โœ“ Loverยฒ โ€ข Bucky Barnes

By sarahverso

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๐‘ณ๐‘ถ๐‘ฝ๐‘ฌ๐‘น. ๐ƒ๐”๐Ž๐‹๐Ž๐†๐ˆ๐€ '๐€๐‹๐–๐€๐˜๐’' โ— ๐‹๐ˆ๐•๐‘๐Ž ๐ƒ๐Ž๐ˆ๐’ โธป Apรณs longos e dolorosos anos, em que fel... More

lover
galeria + playlist
booktrailer e afins
epรญgrafe
prรณlogo
parte um | outono
01 | aรงรฃo de graรงas
02 | babรกs
03 | reuniรฃo em famรญlia
04 | treino
06 | capitรฃo amรฉrica
07.1 | provocaรงรตes e problemas
07.2 | provocaรงรตes e problemas
08 | estรกvel
09 | fazenda barton
10 | zemo?
parte dois | inverno
11 | ร rvore de natal
12 | lola
13 | natal
14 | teoria
15 | tigre sorridente
16 | madripoor
17 | festa
18 | desculpa?
19.1 | manjar turco e walker
19.2 | manjar turco e walker
20 | vinganรงa
parte trรชs | primavera
21 | encontro
22 | barco
23.1 | babรก e surpresas
23.2 | babรก e surpresas
24 | buckyzinho
25 | escargot
26 | filme de terror
27 | poltrona
28 | preso
29 | ioga
30 | piquenique
parte quatro | verรฃo
31 | karli
32 | candy lovers
33 | feliz aniversรกrio
34 | caos
35.1 | desmaios e emoรงรฃo
35.2 | desmaios e emoรงรฃo
36 | atรฉ a lua e de volta
37 | leite
38 | sozinhos
39 | banheira
parte cinco | final
40 | churrasco
41 | telecinese
42 | bodas de trigo
43 | chรก de bebรช
44.1 | pressentimento e esperanรงa
44.2 | pressentimento e esperanรงa
45 | boas vindas
epรญlogo
agradecimentos

05 | donuts e cafรฉ

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By sarahverso

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ERA FIM DE tarde, quando Amelia finalizou mais um dia de aula de arquearia. As crianças dispersaram pelo gramado em segundos, guardando seus arcos e aljavas nos armários de lata. Alguns pais esperavam no interior do prédio, observando seus filhos correndo pelo quintal.

A mulher enfileirou todos os alvos de madeira e levou-os até a varanda coberta, guardando-os junto ao seu arco e flecha reserva. Ela sorriu para alguns alunos que passaram por ela, despedindo-se. Ah, como amava o que fazia.

Quando suas botas bateram no chão de madeira, um par de olhos azuis captaram a sua atenção. Ele estava encostado no batente da porta, os braços cruzados na altura do peito e um pé sobre o outro. Amelia sentiu a boca secar. Bucky usava uma calça jeans preta, botas de couro desgastadas e um suéter de lã azul marinho.

Os seus olhos desceram pelo corpo dele, da mesma forma que os dele desciam pelo seu corpo. Bucky inclinou a cabeça para o lado e abriu um sorriso de tirar o fôlego. Perfeito. Um arrepio subiu pela espinha de Amelia.

— Senhora Barnes? — Uma voz fina ecoou em sua cabeça, tirando-a do transe.

Ela abaixou a cabeça e encarou um garotinho, que sorria e segurava uma bolsa de flechas na cor laranja.

— Oi, Billy. Você foi muito bem hoje! — ela elogiou, bagunçando os cabelos dele. — A sua postura estava excelente.

— Obrigado! — ele sorriu. — Só queria avisar que não vou poder vir na próxima aula.

— Ah, que pena — Amy lamentou, caminhando com Billy até seu irmão mais velho. — Vamos sentir sua falta. Olá, você.

— Senhorita Griffins... — sorriu o homem, que pegou a aljava das mãos do irmão e colocou nas costas.

Bucky, que não estava muito longe deles, arqueou uma sobrancelha. Ele desencostou-se do batente da porta, mas não se moveu, apenas ficou observando o homem que conversava com sua esposa.

— Ah — riu. — É senhora Barnes, Louis. Eu sou casada.

