Dois Opostos

By Lua_Sima

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Dizem que a guerra faz apenas duas coisas com as pessoas, ou mata, ou marca para sempre seus sobreviventes. ... More

Dedicatória
Epígrafe
Prólogo: Expresso de Hogwarts
Capítulo 1: Amigos?
Capítulo 2: Olhares
Capítulo 3: Cretino
Capítulo 4: Possibilidades
Capítulo 5: Triunfante
Capítulo 6: Pesadelos
Capítulo 7: Ex-Comensal
Capítulo 8: Luz e Trevas
Capítulo 9: Jogo
Capítulo 10: Compatíveis
Capítulo 11: Vingança
Capítulo 12: Poder
Capítulo 13: Uma dança
Capítulo 14: Crucius
Capítulo 15: Salvador do Malfoy
Capítulo 16: Ninguém
Capítulo 17: Minha causa
Capítulo 18: Flashback
Capítulo 19: Pijama Amarelo
Capítulo 20: Hipócritas
Capítulo 21: Fogo
Capítulo 22: Abstinência Malfoy
Capítulo 23: Ofego
Capítulo 24: Apaixonado
Capítulo 25: Ministério
Capítulo 26: Casa
Capítulo 27: Melhor amigo
Capítulo 28: Com afeto
Capítulo 29: Importância
Capítulo 30 - Estou aqui
Capítulo 31 - Simplicidade
Capítulo 32: Significado
Capítulo 33: Quentura
Capítulo 34: Farol
Capítulo 35: Linha Tênue
Capítulo 36: Segurança
Capítulo 37: Galáxia
Capítulo 38: Favorito
Capítulo 39: Válvula de escape
Capítulo 40: Inverno 1997
Capítulo 41: Avada
Capítulo 42: Draco Black
Capítulo 40: Brilhando
Capítulo 41: Recordar
Capítulo 42: Livres
Capítulo 43: Fugir
Capítulo 44: Incapaz
Capítulo 45: Sempre
Capítulo 46: Ação e Reação
Capítulo 47: Amor
Capítulo 48: Aviso
Capítulo 49: Destrono
Capítulo 50: Eu te odeio
Capítulo 51: Confiança
Capítulo 52: Willians
Capítulo 53: Tiziano
Capítulo 54: Ele vai pagar
Capítulo 55: Sorte
Capítulo 56: Chance única
Capítulo 57: 100%
Capítulo 58: Julgamento
Capítulo 59: História
Capítulo 60: Intuição
Capítulo 61: Reage!
Capítulo 62: Liberdade
Capítulo 63: Vasto amor
Capítulo 64: Rótulos
Capítulo 65: Mon amour
Capítulo 66: Memorável
Capítulo 67: Nosso
Capítulo 68: Mudança
Capítulo 69: Três anos
Capítulo 70: Reações
Capítulo 71 - Snape Filho
Capítulo 72 - Lancaster
Capítulo 73 - Cofre
Capítulo 74: Conselheiro
Capítulo 75: Encontro
Capítulo 77: Juras
Capítulo 78: Herói
Capítulo 79: Lumos Maxima
Capítulo 80: Jura de dedinho
Capítulo 81: Padrinhos
Capítulo 82 - Casamento (final - parte um)
Capítulo 83: Obrigado, Harry Potter (final)
Epílogo
Agradecimento
Livro Físico
E-BOOK GRÁTIS

Capítulo 76 - Salvo

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By Lua_Sima

Harry

Carter sorri desajeitadamente, o sorriso pela primeira vez balançando no seu rosto, não condizendo com a expressão indiferente que ele tenta forçar. Ele retira o cabelo preto levemente comprido dos olhos, o colocando para trás da sua cabeça, em seguida estende a mão para mim.

- Eu estou disposto. - Sorrio de canto, o meu sorriso bem mais verídico do que o dele, ao estender a mão para ele também. James vai sair desse inferno hoje, isso é a única coisa que importa.

- Ok, vá buscar o James.

- Calma, calma, agitadinho - Carter ironiza, erguendo as mãos para cima. - primeiro faremos o voto, depois você vai embora, e em uma hora eu coloco o garoto na porta do Ministério.

- Por que não o entregar agora? Qual a grande diferença? - Questiono, me esforçando para manter a calma por mais algum tempo. Como esse cretino consegue ter o dom de sempre dificultar coisas?

