Déjà Vu • Bucky Barnes

By blossomgrl_

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Desde que o mundo voltou ao normal, Bucky Barnes tentava fazer o mesmo com sua vida, porém sua consciência o... More

NOTES, CAST AND PLAYLIST!
EDITS!
Prólogo
Seu nome do meio é Bucky?
É só o que precisa saber
Mas se fosse ao contrário, ele ficaria
Pra tentar sobreviver
Ele não conhece Marvin Gaye...
Só olhar pra trás, babaca
Me chama de...
Ela não me vê a anos...
A gente vai dar um jeito de consertar isso...
Eu queria ter feito pior
Significa que vai ficar por perto?
Mas não sozinha
Tem alguém que quer te ver...
Epílogo
Agradecimentos

Em um cemitério

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By blossomgrl_

Eram três horas e quarenta e cinco quando Annabelle acordou com um grito alto. Assustada, a castanha puxou o revólver que estava no travesseiro ao lado por reflexo e apontou para frente, aproveitando a luz do abajur para ver que não havia nada naquela direção. Com sua respiração entre cortada, virou o rosto e percebeu que Bucky estava sentado no chão, com a mão direita cobrindo seu rosto enquanto usava a esquerda, de metal, para apoiar seu corpo.

― O que aconteceu? ― Perguntou, abaixando um pouco a mão enquanto olhava para o rapaz.

― Só... Só um pesadelo. ― Bucky respondeu, tirando a mão do rosto para olhar a moça, percebendo o que havia na mão dela. ― Te assustei?

― Um pouco. ― Annabelle revelou, aproveitando para finalmente abaixar a arma, apoiando-a em sua perna esquerda. ― Da última vez que me acordaram, a pessoa caiu morta na minha frente cinco segundos depois.

Bucky balançou a cabeça, entendendo que ela tinha seus motivos para acordar daquela forma. Uma pessoa qualquer provavelmente pularia de susto ao ver a facilidade com que ela pegou a arma, mas não ele. Quando conseguiu seu apartamento, fazia o mesmo que ela, porém acabou parando ao se dar conta de que qualquer dia acabaria atirando na parede.

Passou sua mão esquerda pelo rosto, sentindo o vibranium gélido contra sua pele que agora parecia em brasas. Aos poucos, sentiu seu coração desacelerar, percebendo que nada daquilo era real. Não mais.

Quando se virou para Annabelle mais uma vez, viu que a moça continuava quase que na mesma posição de segundos antes, mas dessa vez apoiava seu corpo em seu braço esquerdo, o observando em silêncio até aquele momento.

― Eles nunca te deixam em paz, não é? ― Perguntou.

Imaginando do que se tratava, a única coisa que Bucky pensou em fazer foi balançar negativamente a cabeça. Seus pesadelos o acompanhavam constantemente, exceto quando estava ocupado com alguma coisa que conseguisse mantê-lo acordado durante toda a madrugada.

― Nem por um momento sequer... ― Bucky murmurou.

Annabelle concordou com a cabeça. Por fim, sem pensar muito no que estava fazendo, se sentou com as pernas para fora da cama durante segundos antes de se levantar apenas para ficar ao lado de Bucky, que foi praticamente obrigado a se ajeitar para que ela coubesse ali, tendo a ligeira impressão que a moça simplesmente sentaria em cima de suas canelas se não lhe desse espaço. Ficou ao lado dela com uma distância grande o suficiente para não se sentir desconfortável.

― Sabe... ― Annabelle começou, apoiando o rosto em seu braço esquerdo, que era sustentado por seu joelho. ― Isso tudo é uma merda...

― Me conta uma novidade.

O tom de ironia era palpável no ar, e Annabelle reagiu com um olhar feio. Não sabia bem como falar aquilo, pois tinha uma ideia de como ele era reagir com a proposta, além de ser péssima em falar sobre sentimentos ou qualquer outra coisa do tipo. Nunca em sua vida foi acostumada a falar sobre o que incomodava, havia aprendido a esconder tudo para si, e isso vinha desde antes da Hydra. Talvez por isso soubesse que era uma péssima ideia ele fazer o mesmo.

― Mas ― Continuou ― Você não está sozinho nessa...

