Estou tomando meu café da manhã sentada em uma mesinha do quarto. São wallfes, geleias, e alguns pães e sucos. E é maravilhoso o tanto de saboroso que isso está, eu amo a comida daqui, e às vezes... me sinto mal por comer tão bem, enchendo a barriga enquanto Jaden pode estar lá, caçando sem mim, preocupado comigo...
Eu termino de me alimentar quando escuto uma batida na porta, eu viro meu olhar, observo Maggie indo até a porta e abrindo a mesma.
— Bom dia Maggie! O Príncipe disse que tem planos para a tarde inteira e ficará fora. Caso a senhorita Belmort queira falar algo, que seja agora — conheço essa voz
Ando até a porta e vejo o Josh, o guarda que acertei com um arco
— Senhorita Belmort! bom dia. — ele cumprimenta com um sorriso
— É.. bom dia... você disse que o príncipe vai sair? É isso?
— Sim. Ele passará toda a tarde fora.
— Eu posso falar com ele? Tenho uma coisa para perguntar.
— Claro! Ele me avisou que sai em 20 minutos, então vamos logo
— Mas estou de pijama. — lamento olhando minha roupa quase transparente.
Josh mesmo que eu tenha citado minha roupa não a encarou, focou apenas em meu rosto.
— Coloque isso Senhorita. — Maggie me entrega um casaco, e eu o visto com um sorriso.
Ela é perfeita.
— Obrigada Maggie, até daqui a pouco. — sorri para ela
A mesma sorriu de volta. E em seguida eu andei com Josh a caminho do príncipe.
Ele ficou em silêncio. E estava constrangedor demais para eu conseguir manter minha boca fechada.
— Perdão pelo arco — sussurro
— O que disse? — pergunta confuso
— O arco, na sua cabeça — eu encosto meu dedo no local com um curativo em sua testa.
— Ah! — observo-o rir — Está tudo bem, não ligue para isso — Ele realmente parece não ligar para isso. E entre ele e o tal Bruce brutamontes, eu prefiro o Josh.
E nós saímos do castelo. Eu estranhei encontrar alguns guardas se organizando lá na frente, espremi os olhos para procurar o príncipe no meio de todos. Não foi difícil, o jardim é enorme, mas o príncipe é inconfundível.
Ele está arrumando suas roupas de caça. E eu estranhei...
— Espere aqui. — Ele andou até Vinnie, me deixou a ali sozinha a uns 8 metros de distância deles. E eu observei o Josh chegando ao loiro, que sorriu para ele e depois de escutar algo de Josh, olhou para mim.
Eu não sorri. Devo sorrir? Ou devo só acenar. Não, não Nixie não precisa.
Ele sorri pra mim. Acenou e em seguida observei Josh vindo em minha direção novamente.
— Vá lá, boa sorte com sua pergunta — diz
Eu sorri para Josh.
— Obrigada. — agradeço, e em seguida ando até o príncipe.
— Pode ir. — o garoto diz para os guardas quando chego perto dele.
Eu me aproximo, fico não tão perto.
— Alteza.
— Já disse, me chame de Vinnie.
— Eh... Vinnie.
Ele parece apressado arrumando seu cavalo, então eu falo de vez.
— Eu estava pensando... queria visitar uma pessoa. — digo meio rápido. Ele me olha de relance, franziu o cenho
— Visitar? Não sabia que conhecia pessoas sem ser da aldeia.
— E não conheço... — murmuro, faço círculos na neve com os dedos dos pés.
— Nixie... — ele respira fundo, deixa o cavalo de lado e me encara — Não acho que seja seguro você voltar para a aldeia..
— Por que? Meu pai nunca me machucaria, ele pode ter mentido... mas ainda sim é meu pai.
— Não digo pelo seu pai. Há pessoas perigosas lá, não tinha só a Cadence.
— Mas eu convivi com eles, nunca deram sinal disso — respondo firme
— A Cadence também não deu... — ele joga, coça a nuca demonstrando
nervosismo
Eu respiro fundo. Tento não me sentir mal por lembrar disso.
— Por favor... — peço baixinho — Preciso ver ele.
— Viu seu pai ontem, já está com saudades?
— Não é o meu pai. — digo olhando para o cavalo
Ele me olha um pouco estranho no momento, mas eu não ligo.
— Verei o que posso fazer, mas depois, eu tenho compromisso agora então fique no castelo — diz ele voltando a olhar para o cavalo
Minha curiosidade não me deixa ir embora.
