É que às vezes o adeus é uma segunda chance.
Às vezes o amor dura,
Mas, às vezes, fere em vez disso.
Por favor, não derrame nenhuma lágrima por mim.
BOA LEITURA!
ANNA
A imagem parada encarava-me com a tristeza nítida no olhar, as pálpebras inchadas e o rosto um pouco avermelhado.
Ele parecia ter chorado, sua expressão era cansada e havia levemente algumas olheiras abaixo de seus olhos.
Eu fecharia a porta e voltaria para o que antes fazia, mas infelizmente eu era fraca demais para fazer isso.
Devido a isso, apenas dei meia volta, dando-lhe as costas, esperando que ele se pronunciasse.
- Anna... - Chamou, entristecido. - E-eu sei que nada justifica os meus atos... Eu sei que sou o responsável por todo esse sofrimento, por toda essa dor incalculável, agora... - Suspirou pesadamente. - Agora eu sei o quanto fui imaturo, o quanto fui desrespeitoso, o quanto fui... Infiel.
Fechei os olhos fortemente, impedindo que as lágrimas saíssem.
Aquele misto de sentimentos estava acabando comigo, eu não sabia como reagir.
No momento, a raiva lutava contra o sofrimento, alguém precisava comandar.
- Sei bem que não mereço nem ao menos o seu olhar sobre mim, mas por favor... - Aproximou-se hesitante, pedindo. - Olhe para mim.
- Para o que? - Perguntei-lhe, enojada. - Para mim ver o seu sofrimento e me comover com ele? Não, Jungkook. Para mim, suas lágrimas não são argumentos.
- Eu sei que estou deixando a desejar a muito tempo, sei que fui ingrato não apenas com você, mas com todos ao meu redor. - Confessou. - Eu... Eu sei a gravidade de cada erro, e não vou mentir e dizer que não sabia o que estava fazendo, porque sim, eu sabia... De um jeito ou de outro. - Murmurou a última frase. -
- Parabéns, admitiu seus erros. - Falei, um tanto irônica. - Mas nada do que acabou de me dizer, justifica algo, nada justifica você ter feito o que fez comigo. - Pisquei forte. - Eu não tenho nem palavras para descrever o que eu senti, o que eu sinto nesse exato momento.
Aquilo poderia sim estar doendo nele, mas não como dói em mim, não como esse maldito sofrimento que se alastra como uma praga.
- Me perdoa... - Pediu, totalmente vulnerável. -
Como uma criança quando faz algo de errado, com medo das consequências.
É, Jungkook não estava tão longe de ser uma.
- Perdoar para acontecer novamente!? Para quando eu não querer, você me forçar? Para você sair e transar com a primeira mulher que encontrar pela frente? - Esbravejei, rindo incrédula. - Não, Jungkook. Eu já não consigo mais lhe perdoar, sabe por que? Porque o meu limite já acabou faz tempo.
- Eu juro que isso não vai acontecer. - Prometeu de antemão. - Eu prometo que... - O interrompi. -
- Suas promessas já não me servem de nada, Jungkook! - Informei, entre dentes. Dei um passo a frente, virando-me, por fim o olhando. - "Promessas são uma tolice, ninguém nunca as cumpre na realidade", Lembra? Foi o que você me disse.
Naquele mesmo momento ele desabou ainda mais, ele não tinha controle de seu choro e nem de seu corpo, que tremia tanto.
Aquilo era um pouco preocupante, ele estava totalmente destabilizado.
- M-me perdoa... - Novamente pediu, tentando controlar suas próprias emoções. - Por favor...
- Não, eu não vou fazer isso. - Protestei, limpando às lágrimas com certa violência. - Eu não vou perdoar tudo o que você fez, eu não vou permitir que você se sinta aliviado enquanto eu continuo a sofrer por sua culpa...
Eu quase fraquejei, sentindo as lágrimas descerem rapidamente.
Aquilo estava sendo difícil, sem dúvidas.
Ver Jungkook naquele estado me dava pena, remorso.
Mas eu ainda não acreditava em suas palavras, chorar? Qualquer um pode chorar.
Pedir perdão sem mudanças é pura manipulação.