- Quero que tenha uma hora refletindo sobre o fato de que acabou de confiar sua vida a pessoa que você mais odeia.

- O sentimento é o mesmo para você, não faz sentido achar que só vai me atingir.

- Claro que não é o mesmo para mim, eu não corro o risco de você quebrar promessa nenhuma enquanto eu estiver com o garoto. - Merlin, eu vou soca-lo. - Mas sendo sincero a verdade é que não posso simplesmente pegar o garoto e trazê-lo para você sem trocar pelo menos duas palavras com o meu irmão, por isso preciso da hora.

- Você tem vinte minutos, Rinx - Afirmo, me aproximando, parando a alguns centímetros do seu rosto. - é tempo suficiente para explicar tudo que é preciso para seu irmão.

- Está bem, não vou discutir mais sobre isso, você está me cansando, daqui a pouco vai acabar me causando rugas de expressão. - Eu nem sabia que era humanamente possível encontrar alguém com a autoestima maior que a do Draco, mas pelo jeito estava errado, porque Carter é tão absurdamente convencido que a cada frase parece que no final ele vai dizer que se ama.

- Mais do que as que você já tem? - Sorrio sarcasticamente quando ele levanta a sobrancelha mostrando o desgosto com a minha frase.

- Isso foi bem deselegante, Potter.

- Vamos logo com isso, Rinx, não tenho mais sanidade mental para continuar no mesmo ambiente que você. - Admito com sinceridade, largando a garrafa de whisky no balcão e me levantando.

- Nisso somos obrigados a concordar. - Carter também termina de virar seu copo de martini, se levantando em seguida. - Como você pretende executar o voto sem que tenhamos um fiador?

- Posso chamar alguém do meu esquadrão para selar o feitiço. - A primeira pessoa que vem na minha cabeça é Ronald, mas assim que penso em ativar novamente o ponto, Carter me interrompe.

- Não confio em pessoas do seu esquadrão, se souberem que você vai fazer um voto perpétuo com um assassino é capaz deles mandarem o Ministério inteiro até aqui para impedir que você faça isso. - A pior parte da sua afirmação? É que ela é bem viável.

- Então, o que você sugere? Porque eu não confio no seu irmão. - Um voto perpétuo com um inimigo já é ruim, chamar o outro inimigo para ser o fiador ultrapassa até mesmo os meus limites.

- Chame alguém de fora do Ministério, alguém que não vai informa-los até que você chegue lá. - Rinx sugere.

O conhecendo como conheço, não é preciso de dois segundos de raciocínio para entender que ele está sugerindo que eu chame Draco para ser o fiador, o que é algo inviável, nunca que vou coloca-lo nessa situação, primeiro que nunca o deixaria tão perto desse psicopata, segundo mesmo que eu tivesse uma falha mental e o chamasse, ele nunca aceitaria. Sobretudo, tenho uma pessoa em mente.

- Tenho uma ideia, me dê dois minutos. - Afasto-me de Carter saindo para o lado de fora para conjurar um patrono, poderia ligar para ela ou mandar um SMS, mas se eu a ligar essa hora ela vai desligar na minha cara antes de sequer cogitar atender, agora um patrono é difícil de ignorar.

- Expecto Patrono. - A luz azul intensa sai gradativamente de dentro da varinha, iluminando todo o ambiente ao redor, formando lentamente o cervo tão conhecido por mim, já fazia algum tempo que não o via assim tão de perto. Dou alguns passos na direção do patrono, ficando perto o bastante para lhe passar a mensagem. - "Gina, preciso de você."

Oriento o cervo para que após passar a mensagem ele mostre a minha atual localização, o patrono abaixa a cabeça em um ato de confirmação e segue velozmente até onde quer que a ruiva esteja nesse momento.

Decido permanecer sozinho do lado de fora enquanto espero algum sinal de Gina, não tenho estômago para continuar lá dentro ouvindo as ironias de Carter. Uso um Lumos para acender as luzes até então apagadas dos postes, o que me deixa um pouco mais seguro em relação a ficar sozinho em uma rua deserta tão tarde da noite.