— Aonde vai? Vai lutar? Você está em um cavalo, com espadas, não acho que vá para uma reunião — pergunto, e ele por algum motivo ri
E seu sorriso...
— Nosso castelo quase foi atacado ontem. As plantações daqui foram roubadas e não sabemos quem e como entrou. — ele responde, parece preocupado
Eu abro os olhos surpresa.
— Eu posso ir também? Posso ajudar.
— Não acho que seja muito seguro.
— Nada é seguro.
— Não sei não. Você não...
— Por favor, nada contra seu castelo mas aqui é tão solitário, eu prometo ficar bem quieta.
Ele riu pelas minhas palavras.
Respirou fundo e...
— Ok, você venceu — eu sorri — Mas só por que não quero espantar uma visita tão agradável — eu coro com suas palavras
E ele observa meu rosto, não parece incomodar pela minha insistência de querer ir. Parece estar... relaxado
— Creio que não vai dar para fazer isso se a senhorita estiver de camisola — explica ele, e consegue me deixa mais vermelha ainda.
Merda
— Por favor, me espere, vou me trocar em um segundo — eu digo e corro dali.
Consigo antes disso escutar seu "ok" e junto sua risada.
Pedi para Maggie uma roupa mais simples e assim ela fez. E ela me conseguiu calças, coloquei ela e a camiseta na mesma cor, por fim, Maggie amarrou meu cabelo em um rabo de cavalo simples
— Obrigada Maggie! — agradeço abraçando-a. Maggie ficou imóvel, e eu me afastei no mesmo momento — Perdão
— A que nada, senhorita... — ela para de falar
— Nixie, pode me chamar de Nixie, não quero usar meus sobrenomes no Momento...
— Entendo. — diz maggie amigável — Agora vá antes que o príncipe se atrase — diz ela me acompanhando até a saída novamente
— Você está ótima — Ele diz enquanto trás um cavalo marrom até mim
— Oh, Obrigada.
— Estamos atrasados, vamos lá — diz subindo em seu cavalo
Subo no cavalo marrom, vejo alguns guardas que também estão no cavalo ficarem em volta de nós, vejo Josh ao meu lado e o Bryce do meu outro lado, dou um aceno para Josh e ele me entrega um Arco lindo, ele tinha detalhes delicados na madeira, o que só o deixava ainda mais perfeito.
Começamos a cavalgar e entrar para o lado da enorme floresta, fazemos uma curvas mas caminhamos devagar, e por sorte só se escuta o barulho das patas dos cavalos na neve.
— Fico surpresa que o príncipe tenha deixado você vir — diz alguém e olho pro lado vendo que é Bryce, só ele para interromper essa calma
— Por que ele não deixaria? — pergunto olhando para ele
— Você não deveria estar aqui, garota, além de atirar uma flecha no meu pé, ainda pode estragar todo o plano — ele resmunga, e eu tento ignorar olhando para frente
Se não sou bem vinda, porque seu príncipe me recebe tão bem? Queria perguntar a ele para esfregar na sua cara, mas eu não irei me rebaixar a esse nível.
— Caças como essas são perigosas, você deveria estar em casa fazendo luvinhas ou regando flores — ele provoca
— Faço isso, mas sair para caçar fez parte da minha vida, eu sei me virar. — respondo educadamente
— É, você vive igual uma selvagem — ele murmura, e eu seguro minhas palavras afiadas
Bryce percebe que eu "não liguei" para seu insulto, ele quer mais.
— Sabe Mareena...
— Não me chame assim! —quase gritei, atraindo não só a atenção do príncipe e dos guardas como a atenção de algo nos arbustos.
— Shhh! — um dos guardas pediu silêncio, protegendo o príncipe e ficando mais a frente quando um barulho saiu dos grandes arbustos.
Eu seguro meu arco, puxo e aponto a flecha para aquele ponto.
Vejo duas mãos saírem dali, e baixo o arco imediatamente quando alguém sai dali, ou melhor, uma criança. Um garotinho de no máximo 10 anos de idade.
Todos relaxam os ombros, e o príncipe encara a criança.
— O que faz aqui sozinho? — pergunta o príncipe
O garoto permanece em silêncio
— Você se perdeu? Está muito frio para você aqui — ele diz, desce do cavalo e se aproxima da criança, que assustada volta aos arbustos para se esconder — Eu posso te ajudar a encontrar seus pais, mas precisa sair daí, não estamos em uma área segu- — o príncipe é interrompido quando um guarda caí do cavalo, eu me assusto assim como todos — ABAIXEM! ABAIXEM-SE AGORA, DESÇAM DOS CAVALOS
Eu desço rápido, confusa e curiosa para saber se o guarda tá bem.
