estava sofrendo bastante com isso. Várias pessoas passaram a encará-la com outros olhos, inclusive alguns professores e funcionários da escola; então a garota passou a não gostar muito de andar sozinha pelos corredores do castelo.

Até mesmo a mãe de Ron pareceu acreditar no que a reportagem de Rita Skeeter dizia, porque a garota foi a única de nós que não ganhou os famosos chocolates da Sra. Weasley, no feriado da Páscoa.

Hermione tentava não demonstrar, mas eu percebia que ela estava muito mal com o que estava acontecendo recentemente. Tentei me esforçar ao máximo para deixá-la feliz na medida do possível e dividi com ela os doces que eu ganhara dos meus pais durante o feriado.

Cedric e eu nos aproximamos mais, também. Não acho que a Cho gostava muito da nossa relação porque eu percebia que ela tinha muitos ciúmes do namorado, mas eu sempre fiz questão de deixar claro que nós éramos apenas amigos.

No geral, a rotina era a mesma quase todos os dias. Não havia nada de tão interessante para fazer durante o dia além de comer apressadamente e participar das aulas durante a manhã e parte da tarde, mas eu gostava de conversar com os meus amigos.

Assim, o quinto dia de abril chegou.

Acordei por volta das oito da manhã porque sempre tive o costume de me levantar relativamente cedo no dia do meu aniversário e encarei a pilha de presentes que descansava aos pés da minha cama. Decidi que os abriria mais tarde. Vesti uma roupa confortável, penteei os meus cabelos e desci as escadas do dormitório feminino.

Como o feriado da Páscoa costumava envolver o meu aniversário, os corredores e terrenos da escola se mostravam tranquilos. Normalmente, Harry e eu íamos para casa nesse período; porém, devido ao trabalho dos meus pais, concordamos que seria melhor passar a temporada em Hogwarts.

No Salão Principal, juntei-me a Hermione e Ginny. Elas me desejaram um bom dia e um feliz aniversário enquanto eu sentava no espaço vazio entre elas e começava a passar manteiga num pedaço de torrada.

— Onde estão os outros? — perguntei.

— Provavelmente dormindo — disse Ginny, balançando uma das mãos como se a resposta fosse óbvia. — Você sabe como eles podem ser preguiçosos, S/N.

Ao escutar aquelas palavras, acabei lembrando de algo que havia acontecido há cerca de dois dias, quando Luna (uma amiga da Corvinal) e eu estávamos andando pelos corredores do castelo após o toque de recolher.

— Falando em dormir — comecei. — Adivinhem o que eu descobri recentemente.

— Adivinhar é o caralho, pode ir contando tudo — comentou a ruiva enquanto cruzava as pernas e demonstrava interesse pelo assunto.

Revirei os olhos e assenti.

— Sabem o Filch? — perguntei. — Então... A Luna e eu descobrimos que ele tem uma paixão platônica pela Madame Pomfrey.

— Ah, disso eu já sabia — disse Hermione. — É meio óbvio.

— Só se for para você! — exclamou Ginny. — De qualquer maneira, se ela corresponder, eu vou ficar muito decepcionada. Ela ganharia mais se apaixonando por um fantasma, Hermione.

— Talvez, mas não é como se fosse possível mandar no próprio coração. Além disso, quem nunca teve uma paixãozinha platônica por alguém?

Ergui as sobrancelhas e lancei um sorrisinho malicioso a ela.

— Isso quer dizer que você está apaixonada por alguém? Por algum garoto ruivo e muito irritante, para ser mais exata?

— N-não, é claro que não! — ela se apressou em dizer. — Eu nunca disse isso.

— Gaguejou, perdeu o argumento — cantarolei. — Vou começar a planejar a festa de noivado hoje mesmo.

— Eu não... Você está fugindo totalmente do assunto — reclamou ela. — Além disso, você não está em posição para dizer nada. Não era você quem estava morrendo de amores pelo Harry? Pelo que eu me lembro, vocês até se beijaram uma vez.

— Primeiramente, eu não estou negando nada, estou? Segundamente, o que eu sinto pelo Harry não é platônico — falei, tentando disfarçar o sorriso sem graça que apareceu no meu rosto. — E, pelo que eu me lembro, foram três vezes.