Pensar no horário me faz olhar para o relógio no meu pulso, me dando conta que já estou aqui há um tempo considerável, e ainda ficarei mais, se não der nenhum sinal de vida para equipe eles vão acabar falando com Pachis e invadindo esse lugar, é melhor avisá-los antes que Gina chegue. Confiro se Carter ainda está sentado do lado de dentro, com a confirmação volto a ativar o ponto.

- Esquadrão, na escuta? - Tento falar baixo para não chamar a atenção, porque é capaz do Carter achar que estou conspirando contra ele, o que acaba com todo o plano.

- Aí, você continua vivo, graças a Merlin. - Kimberly responde de imediato do outro lado da linha, aparentemente acertei em ter ligado, eles já estavam prestes a entrar em surto.

- Estou vivo e bem, ainda vou demorar algum tempo, estou conseguindo algo, não surtem se eu demorar mais uns vinte minutos. - Falo o mais rápido possível, já pronto para desligar.

- O que está acontecendo?

- Explico quando voltar. - Desligo ligeiramente, assim que identifico uma cabeleira ruiva do outro lado da rua.

Gina corre na minha direção, me abraçando quando chega perto o suficiente, conferindo meu estado dos pés a cabeça, provavelmente para ter certeza que não estou morrendo ou algo do gênero.

- Graças a Merlin, você está bem, achei que estivesse em perigo.

- Desculpa te incomodar a essa hora, mas preciso da sua ajuda. - Jogo a informação sem pensar duas vezes, preciso explicar tudo de uma vez, quero acabar com isso o mais breve.

- Não tem problema, o que aconteceu? - Aponto para o lado de dentro, para o homem sentado bebendo no balcão, que assim que nos vê sorri e acena, utilizando da sua animação forçada. - Quem é ele?

- Carter Rinx.

- Carter Rinx? - A ruiva grita tão alto que ele escuta do lado de dentro e ergue a mão em um sinal de "certo". - Estamos falando do mesmo Carter Rinx? O filha da puta que você tem perseguido nos últimos seis meses?

- É, esse mesmo.

- Que merda ele está fazendo sentando tranquilamente lá dentro? Me chamou para mata-lo? Diga que sim, por favor, vou adorar esse convite. - Conhecer Gina há uma década faz com que eu tenha certeza que ela está falando sério.

- Merlin, como eu queria ter te chamado para matar ele, mas essa é uma coisa que eu mesmo quero fazer. - Essa honra ninguém vai tirar de mim.

- Então, o que bulhufas está acontecendo?

- Escute tudo antes de surtar. - Busco resumir a maior parte das coisas para a ruiva, começando com a razão para eu estar aqui até chegar à razão pela qual a chamei.

Eu esperava que Gina tivesse uma péssima reação ao receber a explicação, recebi realmente uma reação desagradável, bem péssima para o meu rosto que acaba recebendo um tapa violento, provavelmente minha bochecha vai ficar uns dois dias vermelha.

- Você enlouquecendo? Bebeu? Tomou um tiro? Como em alguma parte da sua cabeça essa droga de plano faz sentido? - Ela grita, começando a andar de um lado para o outro desesperada.

- Eu sei que é loucura, mas Gina você precisa confiar em mim, sei o que estou fazendo. - Certifico, segurando seus braços, a fazendo parar na minha frente.

- Sabe? Sabe mesmo? - Sem nenhum esforço ela se solta do meu contato, me empurrando para mais longe. - Porque não é possível que você esteja raciocinando ao achar que um voto perpétuo com esse cara é uma boa ideia.

- O voto perpétuo implica que caso um de nós quebre o voto, nós dois morreremos, Carter não vai se matar antes de por as mãos no dinheiro.

- Pare de falar como se conhecesse tão bem esse cara. - Ela vocifera, colocando o dedo no meu rosto - você entrou tanto nesse caso que está falando como se realmente o conhecesse, mas não conhece, não sabe do que ele realmente é capaz.

- Eu fiz o perfil dele durante seis meses, sei sim do que ele capaz. - Gina ri assim que termino de falar, claramente ironizando minha frase.

- Não, não sabe, uma ficha, um perfil, não diz nem metade do que somos na realidade, a minha ficha do Ministério conta como fui controlada por um diário? Conta detalhadamente como é a sensação de ter alguém na minha cabeça? Não, então ninguém sabe tudo sobre todo mundo, Rinx pode simplesmente decidir que essa é oportunidade perfeita para matar você.