Bucky virou seu rosto em direção a ela, que o encarava com seriedade. Annabelle parecia estar falando a verdade, mas ele não tinha como ter certeza, ainda tinha certo receio da moça não era confiável. Para completar, quase ninguém sabia muito sobre seu passado, apenas Steve e Shuri, esta última só sabendo por ser a responsável por seu tratamento.

― É difícil acreditar quando se mal conhece a pessoa que fala.

Annabelle respirou fundo. Sabia bem disso, e estava disposta a ganhar a confiança dele, pois isso aumentaria as chances de sobreviverem, imaginando que isso não traria apego algum entre eles.

― O que quer saber, então? ― Perguntou, indo com as costas um pouco para frente, apoiando agora seus dois braços em suas pernas, sem tirar os olhos de Bucky.

Precisou parar para pensar em alguma pergunta. Então, decidiu começar pelo básico.

― Quantos anos você tem, exatamente?

Annabelle deu risada quando ouviu.

― É, acho que você mais do que ninguém sabe que isso é importante. Tenho 33.

Bucky assentiu com a cabeça. Se ela fosse fazer aniversário naquele ano, eles teriam 72 anos de diferença. Era loucura pensar naquilo, ele poderia ser o bisavô dela. Quem sabe não conheceu o próprio.

― Vai fazer aniversário esse ano? ― Perguntou.

― Fiz em janeiro. ― Annabelle respondeu. ― Por quê? Vai me comprar um presente? ― Perguntou, deixando um sorriso sarcástico escapar.

― Um colete à prova de balas.

Sua intenção não era exatamente o humor, por isso foi surpreendido ao ver Annabelle rir um pouco mais alto do que o tom de voz que estavam usando até agora. Ela não chegou a ser barulhenta, mas definitivamente havia se sobressaído em meio ao costumeiro silêncio da madrugada, de uma forma que até mesmo o próprio Barnes acabou forçando um sorriso.

― Ótimo, acho que precisarei. ― Respondeu. ― E você, quantos anos mesmo?

― 106.

Annabelle assentiu, ainda com um sorrisinho no rosto. Ela era a primeira pessoa que não dava risada, achando que era apenas uma piada para não contar sua idade real. Claro, deve ter descoberto em algum momento na Hydra, ou fora dela, quem sabe.

― Como escapou da Hydra?

Observou o sorriso da moça fechar, mas não chegou a se arrepender disso, visto que sua curiosidade agora gritava pela resposta. O que Annabelle havia feito para conseguir?

― Bom, depois que seu amigo bonitão descobriu sobre a Hydra, os Vingadores foram atrás de outras bases que ainda estavam em funcionamento. Um belo dia, eles chegaram onde eu estava, e tudo virou um caos completo... Quem iria prestar atenção na agente que fugiu, não é? Então, juntei o útil ao agradável e...

Annabelle fez um estalo com a mão direita, simbolizando que havia fugido. Bucky pensou se ninguém havia visto ela fugir, principalmente um dos vingadores, mas provavelmente teriam impedido se fosse o caso. Porém, talvez alguém da Hydra tivesse reparado em algum momento, até porque a situação em que estavam era possivelmente por terem abandonado a organização.

― Mas isso não apaga as memórias, não é? ― A moça perguntou e, pela primeira vez, seu tom de voz se tornou melancólico.

Bucky assentiu com a cabeça. A memória do filho de Yori, implorando pela vida, continuava bem presente em sua cabeça, não importava o quanto tentasse fugir dela, sempre voltava, assim como dezenas de outros. Provavelmente Annabelle tinha seus próprios demônios para enfrentar.

― Nem um pouco... ― Respondeu, por fim.

Os dois se olharam. Pela primeira vez, nenhum dos dois encarava o outro com raiva ou sentimento similar. Naquele momento, o que parecia pairar no ar era unicamente a compreensão. E ambos sentiam-se mal por saberem que havia mais alguém vivendo aquilo, pois sabiam que nem mesmo o pior dos inimigos merecia aquela culpa.

Alguns segundos depois, Annabelle perguntou se ele estava melhor. Quando ouviu uma resposta positiva, avisou que iria voltar a dormir, pois o sono estava começando a dar sinal novamente. Deu uma rápida olhada no despertador e viu que eram quatro e vinte e três, o que justificava tudo.