Amelia ergueu a mão esquerda no ar e sacudiu o dedo anelar, mostrando ao homem o seu anel de noivado e a aliança de casamento. Louis soltou um muxoxo e a olhou de cima a baixo.

— É uma pena — comentou ele, piscando para ela.

Amelia abriu os lábios, franzindo as sobrancelhas. Era muita audácia. Ela umedeceu os lábios e suspirou. Não era a primeira vez que Louis flertava com ela, e sabia que não seria a última. Pra falar a verdade, não dava a mínima para as cantadas baratas, contando que não chegassem perto e a tocassem — aí, ela estava pronta para atacá-los.

O que a irritava na audácia de Louis é que ele sabia que ela era casada. Não era segredo para ninguém. O seu nome estava como Amelia Barnes na placa de entrada, nos cartões de visita, no site online, nas suas redes sociais. Era bem óbvio.

Além do mais, mesmo ainda optando por usar bonés, luvas e casacos grossos, todos os frequentadores do seu estúdio de arquearia sabiam quem era o rapaz que a buscava todas as quartas e sextas-feiras.

Caramba, o seu marido estava parado bem ali. Não era segredo para ninguém quem Bucky Barnes era. O mínimo que queria era respeito, por ela e por Bucky. Ela encarou o marido, que ria contido no canto em que estava.

Não era um homem ciumento. Ao menos, não mais. Bucky confiava em Amelia de olhos fechados e vice-versa. E não tinha muito com o que se preocupar. Amelia tinha a língua afiada e sabia muito bem se esquivar dos comentários e flertes; de uma forma que chegava a deixar os caras completamente envergonhados.

Então, sob o olhar confuso de sua esposa, Bucky arqueou uma sobrancelha e apontou a cabeça para Louis. Amelia franziu o cenho e cruzou os braços. Idiota. Ainda observou Bucky repetir seus movimentos e cruzar os braços fortes em frente ao peito.

— Você é muito bonita, senhorita Griffins — Louis sorriu, piscando para ela.

E, no momento que ele deu um passo pra frente, roçando os dedos no ombro de Amy, Bucky desencostou da parede. Ele cerrou os olhos e observou Amelia, pronto para intervir se ela precisasse dele.

— Louis... — alertou ela, entredentes.

— O quê?

Amelia olhou ao redor, vendo que ainda restavam alguns pais e filhos pelo salão. Não queria fazer uma cena na frente deles. Pelo menos, não na frente das crianças. Contudo, ela olhou para Bucky pelo canto de olho, em um pedido mudo para que ele interviesse.

Com um aceno de cabeça, Bucky enfiou as mãos nos bolsos da calça e caminhou com passos lentos até a esposa. Assim que ele se aproximou, Amelia relaxou os ombros e suspirou, aliviada.

— Tudo bem por aqui, meu amor? — Bucky perguntou, olhando estritamente para Louis. — Lucas, né?

O outro rapaz franziu o cenho e encarou a mão de Bucky estendida em sua direção.

— É Louis, cara.

— Ah, foi mal, Liam — sorriu Bucky, apertando a mão de vibranium ao redor da de Louis. — Eu sou Bucky, marido da Amy.

Amelia mordeu o lábio inferior, segurando um sorriso. Ela levou uma mão até as costas de Bucky e esfregou de leve, aliviando a tensão dos músculos naquela região. O tal Louis contorceu o rosto em uma careta, encarando a sua mão.

"Você vai quebrar a mão dele, Bucky", Amy falou em pensamento, vendo o marido soltar a mão do rapaz e abrir um sorriso largo.

— Ei, senhor Bucky — Billy saudou, vindo correndo na direção dos três.

— E aí, carinha? — riu. — Ótimo trabalho você fez hoje, hein?!

— Ele arrasou, né? — Amy sorriu, bagunçando os cabelos do garoto.

— Billy, vamos embora! — Louis anunciou, puxando o irmão para perto e forçando um sorriso para o casal. — Até a próxima aula, senhori... senhora Barnes.

Amelia concordou com a cabeça e passou o braço pela cintura de Bucky, abraçando-o de lado. Os dois observaram os irmãos sairem do estúdio, sem nem olhar para trás. A risada de Bucky ecoou pelo local, atraindo a atenção dos pais que estavam ali.

— Você é um idiota — Amy riu, dando um soco no abdômen do marido.

