Ele é Como Rheya {jikook}

由 nicolypachecos

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É o começo do primeiro dia de aula depois das férias de verão quando Jeon Jeongguk sente que o ano letivo de... 更多

♡ avisos ♡
[ PLAYLISTS ]
1. Ele é como uma Tangerina
2. Ele é como um Gêmeo
3. Ele é como Daphne Blake
4. Ele é como um invisível
5. Ele é como Yoongi
6. Ele é como uma Figura Sagrada
7. Ele é como Us And Them
8. Ele é como uma Criança
9. Ele é como Panqueca de Mirtilo
10. Ele é como uma Maçã do Amor
11. Ele é como Escutar uma Música Boa
12. Ele é como uma Florzinha
13. Ele é como o Sol
14. Ele é como um Filme cheio de cor
15. Ele é como um Gatinho
16. Ele é como uma Cereja
17. Ele é como Daisy
18. Ele é como um Anjinho da guarda
19. Ele é como o Amor Mais Puro
Especial de dia das mães: família de dois
20. Ele é como uma Viola Lilás
21. Ele é como um Sonho
22. Jimin é Como Rheya
23. Ele é como Meu Coração
24. Ele é como o Universo
25. Ele é como as Estrelas
26. Ele é como um Beijo
27. Ele é como um Coelhinho
28. Ele é como Chocolate
Ele é como o Livro físico de "Ele é como Rheya"
29. Ele é como um Presente
30. Ele é como o Amor da minha vida
31. Ele é como meu Porto Seguro
Aviso sobre o livrinho de Ele é Como Rheya
33. Ele é como minha Vida
34. Ele é como um Conforto
35. Ele é como meu Refúgio
36. Ele é como um Arrepio
37. Ele é como meu Paraíso
38. Ele é como uma Confusão
39. Ele é como o Amor

32. Ele é como uma Cenoura

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由 nicolypachecos

JIMIN

Convencer Jeongguk a ir a uma festa me fez sentir invencível.

Tipo, na boa. Jeongguk e eu conversamos sobre tudo; nossas vontades, nossos medos, o que gostamos e o que não gostamos de fazer. Por isso, sei que ele não gosta de estar no meio de muitas pessoas — logo, não gosta de festas.

Então, quando decifrei os seus sentimentos e consegui convencê-lo a ir a festa da Jieun comigo, eu me senti... incrível. E além de incrível, acreditei ser capaz de conseguir convencer qualquer um a fazer qualquer coisa.

— Não.

E é exatamente por isso que, agora, estou extremamente emburrado por não estar tendo sucesso no momento de convencer Yoongi a ir a festa também.

— Por que não? — eu pergunto, dando um gemido frustrado. — Você nem pensou na ideia!

— Porque não — Yoon diz, mordendo uma batata. Faço um bico. — Não adianta tentar insistir.

Droga. Talvez eu não seja tão invencível assim...

Yoongi e eu estamos sentados aqui, um de frente para o outro, há meia hora. É sexta-feira e acabamos de sair da escola. Estamos no restaurante Sool Bibimbap, o restaurante em que minha mãe trabalha, esperando dar o horário dela para irmos para minha casa. Yoongi vai dormir lá hoje.

Eu estou comendo bibimbap e Yoongi está comendo batata frita, todo indiferente, como se eu não estivesse literalmente implorando para ele ir na festa à fantasia da Jieun comigo.

Saco. Eu queria muito que ele fosse...

— Aff. Você é um chatonildo... — resmungo, dando uma colherada no meu bibimbap. Yoongi sorri. — Eu até pensei em uma fantasia pra você.

— Fantasia de quê? — perguntou ele, dando uma golada no seu suco.

Vampiro. É a sua cara. — Sorrio, vendo-o fazer uma grande careta. Yoongi odeia vampiros.

Deve ser porque ele é vegano.

— Ainda bem que eu não vou, então — ele diz, rindo quando meu sorriso se transforma em uma careta. Malvado.

— Fique sabendo que você tá perdendo uma oportunidade das grandes! Você ia ficar incrível de vampiro — eu falo, mastigando a minha comida bem lentamente para mostrar o quanto eu acredito no que estou dizendo agora.

Porque, é sério, ele ficaria incrível de vampiro! Yoon, com esse cabelo escuro, esses olhos bem pretinhos, vestindo sempre tons frios, se parece demais com um. Ele ia ficar, sim, muito incrível com uma fantasia de vampiro.