- Eu estou disposto a correr o risco - Grito de volta, dessa vez na mesma intensidade da ruiva - Gina, você precisa me entender, tenho certeza que sabe qual é a sensação de estar disposto a tudo para salvar alguém.

- Harry, eu entendo, é uma criança e você quer salvá-la, mas isso é demais, você sabe que é demais, sabe tanto que me chamou aqui. - Não consigo deixar passar a forma como a ruiva frisa que a chamei.

- O que uma coisa tem a ver com a outra?

- Porque se você achasse que isso não é demais, se achasse que está certo, teria chamado o Draco para fazer isso, ele é a pessoa que você mais confia, mas me chamou porque sabe que está errado e não quer ter que enfrentar o Draco te trazendo de volta para a realidade, porque sabemos que só ele consegue fazer isso.

- Tudo bem, você quer que eu assuma que estou errado? Então tudo bem, você está certa, Gina, eu sei que isso é loucura, sei que é arriscado, sei que é inconsequente, mas vou fazer de qualquer jeito, porque alguém precisa salvar essa criança, nem que eu tenha que confiar no irmão do Carter para realizar esse voto.

- Você não pode estar falando sério. - Gina reclama, levando a mão até a cabeça, tão violentamente que me questiono se vai arrancar sua testa.

- Esse é o único jeito de realmente salvar o James, porque de qualquer outro Carter vai dar um jeito de mata-lo, e eu vou fazer qualquer coisa para impedir, nem que isso seja colocar minha vida na balança, fiz isso a minha vida inteira, não me custa fazer de novo.

- Harry...

- Te chamei porque quero alguém de confiança para ser a fiadora do voto, mas se você não quiser, tudo bem, eu entendo, já disse que estou disposto a deixar até mesmo o Robson fazer isso.

Gina se afasta irada, chutando uma hidrante que estava do nosso lado, sua força em conjunto com sua raiva é tanta que desloca o hidrante do chão, fazendo com que água comece a jorrar para cima.

- Nada que eu disser vai te fazer mudar de ideia, não é? - Enfim ela volta a falar, depois de alguns segundos me olhando em silêncio, com as mãos na cintura.

- Nada.

- Então, vamos fazer logo isso, espero que você saiba no que está se metendo. - Sorrio realizado, me achego dela, a abraçando carinhosamente, o abraço não dura muito tempo, porque a ruiva me empurra após curtos instantes. - Ainda quero te espancar, não chegue muito perto.

Entramos de volta na padaria, Carter vira-se na nossa direção abrindo os braços escandalosamente.

- Achei que tinham mudado de ide... - Antes que possa concluir sua frase Gina o atinge duramente no meio do seu rosto, a atitude foi tão inesperada que Carter cai no chão atordoado pela potência do soco.

Rinx se mantém no chão por um tempo, segurando o nariz ensanguentado com a mão.

- Que merda foi essa? - Grita, quando começa a se levantar, usando os bancos ao seu lado como apoio.

- Foi um alerta do que vai acontecer caso decida fazer qualquer coisa fora do combinado. - Gina se mantém indiferente a raiva vibrante nos olhos de Carter e se aproxima a passos largos, parando bem na frente do homem. - Isso foi só uma amostra do que eu posso fazer.

Ser ameaçado com certeza não estava nos planos de Rinx, muito menos ser socado, mesmo com todo o seu estoque de ironias e falsas expressões Carter não consegue disfarçar seu choque, nem sua raiva. Posso realmente não o conhecer, como Gina sugeriu antes, mas sei que ele não é o tipo de pessoa que está acostumado a não estar no controle das coisas, é bom para a operação ele entender uma única vez que não é o dono da tudo.

- Gostei de você. - Carter finalmente retoma o ar sarcástico ao se levantar completamente, ele sorri, escorando uma mão no balcão e estendendo a outra para Gina, a ruiva permanece imóvel, com os braços atrás das costas, fitando-o com animosidade.

- Quer um tempinho para dar um jeito nesse seu nariz? - Pergunto em tom de zombaria, transfigurando um lenço com a varinha e jogando para ele - A menos que você não se incomode em continuar sangrando.

- Posso resolver isso sem o seu lenço, mas muito obrigado pela preocupação. - Rinx atira o lenço de volta, puxando a sua varinha de cima do balcão, executando um Episkey. - Pronto, estou lindo de novo, podemos começar?

