Amor Por Contrato | Sariette

By ssariette

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Quando Juliette Freire enviou seu currículo para o Andrade's Office, foi somente para deixar de ouvir Camilla... More

O começo de tudo.
Oportunidade.
Não vai rolar.
Decisão difícil (ou não).
Onde eu assino?
Casadas.
Jantar.
Surpresa Ruim.
Ciúmes.
Alegria.
Desejo.
Próximas.
Não me importo mais.
Borboletas.
Paris.
Paris II.
Paris III.
Queimando.
Você é fiel, Sarah?
Nada dura para sempre.
De volta pra casa.
Negando.
Cleo.
É um prazer conhecê-la.
Quem é ela?
Sempre fugindo.
Me desculpa.
Amor.
Saudade.
Tristeza.
Que porra é essa?
Você está em mim.
Casa comigo, Camilla?
Conhecendo Sarah Andrade.
Conhecendo Sarah Andrade II.
Festa.
Dia normal.
Divórcio?
Eu quero que você saiba.
Quem eu sou.
Preciso da sua ajuda.
Ela não é assim.
A verdade.
Odeio amar você.
Namoradas.
Confusão.
Me deixa em paz.
Não vá embora.
Por que você fez isso comigo?
As coisas complicaram.
Amor perfeito.
Um dia de cada vez.
Casa comigo?
Parece um sonho.
O casamento.
Eu vou cuidar de você.
Minha melhor escolha.

Ela foi embora.

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By ssariette

Sarah's POV

Voltei para a empresa e senti uma angústia muito grande, talvez fosse culpa, eu não fiz nada. Mas também não a impedi de fazer, era tão culpada quanto. Não chegou a ser um beijo, nossos lábios mal se tocaram, e se eu deveria ter sentido alguma coisa, não senti. Nada além de uma culpa enorme, o rosto de Juliette não saiu da minha cabeça o dia inteiro, queria ir para casa e vê-la, abraçá-la e me desculpar por tudo. Me desculpar por pensar por um segundo que não a amava sendo que tudo em mim era dela, eu era dela e nunca existiria espaço para outra, ninguém, nem mesmo aquela que foi o meu primeiro amor. É verdade quando dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece e, de fato, nunca esqueci Marcela, mas também nunca pensei em tê-la como namorada ou qualquer coisa do tipo novamente.

Eu tinha todo um futuro planejado, um futuro com a única mulher que amava, um futuro com Juliette. Minha ex esposa, minha ex secretária, minha namorada, a única pessoa a quem eu daria total liberdade para me quebrar, porque sabia que ela faria isso apenas para me consertar novamente. Eu não podia suportar a ideia de chegar em casa e não ver aquele sorriso, não ter ela correndo para me dar um beijo, ou me esperando na nossa cama. Eu queria ter filhos, um menino e duas meninas, tanto faz, apenas queria tê-los correndo pelo quintal em um fim de tarde de sol, ou em uma manhã de frio, fazendo bonecos de neve, para logo depois destruí-los. Queria ter tudo o que não tive na minha vida, ser uma boa mãe e uma boa esposa, e nenhum dos meus planos faria sentido se a pessoa ao meu lado não fosse Juliette.

– Sarah.

– Meu Deus. Por onde você andou? - levantei rapidamente quando ouvi a voz vinda da porta.

– Eu precisava de um tempo.

– Você está péssimo. - Filipe tinha a barba por fazer, e olheiras enormes.. ele riu e concordou.

– Eu sou péssimo, Sarinha. Eu sou péssimo. O que seria de mim se não tivesse você?

– Eu também não sei. Ainda bem que você tem. - nos abraçamos, apesar de ele ser um tremendo idiota às vezes, eu o amava.

– Queria agradecer você por cuidar da Cleo, obrigado por isso. Por ter sido uma irmã melhor do que eu sempre vou ser.- ele confessou fitando o chão.

– Você ainda pode ser um bom irmão Fi. Aqui - entreguei o papel com o endereço da clínica para ele. – Vá até lá, visite ela. Ela precisa de você também. Estaremos juntos nessa, okay?

– Okay. Eu vou... Como estão as coisas por aqui?