- Eu ultrapassei os meus limites por você, eu deixei de lado o que sentia para continuar fortalecendo a minha esperança em você, porque eu acreditava em seu potencial. - Retornei a dizer, o vendo repousar o olhar em mim, menos agitado que antes. - Mas a verdade é que você sempre soube do que é capaz, do que poderia fazer, e sabe o que é pior? Eu nunca lhe ouvi, nunca dei importância quando dizia "vai mentir para mim, dizer que está bem quando eu lhe machucar de verdade?" Você sabia que era difícil para mim, tinha ao menos noção de como eu estava e simplesmente não ligou para isso.
- Eu sei que sou capaz de cometer muitas coisas, mas eu nunca pensei que... Que fosse capaz de... - Calou-se, desviando novamente os nossos olhares. -
Ele sentia vergonha até de admitir.
- Diga, eu quero que diga! - Exclamei, trêmula. -
- Capaz de cometer um abuso... - Completou, piscando forte. - Isso é algo tão covarde...
- Você é um cretino. - Eu disse chorosa, sentindo as pernas bambear. - Porque fez isso comigo...
Ele então, com dificuldade por estar trêmulo, ajoelhou-se no chão, sem desviar o olhar do meu. A essa hora ambos choravam, com as emoções a mil, sem saber como controlar tudo aquilo.
- Levanta... - Pedi, sem ousar a lhe olhar. -
Eu não queria ver aquilo, não poderia.
- Eu não queria ter decepcionado tanto, eu não queria ser o motivo do seu sofrimento, eu não queria ter falhado como namorado, eu não queria nada disso... Eu queria tanto lhe fazer feliz, ser o que você queria, o que precisasse que eu fosse.
Jungkook chorando, ajoelhado suplicando pelo perdão.
Era algo que eu nunca pensei que veria.
- Jungkook, eu quero que você levante agora! - Exclamei, aparentemente baixo. - Não quero que suplique de joelhos, porque será inútil.
Me esforcei muito para dizer aquilo.
Ainda hesitante, ele levantou, respirou fundo algumas vezes e secou suas lágrimas.
Sua aparência era péssima e poderia comover a qualquer um.
No entanto, algo chamou ainda mais a minha atenção, ele tinha marcas arroxeadas no pescoço, aparentemente feitas a poucos dias, mas com bastante profundidade.
Me aproximei involuntariamente e pela primeira vez o toquei, afastando a camisa que o mesmo usava, afim de enxergar sua pele marcada.
Eram chupões, e nem precisava perguntar como surgiram.
- Não faça isso... - Pediu dificultoso, tentando tirar minha mão de sua camisa. - Não veja...
- Está todo marcado... - Murmurei, segurando com força a camisa. Levantei a mão oposta, afim de expor as outras marcas, mas ele impediu, me tocando com a mão. - Eu não deveria estar surpresa? - Perguntei retórica. -
- Não vou deixar que veja isso... - Falou baixo, tentando me afastar. -
- Qual é, deixe-me ver o trabalho dela! Me deixe saber o prazer que você sentiu. - Esbravejei, o vendo negar decepcionado. - Me diz, Jungkook. Quantos você pagou por esse programa?
- Programa... - Repetiu, me olhando indignado. -
- Foi de graça? - Fingi surpresa. -
- Larga a camisa. - Pediu, com a voz falha. -
- Eu quero ver, porque não posso ver!? - Exclamei, sentindo suas mãos me tocaram na cintura, me afastando. - Não me toca!
Jungkook respirou fundo e rapidamente afastou suas mãos, com os olhos fechados.
Com isso, novamente continuei o que antes fazia. Por breves segundos, até novamente ele segurar os meus braços e impedir, mesmo que estivesse fraco demais para forçar algo.
Ele me encarava com os olhos molhados, sem alguma expressão viável.
- Não conseguiu o que queria comigo e por isso foi procurar outra que lhe satisfazesse? - Confrontei, cerrando os punhos contra seu peitoral. -
- Não, aquilo não deveria ter acontecido! - Exclamou, sem alterar a voz. - Aquela mulher me drogou!
- Você já estava drogado! - Relembrei. - Ela não amarrou seus braços e nem suas pernas, ela não te forçou a nada! - Me alterei, socando seu peitoral com fraqueza. - Você nem sequer deve ter usado preservativo...