Ele só não sabe disso ainda...

— Por que você tá insistindo tanto? — Ele franze o cenho. — O Jin não vai? Ou... o Jungkook? — Ele faz uma pausa. Então, olha para baixo. — Ou o Hoseok e... o Taehyung...? — pergunta, mais baixo e mais... retraído.

Dá para, claramente, notar o quanto falar deles o deixa desconfortável e apreensivo.

Isso sempre me deixa pensativo demais...

Afinal, até hoje, Yoon nunca me contou o que aconteceu entre eles. Ele nem sequer comentou sobre o assunto... é completamente diferente do Tae, que sempre demonstra o quanto fica incomodado com o fato de eu ainda ser amigo do Yoongi.

Taehyung já disse que não entende por que continuo conversando com ele depois de ficar sabendo de tudo que ele fez. Eu sempre digo que estou esperando o Yoon me dizer o seu lado da história, que ele foi o meu primeiro amigo e que eu amo muito ele, por isso não posso simplesmente afastá-lo por um acontecimento que eu nem presenciei... e é só quando relembro isso que o Tae fica mais calmo e compreensivo com a nossa amizade. Ele ainda se chateia por não poder se aproximar de mim no refeitório quando estou junto com o Yoongi — ele se sente desconfortável só de pensar em olhar nos olhos dele, poxa...

Eu me sinto extremamente curioso para saber o que aconteceu naquele dia. O que Yoongi pensou no momento? Por que ele decidiu fazer o que fez? Às vezes, fico tentado a perguntar, ou a simplesmente dizer que preciso de um motivo para poder entendê-lo, porque não foi legal da parte dele e, se ele fizesse isso comigo, eu me sentiria extremamente chateado...

Mas... apesar de tudo isso, eu não quero deixar o meu melhor amigo desconfortável ou constrangido com esse assunto. Eu quero que ele se abra sozinho, por vontade própria, e não sei quanto tempo vai demorar para isso acontecer, mas eu espero que seja muito em breve. Essa situação toda é bem difícil, pois eu amo muito o Yoon, e amo muito o Tae, também...

Eu só queria que tudo pudesse se resolver um dia.

— Eles vão, sim — eu digo, dando um pequeno sorriso. — Mas não importa se eles vão ou não. Eu não estou querendo uma companhia, só quero estar com você, mesmo... — eu falo.

Yoon abaixa levemente a cabeça e dá pra ver que ele ficou com vergonha. Fofinho...

— Ah. Tá. — Ele enfia bastante batata na boca, e ficamos em silêncio mais uma vez.

Até que, me surpreendendo, ele diz:

— Se o Taehyung te dissesse por que não somos mais amigos, você provavelmente não ia me querer lá... — Ele dá um sorriso desgostoso, me fazendo erguer as sobrancelhas, pois não estava esperando ouvir isso dele.

Meu Deus. Yoongi está falando sobre o ocorrido? Ele está mesmo falando sobre isso?!

Ai, meu Deus...

— Ele já me disse — eu digo, rapidamente, vendo-o arregalar os olhos. — Já faz um tempo que ele me contou.

O rosto de Yoongi fica pálido e ele desvia o olhar mais uma vez, colocando ainda mais batatas na boca. É o jeito dele fugir do assunto... mas agora que ele me deu uma brecha, não vou deixar para lá.

Eu quero saber, preciso saber o porquê ele fez o que fez. Eu preciso...

Depois de um tempo, percebo como minhas recentes palavras pareceram levemente intimidadoras, visto como ele está pálido — mais do que o normal — e quieto. Então, reformulo:

— Eu... eu já sei... mas eu queria saber o seu lado — eu falo baixinho, pegando meu refrigerante preguiçosamente. — Ele me contou, mas eu não sei o seu lado da história, então... não faz muita diferença. Eu ainda quero você lá na festa, e em vários outros lugares, Yoon.

Yoongi parece ficar ainda mais travado com a minha fala. O silêncio reina em nossa mesa pelos próximos longos minutos. Ele come, e eu apenas dou pequenos goles no meu refrigerante, encarando-o silenciosamente.

Por favor, Yoon... diga alguma coisa...

— E...

Ele começa, mas logo para. Yoongi pisca um par de vezes. Depois de tanto tempo, ele deixa de fugir do meu olhar, me fitando brevemente enquanto parece pensar, pensar, e pensar no que dizer.