- Podemos? - Refaço a pergunta, a direcionando para Gina, que me olha profundamente antes de demonstrar qualquer sinal de concordância ou discordância, não é preciso ser legilimente para saber que ela está silenciosamente me perguntando mais uma vez se tenho certeza do que estou fazendo.

Subo sutilmente a mão até o seu ombro, fazendo um movimento afirmativo com a cabeça, mesmo ainda se sentindo contrariada a ruiva também confirma de volta para mim, dando um passo à frente.

- Vamos acabar logo com isso. Ajoelhem-se.

Ajoelho-me primeiro e Carter faz o mesmo, estendemos nossas mãos direitas, em seguida as segurando, Gina segura sua varinha bem próxima dos nossos pulsos, colocando a ponta da varinha no entrelace das nossas mãos.

- Podem começar os votos.

- Carter Rinx, você aceita o voto pela sua vida, que irá entregar James Lyons Lancaster vivo e em segurança no Ministério?

- Aceito. - Responde sem hesitar, e assim que o voto é aceito uma fina corrente de fogo sai da varinha de Gina, entrelaçando-se em torno das nossas mãos. - Harry Potter, você aceita o voto pela sua vida, que assim que cumprir minha parte do acordo você irá conseguir a chave do cofre dos Lancaster?

- Eu aceito. - Mais uma corrente de fogo sai da varinha de Gina, executando o mesmo movimento.

- E você aceita o voto pela sua vida, que vai levar eu e meu irmão até a Mansão Lancaster com o caminho livre de aurores? - E o meu plano acaba de dar certo, a animação por essa percepção me faz soltar um pequeno sorriso antes de confirmar, sorriso o qual Carter percebe, mas opta por ignorar.

- Eu aceito. - O último fio de fogo passa pelas nossas mãos.

- Vocês tem mais algum voto para pedir um ao outro? - Ambos negamos com a cabeça, com a nossa resposta os fios se unem formando uma chama mais intensa que sobe alguns centímetros para cima, se dissipando no ar.... O voto está feito.

Levanto-me no mesmo instante, não há mais razões para continuar aqui, e não tenho mais controle emocional para continuar ouvindo a voz sarcástica de Rinx. Sigo em direção a porta, mas sou interrompido por uma mão segurando o meu braço.

- Preciso dizer que não achei que você fosse ter coragem. - Carter diz, sorrindo com o canto dos lábios.

- Não sou eu que deveria estar com medo disso. - Com um puxão retiro o seu braço do meu. - Você tem vinte minutos para levar James até o Ministério, ou estará cometendo suicídio.

- Voto perpétuo é voto perpétuo. - Rinx declara, dando de ombros. - Ele estará lá.

Penso em dizer mais alguma coisa, soca-lo como Gina fez, gritar, esperniar, mas fujo da ideia assim que ela se aproxima da minha cabeça, se eu fizer qualquer uma dessas coisas Carter ficará mais feliz do que incomodado, ele mesmo disse que me incomodar é uma satisfação para seu minúsculo ego, não posso lhe dar esse gosto, não agora que ele está tão perto de perder tudo.

Gina segura meu braço e aparatamos do lado de fora da passagem para o Ministério. Olho para o prédio a minha frente, já conseguindo ouvir os gritos que vou ouvir do lado de dentro, por Merlin como eu queria ficar mais algum tempo aqui fora, evitando toda essa confusão.

- Não pode fugir de entrar lá dentro. - Gina comenta, se escorando na parede ao meu lado, como se tivesse acabado de ler a minha mente.

Deixo um suspiro pensador escapar dos meus lábios, fechando os olhos temporariamente, busco afastar toda a preocupação e insegurança da minha cabeça, afinal não tenho tempo sobrando para continuar tendo uma crise existencial, o esquadrão deve estar preocupado comigo.

- Eu vou entrar. - Digo, apontando para a passagem. - Preciso colocar o esquadrão a par da situação.

- Isso aí, falando com firmeza, gostei de ver. - A ruiva me abraça rapidamente, dando um tapinha nas minhas costas. Quando já estou entrando ela grita novamente. - Entra lá e arrasa, sênior.