— Ah, foi engraçado, amor — ele falou, dando um beijo na testa dela. — Tenho certeza que ele ia te chamar pra jantar.

— E você ia deixar?

— Eu confio em você. — Deu de ombros. — E, só pra deixar claro, eu só intervi porque você pediu. Além do mais, sabemos que você não precisa do seu maridinho para te defender, né?

— Eu gosto quando o meu maridinho me defende. Mas, sim, eu sei me defender sozinha — ela sorriu, convencida. — Eu tenho um ótimo gancho de direita.

— Tem mesmo. — Bucky retorce o rosto em uma careta de dor.

Amelia gargalhou e beijou a bochecha dele.

Em seguida, o homem foi até os fundos do estúdio e trancou a porta que levava para a área externa, enquanto Amelia apagava algumas luzes e despedia-se de seus alunos. Foi uma longa tarde. Estava exausta. Tudo que queria era um banho quente, uma comidinha gostosa, uma massagem no pé e a sua cama — e, bem, o seu marido cheiroso e quentinho para dormir de conchinha.

A ruiva suspirou e foi até o seu escritório, fechando as janelas e desligando o computador. A mesa estava lotada de papéis, mas não estava afim de organizar agora. Portanto, apenas pegou sua bolsa e touca, e fechou a sala.

Não tinha mais pais e alunos por ali, no entanto, uma morena parada perto de uma pilastra chamou a sua atenção. Amelia franziu o cenho e, quando a mulher virou em sua direção, um sorriso largo surgiu em seus lábios.

— Eu não acredito! — Amelia exclamou, animada.

Amyguinha! — A voz aveludada ecoou pelo estúdio, atraindo a atenção de Bucky, que fechava as janelas do local. — Surpresa!

— Você veio! — Amelia correu até a amiga, que abriu os braços para receber o seu abraço.

A morena era de sua altura, tinha os cabelos negros e ondulados batendo na altura dos seios. Ela usava um suéter de gola alta preto, calça jeans na mesma cor e tênis brancos — a sua marca registrada.

— Eu achei que você viria semana que vem, Naomi. — Amelia falou, segurando as mãos da morena. — Como estão todos?

— Ótimos! — riu. — Eu tinha algumas coisas para resolver e decidi adiar a viagem para essa semana.

Bucky aproximou-se da esposa, com um vinco em meio às sobrancelhas.

— Quanto tempo você vai ficar em Nova York?

— Ah, a gente volta para Bucareste na segunda. — Naomi Barbu comentou, decepcionada. Era sexta-feira.

Amelia suspirou e olhou para o marido, lembrando-se que ele ainda não conhecia a sua amiga.

— Essa é a Naomi, eu falei dela para você, lembra? — sorriu. Bucky confirmou.

— É um prazer conhecê-la — Ele saudou Naomi, segurando a mão dela em um comprimento. — Ela falou muito de você.

As duas riram. Naomi arregalou os olhos e deu um tapa na testa, olhando sobre os ombros. Por um breve momento, tinha esquecido da presença de seu namorado. Ela riu.

— Vem aqui — Naomi chamou ele, que sorriu e foi até eles. — Esse é o Jason, meu namorado.

— Ah, o famoso Jason — sorriu Amelia, erguendo a cabeça para olhar o rapaz. — Prazer te conh...

Ela interrompeu a sua fala, os olhos fixos no rosto do Jason. Amelia franziu o cenho, espantada. Então, desviou os olhos cerrados para o marido, que os observava com atenção, alheio a toda comoção. Ele só queria ir pra casa, na verdade.

— O que foi? — Naomi indagou, confusa.

— Ele é a cara do... — Amelia abre os lábios. Olha para Jason e depois para Bucky, diversas vezes. Idênticos. Bem, se não fosse pelo corte de cabelo e a barba.

Bucky Barnes tinha os cabelos curtos, mas cheios, com um leve topete. A barba estava por fazer, bem ralinha. Já Jason tinha as laterais da cabeça raspadas, deixando uma faixa média de cabelo no topo. E tinha um cavanhaque cheio e bem desenhado.

Ele era, definitivamente, o que Amelia definiria ser um badboy — como os livros de romance descreviam. Bem bonito e alto. E ela tinha certeza que escondia tatuagens debaixo das roupas pesadas.

— Amor? — Bucky chamou, confuso. — Está tudo bem?