Quando ele entreabre os lábios, sinto esperança invadir meu coração:

— Eu...

Ele começa.

— Ei, meninos! Vão querer mais alguma coisa?

E rapidamente é interrompido.

Nós dois olhamos em conjunto para o homem que aparece do lado da nossa mesa — o Siwon, cozinheiro e colega de trabalho da mamãe —, que está com um grande sorriso e um livro de capa dura — que faz meus olhos crescerem — em uma de suas mãos.

Ok. Eu adoro ele, ele sempre me presenteia com livros, adesivos, e coisinhas de papelaria, mas o que eu mais quero nesse momento é que ele dê a volta e saia para Yoon terminar o que estava prestes a dizer.

Mas eu não demonstro isso. Muito pelo contrário, eu sorrio, sem graça, e digo:

— Oi! Não, obrigado — eu falo.

— Não... — Yoon murmura.

— Ah! Ok — ele diz, e com um grande sorriso, estende o livro na minha direção. — Sua mãe me disse que você está gostando de ler livros de fantasia agora! Eu vi esse e lembrei de você. — Ele me dá o livro de capa dura.

Ai.

Não tem como ficar bravo com ele. Siwon sempre me dá os melhores presentes!

— Sério? É pra mim? — pergunto, sorridente enquanto folheio o livro. Ele assente, com esse sorriso alto astral característico seu. — Poxa, muito obrigado, Siwon!

— Não foi nada! Depois me fala se você gostar, viu? — ele diz, e eu assinto com a cabeça, sem saber como agradecer corretamente. Poxa, ele é sempre tão legal comigo que eu mal sei reagir... — Tchau, meninos.

— Tchau — Yoon murmura.

— Tchau, Siwon — digo, vendo-o acenar e sair, todo feliz. Posso ver minha mãe nos observando do balcão com um sorriso bonito, e quando nossos olhares se encontram, sacudo meu livro como se ele fosse um troféu, e mamãe sorri ainda mais.

Quase me esqueço que estou em um momento muito tenso com toda essa interação, mas, é só eu olhar para o Yoon de novo que eu me lembro.

Ele ia falar alguma coisa...

— O que você ia dizer? — pergunto, olhando-o atentamente.

— Eu... — Ele dá um longo suspiro. — Eu... só ia perguntar o que ele disse pra você. Não sei se é o que eu tô pensando... se for, não entendo por que você continua falando comigo... — Desvia o olhar.

— Bom... — Mordo meu lábio, um pouco tenso. Yoongi também despreza o que ele fez? Ele se sente tão culpado a ponto de achar que eu não continuaria ao seu lado depois de saber? — Os meninos bateram nele e você deixou ele lá quando ele pediu a sua ajuda. E foi embora... foi o que o Tae me disse — eu falo, me lembrando vagamente da conversa que tive com o Tae há alguns meses atrás.

Me lembro que ele disse:

"Naquele dia, enquanto os caras me batiam, eu vi o Yoongi no meio da multidão... Ele estava com medo, dava pra ver no rosto dele... eu estava sentindo tanta dor que comecei a chamar por ele, queria que ele me ajudasse, mas ele... Ele nem saiu do lugar. Quando os caras perceberam que era ele quem eu estava chamando, o Yoongi simplesmente... ele simplesmente foi embora! Saiu correndo, e não voltou... caramba. Eu fiquei tão triste, porque éramos muito amigos. Não pensei que ele seria tão covarde, tão mal, tão ruim comigo... por que ele não me ajudou?"

Essas foram as palavras de Taehyung. Foi o que ele me disse. Foi o que aconteceu.

— É. Foi isso mesmo... — Yoon afirmou, coçando a sua nuca.

Foi isso mesmo.

Ah...

— Por quê? — pergunto, um pouco aflito. — Eu... eu não consigo entender. Você não é assim... — digo, suspirando. — Quando o Idiota foi atrás de mim no refeitório, você respondeu ele sem pensar duas vezes, até levou um tapa na cabeça — eu digo, relembrando o ocorrido.

— É, mas... — Suspira. Então, não diz mais nada, e continua sem olhar nos meus olhos.

Já eu, continuo o fitando, sem entender seus sentimentos, sem entender o que ele quer dizer. Yoongi, o que está acontecendo com você?

— Yoongi... — eu chamo, suspirando também. — O que aconteceu? Você ficou com medo? Foi isso?