Bucky assistiu ela se levantar e voltar para a cama. Quando se deitou, Annabelle desejou boa noite e se virou para a direção oposta enquanto ouvia a resposta. Não sabia se ela tinha facilidade para dormir ou se apenas queria encerrar a conversa, mas não poderia negar para si mesmo que desejava que a conversa tivesse continuado, embora nunca fosse dizer isso. Era a primeira vez em muito tempo que alguém parecia entendê-lo.

Depois de alguns segundos, também voltou a se deitar. Só duvidava de que iria conseguir dormir. Se tivesse sucesso, teria pelo menos umas horas pela frente.

[...]

Annabelle acordou sete horas da manhã com uma grande dúvida na cabeça: O que iriam fazer agora?

Sua única ideia foi tirá-los de perto daquela cafeteria, afinal ficar perto do ataque era burrice, mas não pensou no que fariam depois. Agora que haviam terminado o dia vivos, precisavam agir. Como?

Quando se sentou na cama, viu que Bucky virou o rosto em sua direção, usando o braço esquerdo como apoio para a cabeça. Por alguns segundos, a moça deixou de pensar no futuro.

― Você dormiu? ― Perguntou, arqueando as sobrancelhas.

O rapaz apenas deu de ombros, como se aquilo não fosse nada demais. Para sua vida, realmente não era, embora para Annabelle fosse preocupante. Se levantou do chão e aproveitou para tirar o edredom e o travesseiro dali, achando que seria melhor poupar espaço, ou pelo menos para deixar convincente para uma camareira.

― Você não pode se abalar tanto assim pelos pesadelos...

Bucky, que naquele momento se aproximava de Annabelle para colocar seu travesseiro ao lado do dela, parou para encará-la.

― Você fala como se eu controlasse eles...

― Você não controla eles, mas pode controlar o modo que lida com eles. ― Annabelle rebateu.

― É o que você faz? ― Bucky perguntou, começando a sentir a irritação costumeira voltar enquanto jogava o travesseiro no lugar, sem muita paciência para arrumá-lo

Porém, acabou sentindo um pouco de surpresa ao ver que ela, na verdade, balançou a cabeça em concordância.

― É exatamente o que eu faço. ― Respondeu, se levantando. ― Ou você controla eles, ou eles te controlam. E acho que nós dois já fomos controlados por tempo demais.

Embora a intenção tenha sido dar um conselho, Bucky se prendeu em outro detalhe.

― Eles te controlaram?

Annabelle desviou o olhar. Por fim, acabou se levantando também, aproveitando os poucos segundos de sua ação para pensar em como responder aquilo.

― Não exatamente da mesma forma que você. ― Respondeu. ― Mas eu sabia o que aconteceria se tentasse sair. Bom, pelo menos antes de tudo ir à público...

Os dois sabiam muito bem o que acontecia. Claro, Bucky nunca tentara, afinal nem ao menos conseguia controlar seu próprio corpo. Mas, durante tantos anos dentro daquele pesadelo, já havia presenciado tolos tentando escapar, chegou a matar um deles. Quem sabe não fosse ele a matá-la se Annabelle tivesse tentado antes.

― Mas o foco não é esse. ― Ela continuou, atraindo os olhos azuis de Bucky. ― Não deixe as lembranças destruir o que a Hydra não destruiu. Já estamos ferrados demais para você se deixar afetar por isso.

Sua primeira reação foi revirar os olhos. Annabelle poderia conhecer sua terapeuta, já que as duas estavam pegando em seu pé pelo mesmo motivo, embora só uma pudesse controlar sua liberdade. Inclusive, tinha que começar a pensar em como iria lá depois do que aconteceu... Se é que era seguro aparecer lá, talvez já fosse considerado procurado...

― Vou tomar banho. ― Annabelle avisou, por fim.

Bucky apenas assentiu com a cabeça, vendo que ela pegava uma toalha de banho branca antes de ir para o chuveiro. Sem ter nada para fazer, o rapaz decidiu pegar sua mochila em busca de seu celular, em busca de olhar as notícias ou então de jogar Candy Crush no celular, algo que ao mesmo tempo em que achava irritante, acabou se viciando em fazer. Porém, para sua surpresa, tinha uma mensagem no seu celular. Havia sido enviada durante a noite, mas nem sequer olhou o celular até aquele momento.

