MATTEO
Me levantei antes de Luna e sai antes de tomar café, precisava tentar resolver o máximo de problemas, principalmente com a máfia americana. Luna era boa demais para entender o real perigo de tudo aquilo, o real perigo que agora mais do que nunca Paul representava principalmente para ela. Ele voltaria, ele viria atrás dela, ele tentaria tira-la de mim e eu o mataria ou morreria antes que isso fosse possível.
Esse simples pensamento de que Paul poderia tirar Luna de mim me provocou sensações estranhas que eu não conhecia. Sensações que tampouco queria ter.
O dia foi bem mais estressante do que costumava ser, quase matei um de meus soldados por sua incompetência na hora de finalizar um serviço que havia passado. Todos estavam notando meu mau humor nítido, mas ninguém além de Luigi teria coragem suficiente me questionando.
- O que foi, cara? - ele perguntou assim que o soldado saiu - Seu mau humor está me contagiando.
- Nada. - eu apenas disse.
- Nada? - Luigi insistiu.
Passei a mão pelo meu cabelo frustrado, as últimas semanas tinham sido estressantes demais, somando a responsabilidade de proteger alguém que se esforçava, mas não entendia de fato o perigo que mesmo pessoas que já foram próximas representavam. Luigi me avaliou como sempre fazia, com sua mania dos infernos.
- Problemas no casamento? - perguntou com irônia.
- Não só no casamento. - respondi vagamente.
- Vá para a casa mais cedo. - Luigi disse sério - Não fará bem algum trabalhando nesse estado de nervosos.
- Não. Eu consigo fazer perfeitamente meu trabalho.
- Mais um minuto com você e perderei minha vida depois de te matar. - Luigi disse. Ele era único que ainda tinha coragem de falar comigo dessa maneira.
- E então você passará mais que um minuto comigo no inferno. - eu sorri - Juntos pela eternidade.
- Estou falando sério, cara. - ele disse - Vá para casa. Eu finalizo o dia.
Não discuti mais com Luigi, apenas aceitei sua sugestão e fui para casa bem mais cedo do que os últimos dias. Bem antes do jantar.
Quando cheguei em minha cobertura, Luna estava no sofá, lendo alguma coisa. Ela me olhou brevemente e então desviou o seu olhar.
- Não achei que fosse chegar tão cedo hoje. - ela disse sem emoção.
- Nem eu. - apenas respondi subindo as escadas para o nosso quarto.
Eu estava tirando o meu terno quando reparei um colar de Luna na pequena mesa ao lado de nossa cama, um colar que desde o dia que nos conhecemos ela não havia tirado ou trocado, nem mesmo no nosso casamento, o que me chamou atenção, pois não passava de um colar barato que contrastava com qualquer outra joia de valor. Estranhei o fato de agora estar em cima da mesinha e não em seu pescoço, fui até ele e o segurei analisando, estava quebrado, de alguma maneira Luna havia quebrado o colar.
O analisei em minha mão, era pequeno e não chamava atenção como os colares que as mulheres em nosso meio costumavam usar, tinha um pequeno pingente em formato de diamante, mas era óbvio que não passava de uma réplica barata. Luna deveria comprar um com diamantes verdadeiros.
- O que você está fazendo? - disse Luna entrando no quarto e me surpreendendo.
- Só estava olhando seu colar, nunca tirou ele do pescoço e agora estava aqui jogado. - eu disse a olhando - Você deveria aproveitar que quebrou e comprar um colar com pedras verdadeiras.
- Na verdade, eu iria perguntar para você se existe alguma forma de concerta-lo. - ela disse caminhando até mim e parando próximo o suficiente para que eu sentisse o seu perfume - Foi um presente dos meus pais, o último. Tem um valor sentimental para mim e não consigo ficar sem ele.