— Eu... sim, eu fiquei — ele diz, rápido, suspirando. — Mas eu não saí correndo e deixei ele lá... eu não fui embora... — ele fala, e vejo-o cerrar os punhos. — Eu corri pra diretoria... pra poder chamar alguém e ajudar... mas um dos valentões me viu, e disse que ia me quebrar todo se eu falasse pra alguém... foi por isso que eu fui embora... fiquei com medo. Eu queria ajudar, eu queria estar lá, mas eu fiquei com... com tanto medo... eu sabia que se eu entrasse na briga eu só ia atrapalhar, eu não queria... — ele fala tudo afobadamente, tão perdido que parece não saber o que dizer. — Quando ele voltou para a escola e parou de falar comigo, eu vi que nada disso importava... eu vi que eu precisava estar lá por ele, eu... só... — Suspira. — Eu senti muito medo quando estavam batendo nele... e nem pensei em tentar ajudá-lo entrando na briga, eu só fui embora, morrendo de medo. Então eu entendo ele... e acho que ele está certo em me odiar. — Ele coça sua nuca. — Acho que qualquer um estaria certo em me odiar... eu só sou um covarde ridículo.

Eu sinto meu coração bater forte de tristeza. Não é nada além do que eu estava esperando, mas... saber que Yoongi queria ajudá-lo e não simplesmente deixá-lo para trás já é alguma coisa.

Saber que ele foi embora porque sentiu medo, que tentou fazer alguma coisa... poxa, é o suficiente.

— Não foi legal da sua parte — eu digo, então. Yoon engole em seco. — Mas não acho que você seja um covarde ridículo. Você... foi, sim, um covarde. Mas só naquele momento. O que você foi em um momento de fraqueza não é quem você é. — Conforme vou falando, percebo que seu rosto está começando a ficar vermelho.

— Jimin, eu... — Sua voz soa quebradiça.

— Você me ajudou uma vez, você não foi um covarde.

— Isso foi porque eu estava com medo de deixar você na mão e fazer você me odiar também.

— Eu não te odiaria nem se você saísse correndo, desde que você me dissesse como se sentiu, que não fez o que fez na maldade, que se sentiu assustado no momento — eu retruco, levemente ofegante. — Não sei se Taehyung pensa como eu, mas... você ter aceitado a forma que ele se afastou sem dizer nada, sem tentar se aproximar dele de novo, fez ele entender que você nem liga... sendo que eu vejo que você liga sim, poxa... — eu digo, seriamente.

Yoongi apenas me escuta em silêncio. Ele fica com os braços cruzados, o resto da batata frita esfriando em seu prato, e o rosto muito corado. Parece que falar sobre isso está fazendo-o falar mais sobre si mesmo do que ele gostaria.

Yoongi é realmente muito introvertido. Tanto que é extremamente difícil falarmos sobre nossos sentimentos e coisas profundas, mas eu não me importo. Fico feliz por poder nos sentir confortáveis juntos...

Portanto, agora, depois de ficar um pouco agitado com toda essa conversa, eu sinto meu coração bater com mais calma. Me sinto calmo porque nós finalmente falamos sobre isso. Yoongi finalmente se abriu.

Ainda bem...

— Yoon... — eu chamo, e me levanto do meu assento para me sentar no que está do seu lado. — Tá tudo bem...

E então, eu o abraço, de lado. Yoongi não corresponde ao meu carinho direito — ele normalmente me dá vários tapas até eu soltá-lo —, apenas abaixa a cabeça e respira fundo, me deixando abraçá-lo.

Como ele é importante pra mim...

— Eu... eu não falei com ele porque fiquei com vergonha de como agi naquele dia — diz ele, baixinho. Ainda estou abraçado nele. — Não quis piorar as coisas. Então só aceitei que sou um amigo horrível.

— Você não é...

— Eu fui um amigo horrível — ele diz, rapidamente, se corrigindo. Dou um pequeno sorriso. — Eu só... não tenho coragem de falar com ele. Me sinto horrível por ter feito o que eu fiz.

— Mas... — Me afasto do abraço, olhando-o de lado. — Mas isso... isso ajudaria, Yoongi. Taehyung não sabe que você se importa com ele... pra ele, você apenas o abandonou. Se você dizer como se sente, ele pelo menos vai saber que você se importa...

— Eu não tenho coragem. — Ele fecha os olhos. — Eu... talvez um dia eu consiga falar com ele, mas... vai demorar.