Observo Josh ir até ele, foi uma flechada de raspão em seu braço, ele está bem.
— De onde veio? — pergunta o Bryce com sua espada na mão
— Sou eu! O Príncipe! quero negociar com vocês. Más preciso que saiam e abaixem as armas. — Vinnie diz enquanto segura a criança pelo pulso, o que ele está fazendo?
Poucos segundos depois entendo.
— Devolva meu filho! — um homem de aparência mais velha sai das árvores com uma lança na mão, isso está cada vez mais estranho e assustador
— Ok — ele solta o garoto, que sai correndo para os braços do pai.
O homem parece aliviado, mas tem raiva nos olhos, muita raiva.
— Meus guardas viram pessoas de sua vila invadindo as plantações do castelo, não sei se sabe, senhor, mas essas plantações não só para mim, são levadas para meu povo também. — O príncipe diz, alto e claro
Josh, Bryce e os outros guardas estão agachados, mas atentos.
— Seu povo tem tudo que quer, seu pai nos elimina da vida na sociedade e espera que a gente se vire.
Não mentiu.
— Não culpe muitos pelos erros de um. Eu não concordo com muitas coisas, mas vocês são livres para procurar empregos nas cidades e vender suas mercadorias. — Bryce diz dessa vez, levanta e se junta ao príncipe
— Trabalhar? Eu já trabalho, não preciso do dinheiro sujo da cidade e do que vossas majestades distribuem, mas quero segurança! Meus filhos precisam disso, levaram nossos animais, destroem nossas fontes de água e quer que a gente se humilhe aos seus pés? Faça-me o favor — ele cospe no chão
— Quem destruiu suas fontes? Quem levou seus animais? — O príncipe pergunta
— O Rei — eu respondo pelo homem
Ele me olha, não só ele, Vinnie, Bryce, Josh e os guardas também.
— O rei anda tirando alguns animais do seu habitat natural, tirando da floresta para vender para mercadores, acaba que quem vive nas florestas não consegue alimento — falei, escutei Jaden discutindo isso com nossos pais. Ele sabe debater e questionar todos
— A garota disse a verdade — O homem confirma — E quanto a minhas fontes, foram destruídas semana passada pela noite, não fizemos nada pois achamos que tinha sido acidente, mas não foi.
— A água do rio... — o príncipe sussurra
— Usamos para fins de higiene e lavar nossas coisas, beber não. A fonte é nosso meio de hidratação.
O príncipe respira fundo.
Pela sua cara, sei que ele está surpreso, sei que não sabia de nada.
— Sinto muito por isso, irei resolver essas coisas com meu pai, tem que ser um mal entendido. E até lá... Irei mandar meus homens ajudarem na criação de uma nova fonte, e levarão cestas com alimentos para cada casa.
Meus olhos encaram ele.
Vincent não é nada do que achei que fosse
— ...Ok — O homem parece aceitar os termos. — Obrigado, Vossa Alteza.
E não sei o que isso significa, mas o fato do Rei querer tanto dinheiro me preocupa. Está falindo? Será?
— Eu que agradeço, e peço desculpas.
— Quem deve as desculpas é seu pai, não vejo a hora dele bater as botas e você assumir o trono — diz o homem se retirando dali com seu filho.
Eu infelizmente concordo, só não digo isso em voz alta pois não quero ser morta cedo.
Chegamos ao jardim novamente e logo desço do cavalo, quase caindo do dele por ser tão alto.
Às vezes me esqueço que não se desce pulando dele.
— Você precisa de aulas de etiqueta urgentemente — O Bryce fala quando passa por mim e esbarra no meu ombro.
o que ele tem de errado comigo?
— Não ligue para ele — Vejo o Josh agora, o guarda "bonzinho" — Às vezes Bryce esquece que vocês estão quites.
— Quites? — pergunto confusa enquanto aliso a cabeça do cavalo
— Sim, sabe... ele matou a Cadence... e você atirou uma flecha no pé dele, acho que estão quites, não?
— É, acho que sim. Mas por que ele não percebe isso? Fica implicando comigo o tempo todo — pergunto, olhando de relance para o brutamontes que no momento está conversando com o príncipe
— Bryce é assim, ele nunca aceita uma derrota. Mas não ligue, ele só está irritado por que o príncipe fica vulnerável perto de você — ele diz dando de ombros, e quando encaro Josh ele faz uma cara de arrependimento.