O apoio de Gina ajuda, mas ainda não melhora a situação, a cada passo que eu dou no chão preto da entrada do Ministério sinto como se ele fosse me engolir, levar-me para o subsolo. Tomar um decisão sempre é fácil, porque você está dentro da sua própria cabeça, sabe o que se passa dentro dela, quais os sentimentos, as dúvidas, os pensamentos, as convicções, tudo que te leva a tal escolha, porém pensar e colocar em palavras são coisas bem diferentes, em palavras tudo que aconteceu na última hora se assemelha a escolhas de uma criança em crescimento.

Quando a porta do elevador se abre acelero o passo até a sala de operações, onde a equipe deve estar. Assim que abro a porta dou de cara com Pachis de pé escorado da mesa, sua expressão é atônica, aparentemente o esquadrão tinha acabado de contar onde eu estava, pelo menos cheguei antes que ele mandasse o Ministério inteiro atrás.

- Você tem merda na cabeça? - O homem negro grita agressivamente, seguindo a passos pesados na minha direção, sua altura é bem superior à minha o que faz com que eu tenha que fazer um esforço a mais para manter minha postura, enquanto olho levemente para cima, para poder observá-lo.

Cruzo os braços atrás do corpo e abro a boca para responder ou começar a explicar minimamente a situação, mas ele ergue a mão e faz um sinal para que eu me cale, continuando com a gritaria.

- Como pôde ser tão imprudente ao ponto de sair sozinho para um encontro com um assassino de aluguel? Não tínhamos um combinado? Qual a sua ilustre dificuldade em cumprir regras? - A gritaria continua por mais uns cinco minutos consecutivos até que decido interrompê-lo.

- Carter Rinx irá entregar James Lyons Lancaster aqui no Ministério daqui uns dez minutos.

Pachis se cala, ficando mudo imediatamente, seus olhos se arregalam intensamente, todos os olhares da sala se focam em mim, todos esperando por uma explicação.

- Como isso pode ser verdade? - É a primeira vez que o vejo gaguejar.

- Acho melhor o senhor se sentar.

Conto toda a conversa com Carter até chegar na parte do voto perpétuo, quando eu pronuncio essa palavra em voz alta todos me olham com tanto choque, aglomerado com pavor, que não sei dizer como seus olhos se mantém no lugar. Termino de contar sobre como o voto e como foi realizado, então um minuto de silêncio se sucede, Pachis leva a mão até o rosto, cobrindo-o e apertando-o, Rony me olha apavorado e os outros se mantém absortos nas próprias deduções, até que o ruivo é o primeiro a quebrar o silêncio.

Ronald começa a gritar, os gritos se dividindo entre os ataques a minha inteligência, preocupação com o risco de vida que estou correndo agora, e a forma como coloquei Gina na situação sem comunica-lo antes, consigo entender o seu lado de querer me socar por ter chamado a irmã dele para algo tão arriscado, no lugar dele estaria do mesmo jeito.

Pachis se levanta sem dizer uma única palavra e segue até a porta, somente quando sua mão encosta na maçaneta sua voz volta a ecoar sobre a sala, fazendo todos se silenciarem.

- Essa foi a coisa mais irracional que eu já vi um auror da sua patente fazer. - Abaixo a cabeça, aceitando a repreensão, mas o sermão não se mantém, na verdade o diretor volta o rosto na minha direção, abrindo um curto sorriso ao sussurrar. - Mas também foi a coisa mais corajosa que um auror da sua patente já fez. Parabéns, auror Potter.

- Ok, Ronald, já chega! - Grito no mesmo tom que ele depois de deixa-lo descontar toda sua raiva por mais alguns minutos. - Eu sei que fiz uma coisa burra e insensata, mas foi a única coisa que fez sentido para mim na hora, e agora não dá mais para voltar atrás, podemos ficar o resto da noite gritando, esperneando e surtando ou podemos nos concentrar no que faremos amanhã quando eu tiver que entregar a chave para o Carter. O que vocês preferem?

- Eu preferia continuar te chamando de burro, mas posso fazer isso depois. - Goyle responde, dando de ombros.

- Isso, sigam o exemplo do Goyle e me chamem de burro depois que tivermos terminado esse inferno de missão.