Eu dou um sorriso conformado e assinto com a cabeça, fazendo um carinho breve em seu cabelo liso e macio.

— Está tudo bem... você querer fazer algo já é o suficiente — digo, satisfeito com a nossa conversa. — E nunca mais diga que é um amigo horrível ou eu vou chutar a sua canela!

Minha fala faz Yoongi rir baixinho, e depois, assentir com a cabeça.

— Está bem — ele fala. Depois, dá um sorriso malvado. — Mas provavelmente não vai doer nada, fracote.

— Ah, é? Vou chutar!

— Duvido!

E nossa conversa acaba se perdendo em discussões bobas, chutes, e novos diálogos aleatórios. Quando minha mãe aparece, pronta para ir embora, vamos juntos até o ponto e pegamos o ônibus que nos leva à nossa casa. Durante o caminho, mamãe e eu falamos da saudade que sentimos da mamãe gata e dos gatinhos, e sobre Siwon e o livro que ele me deu. Quando pergunto o porquê ele me dá tantos presentes, minha mãe fica com as bochechas vermelhas e dá um sorriso ladino ao dizer que ele gosta muito de mim, assim como o resto do seus colegas de trabalho, que me adoram por causa das histórias que ela conta para eles — o que me deixa morrendo de vergonha, mas também extremamente feliz por ser tão querido...

Chegando em casa, preparamos o jantar juntos — um bulgogi questionável pra mim e minha mãe e um macarrão de batata doce esquisito para o Yoongi — e quando estamos comendo, minha mãe pergunta se eu já sei qual será a minha fantasia.

— Eu não tenho a mínima ideia do que vou usar — eu digo, dando uma colherada no meu arroz empapado.

— Você pode ir de abóbora, ou de laranja — ela diz, e Yoongi ri de sua fala. Faço um bico quando Leonor sorri. — É sério! Eu sempre ia de abóbora e laranja nas festas à fantasia. Era divertido.

— Não vou disso, não... — eu resmungo, bicudo, e minha mãe ri. Ela adora quando fico emburrado. — Vou pedir ajuda pro clube de música. Aposto que eles têm ideias.

— Quando decidir, me avise que eu compro a roupa pra você — diz ela, pegando um pouco de carne. — Ou podemos montá-la juntos! Vai ficar legal.

— Sim! — eu digo e sorrio, antecipadamente animado com a ideia.

Terminamos de jantar e, no final do dia, jogamos cartas juntos. Yoongi passa o final de semana todo aqui em casa, jogando, assistindo filmes e procrastinando comigo — e ainda é um fim de semana extremamente legal! Fica ainda mais legal quando, no final do domingo, Jungkook me liga e nós conversamos por vários minutos sobre um monte de coisas...

Você ficaria bonito com qualquer fantasia — ele sussurra, quando entramos nesse assunto. Minhas bochechas ardem. — Puxa... você vai ficar incrível...

E como sempre, eu fico todo bobo e feliz de ouvir palavras tão doces vindo do meu amor...

Ai, ai, eu amo meu namorado... e demonstro isso muito bem depois das aulas de segunda-feira ao dar muitos beijos na boquinha linda de Jungkook. Parece que vou sair flutuando quando ele decide segurar minhas bochechas e me beijar de volta — e pelo amor de Deus, eu não aguento mais não passar vinte e quatros horas ao lado do Guk!

Na boa, ele é tudinho pra mim...

Terça-feira, no clube de música, conversamos sobre a festa e nossas fantasias. Jin vai fantasiado de diabinho, Niuke fará uma maquiagem de um dos integrantes da banda Kiss, Namsoon se vestirá de bruxinha — o que gerou um sussurro da Niuke dizendo que "ela é uma bruxa mesmo" — e Taehyung e Hoseok combinaram de ir de John e Paul, dos Beatles, em "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band".

Jungkook e eu somos os únicos sem fantasia e esse acaba se tornando o assunto no clube de música. Jungkook não aceita nenhuma sugestão dos meninos — a maioria deles quer que ele vá de coelhinho —, já eu, adoro a ideia que, depois de um tempo, Niuke dá:

— Jimin, você pode ir de David Bowie! — ela exclama, e todos parecem impressionados. — Quando ele fez a maquiagem na época que lançou Aladdin Sane, sabe?

— Meu Deus! — Taehyung exclama, agitado. — É perfeito, é a ideia perfeita!