— O que disse? O Príncipe? Vulnerável perto de mim? — eu ri — Isso não faz muito sentido
Somos interrompidos, e Josh não consegue me responder infelizmente
— Do que estão falando? — pergunta Vinnie, chegando atrás de mim e ficando ao lado de Josh.
— Eu estava explicando para ela sobre o Bryce, dizendo pra ela não se incomodar — diz Josh antes que eu possa dizer algo
— Ah sim. Entendo — ele olha para Josh — Josh, já que está aqui. Quero que me acompanhe junto com Bryce para Aquiles, a princesa Katherine me convidou para seu aniversário de 18 anos. Iremos amanhã pela tarde — diz olhando para o garoto
Eu engoli seco, voltei a acariciar o cavalo ao meu lado.
— Meu pai odiaria que eu fosse com apenas 2 guardas, mas não quero que fiquem em cima de mim.
— Por mim tudo certo, vou avisar ao Bryce que irei junto e fazer minha mala — Josh diz, faz uma reverência a Vinnie e a mim, um sorriso amigável e em seguida sua saída.
Eu encaro Josh saindo dali, deixou a sós eu e o...
— Obrigado pelo que fez na floresta — o príncipe sussurra, chamando a minha atenção
Me viro e encaro ele
— Não foi nada, eu vivo como ele, sei como estava andando as coisas na floresta.
— Eu não estava sabendo de nada disso, me sinto... péssimo, culpado, desinformado — ele engole seco, brincando com os dedos
Eu encaro ele, sua postura, a sinceridade e preocupação em seu olhar...
— Você vai resolver isso, seu povo conta com sua pessoa, e muitos confiam em você... — sussurro.
Eu não confiava.
Sempre te odiei.
Cresci aprendendo a odiar você e sua família.
Ele sorri, e então se aproxima mais.
— Suponho que tenha escutado minha conversa com Josh... Gostaria de ir conosco? — ele pergunta
— Eu? Viajar? Tipo, para uma festa? — pergunto sem reação, e ele ri
— Sim Nixie, você. Já que acha o castelo tão solitário — diz o príncipe, rindo e revirando os olhos
— Eu não o disse exatamente isso — me defendo rindo
— Ah, disse sim. E posso lhe provar que aqui não é tão ruim assim — ele diz a mim, e eu observo o príncipe segurando minha mão, me puxando para dentro do castelo.
Eu segui ele, e nós andamos até o 3° andar, onde dorme a família real.
Consigo ver alguns guardas a frente, um de cada lado de uma porta.
Eles abrem uma porta, e entramos, tendo a visão de um quarto enorme.
— Caraca.
Uma cama grande de lençóis vermelho vinho, paredes no mesmo tom e uma escrivaninha grande parecida com a do escritório.
Em cima dela tem alguns papéis organizados, e no canto outra porta, provavelmente é a do banheiro.
— É seu quarto? — pergunto, e então ouço a porta sendo fechada pelos guardas.
— Sim. É o meu lugar favorito no castelo, sinto que aqui tenho o máximo de paz, longe do trabalho, do meu pai, longe dos problemas, longe de guardas e empregados, é mais... eu — diz e se vira para mim
— Você se sente sozinho aqui? Seu pai parece ser...
— Autoprecipitado? Altoral? Não presente ?
Caramba
— Eu já ouvi muitas coisas do rei, mas nenhuma delas é assim — digo rindo um pouco, e observo que sua face continua séria — Minha aldeia sempre odiou a família real, dizem que o Rei não é justo... você concorda com isso?
— Às vezes — diz bufando e passando a mãos pelos cabelos — Mas sei que ele se esforça todos os dias. Infelizmente para o povo nunca é suficiente, sempre tem um erro, e eu entendo isso, muitas coisas precisam mudar. Mas ele tenta... sabe?
Não muito.
— Meu pai sempre me pressionou bastante, ele gosta da autoridade, porém... já está velho demais para ter na cabeça esses problemas, e quem irá assumir o cargo será eu — ele sorri, mas é um sorriso forçado — Sou o único herdeiro de Cortona Nixie, isso às vezes é assustador, está tudo nas minha mãos
— Você não quer isso?
Ele me olha rápido
— Quero! Quero e muito! Mas não desse jeito, quero estar preparado — ele responde — Mas nem me contar as coisas ele conta, sempre esconde tudo de mim — diz, não sei se é o sono mas jurei ter visto seus olhos marejarem
— Eu sinto muito — O que eu faço agora? Nunca tive que lidar com um príncipe, um futuro rei do reino onde eu moro chorando na minha frente
Eu me aproximo mais do príncipe.