Três?!

Ops. Tantas coisas aconteceram num intervalo de tão pouco tempo que eu havia me esquecido completamente de atualizá-la sobre o assunto.

— Você beijou o Harry? — perguntou Ginny com um certo desapontamento na voz. Não entendi o porquê disso, mas supus que foi algo do momento.

— Na verdade, foi ele quem me beijou.

Então expliquei a elas sobre a noite em que Harry e eu fomos até o banheiro dos monitores para desvendar a pista do ovo de ouro e atualizei Ginny sobre os acontecimentos do Baile de Inverno.

— Mas e então? — perguntou a ruiva. — Ele beija bem?

— Hã... Ele beija, sim — respondi com um sorrisinho nos lábios. — Com certeza sim.

Hermione me lançou um olhar malicioso e eu soube que ela passaria o dia inteiro me atormentando com isso.

— E você, Ginny? — perguntou a garota.

— O que tem eu?

— Quem é a sua paixão platônica?

Por algum motivo, ela não quis responder.

Durante as horas seguintes, colocamos o assunto das nossas conversas em dia e acabamos decidindo que passaríamos a tarde inteira juntas. Harry, Ron e os outros meninos provavelmente ainda estavam dormindo, então não havia muito o que nós pudéssemos fazer.

Na hora do almoço, Ginny nos contou que tinha um encontro marcado com um tal de Michael Corner. Segundo ela, o garoto era um corvino e aparentava ser legal na medida do possível, mas eu achei que ela ainda parecia estar meio insegura quanto a isso. Sugeri que Ginny desse uma chance ao garoto e que tomasse cuidado para não entregar o próprio coração a alguém que não a merecia.

Hermione, por outro lado, disse que conhecia a reputação de Michael Corner bem o suficiente para saber que Ginny deveria tentar não se envolver tanto assim; e eu sabia do que ela estava falando porque havia trocado algumas palavras com ele durante os treinos de quadribol compartilhados entre a Corvinal e a Grifinória (às vezes, Harry me pedia para vê-lo jogar). Dava para notar que o garoto era do tipo que não durava muito tempo num relacionamento sério.

Às três e meia, Ginny sugeriu que fizéssemos algo diferente do que estávamos acostumadas e nos conduziu até a Torre da Grifinória.

Havia apenas algumas pessoas no Salão Comunal quando nós passamos pelo buraco do retrato. Dentre elas, Fred e George, que carregavam uma caixa de papelão imensa e aparentemente muito pesada com as duas mãos.

Quando nos viram, os gêmeos quase deixaram a caixa cair e resmungaram uma dezena de palavrões quando o som de uma garrafa de vidro se quebrando se fez presente.

— O que vocês estão fazendo aqui, Ginevra? — reclamou Fred. — Você tinha um trabalho. Um único e simples trabalho.

— Você está muito estressado para o meu gosto — revidou Ginny. — E eu já disse para não me chamar de Ginevra.

— Nós já estávamos de saída, não se preocupem — respondeu Hermione enquanto nos empurrava escada acima. — Podem continuar seja lá o que vocês estavam fazendo.

Olhei por cima do ombro de Hermione e forcei a vista para tentar enxergar o que estava escrito numa das laterais da caixa que eles estavam carregando. Infelizmente, não consegui ver nada além de um borrão indecifrável.

— Você precisa fazer caligrafia, Fred — falei.

O gêmeo nem tentou se comunicar comigo propriamente: apenas revirou os olhos e correu para ajudar o irmão a posicionar a grande caixa sobre a mesa mais próxima.

— Fred e George estão carregando um lote de garrafas e você se preocupa com o fato de que eles precisam fazer caligrafia? — quis saber Hermione. — Você já parou para pensar que eles podem estar mexendo com coisas erradas?

— Nah, provavelmente é assunto da loja deles — falei.

— É, não se preocupe com isso, Hermione — tranquilizou-a Ginny. — Vindo de Fred e George, um lote de caixas não autorizadas é minimamente normal.

Quando chegamos ao nosso quarto, Ginny pediu para me maquiar.