— Sim, sim — riu. — Eu só achei ele parecido com uma pessoa...

— As pessoas dizem que ele lembra aquele ator de Gossip Girl — Naomi falou, abraçando o namorado. — Sebastian alguma coisa...

Amelia concorda. Não fazia ideia de quem era Sebastian e o que era Gossip Girl.

Naomi cruza os braços em frente ao corpo e sorri para a amiga, então olha ao redor.

— Eu queria tanto ter chegado a tempo para assistir uma aula — falou, decepcionada.

— Na próxima vez que você vier, te darei uma aula exclusiva. Que tal?

— Perfeito!

— Vocês vão fazer alguma coisa amanhã? Podemos marcar um jantar.

— Claro! — sorriu Naomi, abraçando Amelia. — Vamos adorar!

Ela olhou para o namorado, que acenou com a cabeça para a porta.

— Bom, temos que ir. A gente combina direitinho por mensagem o jantar, tá?

Amelia concordou e abraçou Naomi. Em seguida, Bucky e Jason trocaram um aperto de mão. Loucura, pensou Amelia, sorrindo. Então, Naomi caminhou saltitante até a saída sendo seguida pelo namorado.

— Ela é sempre assim?

— Aham — riu. — Ela é um amor.

Bucky pegou a bolsa de Amy e passou pelo braço, ajeitando as alças em seu ombro. Ela inclinou a cabeça para o lado e cerrou os olhos, analisando-o.

— Ele é a sua cara!

— Não achei.

— Como assim?! — indagou, supresa. — Vocês são idênticos. O formato da boca, o nariz definido, as sobrancelhas... Eu estou chocada. Até diria que era um irmão perdido, mas você é um idoso, e se ele fosse seu irmão, também seria.

— Cala a boca! — Bucky gargalhou, empurrando-a de leve.

Amelia riu e caminhou até a saída, pegando o casaco do cabideiro e vestindo-o com calma, enquanto analisava seu estúdio.

— Vamos pesquisar esse tal de Sebastian... — continuou a falar. — Se Jason parece esse cara, você também parece.

— Doll... — Bucky revirou os olhos.

Ela sacudiu a cabeça, ainda em choque com a semelhança entre os dois homens.

— Que loucura — murmurou, colocando as luvas de lã e seguindo Bucky pela porta de saída.

Antes de sair, porém, ela parou no batente, observando o seu local de trabalho. O estúdio de arquearia que criou com tanto amor e dedicação. Era completamente apaixonada por aquele lugar.

O salão principal era em conceito aberto, com uma sala de espera, o pequeno hall de entrada e a mini-cozinha conjugados. A parede aos fundos eram dispostas inteiramente de janelas e portas de vidros que dava vista para o quintal, onde as aulas de arquearia aconteciam.

O hall de entrada tinha fotos autografadas de cada um dos Vingadores — algo que deixava seus alunos enlouquecidos —, um vaso de planta e um cabideiro de metal. Logo ali, ao virar à esquerda, um lance de escadas levava para o segundo andar, onde ocorriam as aulas internas, caso o tempo não colaborasse.

A sala de estar, onde, geralmente, alguns pais aguardavam enquanto os filhos estavam em aula, tinha dois sofás na cor cinza e duas poltronas rosas, um de frente para o outro. Também tinha um tapete felpudo, uma mesa de centro de vidro e uma lâmpada de chão moderna.

A cozinha ficava à direita da sala e do hall de entrada. Existia duas portas ao lado de um balcão de mármore — que
continha potes com biscoitos, a máquina de café e o bebedouro. Uma porta de vai e vem com uma placa escrito "ENTRADA SOMENTE PARA FUNCIONÁRIOS", dava para o interior da cozinha, onde havia armários, eletrodomésticos, uma mesa com quatro cadeiras e a área da limpeza.

Já a outra porta, na cor rosa, levava para o escritório de Amelia, que, definitivamente, era o local mais pequeno e simples do seu estúdio. Tinha o suficiente. Um sofá embaixo da janela, a sua mesa no lado esquerdo e um armário cinza na parede oposta a porta de entrada. De decoração, Amelia optou por pendurar o seu primeiro arco e algumas prateleiras.