— Vai ficar perfeito mesmo! — Jin diz, e eu estou extremamente confuso porque não tenho a mínima ideia de como David Bowie estava na época que lançou Aladdin Sane, mas me parece bom pela animação deles; principalmente quando eu me lembro que, quando fui à loja de discos com o Guk, uma atendente me disse que meu cabelo se parece com o do Bowie.

E quando Jungkook concorda com todos, não me restam mais dúvidas: essa será a minha fantasia! A opinião do meu amorzinho é extremamente importante...

Com a minha fantasia decidida, nós passamos o resto do dia no clube de música conversando sobre as comidas que vamos levar para a festa. Jieun decidiu na semana passada que é para as meninas levarem bebidas e os meninos levarem comida — assim não corre o perigo da festa ter só refrigerante — e eu já decidi que vou levar salgadinhos. Jungkook disse que fará cookies — eu amo os cookies que ele faz! — e Jin pediu para sua mãe fazer bolo de chocolate. Taehyung e Hoseok pretendem levar batata frita, e Niuke e Namsoon levarão refrigerante.

É tão legal falar da festa... eu me sinto extremamente animado, e sempre que lembro que Jungkookie também vai, essa animação triplica, e eu não consigo parar de sorrir e agradecê-lo — bem baixinho — por ser meu par nessa festa. Eu mal posso esperar para ter essa experiência com ele...

Mal posso esperar para ir à minha primeira festa com o meu primeiro, e com certeza único e eterno, namorado.

JUNGKOOK

— Batata frita?

— Não.

— Bruxo?

— Não.

— Caranguejo?

— Com certeza não!

Jin bufa. Eu bufo também, e ainda reviro meus olhos, me sentindo extremamente ansioso e emburrado por Seokjin não estar conseguindo me ajudar.

— Ok. Me dá mais alguns minutos para pensar em mais ideias — ele diz.

Jin se vira para a janela do ônibus escolar — estamos indo para casa — e fica pensativo. Já eu, cruzo meus braços e suspiro nervosamente mais uma vez.

Eu ainda não tenho uma fantasia para a festa da Jieun.

É. Eu ainda não tenho, e puxa, isso está me fazendo ter mini surtos de medo todos os dias! A festa já é daqui a dois dias, todos sabem do que vão vestidos, menos eu; eu não sei! E além de não saber, odeio absolutamente todas as sugestões que me dão!

O Jin já sugeriu tantas coisas diferentes nos últimos dias, e eu já pensei tanto nisso que, em breve, fumacinhas vão começar a sair de dentro de nossas cabeças. Puxa, por que é tão difícil pensar em uma fantasia simples e discreta?

Eu quero ficar invisível nessa festa... eu só quero ir para poder ficar com o Jiminnie! Mas como eu fico invisível usando uma fantasia, puxa?

Que difícil...

— Eu já falei fatia de pizza? — Jin pergunta, desviando o olhar da janela para mim quando o motorista para em um sinal.

— Sim! — eu digo, bufando. — Foi uma das suas primeiras ideias!

— Hum... — Ele coloca a mão sobre o queixo, forçando ainda mais sua pose pensativa. Bobalhão. — Ok. Vamos pensar em tudo de novo... você quer ir sem chamar nenhuma atenção?

— Isso.

— De uma forma que não te notem?

— Exato.

— Quer ficar meio que "camuflado"?

— Sim.

— Já sei! — ele diz, estalando os dedos no ar. — Vai de soldado!

Não!

E eu nego todas as fantasias que ele sugere até o meu ponto chegar e eu ter que ir para casa. Aposto que Jin só não me bateu ainda porque quer muito que eu vá nessa festa — ele não parou quieto de animação quando eu disse que ia, puxa.

Espero que ele continue bonzinho, assim...

— Estou em casa — eu falo assim que abro a porta da frente. É apenas por costume, pois minha mãe ainda não chegou e o Lippy deve estar aproveitando isso para dormir bem pesado na cama dela — ele é um safadinho.

Deixo minha mochila no sofá e dou um longo suspiro, caminhando pela casa vazia com muita preguiça. Não tenho dever de casa, minha mãe ficará até tarde no trabalho hoje, e a Sra. Linn não virá até o final do mês... então, o que me resta é suspirar, e não fazer nada.

Pisco um par de vezes.

Não tenho nada pra fazer.

Olho para o telefone no canto da sala.

Nada pra fazer...

Puxa...