Enquanto as garotas conversavam sobre quais roupas combinavam melhor com o delineado colorido que ela estava fazendo, me ocupei em finalizar a leitura de Orgulho e Preconceito.

No livro, Lizzie era uma camponesa como outra qualquer que se apaixonou por um homem muito rico e mimado; mas ambos eram orgulhosos demais para ficarem juntos  e criavam mil complicações que nem ao menos existiam. Harry costumava dizer que as utopias do amor sempre foram complexas demais para serem interpretadas por qualquer um, mas eu achava que era simples. Essencial, talvez; mas definitivamente descomplexo.

Hermione anunciou que sairíamos para comemorar o meu aniversário, então acabei optando por um conjunto de calça e blusa pretos. Não era comum que justamente a minha melhor amiga tomasse uma atitude dessas quando o assunto era uma possível quebra das regras escolares, mas decidi não contestar e supus que as garotas já tinham algo em mente. Embora tenha ficado meio chateada com o fato de que os nomes dos meus outros amigos não estavam inclusos na conversa, senti-me grata e feliz.

— Acho que já podemos descer, né? — perguntou Hermione, consultando o relógio.

— Sim, acho que sim.

No momento em que a ruiva abriu a porta, uma música alta começou a tocar do lado de fora. Ela meteu a cabeça na passagem, trocou algumas palavras com alguém que passava por ali e olhou para Hermione e eu logo em seguida.

— Vem, vamos aproveitar a sua festa de aniversário.

Antes que eu pudesse processar o que ela acabara de dizer, a porta se abriu com violência e nós fomos puxadas para fora. Ao invés de tropeçar nos meus próprios pés e sair rolando escada abaixo, porém, um grande escorregador me levou até o chão. As outras garotas acabaram caindo comigo também.

— Quem foi o idiota que tentou subir as escadas do dormitório feminino? — perguntou Ginny enquanto se levantava.

— Foi o Ron — disse Harry, aparecendo do nada. — Ele disse que vocês estavam demorando demais.

Fiquei de pé e olhei para os lados com um sorriso.

O Salão Comunal da Grifinória estava lotado, e isso também incluía pessoas de outras Casas, Fleur e Vitor. Havia uma mesa enorme cheia de comidas e bebidas de todos os tipos, além de uma série de enfeites e luzes coloridas nos tons de amarelo, verde, laranja e azul fluorescentes; grandes bexigas prateadas flutuavam de um lado para o outro, ocasionalmente estourando no ar e provocando uma chuva mágica de confetes; e uma espécie de bancada improvisada descansava num dos cantos do salão, no qual Fred e George ofereciam alguma coisa à multidão que os rodeava.

E então, eu olhei para Harry e Ron, e o meu sorriso cresceu ainda mais. Aquilo era mil vezes melhor do que qualquer presente de aniversário.

— Eu não consigo acreditar que vocês fizeram isso — falei.

— Foi ideia da Hermione — disse Ron. — Brilhante, honestamente. As comidas que Fred e George roubaram da cozinha também estão muito boas.

Hermione, que ficara vermelha devido ao elogio do garoto, recuperou o fôlego olhou desacreditada para ele.

— Eu disse que você não poderia comer até que nós trouxéssemos a S/N, Ronald! Qual é o seu problema?

— Me desculpe, Hermione, mas acontece que eu tenho fome!

— Ei — chamei. — Por favor, não briguem no dia do meu aniversário. Venham aqui, eu quero um abraço.

Os dois se desculparam enquanto eu os puxava para uma espécie de abraço coletivo, e Harry e Ginny se juntaram a nós também.

.˚﹟ 𓂅 ♡ ᵎ ˖ ˙ Ϟ 𐄹 १

— Você tem certeza de que isso é legal?

Harry, Ron, Ginny e eu estávamos com Fred e George próximo ao local em que os gêmeos haviam guardado a grande caixa que nós tínhamos visto ainda naquele dia. Agora, olhando mais de perto e fazendo um leve esforço com os olhos, pude notar que a palavra escrita em tinta preta sobre o papelão da caixa dizia "bebidas".

— Quer experimentar? — perguntou George. — Era para os maiores de idade, mas nós decidimos abrir uma exceção para a nossa aniversariante favorita.