O chão de madeira escura era o mesmo em todo o estúdio e as paredes intercalavam em tons de branco, rosa e cinza. Por todo o estúdio, quadros com imagens relacionadas à arquearia — ou fotos de Amelia, Clint e Lila segurando seus arcos — estavam dispostos de forma harmoniosa. Nada muito extravagante.

— Vamos? — chamou Bucky.

Amelia sorriu e concordou, fechando a porta, em seguida.

As folhas secas cobriam o chão em que pisavam, fazendo um som gostoso ecoar pela rua. O sol começava a se pôr no horizonte, trazendo uma iluminação alaranjada para o Brooklyn.

Outra coisa que ecoava pelas ruas, era o som das botas de Amelia e Bucky batendo contra o concreto. O casal caminhava em silêncio a caminho de casa, de mãos dadas. Conforme andavam, Amelia balançava as suas mãos em um vai e vem, fazendo um sorriso se curvar nos lábios do marido.

— Queria comer donuts hoje.

— De jantar? — Bucky questionou, virando a cabeça para olhá-la.

— Sim...

— Isso não é saudável, meu amor.

— Mas eu quero — ela murmurou, projetando os lábios para frente, em um biquinho adorável. — Por favor?

O homem suspirou. Ela sabia como adular ele. Era só fazer aquele beicinho, piscar aqueles olhos e pronto, Amelia conseguia o que queria. Há muito tempo, Bucky já havia aceitado aquela realidade — que Sam gostava de chamar de: "A dona pede e o cachorrinho obedece. Au-au".

— O que eu não faço por um sorriso... — disse Bucky, finalmente. Amelia deu dois pulinhos e pendurou-se no pescoço dele, distribuindo beijinhos molhados pela bochecha gelada.

— Você é o melhor!

— Eu sei, eu sei — ele riu, olhando ao redor. — Olha, você tem muita sorte, doll...

— Por quê?

— Tem um Dunkin' Donuts a duas quadras daqui.

Escutando aquelas palavras, Amelia empertigou-se. Ela agarrou a mão de Bucky e o arrastou pelas ruas do Brooklyn até chegarem ao estabelecimento especializado em donuts e cafés.

Amelia soltou um suspiro de felicidade, sentindo o cheiro maravilhoso impregnar em suas narinas. Estava no paraíso. Um paraíso perfeito em que tinha café, donuts e o seu marido. Tem como ficar mais perfeito?

Bucky riu dos olhos brilhantes dela, namorando pela vitrine do balcão vários donuts caramelizados. Era, definitivamente, a sobremesa — ou, no caso de Amelia Barnes, café da manhã, almoço, jantar e lanchinho da tarde ou madrugada; para ela donuts servia para qualquer refeição — preferida de sua esposa.

Ele soltou a mão dela e caminhou até o balcão, sorrindo para a atendente. Bucky olhou para o cardápio sob sua cabeça, fixado na parede, e torceu a boca.

— Amor? — chamou. — O que vai querer?

— Chocolate!

— Certo — ele concordou, retirando a carteira do bolso de trás da calça. — Vamos querer 24. Aí pode ser seis de Glazed, seis de Double Chocalate, seis de Mapel Glazed e o resto de Blueberry Cake.

— Isso tudo pra mim? — Amelia perguntou, abraçando Bucky por trás.

— Não, sua gulosa — ele riu. — Eu e o Sam também vamos comer.

— Ah, que pena.

Enquanto a atendente separava o seu pedido, Bucky segurou as mãos de Amy, que estavam espalmadas em sua barriga. Ele abaixou a cabeça e beijou as pontas dos dedos dela, a escutando rir baixinho e beijar suas costas.

Bucky achava impossível de colocar em palavras o quão feliz estava nos últimos meses. Quando era mais novo, nunca se imaginou casado e fazendo planos para ter uma criança. E hoje, ali estava ele, casado e aguardando o momento em que teria o seu filho.

Era tudo o que ele queria e não sabia que precisava. E viver aquilo tudo com Amelia era mil vezes melhor. Mesmo depois de anos, o amor que sentia por aquela mulher era o mesmo — muito embora, conforme o tempo ia passando, aquele amor aumentava, triplicando de tamanho e se expandindo cada vez mais.