— Será que o Jiminnie pode atender? — murmuro sozinho, pensativo. — Não... puxa, ele acabou de chegar em casa da escola... deve estar descansando, né? — falo sozinho igual um doidinho, sem tirar meus olhos do telefone.

Puxa. Eu quero ligar pra ele...

E, sabe... não é por bobeira. É que estou com saudades, saudades de verdade. A gente quase não se falou hoje. As aulas foram um pouco puxadas porque as provas do final do ano estão chegando e tivemos que nos concentrar. Daí, não conseguimos nos falar direito... nós nem demos um beijinho...

Já faz um tempo que ficamos sem nos beijar na escola, então fiquei mal acostumado. Sempre passamos os últimos minutinhos debaixo das escadas, beijando bastante, mas... puxa, dessa vez, quando o último sinal tocou, todos aproveitaram para trocar anotações — a aula de matemática está realmente muito difícil — então nem conseguimos beijar, ou ficar sozinhos...

Puxa... que saudades...

E, sabe, nós passamos o intervalo juntos, mas ainda sinto a sua falta. Por que eu sou assim? Deve ser porque estamos namorando... ou não. Acho que eu sempre fui assim, até quando a gente não namorava...

Puxa, como eu sou grudento. Será que o Jiminnie acha que eu sou grudento?

Puxa vida, eu espero que não... mas se achar, espero que ele goste de mim mesmo assim...

É claro que ele gosta. Ele sempre diz que ama meu jeitinho, então... tudo bem.

Encerrando meus pensamentos profundos e esquisitos, eu me levanto do sofá e, sem pensar mais, disco o número de Jimin.

Puxa, eu quero muito, muito matar a saudade, mesmo...

Demora um pouco para eu ser atendido, e quando volto a acreditar que ele está ocupado demais para conversar, Jiminnie atende:

Alô? — ele fala.

Já eu, sorrio. Puxa. A voz dele é tão bonita...

— Oi, Jiminnie... — eu murmuro, sorridente.

Amorzinho? — ele chama, e meu rosto fica todo quente. Puxa. Amorzinho. —  Eu estava pensando em você e você me liga no mesmo segundo? Estou começando a acreditar, tipo, pra valer, que você sou eu, e que eu sou você...

Mordo meus lábios, soltando uma risada toda esquisita e molenga. Ele mexe demais comigo, puxa...

— Eu... — Minhas bochechas queimam. — Eu... e-eu já acredito pra valer faz tempo, Jiminnie...

Jimin ri baixinho, melodioso, e me faz sentir ainda mais saudades dele. Puxa vida...

Ai, Jungkookie... — ele fala, e ainda está rindo. —  Você é um bobo. E eu tô com saudade. Eu sei que a gente se viu hoje, mas não conseguimos ficar sozinhos... eu sinto falta disso — ele fala, e meu sorriso cresce cada vez mais com as suas palavras.

Puxa, ele também é grudento...

— Eu também — eu digo, dando um suspiro. — Amanhã podemos sair da sala, tipo... com pressa? Pra podermos passar ainda mais tempo debaixo da escada?

Jimin fica em silêncio por alguns segundos. Então, solta uma risadinha melodiosa. É tão contagiante que eu rio também, sentindo minhas bochechas queimarem quando pergunto:

— Por que você tá rindo, puxa? — eu pergunto, com a voz boba.

Jiminnie ri ainda mais e é o som mais gostoso do mundo...

É que você ficou com a voz toda dengosinha. É tão fofo como você parece querer passar mais tempo comigo... — ele diz, e minhas bochechas queimam ainda mais. Acho que as de Jimin estão queimando também.

— Não parece. E-eu quero mesmo, Jiminnie... — eu digo e sinto que vou derreter de tanta vergonha.

Puxa, falar essas coisas sempre me deixa muito nervoso e travado...

E... — ele começa. — E você também quer tanto me beijar quanto eu quero te beijar agora? — Jimin completa. Meu coração se agita. — Beijar você é uma das coisas que eu mais amo no mundo...

Puxa.

Puxa...

Eu suspiro, e sinto minha respiração tremer levemente. Meu coração está batendo com força e eu me sinto ofegante e agitado, sem saber o que dizer... sem saber como responder sem morrer de tanta vergonha.

O silêncio reina nos próximos segundos — que uso para tentar tomar coragem para afirmar que, sim, puxa, é claro que eu quero muito beijá-lo agora. Eu quero dizer, quero demais...

— Eu... — eu começo, mas logo sinto meu peito apertar de vergonha. Ai. Ai. — E-eu... sim...