Olhei surpreso para ela, isso explicava o fato de nunca ter o tirado. Olhei novamente para o colar que poderia sim ser concertado e parecer novo mais uma vez, mas era tão simples e não chamava qualquer atenção. Esse colar seria ótimo como um rastreador, e de repente me perguntei como ainda não havia pensado nisso? Eu o levaria para arrumar e instalaria um pequeno rastreador em seu pingente de pedra falsa. Luna nunca desconfiaria, assim como nunca o tiraria.
- Claro. - eu disse sorrindo - Vou leva-lo amanhã para o concerto e assim você não precisará ficar muito tempo sem ele.
- Obrigada.
Luna sorriu como se tivesse ganhado um grande prêmio e me pegou de surpresa quando jogou seus braços ao redor do meu pescoço e me deu um beijo. Minhas mãos foram direto para sua cintura, seu cheiro me embriagando e sua língua me provocando.
Quando aprofundei nosso beijo, levando minha mão até seus cabelos e puxando-os para trás, Luna gemeu em meus lábios fazendo com que minha ereção se tornasse dolorosa. Tentei me afastar pois não tinha certeza se ela estaria bem o suficiente para o sexo depois de nossa discussão na noite passada, mas ela não deixou que eu me afastasse.
- Matteo. - ela disse sussurrando e entendi o seu pedido silencioso.
Coloquei o seu colar novamente na mesa ao lado de nossa cama enquanto Luna tirava minha roupa com suas mãos delicadas. Me demorei no beijo saboreando seus lábios, deixando seu perfume invadir meus sentidos. Luna conseguia fazer com que eu esquecesse os problemas e os riscos, tinha um incrível poder de me acalmar.
Enquanto beijava seus lábios minhas mãos exploravam seu corpo, suas pequenas curvas. Quando uma de minhas mãos alcançaram o monte que indicava o início de seus seios eu os apertei gentilmente fazendo com que ela gemesse mais ainda.
Desci minha boca até seu pescoço, deixando um rastro de beijos enquanto abaixava lentamente as alças de sua blusa, deixando seus seios expostos. Levei Luna para cama onde terminei de tirar sua roupa e antes que eu me perdesse nela apreciei a incrível visão que era tê-la nua na minha cama.
LUNA
Já havia se passado duas semanas desde o dia que Matteo me contou sobre Paul e a máfia americana, Matteo ainda tinha um ar preocupado e em alerta, mas evitamos discutir sobre esse assunto novamente, chegando apenas à conclusão que deveríamos de qualquer maneira tomar todos os cuidados possíveis. Matteo também estava sendo mais gentil comigo, ele havia levado o colar que meus pais haviam me dado muitos anos atrás para uma restauração e parecia novo, ele também havia me comprado um par de pequenos brincos com diamantes verdadeiros para usar com ele. Fiquei emocionada com esse pequeno gesto, mas tentei não demonstrar, já que Matteo sempre se afastava ao menor sinal de qualquer emoção.
Entretanto, apesar de parecer que ele havia abaixado um pouco as barreiras que tinha colocado ao seu redor depois de nossa lua de mel, Matteo ainda passava mais tempo fora de casa envolvido em seu trabalho do que comigo. Eu por minha vez tentei ocupar meus dias, a primeira coisa que tive que fazer foi renovar todo meu guarda-roupa, pois as mulheres de nosso círculo andavam sempre muito bem arrumadas e minhas roupas não me deixavam chegar nem perto de suas aparências e eu devia me portar como a esposa do Capo.
Além de roupas aproveitei para comprar novas joias. Matteo insistiu para que fossem apenas pedras preciosas, e apesar de não querer chamar tanta atenção com elas aceitei sua sugestão, mas ainda assim preferi as mais discretas e elegantes, nada que tirasse de fato seu valor, mas que não me deixasse com aparência de árvore de natal com tantas coisas brilhantes.
Também comprei novos sapatos, a maioria saltos, das melhores marcas, todos extremamente bonitos. É claro que para montar esse guarda roupa a altura de uma verdadeira primeira dama em nosso mundo, meu novo mundo, precisei de ajuda. Matteo havia chamado uma personal stylist para me ajudar e tive que admitir que foi a melhor coisa, eu não teria tido um resultado tão bom sozinha.