A vida de casado era melhor do que esperava, aliás. Claro que, às vezes, os dois discutiam, mas, tudo bem, ainda estavam aprendendo a conviver juntos debaixo do mesmo teto e dividindo a mesma cama. Geralmente, as discussões eram por Bucky largar a toalha molhada sobre a cama ou não fechar o creme dental ou por deixar suas facas e uniforme largados sobre a cômoda. Mas, ainda assim, tudo bem. Porque depois de uma briga, vinha a melhor parte: domar a sua ruivinha; fazê-la derreter em seus braços e esquecer o motivo da briga.

Contudo, sim, Bucky estava extremamente feliz sendo um homem casado e completamente rendido por sua esposa.

— Mais alguma coisa, senhor? — A atendente perguntou, trazendo duas caixas de papelão.

— Só isso.

Amelia soltou Bucky e ficou na ponta dos pés, sussurrando no ouvido dele.

— Na verdade, ela quer um chocolate quente — Bucky falou. — Sem chantilly.

Amelia sorriu, realizada, enlaçando o braço ao do marido e recebendo um beijo na testa.

(...)

O caminho de volta para a casa foi feito em silêncio, já que Amelia estava ocupada demais comendo o seu terceiro donut. Enquanto mastigava, ela murmurava uma música qualquer, saltitando feliz da vida pela calçada.

Era engraçado como a comida alterava o seu humor de uma hora para a outra. Isso era uma ótima forma de evitar a sua fúria sobre Sam e Bucky, que a deixava de cabelos em pé. Eles se amavam, mas se odiavam. Ao mesmo tempo que estavam rindo e brincando, estavam discutindo e berrando.

Exigia muita paciência para morar no mesmo teto que os dois. E a sua paciência era como uma granada, prestes a explodir a qualquer momento. A parte boa é que os colocava na linha, já que quando Amelia ficava irritada com eles e seus olhos oscilavam dos castanhos para os vermelhos, Bucky e Sam sabiam que se falassem um "a", a coisa ficava feia. Eles diziam que não, mas no fundo morriam de medo de Amelia. E ela adorava usar isso contra eles.

— Ei! — chamou ela, com a boca cheia.

Bucky virou a cabeça para encará-la, equilibrando as caixas de donuts em uma mão, a bolsa dela em um braço e o copo de chocolate quente na outra mão.

— Estava pensando aqui...

— Que perigo — Bucky brincou, recebendo um tapa na nuca e um donut apontado na sua cara. — Brincadeira, amor da minha vida. O que você estava pensando, minha ruivinha linda e perfeita?

— Idiota — resmungou, limpando as mãos sujas de açúcar na calça. — Então, seguinte... Lembra aquela vez que vocês me resgataram da Hydra e eu matei o Carl?

Bucky franziu o cenho. Tinha tanto tempo que não tocavam naquele assunto.

— Lembro.

— Eu não consigo lembrar de ver o Rumlow aquele dia — comentou, pensativa. — Eu só consigo lembrar da gente e do Helmut e do Carl.

Amelia olhou para Bucky, que bebericou de sua bebida. Ele não disse nada, nem ao menos virou a cabeça para olhá-la. Estava concentrado na caixa de papelão em suas mãos. E, conhecendo-o tão bem, Amelia sabia que estava fingindo desinteresse. Interessante.

— Você sabe o que aconteceu com ele?

— Por que você quer saber disso? — indagou ele, sério. — Pra quer reviver esse dia, Amelia?

Amelia. Ele a chamou pelo nome. Não a chamou pelos apelidos carinhosos. Não. Ele a chamou de Amelia. E era muito raro escutar Bucky Barnes a chamando pelo nome.

— Eu só fiquei curiosa, ué! — Deu de ombros, pegando o copo da mão dele. — Não tivemos notícias dele.

— Ótimo. Melhor assim.

— Você sabe alguma coisa?

— Por que eu saberia?

— Não sei. — Ela franziu o cenho. — Me diz você.

Bucky parou de andar e respirou fundo.

— Esquece isso, Amelia. Isso é passado. Não vale a pena reviver essa história.

— Eu quero saber.

— Por quê? Você vai atrás dele? — indagou. — Em que sentido essa informação te beneficiaria? Depois de tantos anos, o que vale saber sobre o Rumlow? Hein?

Amy arqueou as sobrancelhas, espantada com a reação defensiva de seu marido. Ela finalizou a sua bebida quente e jogou o corpo vazio em um lixo, sendo a todo tempo observada por Bucky.

