Sunlight: O Encontro do Sol e...

By tinyuwji

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Há seis anos, em uma pequena cidade do interior, havia dois melhores amigos correndo um atrás do outro pela p... More

「Prólogo」
O encontro do Sol e da Lua ₊˚✧
「Capítulo: Dois」
「Capítulo: Três」
「Capítulo: Quatro」
「Capítulo: Cinco」
「Capítulo: Seis」
「Capítulo: Sete」
「Capítulo: Oito」
「Capítulo: Nove」
「Capítulo: Dez」
「Capítulo: Onze」
「Capítulo: Doze」
「Capítulo: Treze」
"Lótus Negra" e o prodígio do clube de vôlei ₊˚✧
「Capítulo: Catorze」
「Capítulo: Quinze」
「Capítulo: Dezesseis」

「Capítulo: Um」

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By tinyuwji

Em uma noite de domingo, peguei minha guitarra e respirei fundo antes de tocar calmamente aquelas seis cordas. O apartamento estava vazio. Minha tia estava trabalhando de plantão no hospital geral da cidade, então eu finalmente poderia tocar guitarra em paz hoje. Porém, assim que toquei o primeiro acorde, senti um enorme vazio por dentro. Era como se meu coração tivesse sido apertado por alguém. Soltei as cordas e, consequentemente a guitarra, sorrindo ao sentir as lágrimas caírem sob minha bochecha.

— Não deveria ter deixado aquela maldita cidade novamente — Falei para mim mesmo enquanto mordia os lábios inferiores.

Tentei ao máximo não chorar por isso durante esses anos, mas assim que olhava para minha guitarra, lembrava automaticamente dele. Ainda lembro do dia que ganhei esta guitarra dos meus pais. A primeira coisa que fiz quando estava com ela nas minhas mãos foi correr até ele e lhe mostrar o instrumento que tanto queria. Essas memórias estão voltando gradualmente. Eu e ele brincando naquela praça ou apenas jogando videogame no meu quarto depois da escola. As lembranças dos melhores momentos da minha vida que agora só servem para abrir ainda mais o buraco imenso do meu coração.

Queria apenas amenizar a dor que estou sentindo desde aquele dia.

Todas as minhas músicas são feitas para ele, todos os meus acordes me lembram das nossas tardes, das nossas brigas sem sentido, das suas piadas, do seu sorriso, de tudo. Às vezes, gostaria de voltar no tempo e aproveitar mais daquelas tardes. Eu sempre fui inseguro, sempre tive medo dele ir embora e me deixar sozinho naquela pequena cidade do interior e no final, aconteceu o que eu mais temia. No momento em que ele mais precisava de mim, o levaram para longe e ele nunca mais voltou. Tenho vontade de socar aquele filho da puta do pai dele por ter feito isso.

Passei lentamente a mão pelos meus olhos, limpando as lágrimas que insistiam em cair. Quando estava em Jolies Fleurs, a esperança de vê-lo novamente naquela maldita praça era a única coisa que me impedia de chorar, mas agora que fui forçado a vir estudar em uma nova cidade, tudo aquilo voltou. Esta é a segunda vez que meus pais me mandam para outro lugar com a simples desculpas dos estudos. Primeiro foi a cidade natal do meu pai, na Itália, agora é a famosa capital desse país: Nouveau Port. É impressionante como eles conseguem uma bolsa de estudos para mim nesses lugares.

Quando estudei na Itália, mais especificamente em Florença, fiquei na casa da minha avó. Não durou menos de seis meses e fui "expulso" do colégio. Lembro que meu pai teve que vir correndo ao país para me levar de volta para casa. Acredite, eu não sou um péssimo aluno, minhas notas são maravilhosas em todas as disciplinas. Eu apenas não queria ficar longe de Jolies Fleurs naquele momento, afinal eu decidi, com apenas treze anos de idade, que iria esperá-lo. Mesmo que demorasse anos para ele voltar, eu iria ficar naquela cidade.

Amar alguém é realmente difícil. Principalmente quando se é um pré-adolescente sem noção. Não que agora, com dezessete anos, eu tenha evoluído muito.

Acho que tudo teria ficado bem se eu tivesse apenas ido até a Itália e voltado sem que nada tivesse acontecido. Mas nesses malditos seis meses em outro país, ele havia voltado a Jolies Fleurs. Um ano após sua partida, ele tinha ido até minha antiga casa e deixado ali uma carta. Quis morrer quando soube que poderia ter o reencontrado mas estava "estudando" na Itália.

Apenas em pensar que isso pode acontecer novamente meu estômago dói, meu coração aperta e eu relembro que fui forçado a vir estudar na capital. "Lá você poderá terminar o seu ensino médio em um ótimo colégio" foi o que minha mãe disse enquanto pegava em minha mão. "Poderá até mesmo encontrar o Andrew, afinal o colégio que você irá é um dos melhores do país!" meu pai disse em seguida, atacando o meu ponto fraco. Não se engane, eu não vim para cá realmente acreditando nisso, apesar de querer muito encontrá-lo lá. Há uma pequena chance disso acontecer, mas o colégio que meu pai escolheu é simplesmente enorme, procurar por uma pessoa que sequer sei que realmente está lá é impossível.