— Eu sou a única aniversariante, idiotas — falei. — E vocês não são maiores de idade, então não há muita justificativa.

Fred balançou a mão como se aquilo fosse um detalhe completamente irrelevante.

— O que os olhos não veem, o coração não sente, irmãzinha.

— Nesse caso, sente sim — disse Ginny. — Isso é álcool, sabiam? Faz mal para o coração.

— Sério? Achei que servia para purificar a corrente sanguínea.

Olhei repetidas vezes para o copo que Fred estava me oferecendo e tentei não pensar duas vezes. Se eu pensasse muito sobre qualquer coisa, provavelmente acabaria num hospício mais cedo ou mais tarde porque a minha mente sempre foi a minha pior inimiga.

Por que não? Só se vive uma vez, né?!

— Eu vou querer, sim.

Harry e Ron me encararam de olhos arregalados.

— Você tem certeza, S/A? — perguntou Harry.

Eu apenas dei de ombros e virei o copo.

Na mesma hora, deixei-o cair acidentalmente e cuspi todo o líquido no chão. Ron arregalou os olhos e Harry me encarou com uma nítida preocupação estampada no rosto.

— O que diabos é isso?

— Faz parte do nosso Kit Mata Aula — explicou George, orgulhoso. — Decidimos que a sua festa surpresa seria uma oportunidade perfeita para testá-la em outros alunos. Não se preocupe, não vai matar você.

— Bem, isso é realmente tranquilizador — revidei. — O que essa coisa faz?

Os gêmeos trocaram olhares e estenderam outro copinho para mim.

— Você não vai querer saber — respondeu George. — Aqui, tome o antídoto.

Encarei os dois, desconfiada, mas achei melhor aceitar; e, novamente, virei o conteúdo do copo e cuspi tudo no chão.

Eles trocaram olhares mais uma vez e começaram a rir descontroladamente.

— É sério, o que é isso que eu estou tomando?

— É água clorada, bocó — disse Fred, mal se aguentando de tanto rir. — Feliz aniversário de catorze anos!

Não vou mentir quando digo que fiquei com muito ódio, principalmente quando Harry, Ron e Ginny começaram a rir também. Ainda assim, peguei outros dois copos que estavam cheios do conteúdo sobre a bancada, torci o nariz numa careta quando senti o cheiro forte do cloro e joguei a água com força no meio do rosto de cada um deles.

Os gêmeos congelaram no lugar em que estavam e pararam de rir no mesmo instante, tentando processar o que acabara de acontecer. Harry, Ginny e Ron, por outro lado, riram com ainda mais entusiasmo.

Não se preocupem. Não vai matar vocês.

Fred piscou algumas vezes para espantar as gotículas de água dos seus olhos.

— Você não sabe a guerra que acabou de começar, S/N — disse ele num tom dramático. — Nós levamos as nossas pegadinhas muito a sério.

— Ah, faça-me um favor — comentei. — Água clorada? É sério? Tenho certeza de que vocês podem ser bem mais criativos do que isso.

— Isso está me soando como um desafio, Fred — comentou o outro gêmeo.

— Eu estava pensando exatamente na mesma coisa, George.

Revirei os olhos e puxei Harry e Ginny para o lado oposto. Ron veio em nosso encalço.

— Você sabe que eles não vão te deixar em paz tão cedo, não sabe?

— Eu sei — cantarolei. — Mas eu também sei que eu levo desafios muito a sério.

Sinceramente, eu não deveria ter dito isso porque, um tempo depois, acabei caindo na minha própria cilada.

Cerca de meia hora mais tarde, quando Ginny, Cedric e Luna simplesmente haviam desaparecido do mapa e Hermione ficava tendo de explicar a cada cinco minutos que a notícia que saíra na última reportagem de Rita Skeeter era falsa, Lilá subiu numa mesa e gritou para todos os que estivessem interessados em ouvir:

— Vamos jogar Verdade ou Desafio!

Harry ergueu as sobrancelhas, Ron deu outra mordida no doce que estava comendo e a multidão comemorou.

É, não tinha jeito. Eu era a aniversariante, então eu teria que jogar.