— Por que está agindo feito um babaca? — Ela perguntou, com a voz doce. Caminhou até parar de frente para Bucky e cruzou os braços. — Hein?

Bucky revirou os olhos e passou por ela, ignorando-a.

— Não dê as costas pra mim, James. Estamos conversando.

— Não estou a fim de conversar com você.

— Como é? — Amelia questionou, indignada. Ela apressou o passo para alcançá-lo e o segurou pelo braço. — Qual é o seu problema?

— Vamos para casa.

— Não.

— Amelia.

— Para de me chamar assim.

— É o seu nome, caramba — irritou-se, esfregando a mão livre no rosto.

— O que aconteceu com o Rumlow? — Amelia perguntou, cerrando os olhos para Bucky. Ele desviou os olhos e bufou.

O seu braço estalou, as plaquetas de metal que o compunha movendo-se por debaixo do suéter que vestia. Amelia analisou a postura e a expressão do marido. Ele estava sério e, claramente, irritado. Além do mais, evitava olhá-la e tentava ignorá-la.

— Bucky...

— Esquece isso.

— Você... — Ela começou, engolindo seco. — Ele está morto?

— Infelizmente, não.

Bucky falou, em um suspiro raivoso. Amelia arqueou uma sobrancelha e enlaçou o seu braço ao dele, voltando a caminhar.

— O que você fez?

— Fiz ele pagar por todas as vezes que te tocou.

Amelia suspirou.

— Amor...

— Eu quebrei cada um dos dedos dele e depois os pulsos — Bucky falou, como se estivesse dizendo o que queria jantar. — Uma pena que o dano foi tão grande que ele não pode mais usar as mãos.

A mulher engoliu seco. Por que ele não a contou sobre aquilo? Por que escondeu durante todos aqueles anos essa informação?

— Como sabe disso?

— Eu fiz questão de saber como ele estava.

— Bucky...

Ele parou de andar, olhando-a nos olhos. Não sabia identificar a expressão no rosto de sua esposa. Estava brava, triste ou aliviada? Talvez os três.

— Não se preocupe, doll — falou ele, com a voz baixa e calma.

— Foi você ou o Soldado?

— Eu — suspirou. — Eu lembro de cada momento. Não me arrependo e não me sinto mal pelo que eu fiz. Está tudo bem comigo.

— Você não precisava ter feito isso...

— Precisava. — Bucky a puxou para um abraço. — Não podia deixá-lo ir embora como se nada tivesse acontecido. Era a minha vingança. Eu fiz por nós, meu amor. Pelo que ele te fez e pelo que ele me fez.

O silêncio se instala entre o casal, parados no meio da calçada, com outros pedestres passando por eles. Bucky ajeitou as caixas em sua mão de vibranium e pegou a mão de Amy, que, naquele momento, tinha um vinco em meio as sobrancelhas, pensativa.

— Ele mereceu e você sabe disso.

Amy suspira, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. Sim, ele mereceu. Na verdade, ele merecia pior do que as mãos inutilizadas pro resto da vida.

— Eu sei... — ela disse, por fim. — Eu só me preocupo com você. — Amelia aponta o dedo indicador para o coração dele e, em seguida, para a testa dele, indicando a sua mente.

Bucky concorda com a cabeça e abre um sorriso largo, totalmente tranquilo. Ele deposita um beijo na testa da esposa.

— Eu estou bem, juro! — ele falou, sincero. — Você quer acessar as minhas memórias para ter certeza que estou bem, meu amor?

— Não... — riu, sentindo-se mais relaxada. — Eu confio em você.

E confiava. Ele não se sentia atormentado ou perturbado pelo que havia feito com Rumlow. Ela não precisava ler a mente dele ou acessar memórias antigas. Estava tudo bem ali, na forma que ele falava e sorria para ela.

Bucky parecia até aliviado. E, em partes, ela também estava. Rumlow foi tão horrível quanto Carl Zemo. Os dois foram as piores partes de sua estadia na Hydra. No entanto, quando buscou por vingança, Amelia só queria um deles, e, de fato, conseguiu. Se vingou de Carl com muito prazer. Era uma sensação incrível. E olhando para o seu marido, conseguia ver que ele sentia o mesmo que ela.