Coloco minhas mãos em seu rosto devagar caso ele tire, mas ele não faz, e em seguida me sinto segura para passar meu polegar pela sua lágrima, tirando ela de seu rosto macio.
Ele fecha os olhos com o toque.
E é totalmente perfeito... parece que foi esculpido por anjos, algo totalmente planejado.
Ele abre os olhos, e vejo o príncipe
olhar fixamente nos meus olhos dessa vez, estou fazendo o mesmo e apenas sinto o choque de sua mão tocando minha cintura, colando nossos corpos... desço minhas mãos até seu ombro lentamente tentando me controlar ao máximo.
São largos, seus ombros... musculosos e fortes. E seus olhos... é inexplicável a sensação de encarar seus olhos, e Vinnie se aproxima assim que seus olhos descem sobre meus lábios.
— Você deve arrumar uma pequena mala com Maggie, coloque o necessário, não vamos demorar — sussurra ele, sua voz é tão relaxante que fecho os olhos — Vamos direto para a festa, e quando acabar iremos para uma residência que tenho em Aquiles, passaremos a noite, e no dia seguinte a tarde voltamos para cá.
Ele fala muito.
Imagino que esteja nervoso.
— Devo ir então. Nunca arrumei uma mala antes.
— Às vezes esqueço que nossas vidas são completamente diferentes — ele sussurra.
Eu ri. Pois são, totalmente.
— Até amanhã, Nixie — Vinnie sussurra, e se aproxima de mim... segura minha mão e deixa ali um beijo suave como pena
— Até amanhã bobo real — sussurro antes de me preparar para sair de seu quarto.
Vinnie me joga contra a parede, beijando meu pescoço enquanto suas mãos percorrem minha cintura, ele desce para segurar atrás do joelho.
Nesse momento sobe minha perna para a lateral de seu quadril.
Sua boca se encontra com a minha, e é tão quente quanto seu corpo colado ao meu, me encurralando completamente e-
— Está tudo bem Nixie?— pergunta Vinnie e eu pisco assustada. Tento sair daqueles pensamentos loucos quando percebo que estava encarando sua boca na mesa — Você está suando.
— A-aa... eu? — ele confirma com a cabeça meio confuso — É que esta calor, somente isso — digo levando a colher do cereal até minha boca e desviando meu olhar.
— Mas está tão frio, está até nevando — diz ele me olhando estranho — Será que você está doente? Posso arrumar um médico
Merda
— Não está nevando aqui dentro Alteza — digo algo rápido, e então vejo ele revirar os olhos enquanto ri
— Bom, termine seu café da manhã, iremos para a carruagem mais tarde — diz se levantando, e vou atrás dele
— Carruagem? Vamos de... Carruagem? — paro de seguir ele quando vejo que vai entrar em seu escritório.
Ele entra na sala dele e senta na cadeira grande atrás da mesa, eu vou até ele, atrás da mesa faço um impulso para sentar na mesa, onde ele trabalha bem ao lado com alguns papéis.
— Porque está surpresa? — perguntou ele, me olhando ali na mesa quase em sua frente
Dei de ombros
— Nunca andei de carruagem, mas lembro de já ter visto várias. São tão lindas... — sussurro, e então desço da mesa pois não quero desconcentrar ele
— É seguro, e você vai amar — ele me diz, querendo me deixar tranquila
Sorri fraco e andei até a porta.
— Vou me arrumar — eu falo, e na hora que ia sair...
— Nixie! — ele me chama, e eu volto meu olhar para o loiro — Vai ser divertido. Eu prometo — eu encarei seu olhar, sorri e sai dali de vez.
Tudo isso é tão...
Inacreditável.
E merda! O que foi aquilo no café da manhã? Estou com a cabeça tão confusa... está tudo indo tão rápido...
o que ele me contou
o que descobri
um príncipe que antes eu odiava está me recebendo em seu castelo, e agora viajarei com ele?
É tudo tão...
Por que ele me abrigaria aqui?
Por que não me mandou para uma casa qualquer, ou a casa que pertencia ao meus pais biológicos, ou para voltar para a aldeia?
Eu quero perguntar tudo isso a ele.
Quero saber porque tanta gentileza, talvez seja apenas isso, gentileza.
Mas aprendi a nunca confiar 100% em alguém, ainda não tenho muitos motivos para entender a cabeça do príncipe.