Algumas pessoas se acomodaram no sofá que ficava de frente para a lareira da Grifinória enquanto outras sentaram no chão. Os gêmeos se encarregaram de conseguir uma garrafa vazia e se juntaram a nós também.

A única coisa que torna o Verdade Ou Desafio trouxa diferente do bruxo é o fato de que nós costumamos usar a varinha para fazer a garrafa se mover. De resto, a ponta mais fina fica voltada para quem pergunta, e a mais grossa para quem responde e cumpre os desafios.

— Tudo bem — disse Lilá. — A S/N começa. Lembrando que não vale mentir ou trapacear. Nós saberemos quando alguém fizer isso.

A garota sorriu sem mostrar os dentes e retirou um pequeno frasco transparente do bolso cujo conteúdo supus ser Veritaserum, a Poção da Verdade. Ah, isso vai ser interessante, pensei. Realmente vai.

Não era todo dia que se via um frasco cheio de Veritaserum pelos corredores de Hogwarts, especialmente sob os olhares afiados de Dumbledore, Minerva e Filch. Por um momento, me perguntei como a garota conseguira transportar uma raridade daquelas para os territórios do castelo.

Soltei um pouco de ar pela boca a fim de aliviar a tensão e encostei a ponta da minha varinha na garrafa de vidro. O objeto tremeu violentamente por um momento e apontou para Parvati e Simas.

— Verdade ou desafio? — perguntou a garota.

— Verdade.

— É verdade que você gosta da Lilá?

A contragosto, Simas tomou um gole da poção.

— Não — disse ele. — Faz um tempo que eu não gosto de nenhuma garota.

Olhei para Harry de soslaio e lancei um sorrisinho malicioso a ele como se dissesse um "eu te falei".

Agora, foi a vez dele. A garrafa girou por alguns segundos e apontou para Ginny e Hermione.

— Verdade ou desafio? — perguntou a morena.

— Desafio.

Hermione sorriu para si mesma com tanta intensidade que eu tive medo do tipo de coisa que ela poderia fazer. Eu sabia que, quando o assunto era jogar conforme as regras, a minha melhor amiga não brincava em serviço.

— Eu te desafio a beijar a Fleur e a S/N — disse Hermione.

Ao meu lado, Ron se engasgou com a própria saliva enquanto Harry arregalou os olhos.

— Como é que é? — perguntou o ruivo. O sorriso de Hermione aumentou.

— Você me ouviu.

Fez-se um silêncio constrangedor.

Eu nunca havia beijado outra garota antes, então fiquei um pouco nervosa. Não que fazer isso com a Ginny fosse muito diferente de com qualquer outra pessoa, mas o medo do desconhecido sempre foi uma arma muito poderosa e mortal.

— Hã... — a ruiva quebrou o silêncio. — Quem vai ser a primeira?

— Esse é o ponto — disse Hermione. — Vocês três vão se beijar ao mesmo tempo.

Atrás de nós, um garoto do sexto ano caiu da cadeira.

— As coisas estão começando a ficar interessantes — disse um quintanista enquanto se apoiava na cadeira mais próxima.

Ele era Córmaco Mclaggen e todos ali sabiam disso; ainda mais considerando o fato de que as garotas com as quais ele se envolvera costumavam dizer que o garoto era simplesmente o estudante mais nojento, galinha e irritante de toda a Hogwarts. Córmaco era do tipo que sabia como deixar as garotas desconfortáveis com um único olhar ao mesmo tempo que sabia como chamar a atenção sempre que sentisse vontade. Não era o tipo de gente que você convidaria para a sua festa de aniversário, mas nós não tínhamos muito controle sobre quem entrava e saía da Torre da Grifinória em pleno feriado.

Harry e Ron estreitaram os olhos ao escutar aquele comentário e o encararam de maneira desacreditada.

Eu não podia culpá-los pela postura protetora numa situação como aquela. Ninguém gosta de pessoas que tiram vantagem de garotas, principalmente quando a menina em questão possui um físico inferior e não tem tanta capacidade de se defender.

Ginny apenas o ignorou e me puxou para onde Fleur estava sentada.

