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- Louise Narrando -
Eu saí do serviço no início da noite, conversei com a minha amiga um pouco e me despedi, quando estava indo para o caminho do metrô vi uma pessoa que eu não queria ver nem pintado de ouro, fingi que não vi e segui o meu caminho.
- Eu sei que você me viu - falou e eu bufei
- Por que você não faz igual eu e finge que eu não existo, é ótimo imaginar isso - falei e continuei andando
- Louise, espera - tentou segurar o meu braço mas eu puxei com força
- Não me toca - falei séria olhando pra ele
- Por que você é assim? - perguntou estressado
- Eu não vou falar o óbvio para você - falei irritada
- Ele quer ver você - falou e eu ri sem humor
- Isso é uma piada, né? - perguntei e ele negou - Pois deveria então, aí eu poderia dizer que além de sem graça é de mau gosto
- Você deve isso a ele - falou e eu me segurei pra não dar na cara dele
- Me esquece - falei séria - Ou juro pra você que faço um escândalo dizendo que você tentou me agarrar
- Você é maluca - falou irritado
- Fils de pute - falei alto e vi que o mesmo ficou com raiva, não esperei nem ele responder e segui o meu caminho
Assim que eu cheguei em casa fui terminar assistir o final da série que eu comecei essa semana, dei pause e fui até a cozinha fazer uma pipoca, coloquei tudo na panela e quando peguei a taça do vinho escutei a campainha tocando, fui até a porta e tomei um susto quando vi o Thiago.
- Tá fazendo o que aqui? - perguntei confusa - Aliás, como você subiu?
- O porteiro me reconheceu - falou simples - Eu vim te ver
- Estranho - falei e ele riu fraco
- Posso entrar? - perguntou me olhando
- Pode - dei espaço e ele entrou, fui até a cozinha e o mesmo veio atrás de mim, peguei a vasilha pra botar a pipoca e deixei no balcão
- Como foi seu dia? - perguntou e se sentou no banco que ficava no balcão
- Normal - peguei a garrafa de vinho - Quer?
- Quero sim - confirmou e eu peguei outra taça
- E o seu dia? Como foi? - perguntei e abri a garrafa, coloquei nas taças e ele pegou uma
- Treinei - falou e eu bebi um pouco - E tive que falar com os meus filhos sobre o divórcio
- Você tem filhos? - perguntei surpresa e desliguei o fogo
- Sim, dois meninos - falou me olhando e eu fiquei quieta - Tudo bem?
- Tudo sim - confirmei e peguei a panela, despejei a pipoca na vasilha e coloquei a panela na pia - Como eles reagiram?
- Melhor do que eu pensei - falou bebendo - Pra eles foi algo normal, falaram que a maioria dos amigos os pais são separados
- Entendi - falei colocando sal na pipoca e comi um pouco
- Gosta de crianças? - perguntou e eu dei de ombros
- Não convivo com nenhuma - falei e peguei a minha taça e a vasilha - Traz a garrafa
- Mas pretende ter filhos? - perguntou curioso
- Eu tenho 21 anos - falei deixando as coisas na mesa de centro que tinha ali - Nunca pensei sobre isso, na verdade só penso em terminar os meus estudos
- Tá certa, tá nova ainda - falou e eu assenti
- Pretende ter mais filhos? - perguntei e ele deixou a garrafa na mesinha
- Tenho mais idade pra isso não - se sentou - Alguns anos atrás até pensei em tentar uma menina mas a vontade sumiu
- Tem muito filho já - falei e ele riu
- Só dois pô - falou rindo - Que série é essa?
- Emily in Paris - falei pegando o meu celular e botei para carregar
- É boa? - perguntou curioso
- Ela usa uma saia da marca podre que não devemos nomear e muito menos usar, roupas que lembram o estilo da Anne Hathaway em O Diabo Veste Prada, e uma vibe meio Blair Waldorf nas roupas - falei me sentando no sofá - Sem novidade nenhuma
- E porque você assisti? - perguntou confuso
- Serve para matar o tempo e eu estava ansiosa para os looks - falei simples
- Se decepcionou, né? - falou e eu peguei a vasilha
- Sim - falei desanimada e peguei a taça, bebei um pouco e peguei a pipoca
- Ótima combinação - falou rindo
- Quer? - perguntei e ele negou - Vamos ouvir uma música então - peguei o controle e logo coloquei no youtube, pesquisei e coloquei Marília Mendonça
- Virou fã hein - falou sorrindo
- O Neymar me mostrou umas músicas - contei e ele assentiu - Procurei a tradução e gostei
- Virou amiga dele? - perguntou e eu neguei - Não?
- Colega - falei simples - Nos conhecemos há pouco tempo
- Entendi - falou pensativo - Tá ouvindo outras?
- Anira - falei e ele sorriu de lado - Que foi?
- O jeito que você falou, francesinha - falou e eu ri sem graça
- Não tem aquele negócio que ela faz com a bunda? - perguntei de repente
- O quadradinho? - perguntou e eu assenti
- Eu tentei fazer e aprendi - falei animada - E ele me disse que ficou direitinho
- Ele quem? - perguntou confuso
- O Neymar - falei terminando de beber
- Ah, ele avaliou é? - perguntou e eu deixei a taça na mesinha
- Sim, avaliou até a minha piriquita - falei rindo e ele engasgou com o vinho
- Sua o quê? - perguntou alto mas abaixou a voz
- Piriquita - repeti devagarinho - Será que eu sou?
- Você tem - falou óbvio
- Tenho? - perguntei surpresa
- Claro - riu baixo
- Como você sabe? - perguntei confusa
- Por que eu já coloquei a mão, o pau, já chupei - me olhou malicioso e apontou pra minha bureta
- Mon dieu - falei com vergonha
- Ele disse isso como? - perguntou curioso
- Eu fiz igual a Anira - falei e ele terminou de beber o vinho, deixou na mesinha e eu comi um pouco da pipoca - Aí ele disse que mais um pouco eu estaria uma perfeita piriquita - terminei de falar e ele soltou uma gargalhada - Que foi?
- Piriguete - falou devagar - Ele quis dizer piriguete
- Para de rir - resmunguei e ele me puxou pro colo dele
- Foi mal - beijou o meu rosto e eu deixei a vasilha no chão
- O que significa isso? - perguntei curiosa
- É uma das palavras que se usa pra falar das pessoas que usam roupas curtas/justas ou age de uma forma mais ousada - falou explicando
- Pessoas é mulheres? - perguntei e ele assentiu - E ousada é ser livre?
- Tipo isso - deu de ombros, segurou o meu rosto e me deu um selinho demorado
- Se ser livre quer dizer que sou piriquita eu sou isso aí - falei e ele negou
- Maluca - falou e me beijou