Contei sobre minha situação e ele apenas riu da minha cara, claro, se fosse ele no meu lugar eu faria o mesmo. Ele foi na clínica acompanhado de Viviane, eu iria com ele mas não estava afim de encontrar com Marcela, então apenas perguntei se ela poderia fazer companhia, e ela foi. Me agradeceria no futuro, eu sabia disso. Fiz alguns telefonemas, Cleo estava de licença devido a uma doença qualquer, era o que dizíamos para os acionistas, para justificar sua ausência nas reuniões.

– Sarah, estou de saída, precisa de alguma coisa?

– Não. Pode ir, até amanhã!

– Até amanhã. - Karine disse saindo e fechando a porta. Na minha mesa em um discreto porta retrato havia uma foto de Juliette, eu tinha pego das coisas dela algumas semanas atrás, confesso que me dava mais vontade de sobreviver ao dia na empresa. Eu te amo. Falei como se ela pudesse me ouvir e eu desejei que pudesse, não via a hora de chegar em casa.

Passei na floricultura e comprei algumas das flores que sabia que ela gostava, pelo menos eu pensava que sim, não entendia nada de flores, talvez perdesse algumas horas pesquisando sobre elas daqui pra frente, não perderia a oportunidade de deixar minha linda futura esposa feliz. O carro dela estava lá, mas as luzes estavam todas apagadas o que era estranho, mal escurecia e Juliette já acendia todas as luzes de casa, talvez estivesse dormindo.

Entrei, liguei a luz da sala, demorando um pouco para me acostumar com a claridade. O silêncio me deixava mais angustiada a cada degrau que eu subia. Ela deve estar dormindo. Eu pensei, na esperança de que fosse verdade. Ela não estava no nosso quarto, nem no quarto dela. Chequei meu celular e também não tinha mensagens, outro fato estranho. Ela não gostava de me deixar preocupada.

As flores caíram das minhas mãos assim que liguei a luz do meu quarto e notei as portas do guarda-roupas abertas. As roupas dela não estavam lá, nem a mala. Entrei em desespero. Respirei fundo algumas vezes até meu coração recuperar o ritmo, mas meu desespero só piorava. Onde ela estava?

– Juliette? Juliette? Se você está brincando, é uma brincadeira de muito mau gosto! - eu gritava esperando que ela fosse sair de algum lugar e me assustar. Não aconteceu.

Perdi as contas de quantas vezes liguei e mandei mensagens, liguei para Camilla, Arthur e ligaria para os pais dela se soubesse o número. Sentei no último degrau da escada, palco da nossa briga antes de eu sair para a empresa. Nossa última briga? Meu estômago revirou com a possibilidade de aquela ter sido nossa última briga.

– Por favor me ajude a encontrar a Juliette. Por favor...

– Sarah, calma! Onde você está? Em casa? Estou indo até aí.

Minutos depois ouvi um carro estacionando, era Karine. Talvez Juliette a atendesse, talvez contasse a ela porque estava me ignorando.

– Ela não atende. Mas calma, ela pode ter ido até a casa da Camilla.

– Com todas as roupas dela Karine? Ela foi embora. Ela foi... - joguei o celular na parede e chorei. – O que eu fiz? - ela me olhava com uma expressão de pânico, nunca tinha me visto assim, mas eu não tinha nada a esconder mais. Aquela era eu, totalmente dependente de alguém que não estava mais lá. Aquela era eu, sem a mulher que tinha transformado o vazio que eu era por dentro em um lugar cheio de amor. Aquela era eu, perdida.

– Pode ir. Vou ficar bem.- menti, só queria ficar sozinha. Não, não queria, a ideia de estar sozinha naquela casa me fazia chorar ainda mais.

– Sarah... Não acho que seja uma boa ideia te deixar sozinha.

– Eu ficarei bem. - forcei um sorriso, ainda sabia fingir muito bem a pose de 'nada pode me atingir' que sustentei por anos.

– Okay. Vou estar com meu celular o tempo todo, se ela ligar te aviso, se precisar me ligue. Okay? Okay Sarah? - eu assenti e ela saiu. Peguei a chave e tranquei a porta. O medo tomou conta do meu corpo a partir do momento em que parei e fitei aquela casa enorme e... vazia. Era engraçado o quanto Juliette preenchia o ambiente, ela era uma só mas parecia várias.