— Tente não surtar — disse ela para mim.

— Eu não vou.

Fleur sorriu de canto enquanto nos puxava com as mãos e conectou os nossos lábios num beijo suave.

A sensação foi bem diferente de quando Harry me beijara pela primeira vez, ou pela segunda, ou terceira. Não houve manifestação de borboletas, nem aquela necessidade urgente de sorrir durante o beijo e puxá-las mais para mim como acontecia quando eu estava com o garoto; e isso me fez ter mais certeza do que nunca de que eu estava completamente apaixonada por ele. De qualquer maneira, porém, foi algo novo e muito gostosinho de sentir.

Quando nos separamos, passei o dedo indicador na parte inferior dos meus lábios e arqueei as sobrancelhas para Ron, que nos encarava boquiaberto. Em seguida, nós três começamos a gargalhar.

— Ok, ok — riu Ginny. — Minha vez.

Dessa vez, ela ignorou a regra da varinha e girou a garrafa com a própria mão.

— Harry e Ron — anunciou. — E o meu irmão pergunta.

— Verdade ou desafio, Harry? — questionou ele.

Hesitante, Harry pensou por um momento antes de responder.

— Verdade — disse.

— Vou fazer uma pergunta fácil, ok? Não precisa responder se não quiser.

— Ele precisa, sim! — exclamou Hermione. — Faz parte das regras, Ronald.

— É, tanto faz — o ruivo falou enquanto balançava a mão num gesto descuidado. — É verdade que você nunca beijou ninguém? Eu sei que é uma pergunta meio pessoal, mas...

— Não.

Ron piscou várias vezes enquanto tentava assimilar o que estava acontecendo. Depois, o garoto abriu a boca e arregalou os olhos como se estivesse profundamente magoado.

— Por que você não me contou? — perguntou ele, indignado. — Você está mentindo, né? Tome a poção, Harry.

Lilá colocou o frasquinho na mão do garoto e ele tomou um gole.

— E então?

— Eu estou falando a verdade.

Algumas pessoas soltaram risadinhas nervosas.

— E quem você beijou?

— Eu não me lembro de isso estar incluso na pergunta principal — disse Harry. Respirei devagar, aliviada por ele não ter dito nada que não deveria, e agradeci a todos os deuses, anjos e fadas que pudessem existir pelas pessoas que estavam entretidas demais na conversa para notar.

Hermione e Fleur olharam para mim com um sorrisinho nos lábios, mas não disseram nada.

Agora, era a vez de Harry girar a garrafa. Com um leve ruído, o objeto tremeu um pouco e parou quase no mesmo lugar em que estava antes.

— Verdade ou desafio? — Fred perguntou a Hermione.

A garota não pensou duas vezes antes de responder.

— Verdade.

Fred lançou um sorriso vitorioso a ela no exato momento em que a minha melhor amiga tomou um gole de Veritaserum.

Eu quase podia ouvir as engrenagens do cérebro dele trabalhando para formular uma pergunta embaraçosa o suficiente para deixar a famosa Hermione Granger de cabelos em pé. Quais eram os segredos avassaladores que a mente da menina mais estudiosa e dedicada daquela escola de magia poderia ter? Todos pareciam prestar atenção, agora.

— É verdade que o seu bicho papão é a Profa. McGonagall dizendo que você zerou em todas as provas?

Harry, Ron e eu tivemos que nos esforçar para não demonstrar que já sabíamos a resposta.

— É — disse a garota entre dentes. Algumas pessoas riram, mas eu achei que essa resposta já era esperada quando o assunto em questão era a minha melhor amiga. — Satisfeito?

Fred assentiu inocentemente.

— Até demais, se quer saber a minha opinião.

Revirando os olhos, Hermione suspirou pesadamente.

— Minha vez.

Os dedos dela se fecharam contra a superfície lisa da garrafa e a fizeram girar com um único impulso. A parte mais fina apontou para a própria Hermione, que sorriu vitoriosa; e as minhas expectativas foram por água abaixo quando a outra extremidade apontou para mim.

Isso não é bom, pensei. Todos ali tínhamos o conhecimento de que ela sabia muito mais sobre mim do qualquer outra pessoa.