Mesmo ainda com vontade de gritar por mais tempo, Ronald se senta emburrado, e o debate por um plano começa. O primeiro plano pautado é realmente deixar a casa livre de aurores, mas manter alguns na área ao redor que irão atacar quando os irmãos conseguirem abrir o cofre. Ideia descartada, porque eu disse no voto que deixaria o caminho livre de aurores, então ao redor também se enquadra no caminho.

O segundo plano foi de entregarmos uma chave falsa no lugar do oficial, o que também quebra o voto, porque mesmo a palavra "chave real" não tendo sido citada, nós dois sabíamos de qual estávamos falando.

Espero todos darem suas ideias para poder comentar sobre a minha, porém quando me preparo para explica-la, uma explosão de falas estoura no lado de fora, várias pessoas gritando ao mesmo tempo, antes que eu possa pensar em me levantar, Kingsley entra rapidamente na sala, o rosto repleto de felicidade.

- James Lancaster está lá embaixo, Rinx realmente o deixou na entrada. - Não dou espaço para ninguém falar nada, porque assim que Kingsley conclui sua frase saio correndo para o corredor.

Diversas pessoas tentam me parar para dar as felicitações, as quais ignoro, desviando como se elas fossem bolas sendo jogadas na minha direção. Minhas pernas se locomovem inconscientemente, minha mente se desliga, se desliga de todos os abraços, todos os sorrisos, todas as risadas, todas as vozes. Não olho para trás, não vejo se tem alguém comigo, apenas continuo andando e andando, enquanto minha cabeça continua repetindo continuamente o nome de James, me direcionando até ele, suplicando pela presença que tenho buscado a meses.

É proibido aparatar dentro do Ministério, os feitiços de proteção impedem isso, o elevador está lotado de pessoas que também tentam descer ligeiramente até o térreo, me esforço para não ficar com raiva delas, da forma como elas estão atrapalhando meu tempo, como estão fingindo se importar depois de terem desistido de James no terceiro mês, essas pessoas que agora correm para vê-lo foram as mesmas que concordam com Hunt quando ele disse que trazer James de volta seria um milagre. Pois bem, olhem para o milagre.

Não espero o elevador voltar, continuo correndo até a escada, são apenas dois lances não há porque evita-los. Corro e corro até chegar à porta de entrada para o térreo, a abrindo em um único empurrão, então... o vejo.

Não sei descrever a sensação que invade meu peito quando meus olhos localizam o garoto acanhado e encolhido em uma parede, assustado com tantas pessoas o olhando, o questionando sobre seu estado, suas mãos tremem na frente do corpo, não sei dizer se de nervosismo ou frio, seu cabelo castanho está bagunçado e comprido, cobrindo toda sua testa, mas ele está vivo... ele está vivo.

Quero continuar correndo, quero gritar, quero abraça-lo e dizer que conseguimos, me desculpar pela demora, entretanto minhas pernas contradizem meus impulsos e começam a se mover lentamente, a cada curto passo que dou na direção do garoto sinto como se meu peito se enchesse ainda mais de um sentimento imensurável de realização, de... paz. Não importa o quanto eu tenha colocado em jogo, não importa o quanto ter James aqui vai me custar, ele está aqui, está finalmente aqui, nada pode me tirar essa sensação.

Paro no meio do caminho, o tempo parecendo passar em câmera lenta, quando meus olhos encontram os olhos verdes assustados do menino, por alguns instantes a gritaria continua, as vozes desnorteadas, as fotos, os pedidos, esses segundos duram somente o tempo que leva para James me reconhecer, porque assim que seu olhar se ilumina e um sorriso confiante aparece no seu rosto, todas as vozes somem, se dissipam da minha cabeça, sei que elas continuam ali, sei que agora os olhares estão direcionados para nós, mas não importa mais, nada importa além desse sorriso e desse olhar.

Volto a andar, acelerando o passo, ao mesmo tempo que James se levanta do chão, se desencostando da parede em que estava encolhido, ele também segue na minha direção, é visível os machucados no seu corpo, a forma como manca ao andar, contudo isso não o impede de correr, mancando e fraco James corre até mim, e eu corro até ele.

Abaixo-me no mesmo minuto que James se joga nos meus braços, suas pequenas mãos envolvendo meu pescoço, agarrando-o como se fosse um bicho de pelúcia, uma âncora, retribuo a mesma intensidade, agarrando a suas costas com força, mantendo-o perto de mim, contra o meu peito. Toco no seu cabelo, na sua bochecha, e até mesmo o afasto momentaneamente para poder o olhar, apenas para verificar que isso é real, trazendo-o de volta rapidamente.