Sentei debaixo da escada, era o lugar onde eu me sentia mais protegida ali, desde criança, quando algo acontecia eu corria e me escondia, meu esconderijo secreto que de secreto não tinha nada. Liguei de novo. De novo. Outra vez. E nada.

Traga a antiga Sarah de volta. Quando se tornou essa idiota?

Eu repetia a mim mesma tentando me convencer de que meu peito não estava queimando. Perdi a batalha e deitei no chão, com o celular do meu lado usando todas as forças para pedir que ele tocasse, ou que ela apenas mandasse uma mensagem dizendo que estava bem, dizendo que me amava e que eu não tinha a perdido. Disquei mais uma vez o número e dessa vez ela atendeu, sentei rapidamente mas não sabia o que dizer.

– JULIETTE! Onde você está? Por favor. Não faça isso comigo! - minha voz saía com dificuldade devido ao choro.

– Sarah. Eu estou bem. - ela tinha a voz calma. Como ela podia estar calma? Enquanto eu estava prestes a ter um ataque de nervos?

– Onde? Onde você está? Eu vou buscar você.. Por favor me diga onde você está.

– Escuta! Não quero que você venha atrás de mim, okay? Sarah.. Eu te amo e é minha única certeza agora. Eu te amo e isso dói, te amar dói, e eu não quero mais. Não quero mais amar você.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa ouvi o telefone sendo desligado. As palavras dela iam e voltavam na minha cabeça e cada vez machucavam mais. Não quero mais amar você. Ah Juliette, por que está fazendo isso comigo? Joguei o celular na parede várias vezes até vê-lo em pedaços. Fiz o mesmo com o telefone da sala e com qualquer coisa que pudesse me manter em contato com o resto do mundo.

Subi no meu quarto e tudo tinha o cheiro dela, em cima da cama estava uma blusa branca, normalmente ela usava para dormir, estava esquecida lá, assim como eu. Tirei toda minha roupa e vesti aquela blusa, vesti como se fosse ela, como se ela estivesse ali comigo preenchendo o vazio que eu me tornaria outra vez. Naquela noite o sono não veio, eu apenas chorei. O travesseiro e parte do meu cabelo estavam molhados, meu nariz escorrendo e eu não conseguia parar, não conseguia arrumar a bagunça que estava por dentro e nem sabia se queria arrumá-la.


Um mês depois.

Perdi as contas de quantos dias fiquei naquele quarto. A campainha tocava e eu a ouvia longe, meu raciocínio estava lento por causa dos remédios que eu havia tomado para conseguir ter, pelo menos, uma noite de sono. Era ruim estar sozinha, era péssimo. Eu tinha medo. Odiava ficar sozinha a noite. Odiava deitar sem ela. Odiava viver sem ela. Era mais fácil ficar ali, fingindo que não existia um mundo por trás daquela porta onde eu estava me escondendo.

Sentei na cama e me arrependi na mesma hora em que senti o quarto girando. Calma Sarah. Você está bem. Meu estômago doía como o inferno e minha cabeça o acompanhava de mãos dadas. Que bela bagunça. Que bela bagunça você está. Falei quando me olhei no espelho, ainda com a blusa de Juliette. Ainda com o cheiro dela, agora misturado com meu cheiro de suor.

Desci as escadas com cuidado, ainda me sentia um pouco tonta. A campainha tocou fazendo com que eu levasse um susto, mas continuei meu caminho até a cozinha como se não ouvisse nada.

– Sarah! Sarah! Sarah!

Era Filipe, claro que era. Não sei como ainda não tinha dado um jeito de arrombar a porta. Não o culpava, afinal. Peguei uma caixa de leite e servi em um copo. Meu estômago ardeu a cada gole que eu tomava. Droga. Mas logo depois senti um alívio, pelo menos não morreria de fome.

– Porra abre essa merda Sarah! - as batidas na porta estavam ficando mais fortes, até que o que eu mais temia aconteceu: ele abriu a porta, com algum tipo de ferramenta que eu desconhecia.

– O que você tem na cabeça? - ele estava vermelho de raiva e com algumas lágrimas nos olhos, eu não disse nada, não tinha o que dizer. Estava na merda por causa de Juliette, era o fundo do poço para mim. Ele me abraçou e de início não retribuí, mas depois o abracei também, meu corpo precisava de um pouco de calor humano.

– O que houve, Sarah? Pode me dizer? O que diabos aconteceu com você?