Respirei fundo enquanto tocava no pingente de sol que estava preso no colar de ouro que ele havia me dado um ano antes de toda essa merda acontecer e peguei minha guitarra novamente. No entanto, desta vez com a minha palheta preta, desisti da melodia que iria tocar inicialmente. Estava sentindo raiva dos meus pais por terem me empurrado de novo para longe outra vez. Estava triste, com saudades e sinceramente, cansado de tudo isso. Decidi, após um tempo pensando, que seria alguma música do Pierce The Veil, não estava com disposição para tocar alguma composição minha.

Eu queria gritar, porém todos os meus gritos foram passados para a guitarra em forma de melodias.

Andrew... Eu sinto sua falta.

˗ˏˋ ♡ ˎˊ˗

— Queria viajar pelo mundo...

— Primeiro termine seu dever de casa, Andrew... Depois você pode pensar em como conseguir dinheiro para fazer isso — Falei apontando para a atividade de história aberta na mesa do garoto. Ele ainda estava preso na primeira questão.

— Pietro! — Andrew me chamou animado, deixando o caderno e o rascunho de algum desenho que estava fazendo de lado — Vamos viajar pelo mundo, juntos! Não... Melhor! Vamos dar uma volta completa no mundo juntos!

— Que? — Lhe olhei confuso — Não estamos em um livro, idiota.

— Não vamos dar a volta ao mundo em oitenta dias... Mas eu queria viajar pelo mundo inteiro, quero conhecer cada lugar desse imenso planeta.

— Então vá.

— Não quero ir sozinho.

Suspirei, desviando um pouco o olhar.

— Tudo bem, tudo bem! Eu prometo que vamos viajar o mundo um dia, então apenas termine a sua atividade para irmos jogar alguma coisa.

— Certo! — Ouvi ele concordar animado, certamente estava com um sorriso radiante no rosto.

˗ˏˋ ♡ ˎˊ˗

Tento desesperadamente agarrar essa memória antes que ela fuja de mim. Antes que eu acorde e ele não esteja mais lá, ao meu lado, brincando enquanto se recusava a fazer as atividades. Porém, todo o meu esforço foi completamente em vão.

— Maldita lua — Resmunguei olhando para o teto.

Senti algumas lágrimas deslizarem sob o meu rosto. Com o passar dos segundos, a quantidade foi aumentando... Mais e mais.

Faziam quatro noites que eu sonhava com ele, contudo, esse foi o pior sonho que tive de Andrew, pois tive a mesma sensação de viver tudo aquilo de novo e sinceramente, foi horrível.

Lembrar dele constantemente desta forma me mata aos poucos. Antes essas memórias não vinham até mim quando quisessem, eu ia lá e as buscava quando sentia saudades. Mas esses dias, qualquer coisa me lembrava do Andrew.

Às vezes, eu desejo te esquecer do que sofrer todos os dias com a tua ausência, Andrew...

— Por que eu te amei tanto? — Falei apertando os olhos, impedindo a força que mais lágrimas caíssem, o que foi em vão.

Cobri meus olhos com o braço e respirei fundo algumas vezes.

— Pietro? Está tudo bem, querido? — Minha tia abre a porta do quarto, um pouco preocupada.

Agora um pouco mais calmo, me pergunto se realmente falei aquilo ou apenas gritei.

— Está sim, apenas tive um pesadelo.

— Entendo. Cheguei do trabalho agora a pouco e fiz um pouco de café para você — Ela disse, imagino que esteja sorrindo — Tome antes de ir para o colégio.

Ao retirar o braço que cobria meus olhos, tentei rapidamente limpá-los para não olhar para ela com os olhos cheios de lágrimas.

— Não precisava fazer isso, Tia Ellie. Eu poderia comprar um pouco no caminho do colégio, afinal você chegou cansada e ainda teve que fazer café.

— Hoje é o seu primeiro dia de aula no colégio, eu tinha que fazer isso — A mulher caminhou até mim e após retirar algumas mechas espalhadas pela minha testa, depositou ali um beijo — Lave bem o seu rosto antes de sair, ok?

— Você parece a minha mãe — Comentei sorrindo.

— Enquanto ela não está aqui eu terei que fazer esse papel, mocinho — Ela disse rindo e olhando fixamente para a guitarra ao meu lado — Aliás, não durma com a sua guitarra. Ela pode te machucar durante a noite.

Tia Ellie pega cuidadosamente a minha Jaguar vermelha e a coloca em cima da escrivaninha do quarto.

— Eu sei, mas estava tocando ontem a noite e acabei adormecendo — Expliquei.

— Apenas guarde ela quando estiver com sono, querido — A mulher sorriu novamente e caminhou em direção da porta — Quando sair, pegue as chaves reservas. Elas estão penduradas no gancho, próximo à porta.

— Eu sei, Tia. Obrigado.

Ela fechou a porta do quarto e eu apenas suspirei, um pouco cansado. Sendo sincero, nem sequer lembrava que hoje seria o primeiro dia de aula. Olhei para o relógio que ficava ao lado da cama e já eram seis e vinte da manhã. As aulas só começaram às sete e quinze, então tecnicamente eu não estava atrasado ainda. Apenas me levanto da cama e pego meu uniforme, indo um pouco zonzo para o banheiro.

Minha cabeça nesse momento se limitava apenas a ele.

Andrew, Andrew, Andrew, Andrew, Andrew, Andrew, Andrew, Andrew, Andrew...

— Eu poderia parar de pensar em você de vez em quando, não é? — Disse sorrindo para mim mesmo enquanto deixava aquela água quente cair sobre meu corpo e meus cabelos.

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