- Você está bem agora, está a salvo. - Sinto o gosto, dessa vez satisfatório, das lágrimas na minha boca, só Merlin sabe quanto tempo fiquei esperando para dizer essas palavras, sentir esse gosto.

- Eles vão voltar pra me pegar? - James pergunta no meu ouvido, com lágrimas trêmulas nos olhos. Sinto meu coração rachar, James é só um bebê, só um bebê com medo de passar por tudo aquilo de novo, como ele aguentou tanto tempo? Como ele conseguiu? - Não quero voltar pra lá, por favor não deixa eles me levar.

James volta a se encolher no meu colo, agarrando a minha camisa fortemente. Respiro profundamente antes de levar a mão até o seu queixo para fazê-lo olhar para cima, para o meu rosto.

- James, você está seguro agora, eu vou proteger você, prometo que ninguém nunca mais vai te machucar, está ouvindo? Eu prometo. - O garoto se mantém tremendo e chorando, o abraço novamente, mais forte, mais perto. - Ei, você confia em mim, não confia?

Ele ergue o rosto, parando para me olhar, o silêncio não demora muito, porque seguidamente movimenta a cabeça em um "sim", que me faz sorrir involuntariamente.

- Então pode confiar no que estou dizendo, está tudo bem.

Sinto uma mão no meu ombro, demoro um tempo até me afastar alguns centímetros de James para poder fitar quem quer que seja. Reconheço Kingsley, que mantém o toque sutil ao explicar que precisamos leva-lo para o St. Mungus para averiguar seu estado de saúde.

- Ok, o meu esquadrão vai escolta-lo. - Respondo, me levantando do chão, pegando James no colo.

- Sem problemas, mas preciso que você retorne ao Ministério ainda hoje para esclarecemos alguns pontos do seu último encontro com Rinx. - Não é possível que Kingsley esteja realmente achando que vou deixar James sozinho, agora que finalmente o encontrei.

- Resolveremos amanhã, teremos o dia inteiro, hoje eu e todo o meu esquadrão vamos escolta-lo até o hospital. - Repito, um pouco mais firme.

- Eu entendo a sua preocupação, Harry, mas você é o sênior não pode se isentar do Ministério em uma situação como a atual.

- Ministro, eu lhe respeito muito, mas não lhe fiz um pedido, estou apenas comunicando que eu e meu esquadrão vamos escolta-lo, nem estou mais no meu horário de trabalho, não tenho obrigação nenhuma de permanecer no Ministério, mas estou disposto a fazer quantas horas extras forem necessárias para permanecer com James, apenas com ele.

Kingsley ameaça retrucar, mas continuo falando, não o deixando tomar essa liberdade.

- Carter concordou em entregar James, nunca concordou em não tentar pegá-lo de volta, não vou me arriscar perde-lo de novo depois de tanto tempo lutando para encontra-lo. Vou ficar com James até ter total conhecimento sobre seu estado de saúde e voltarei para o Ministério somente amanhã, no meu horário de trabalho.

Kingsley se silencia, parecendo pensar na melhor opção, ao notar que não estou disposto a mudar de opinião, o homem acaba cedendo, erguendo a mão para cima, chamando o esquadrão para mais perto.

- O que deseja, senhor? - Rony pergunta, assumindo sua postura séria e respeitável.

- O auror Potter irá escoltar o garoto até o St. Mungus para verificarmos seu estado de saúde, vocês irão acompanha-lo nesse escolta, mantendo-se alertas até amanhã, o resto o chefe de vocês irá explicar.

- Entendido, senhor.

O Ministro dá alguns passos para trás, se preparando para falar com Rita Skeeter e seu batalhão de repórteres que já se aglomerou do lado de fora do Ministério - com certeza essa mulher tem um informante aqui dentro, não faz sentido ela saber das coisas tão rápido - mas antes ele se dirige mais uma vez para mim.

- Parabéns, Harry... - Ele faz uma pequena pausa, sorrindo ao abaixar a cabeça, aparentemente lembrando de alguma coisa. - Você realmente sempre foi nossa melhor esperança.

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