– Ela foi embora Filipe. Ela foi embora. Isso aconteceu comigo. Eu sou a idiota que para de viver porque foi abandonada, e quer saber? Eu não me importo em ser. Eu não me importo mais. - eu chorava, e ele também, chorava de alívio talvez, por estar tudo bem comigo.

– Vem pra minha casa. Você não vai mais ficar aqui sozinha.

Ele subiu as escadas e pegou algumas roupas minhas, eu fiquei sentada ainda sem pensar direito, os remédios eram fortes e eu agradecia eles por isso, por me deixarem fora do ar, por me fazerem não raciocinar muito bem. Filipe me ajudou a tomar banho e vestir roupas limpas.

– Filipe não! - gritei quando ele tentou se livrar, ou apenas colocar para lavar, a camiseta que eu usava. – Me deixa ficar com ela.

– Me deixa lavar ela primeiro? Por favor, já está com cheiro ruim. - ele me pedia com paciência.

– Tudo bem. Mas me devolve depois, ta? Por favor. É a única coisa que tenho dela.

– Nós vamos dar um jeito nisso. Confia em mim.

– Que jeito Filipe? Há quanto tempo estou aqui e ela nem quis saber como eu estou?

– Deve ter alguma explicação para isso. Só calma.

Filipe limpou a bagunça que eu fiz ali dias antes, o aparelho que costumava ser meu celular e o telefone da sala.

– Você vai precisar de novos. Meu Deus, porque fez isso? Não queria que ninguém te encontrasse? - ele sorriu.

– Não queria ver que ela não se importa mais. Se eu não tivesse nenhum deles, nunca saberia.- eu sorri triste e ele pegou minha mão.

– Vem. Você vai ficar bem.

Saímos em direção ao carro dele, meus olhos arderam quando foram de encontro ao sol. Entramos no carro e ele me levou para a casa.

– Karine precisou viajar no seu lugar. Por isso ela me ligou pra ir até sua casa ver se estava tudo bem.

– Oh... Meu Deus... Eu esqueci totalmente sobre a viagem.. Como acha que ela está se saindo?

– É lógico que está se saindo bem. Estamos falando da Karine. - ele riu pegando a bolsa com minhas roupas e me entregando. – Bom, você conhece a casa, fique á vontade.

– Obrigada. - sentia o peso do mundo nas minhas costas, mas se eu quisesse recuperá-la precisaria ser forte, não é mesmo? Eu estava desaparecendo aos poucos e isso não me ajudaria em nada.

– Não agradeça. Você ajudou minha irmã. Você é minha família.

– Eu amo você. - eu sorri, consegui sorrir com sinceridade pela primeira vez em dias. Obrigada por isso. Pensei.

– Eu amo você. - ele sorriu e me fez seguí-lo até onde seria meu quarto enquanto eu não voltasse para casa.

– Como ela está?- perguntei enquanto ele arrumava a cama.

– Tranquila. A médica falou que as primeiras semanas seriam complicadas, mas ontem ela estava tranquila. Viviane tem sido essencial nessa etapa.

– Eu sabia.- eu ri. – Sabia que se acertariam. - ele também riu.

– Ela ainda fala muito sobre a Michelle... Mas né? Quem sabe Viviane ajude-a nisso.

– Sim. Ela é uma pessoa maravilhosa, exatamente o tipo de pessoa que Cleo precisa por perto agora.

– Podemos ir visitá-la, quando você estiver melhor.

– Sim, podemos. - mas eu só ficaria melhor quando Juliette estivesse perto novamente. Quando eu tivesse notícias.

Aquele dia foi o menos turbulento da semana. Comemos pizza e assistimos alguns filmes idiotas, Filipe sempre gostou desse tipo e eu nunca entendi o senso de humor dele. Mas amigos não julgam, então eu acabava rindo junto. E foi assim: rimos e lembramos dos velhos tempos. E tudo foi bom até eu me ver sozinha naquela cama enorme, sentindo falta do meu amor e de tudo o que ela provocava no meu corpo.

Onde você está, Juliette? Repeti algumas vezes. Peguei um copo com água e tomei um comprimido. Aquela seria mais uma noite em que eu enganaria meu organismo para me dar boas horas de sono.

Eu te amo, Juliette. Espero que esteja nos meus sonhos essa noite também.

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