Quando a água morna caiu sobre seu corpo, Annabelle soltou a respiração, sentindo-se aliviada, de certa forma. Sabia que os problemas não pareciam nem perto de acabar, mas pelo menos tinha um conforto momentâneo para aproveitar.

Nunca havia falado tanto sobre sua vida como nas últimas semanas, tanto para Sylvia como para Bucky. Claro, eles não sabiam da parte mais importante, mas sabia que ele já havia chegado perto quando viu o nome no cartão. Na verdade, esperava que Barnes fosse perguntar sobre seu nome durante a madrugada, mas aparentemente aquilo não havia passado em sua cabeça, talvez pela adrenalina que o momento havia trazido a ele, ou então preferiu não tocar no assunto.

O problema nunca foi exatamente seu nome, mas o que ele carregava consigo. A pessoa que um dia foi, a pessoa batizada daquela forma, parecia totalmente diferente de Annabelle. O que sua mãe diria se soubesse? Nem ao menos sabia se a mesma estava viva, embora tivesse descoberto em 2017 que sim, graças a verdadeira Jessica Jones. Faziam seis anos, muita coisa poderia ter acontecido desde então, mas se sua mãe estivesse viva... Iria morrer de vergonha.

Respirou fundo e passou as mãos pelo rosto, tentando afastar aqueles pensamentos. Precisava focar nas coisas que realmente importavam agora. Seu passado já havia acabado, mas talvez seu presente fosse pelo mesmo caminho se não prestasse mais atenção ao que deveria lhe importar. Pessoas estavam querendo ela e Bucky mortos, tinha que descobrir quem e porquê para assim conseguirem se salvar.

Quando terminou de se lavar, Annabelle aproveitou para ficar mais um pouco debaixo do chuveiro, sentindo uma certa proteção enquanto estivesse ali. Porém, não poderia se manter naquele estado para sempre, então fechou o chuveiro e começou a se secar ali dentro.

Saiu do banheiro com as mesmas roupas de antes, pensando que teria de parar em algum lugar para trocarem de roupa, até por questão de segurança, afinal se fossem procurados novamente, o que tinha grandes chances de acontecer, usarem as mesmas coisas do último ataque facilitaria uma identificação, o que Annabelle não queria que acontecesse.

Viu que Bucky estava sentado na cama, olhando fixamente para o próprio celular, porém nem mesmo mexia na tela do smartphone. Annabelle se aproximou do rapaz, vendo que ele nem mesmo parecia ter notado sua presença.

― O que deu em você?

Somente naquele momento Bucky desviou o olhar para a moça, que engoliu seco ao ver os olhos lacrimejantes dele em sua direção. Não estava acostumada a ver pessoas chorando, e não imaginava que teria que lidar com isso em um momento como aquele.

Porém, pelo pouco tempo em que conviveu com Barnes, sabia que havia algo de muito errado ali.

― O que aconteceu? ― Perguntou, demonstrando um pouco de sua preocupação ao falar. ― Aquele senhor tá bem? Aconteceu alguma coisa?

Bucky negou com a cabeça, porém Annabelle não soube dizer sobre qual pergunta ele estava se referindo, visto que haviam sido tantas. De repente, ele se levantou e colocou o celular no bolso.

― Preciso sair, volto daqui umas horas. ― Avisou enquanto andava até a cadeira em que havia deixado sua blusa e a luva que usava para disfarçar seu braço de metal.

― O quê? ― Perguntou. ― Você não pode...

― Você não vai me impedir. ― Bucky interrompeu. ― Eu vou sair.

Annabelle respirou fundo, se controlando para não iniciar uma discussão. Alguma coisa havia acontecido, conseguia ver pela forma que ele estava agindo, mas não sair sozinho em uma situação como aquela era loucura.

― Isso é arriscado. ― Argumentou. ― Sozinho, sabe se lá Deus onde.

― Eu não vou estar sozinho. ― Ele rebateu. Por fim, se virou para ficar de frente a ela. ― E não acho que alguém vá atacar onde eu vou.

― Então eu posso saber, pelo menos, onde é? ― Perguntou.

Bucky hesitou. Embora o peso daquela mensagem já tivesse caído em seus ombros, dizer em voz alta o que ela significava parecia torná-la totalmente real, o que era assustador. Mas Annabelle não fazia ideia, e tinha suas dúvidas de que seria deixado em paz caso não desse pelo menos uma explicação. Não era sua obrigação dizer nada, mas os pontos que a moça havia citado faziam sentido, e se ela entendesse parte da situação, já seria ótimo.

