Quando eu entro no carro, Tom já estava no banco de motorista olhando a paisagem noturna pela janela.
Ele me olha rapidamente quando percebe que estou sentando no banco de passageiro e liga o carro. Eu fecho a porta e ponho o cinto de segurança enquanto o olho. Ele nem sequer fala uma palavra. E isso já está me chateando.
— Eles mandaram alguma mensagem? — tento puxar assunto me referindo aos pais do Tom.
— Não — ele responde sereno e monótono.
O caminho todo foi feito em silêncio desconfortante. Olho disfarçadamente para suas mãos no volantes e podia ver que ele apertava com força, como se estivesse tentando se controlar, como se estivesse com raiva.
Minha mente vagava em mil hipóteses do que eu poderia ter feito de errado e percebo que estava com uma sensação de algo entalado na garganta. Eu sabia o que era isso. Choro.
A confusão que estava na minha mente era tanta que eu estava com vontade de chorar. Chorar e gritar. Eu estava muito chateada por ele simplesmente me ignorar.
Seja lá o que for que eu fiz, foi tão grave assim?
— Está tudo bem? — tento mais uma vez, não permitindo que meu choro saísse.
— Sim — ele me olha rápido de voltar-se para a estrada novamente — Por que?
— "Por que"? Você 'tá de brincadeira, né? — cruzo os braços já irritada.
— Olha, (S/N) — ele suspira — Eu prometo que vamos conversar sobre isso mais tarde, ok?
— Ah, então você exatamente do que estou falando — concluo agora olhando para a janela.
Ouço ele suspirar mais uma vez, mas dessa vez não falo mais nada. Era melhor eu ficar calada antes que pudesse falar algo com raiva e piorar a situação mais ainda.
Depois de, finalmente, chegarmos no restaurante incrivelmente chique e elegante e caro e para pessoas que não são como eu, saio do carro quando um funcionário do restaurante abre a porta para mim. Espero Tom dar o seu nome e logo o recepcionista se apronta em nos levar para a mesa onde já tinha gente nos esperando.
Quando entramos no local, o luxo era sentido no ar. Eu jamais imaginaria que estaria em um lugar como aquele algum dia.
Mas, mesmo me sentindo nervosa, começo a andar exatamente como Maddy havia me ensinado. Nariz empinado, andar confiante e não reparar nas pessoas que olhavam. Era impressionante como Maddy andava o tempo assim, até na escola.
Sinto a mão do Tom na minha cintura, me acompanhando até a parte privada do restaurante, e soube que eu não precisava estar tão nervosa. Ele estava ali, do meu lado.
Quando íamos entrar, sinto meu pulso ser puxado de leve, me impedindo de continuar andando. Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, sinto os lábios quentes do Tom nos meus. Com uma mão, ele segura meu rosto e com a outra, ele segura minha cintura.
Nos separamos do beijo por falta de ar e olho para Tom sem saber entender.
— Eu te amo, ok? — ele pergunta me olhando nos olhos — Prometo que vamos conversar melhor quando sairmos daqui.
Ainda surpresa com a sua súbita atitude, assinto com a cabeça e agarro na mão que estava no meu rosto.
Entramos na sala privada, recebendo vários olhares curiosos. Não era só os pais e os irmãos do Tom? Por que tem tanta gente aqui?
Não estrague tudo, não estrague tudo, não estrague tudo, não estrague tudo, repito para mim mesma várias vezes.
— Boa noite! — Tom e eu cumprimentamos o povo ao mesmo tempo.
Todo mundo respondeu com o mesmo sorriso, se levantando do lugar para falar com a gente.
— Essa é a (S/N), minha namorada — Tom faz uma breve apresentação — (S/N), essa é a minha tia Mary, o marido dela Anthony, os filhos deles Louis e Madison e a minha avó Teresa.
— Olá, prazer! — Mary me abraça animada e eu retribuo.
— Prazer em conhecê-la — Anthony entende a mão e eu aperto.
— Que linda! Tom é um garoto de sorte — Teresa me cumprimenta com um sorriso caloroso.
— Fantástica! Sensacional! — Louis diz me olhando enquanto fazia gestos de câmera invisível — Ângulo perfeito para as minhas fotos, você já foi modelo? É agora? Ou pretende ser no futuro?
Rio sem saber o que responder.