— Verdade ou desafio? — a garota perguntou, batendo com as unhas sobre a mesa enquanto esperava por uma resposta.

Engoli em seco e pensei.

Eu sabia que me arrependeria pelo resto da minha vida se escolhesse verdade. Por outro lado, caso a resposta fosse desafio, a possibilidade de acontecer alguma catástrofe era muito maior do que eu poderia provar.

Hermione era a minha melhor amiga há tempo o suficiente para eu saber que ela não faria nada que fosse me prejudicar, mas eu sabia que ela podia ser ardilosa. Se, na cabeça dela, determinada atitude fosse me ajudar a desenvolver uma solução melhor e mais plausível para os meus problemas, então ela não pensaria duas vezes antes de agir.

— Vamos — chamou ela. — Pensar numa resposta não é tão difícil assim.

Ela tem razão, pensei. São apenas duas possibilidades nas quais, em ambos os casos, tudo pode dar errado.

Mordi o lábio inferior e raciocinei, mas não havia muito no que pensar. De certa forma, a resposta já estava na ponta da língua.

— Desafio.

Hermione franziu as sobrancelhas, séria, e proferiu uma série de palavras que eu nunca esperava ouvir saindo da boca dela enquanto o meu coração ainda batesse.

— Te desafio a beijar o seu melhor amigo.

A única coisa que eu fiz foi piscar, atônita.

— Quê?

— Não me faça repetir.

A música que estava tocando chegou ao fim e silêncio tornou-se absoluto.

Eu podia sentir os olhares das pessoas sobre o Harry e eu quase tanto quanto podia sentir o verde dos olhos dele queimando sobre mim, estudando e calculando cada um dos meus movimentos. Apesar de saber que ele não abrira a boca para dizer nada, eu entendia o que aquele olhar queria dizer. Nós já havíamos feito aquilo antes, mas Harry estava perfeitamente disposto para discutir com quem quer que tentasse me criticar caso eu dissesse que não queria beijá-lo.

Mas nós estávamos jogando Verdade ou Consequência, então mentir seria de uma hipocrisia sem tamanho.

Eu queria.

Queria tanto que, dessa vez, fui eu quem tomou a atitude.

Não foi um beijo digno das telas de cinema ou televisão, ou muito menos algo que durasse tempo o suficiente para que as pessoas processassem o que acabara de acontecer: eu simplesmente puxei o garoto pela nuca e conectei os nossos lábios num selinho demorado.

A sensação de borboletas no estômago foi a mesma de sempre e os batimentos do meu coração foram ficando mais fortes e rápidos. Quando nos separamos, sorri.

— O que foi? — perguntei para as pessoas que nos observavam de olhos arregalados. — Tem alguma coisa no meu rosto? — acrescentei, usando uma das mãos para apalpar a pele da minha face.

— Não é isso — disse George. — Acho que ninguém esperava que você realmente fosse cumprir o desafio.

Soltei uma risada pelo nariz.

— Eu sou uma Black, George. Aceitar desafios sempre foi a minha especialidade.

——————————————

notas da autora:

oiii gente, tudo bem? o capítulo demorou um pouco pra sair porque eu estava viajando. espero que tenham gostado <33

a hermione tá muito serelepe rsrs (:

o quarto ano vai ser um pouco maior do que eu esperava porque eu decidi dividir o último capítulo em dois, ok? faltam dois capítulos pro fim.

quero deixar claro que cada cena escrita foi planejada pro plot final fazer sentido, então eu já tenho a fic todinha montada na minha cabeça.

não sei como o sistema de postagens vai ficar quando as minhas aulas voltarem, mas vou tentar postar nos fins de semana. estou escrevendo e acumulando capítulos justamente por isso :)

criei uma playlist pro hazz e uma pasta no pinterest também!! coloquei o link da playlist na caixa de entrada e vou deixar uma foto do meu pinterest aqui (user: byisaa_):

vcs podem me seguir no tiktok? o user é @catratonks mesmo.

vcs estão lendo algum livro no momento? eu tô viciada em acotar rs o tombo vem 💃💃 não contem spoilers!!

não esqueçam de votar e comentar :)

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