Falhei, sentindo os joelhos tocarem involuntariamente no chão, as pernas fracas demais para sustentar o meu corpo.
Jungkook se deixou levar e consigo aconteceu o mesmo.
- Eu nunca quis aquilo... Eu não teria coragem....
- Pare de mentir para mim! - Esbravejei, impulsivamente lhe acertando um tapa no rosto. -
O estalar foi alto, o tapa forte havia deixado marcas ao lado esquerdo, frente a bochecha.
Eu imediatamente me arrependi por aquele ato impulsivo, eu nunca levantaria a mão para alguém, nem mesmo para ele.
Eu não machucaria alguém, nem mesmo se a pessoa merecesse muito.
Porque eu não sou assim.
- Jungkook... Jungkook, desculpa. - Pedi, o vendo abaixar a cabeça e me soltar. - Desculpa.
- Não fez nada que eu não tenha merecido, Anna. - Afirmou, me ajudando a levantar e sentar no sofá. - Isso ainda é pouco para o que eu realmente mereço.
- Desculpa.
Jungkook se afastou, tocando o próprio rosto involuntariamente.
- Naquele dia... Eu só pensei em me drogar para esquecer dos problemas que me rodeavam, eu só queria relaxar o corpo, mesmo que fosse dessa forma. Eu levei sim aquela mulher para um dos quartos, mas eu nunca me envolveria sexualmente com qualquer pessoa, ainda mas daquela forma... Eu avisei a ela para ficarmos um determinado tempo ali, para os outros acharem que de fato aconteceu algo. Mas... ela viu o meu anel, disse que você poderia estar com outro também, e realmente estava, eu sabia que estava cuidando de Taehyung. Devido a isso eu a beijei por impulso, foi quando ela me fez ingerir o Ecstasy.... Após isso, você já sabe. - Deu uma pausa, respirando. - Eu sei que independente de tudo, eu também quis aquilo, mas o Ecstasy contribuiu 80% para que eu sentisse essa vontade, ele praticamente me jogou nos braços dela. Felizmente eu não lembro de nada, não lembro como foi e o que senti... Mas eu sei que aconteceu.... Você não tem noção do nojo que sinto de mim quando me olho no espelho, quando olho o meu corpo e lembro do que aconteceu.
Eu apenas ouvia atentamente, não dizia nada porque não tinha algo para dizer.
Cada vez mais eu ficava sem palavras para descrever aquela situação.
- Vou ser bem sincero, Anna. - Sentou-se, longe de mim. - Eu não iria lhe procurar, eu não tinha essa coragem depois de tudo o que eu fiz, apenas bati em sua porta devido a mensagem que você mandou.
Ficamos momentos em silêncio, ambos já não estavam mais chorando, apenas sentados, pensativos.
Jungkook retornou a falar depois de alguns minutos.
- Eu não pensei que fosse lhe ver justo hoje, um dia antes de eu ir embora. - Informou-me, jogando os cabelos longos para trás e fungando. -
- Passamos a maioria do tempo na universidade, estudamos na mesma sala, você ir embora ou não do prédio, não servirá muito... - Indaguei. -
- Não estou indo embora somente do prédio, estou indo embora de Seul. - Explicou, estalando os dedos. - Eu... Eu não deveria ter parado com as minhas consultas... Definitivamente foi a pior decisão que eu tomei.
- Você precisa ir embora por isso? - Pensei alto. O vendo levantar ambas sobrancelhas, surpreso. - Quer dizer, Aqui não tem bons psiquiatras?
- Você não entende... - Negou, levando seu olhar para um outro lugar. -
- Então explique. - Instrui. -
- Antes... Me responda. - Piscou devagar, sem retornar o olhar a mim. - Não sente nojo de estar poucos metros longe de mim?
- Eu estou com raiva, Jungkook. Estou entristecida, com medo, insegura... Mas eu ainda quero lhe ouvir. - Fui sincera. -
- Eu fiz metas, tenho um objetivo que só cabe a mim realizar. E nada dará certo se eu continuar aqui, perto de todos vocês. - Explicou, sereno. - Por isso irei embora, para que não haja outro fracasso. Sem mencionar que todos irão ficar bem sem a minha presença, será um alívio... Para todos.