— Louis, se controla por favor — Tom diz carrancudo — Mãe! O que eles estão fazendo aqui?!
— Olá, primo — Louis revira os olhos e volta a olhar para mim — Como você consegue aturar esse cara? Ele é muito chato.
— Tem que ver na escola, consegue ficar pior — respondo para irritar Thomas.
O que parece funcionar, já que o mesmo me olha chocado e irritado.
— Deixa de ser chato, sai daqui — Madison empurra Louis e vem me abraçar — É muito bom finalmente conhecê-la. Maddy e eu somos tão sozinhas nessa família, não temos ninguém para falar mal da família.
— Uau, Madison! Muito obrigada! — Mary, sua mãe, diz ironicamente.
— Não disse nenhuma mentira — Madison volta a olhar para mim.
— Madison, para de nos expor! — Maddy aparece me fazendo respirar de alívio.
Enquanto ela vinha na minha direção, eu também fui até ela e nos abraçamos.
— Eu te disse que minha família é louca — Maddy sussurra durante o nosso abraço me fazendo rir — E por que vocês demoraram tanto?
Quando desfaço o abraço, percebo o olhar malicioso dela.
— Nem te conto — suspiro só de lembrar.
Nos afastamos quando vejo os pais de Tom.
Dominic troca dois beijos na bochecha comigo e a Elizabeth me abraça rapidamente.
— Nos encontramos de novo — ela diz animada — Ele está dando muito trabalho? — ela pergunta e olha de relance para o filho.
— Nenhum pouco — respondo.
— Ótimo, qualquer coisa me fala. Eu dou uma surra nele na mesma hora.
Caímos na risada e Tom não entendeu nada.
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— E os seus pais? O que eles fazem? — a avó de Thomas pergunta.
— Meu pai é enfermeiro e a minha é... barista — digo já esperando uma reação péssima deles.
Mas isso não veio.
— Barista? Ela sabe mexer naquelas máquinas de café? — tia Mary diz depois de dar um gole no vinho tinto — Já ganhou meu respeito. Nunca entendi como funciona aquilo.
— Eu já trabalhei em uma cafeteria também — Madison diz.
— Você era a faxineira, então não conta — Louis destrói a garota.
— Mas é trabalho do mesmo jeito! — Madison se irrita.
— Você não ficou nem um mês! — Louis expõe.
— Chega, crianças! — seu pai Anthony encerra a discussão dos dois.
— Seu pai ainda trabalha nos Estados Unidos? — Nicola pergunta.
Me lembrei da Maddy, quando ela disse que a mãe dela já sabia tudo sobre mim quando fui na casa deles pela primeira vez.
— Sim, mas ele vai procurar um emprego aqui no Reino Unido — informo.
— Manda ele falar comigo, tenho alguns contatos que pode ajudar — Dominic diz depois de engolir um pedaço cortado de picanha.
— Sério mesmo? — arregalo os olhos — Muito obrigada.
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— Tchau, espero te ver novamente! — Madison grita de dentro do carro acenando.
Depois de todos se despedirem, cada um foi para seu carro. Maddy iria conosco para o iate que já estava esperando a gente.
— Pode ir para o carro — Tom estende a chave para Maddy — Alcançaremos você em alguns minutos.
Maddy entendeu que Tom queria falar comigo a sós. Quando ela já estava bem longe, Tom se vira para mim.
— E então? Foi como esperava? — Tom pergunta para mim.
— Sinceramente, foi bem melhor — digo aliviada — Sua família é maravilhosa, todos foram um amor comigo.
— Eu disse que não precisava se preocupar, eles te amaram — Tom ri e pega na minha mão — Sobre hoje mais cedo...
— Thomas, não... — tento falar.
— Eu preciso falar agora, antes que eu perca a coragem — Tom respira fundo antes de continuar a falar — (S/N), você sabe que eu nunca namorei ninguém. Nunca estive com ninguém antes.
— Sim, eu sei — assinto.
— Não, eu quero dizer que... Eu nunca fiquei com alguém — ele tenta explicar melhor — Do tipo, não só nunca namorei, como também nunca tinha beijado alguém antes de você.
— O que? — pergunto chocada — Mas c-como? V-você... Então você nunca...?
— Eu sou virgem — ele confessa de uma vez.
Todo mundo da família do Tom é crazy😂