Quando finalmente terminamos essa pequena missão pessoal, Matteo estava quase sem sua parte no nosso closet e precisei de um dos quartos de hóspedes para guardar todo o resto. Assim, tive que chamar uma equipe para desmontar o quarto e fazer dele um closet apenas para mim. O arquiteto que chamamos e o designer de interiores pensaram em um projeto que além de um closet incrível, também havia um espaço para mim, com penteadeira e coisas do tipo para que eu pudesse ter um lugar para me arrumar, maquiar e ter todos esses momentos.
O projeto ficou pronto em menos de uma semana, pois Matteo havia contratado uma equipe de mais de dez homens para arrumar tudo. Foi impressionante.
No final, fiquei satisfeita com tudo, eu teria meu espaço para ter o meu momento, além de um closet repleto das roupas, sapatos, bolsas e joias. Matteo não havia mentido quando me pediu em casamento, eu tinha acesso ao seu dinheiro de forma ilimitada e por mais que não me importasse com isso e nem gastasse mais do que precisava, ele sempre insistia para que eu tivesse as melhores coisas.
Depois de finalmente terminar minha missão particular com meu guarda-roupas, passei um tempo fazendo pesquisas online, procurando coisas que eu pudesse estudar. Me interessei por moda e psicologia, então acabei me matriculando para algumas aulas a distância.
Eu estava mexendo no meu notebook em uma noite quando Matteo entrou na nossa sala de estar sem fazer muito barulho, me assustando.
- Não te vi chegando. - eu disse colocando a mão no peito para acalmar meus batimentos cardíacos que aceleraram.
- Você anda muito envolvida nas suas pesquisas.
Matteo estava com uma aparência deslumbrante apesar de ter passado o dia fora. Sua camisa branca estava com o primeiro botão aberto, as mangas estavam puxadas. Ele conseguia permanecer bonito durante todo o dia, não importava o que acontecesse.
- Estava olhando minhas aulas. - eu disse olhando novamente para meu notebook na tentativa de não demonstrar o quanto eu o desejava.
- Entendo. - ele disse sentando-se do meu lado em nosso sofá - Você tem tentado mesmo ocupar o seu dia.
- Não tenho muita coisa para fazer, então acho que estudar pode me ajudar. - eu disse olhando para ele.
Matteo e eu estávamos conversando mais nas últimas semanas, mas as vezes nossas conversas ainda pareciam apenas como a previsão do tempo.
- Ótimo. - ele disse - É uma boa forma.
- Sim.
- Temos um casamento para ir na próxima semana. - Matteo disse como se fosse apenas uma observação.
- Um casamento? - perguntei - De quem?
- De uma das famílias mais importantes da França.
- Você quer dizer uma família da máfia? - perguntei com cautela, eu ainda não estava totalmente acostumada com nosso meio e temia cometer erros.
- Sim, uma família da máfia. - Matteo sorriu um pouco com a minha confusão.
- Na França? - perguntei me interessando - Nunca fui a França.
- Bom, você irá agora. - ele disse de forma simples.
- Eles sabem quem eu sou? - perguntei um pouco nervosa, sem saber o quanto as pessoas já sabiam sobre mim.
- Você é minha esposa, Luna. - Matteo disse - Todos sabem quem você é.
- Certo. - eu disse um pouco incerta, não estava acostumada em ser tão conhecida.
- Não se preocupe.
Os dias que antecederam nossa viagem para França passaram como em um piscar de olhos e apesar de nossa viagem ser breve me perdi em nossas malas. Não sabia quais tipos de roupa, bolsas e sapatos eu deveria levar, por isso precisei mais uma vez da ajuda da personal stylist.
Matteo estava tão ocupado com todos os assuntos que tinha para resolver que também arrumei sua mala, sobre a orientação da personal stylist, assim saberia como fazer nas nossas próximas viagens.