Estavam vingados. Carl pagou com a sua vida por cada coisa que fez com Amelia. Já Rumlow pagou com as suas mãos, por ter negligenciado todos os momentos de terror que Bucky viveu e por ter abusado de Amelia.

Bucky ergueu a mão e acariciou a bochecha dela com o polegar. Amelia fechou os olhos e sorriu, sentindo-o depositar um beijo na ponta de seu nariz.

— Estamos bem? — ele perguntou, baixinho.

— Estamos bem — sorriu. — Eu amo você!

Barnes não diz nada, apenas dá um beijo demorado nos lábios dela e suspira, apaixonado. Amelia Barnes era tudo em sua vida. Tudo que importava e precisava.

— Tenho uma proposta pra te fazer... — sussurrou ele, pegando a mão dela e a girando no lugar. Em seguida, atravessaram a rua, avistando ao longe o prédio em que moravam.

— Uma proposta?

— Foi um dia longo... — começou a falar. — Você está cansada... — Parou atrás dela, dando um beijo em sua bochecha. — Que tal um banho de espuma, vinho, donuts e uma massagem?

Amelia arfou e levou as mãos ao peito. Ouviu direito? Com certeza, sua mente estava lhe pregando peças. Seu marido não havia a oferecido aquelas coisas. Não pode ser.

— Massagem? — perguntou, manhosa.

Realmente, foi um longo dia. E estava destruído fisicamente. Não teve um segundo de pausa no trabalho e suas costas, braços e pés reclamavam de dor. E se existia uma coisa que Bucky Barnes era bom além de cozinhar bem, era em fazer massagens.

Céus.

Ele sabia os pontos exatos para deixar o músculos tensionados e doloridos, completamente relaxados. E uma coisa que fazia Amy dormir feito um bebê, era receber uma massagem de seu marido dedicado e carinhoso.

— Acho que gostou da minha proposta, né? — riu Bucky, beijando a bochecha dela mais uma vez. Amelia concordou e deixou Bucky a guiar em direção ao seu prédio.









Nota da autora: Antes de tudo queria pedir desculpas pela demora em atualizar! Pra quem não sabe eu tenho uma condição chamada: preguiça e esquecimento 🤦🏼‍♀️😂 MAS VEIO AI!!!!

Sobre o capítulo: ele foi mais "levinho" e engraçadinho. Bem, tirando a parte tensa no final. Eu tinha deixado o final do Rumlow aberto em Fix You, não sei se vocês perceberam isso 😂 Maaaaas, eu tive que dar um fim pra esse traste. Então, o que acharam?

Alias, o capítulo deveria ser entitulado "Referências" KKKKKKK Vocês pegaram todas elas??? 👀  Se nao, segue o fio:

Sarahverso: Mais uma vez, tive que fazer um crossover! Vocês que lutem! Naomi Barbu é uma personagem da minha outra fanfic com o Bucky, chamada Collide. Jason é o apelido que ela usa com o Bucky — por isso ela o apresenta assim.

Jason: Em Collide a Naomi e o Bucky também são um par romântico, então, para não ficar confuso em termos dois Buckys em uma cena, eu decidi usar o apelido do Bucky de Collide, como o seu nome oficial — quem leu Collide e leu o crossover da Amy, sabe como eu fiz com o par romântico dela.

Zemo: Carl Zemo foi o vilão de Fix You, pra quem não se lembra. Ele é irmão mais novo do Helmut/Barão Zemo, que também fez uma aparição em Fix You.

A aparência física do Jason: Cabelos raspados, cavanhaque, tatuagem e ar de badboy. Bem diferente do Bucky, né? A ideia foi da Let, e eu amei!!!! A faceclaim do Jason, é o Sebastian Stan — óbvio — no filme Destroyer, o personagem  dele se chama Chris e é desse jeitinho que eu descrevi. Assistam o filme, aliás. Muito bom!

Sebastian alguma coisa + Gossip Girl: Nem precisa explicar esses, né? KKKKK Sebastian Stan ou Bucky Barnes ou Chris ou Carter Baizen. Uma referência bem gostosa e engraçadinha.

(A participação da Naomi aqui NÃO altera em nada no enredo de Lover/Fix You e nem do de Collide. É só um crossover!)

Bom, espero que tenham gostado do capítulo.

Até o próximo 💗

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