- Por quanto tempo.... - Falhei. -
- Eu não sei, não quero colocar prazos e nem criar expectativas de retorno.
Ele informou.
Pensamentos e recordações vieram de repente, fazendo-me questionar a mim mesma sobre a verdade já nítida.
Ele nunca lutou por esse relacionamento.
Era algo que batucava minha cabeça constantemente.
Esfreguei os olhos, ordenando ao meu cérebro que não ousasse a enviar alguma lágrima sequer.
Tentar controlar todos os sentimentos e pensamentos estava sendo muito difícil.
Principalmente com ele parado bem ali.
O vi de realce se levantar e caminhar até mim, com intuito de tocar o meu rosto. Mas ele não ousou a fazer aquilo.
Seus sentimentos também estavam descontrolados, hesitantes, devido a isso, ele se afastou ainda mais.
- Eu acho melhor ir embora. - Indagou. -
- Antes de ir, me diga... - O olhei. - Porque nunca lutou por nós, Jungkook? Por mim? Pelo o que sente... Se é que sente algo, é claro...
- Eu não vou dizer que te amo, por que estaria mentindo. - Afirmou, subindo e descendo o peito em uma respiração ansiosa. - Assim como você também não pode dizer isso, porquê também estaria mentindo... Eu mesmo fiz os caminhos para que você trilha-se, não dei permissões verdadeiras, não permiti que você me amasse. E também não te amei como deveria, como você realmente merecia.
Ele estava certo.
- Eu queria poder lutar por você, mas eu não posso fazer isso. - Negou com a cabeça, devagar. - Eu não posso lutar por você sem antes lutar por mim e pela minha recuperação. E é por isso que vou embora.
Apenas assenti, novamente o vendo se aproximar e agachar no chão.
Jungkook não conseguiu me olhar por muito tempo, ele abaixou o olhar até uma de suas mãos e suspirou fundo.
Suspirou fundo enquanto tirava o anel de seu dedo anelar.
- Quero que guarde isso com você. - Justificou de imediato, colocando o anel em minha mão. - Eu irei voltar para buscar.
- Quem garante que vou estar te esperando? - Perguntei-lhe, vendo seus lábios formarem um sorriso torto, sem jeito. -
- Eu sei que nunca vai esquecer do que tentei fazer, talvez nunca me perdoe por isso, mas eu voltarei para lutar pelo seu perdão e pelo seu amor. - Afirmou, com toda a certeza que havia em si. - Não estou dizendo que irei conseguir, pois sei que já tenho o não como resposta, mas... Eu preciso ver que tentei todo o possível, mesmo que nunca mais tenhamos alguma relação, eu estarei feliz por tentar e por ver que você fez a escolha que seu coração mandou.
Ele indeciso de fazer ou não, deu-me um selar sereno na testa e se levantou, caminhando até a porta.
Me olhou uma última vez, sem receber o meu em troca, e por fim, fechou a porta.
Indo embora sabe se lá por quanto tempo.
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A estrelinha!!⭐
Feliz 7K adiantado! Eu não tenho palavras para dizer como estou feliz por isso, por esse crescimento diário que só me dá alegria.
☺️💜
Queria ressaltar algo: Jungkook apenas se drogou para relaxar o corpo e se livrar dos pensamentos que lhe atormentavam.
Por isso ele apenas ingeriu (POR VONTADE PRÓPRIA ) Heroína e Cocaína, para até então conseguir o que queria.
Quando ele quis levar aquela mulher para um dos quartos, foi com a intenção de fazer os demais acharem que aconteceu algo já previsto, mas ele em momento algum iria ter relações sexuais com ela.
Porém, quando ele ingeriu ( SEM CONSENTIMENTO ) Ecstasy, seu corpo automaticamente sofreu uma descarga, fazendo com que ele novamente tivesse disposição — pois estava sem forças devido a heroína que foi injetada diretamente na veia, fazendo com que os efeitos colaterais surgissem mais rápido. — E sentisse um enorme desejo sexual pela moça. Por isso houve o que houve.
Quis esclarecer pois poderiam achar algo que na verdade não era a realidade.
Percebi também que poderiam ter duas versões dadas do capítulo 24.