― Em um cemitério. ― Revelou, por fim, sentindo um grande incômodo em seu peito por ter de falar isso. ― Um amigo meu morreu ontem à noite, a cremação é hoje.

Annabelle mordeu o lábio, entendendo a situação. Não sabia quem era o amigo, mas para pessoas como eles, qualquer pessoa que se importasse já era de grande importância, e imaginava que isso valia muito mais para Bucky. Continuava se preocupando com o que poderia acontecer, mas não seria maluca de impedi-lo, porque odiaria que alguém fizesse isso com ela.

― Sinto muito. ― Respondeu, respirando fundo. ― Tudo bem, vai... Mas tome cuidado.

Bucky assentiu com a cabeça e começou a arrumar o que levaria, sua ideia inicial era deixar a mochila no quarto. Annabelle pegou o controle da TV e se sentou na cama, porém não ligou o aparelho, se distraindo consigo mesma.

Se para ela a situação toda era ruim, para Bucky parecia mil vezes pior. Ele não teve escolha, literalmente, e agora que estava em um mundo totalmente diferente do habitual, começando a se acostumar... Havia perdido um amigo. Quantas pessoas confiavam nele? Ou pelo menos eram próximas?

Quando pensou nisso, percebeu que talvez não fosse bom deixar Bucky ir sozinho. Se fosse alguém próximo, era previsível que Bucky iria dar um adeus a pessoa. E pela forma que estavam caçando os alvos, não seria difícil descobrir a morte da tal pessoa...

― Posso ir contigo?

Virou seu rosto em direção a Bucky, percebendo que ele estava indo em direção à porta, provavelmente já iria sair. O rapaz parou e a olhou, franzindo o cenho.

― Por quê?

― Porque não acho seguro você ir sozinho. Se souberem que essa pessoa morreu... É o local mais óbvio para te procurarem.

― Acho difícil a informação vazar. ― Bucky argumentou.

A verdade era que preferia ir sozinho. Annabelle nem sequer o conhecia, mas em compensação, Bucky o conhecia muito bem. Seria muito melhor poder dizer adeus sem ela por perto, embora a mesma não tenha se mostrado desagradável. Não queria ser visto naquela situação.

Annabelle respirou fundo. Queria insistir no assunto, mas Bucky não parecia disposto a ouvir nada do que dissesse. Já havia aprendido que algumas lutas simplesmente não se vence. Essa era uma delas.

― Tá... ― Balançou a cabeça, desistindo. ― Boa sorte lá. E meus pêsames.

― Obrigado.

Depois da conversa, Bucky não se prolongou muito, saindo rapidamente do quarto, levando uma das chaves com ele. Porém, à medida que andava em direção à escada, começou a hesitar.

Queria ir sozinho, muito. Mas se alguma coisa acontecesse com um dos dois... Seria mais fácil de se defenderem se estivessem juntos, caso fosse necessário. E a culpa dela ficar no quarto seria dele, afinal Annabelle havia pedido para ir também.

Odiava admitir, porém a preocupação de Annabelle não era infundada. E sua consciência agora começava a ter a mesma preocupação.

Revirou os olhos, se sentindo um grande idiota. Por fim, decidiu dar meia volta e, com a chave em mãos, abriu a porta do quarto. Annabelle havia acabado de ligar a TV, mas o encarava com certa estranheza.

― Vem logo.

― Você... ― Annabelle pareceu hesitar, balançando levemente a cabeça. ― Tá.

Pegou seu casaco e desligou a TV, deixando o controle em cima da cabeceira da cama. Não poderia negar que se sentia mais segura em saber que os dois iriam juntos, mas estranhava o motivo da mudança tão repentina. Contudo, uma explicação não fazia parte de seus planos, quem sabe ele não mudava de ideia mais uma vez?

Desceram até o estacionamento juntos e apenas ali Bucky percebeu que nem sequer havia pensado em como iria até lá sozinho. Poderia ir a pé ou de ônibus, mas mentiria se dissesse que não preferia o conforto do carro. Dessa vez, porém, nada parecia importar.

Só o fato de que seu melhor amigo estava morto.

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