Eu fecho os meus olhos com força. E então, Jiminnie ri.

Ainda bem... — ele sussurra, e continua rindo suavemente. — Na boa... eu acho que amanhã não vamos nem conseguir conversar quando estivermos sozinhos. Não vou conseguir parar de beijar você por um segundinho sequer — ele diz, me fazendo sorrir, todo bobo e quente. — Gosto tanto de beijar você...

— Jimin... — eu gaguejo com a voz toda quebradiça, sentindo que vou explodir.

Jiminnie vai me fazer explodir de emoção.

— É sério... — ele diz, e ri mais um pouco. — Mas como eu sei que você deve estar rosa que só por causa do que eu tô falando, eu vou mudar de assunto... — Sua sinceridade me faz soltar uma risada desengonçada.

Puxa, ele me conhece bem até demais...

— Por favor... — digo, e nós rimos juntos. Sempre rimos tanto quando estamos juntos.

Estar com o Jiminnie é bom de tantas maneiras, puxa...

Então... hoje a Jieun me disse que os convidados vão levar seus discos favoritos para a festa — ele diz, e sua voz soa tão macia. Eu amo a voz do Jiminnie. — Eu levaria o disco que você me deu de aniversário, mas tenho medo de danificarem ele...

— Eu também tenho medo de levar os meus... — Suspiro, pensativo. — Tomara que o pessoal da sala tenha um bom gosto para música, né?

Sim. — Ele suspira. — Espero que toquem algo lento. Quero dançar uma música agarradinho em você...

Puxa...

Sinto minhas bochechas queimarem e meu coração amolecer. Puxa. É sempre assim...

— Jiminnie... — sussurro, me sentindo besta com a ideia.

É sério — ele diz, e sinto que ele está sorrindo, assim como eu. — Deve ter algum lugar que a gente possa dançar juntinhos... nem que seja do lado de fora da festinha... eu só quero poder dançar com você...

— Eu... — começo. Então rio, bobo, e coloco minha mão sobre meus olhos, me sentindo todo encabulado. — Eu... e-eu também quero dançar com você...

Vamos dançar todas. As músicas agitadas e as músicas lentas — ele diz, e eu assenti, mesmo que ele não possa ver. — Aliás... você já pensou em uma fantasia?

— Ah. Não... — Suspiro. — Seokjin já me sugeriu tantas coisas e eu não gosto de nada... e a festa já é depois de amanhã...

Calma, vocês vão pensar em algo legal — ele disse. — Eu queria poder te ajudar, mas nem fui eu que escolhi a minha... e você sabe, as minhas sugestões se limitam a fantasia de coelhinho e de cenoura.

— De cenoura? — pergunto, soltando uma risada.

É! Cenouras são bonitinhas — ele fala.

— Eu odeio cenoura.

Eu amo cenoura — ele retruca. — Assim como amo você. Você é a minha cenourinha, Guk...

Oh.

Oh.

Puxa...

— Eu... e-eu definitivamente não vou me vestir de cenoura, Jiminnie... — digo, atrapalhado. Jimin ri baixinho e provavelmente sabe como o seu "eu te amo" me desmontou todinho...

Bom, não custa nada tentar...

Compartilhamos mais risadas e continuamos falando, por longos minutos, sobre os assuntos mais aleatórios do mundo — apenas para fazer a ligação durar mais. Quase meia hora depois, Jiminnie precisa desligar pois sua mãe logo chegará em casa e ele precisa arrumá-la, e com um "eu te adoro", nós desligamos o telefone.

Poder jogar conversa fora com Jimin é tão bom e tão íntimo que eu fico de bom humor pelo resto do dia. Quando minha mãe chega em casa, nós comemos juntos e ela faz várias sugestões de fantasia — todas negadas por mim, também. Puxa, acho que sou muito exigente, mesmo...

Depois do jantar, eu subo até o meu quarto para passar a limpo alguma das minhas anotações, escutar música sozinho — eu voltei a ficar viciado no álbum do Aztec Camera, puxa — e tentar pensar em mais fantasias. Sem sucesso.

E quando eu já estou praticamente conformado com a ideia de não achar uma fantasia que me deixe confortável, a minha mãe grita, lá da sala:

Jungkook! Telefone pra você!

Franzindo o cenho, eu solto a lapiseira em minha escrivaninha, me levantando rapidamente.

— Tô indo! — eu grito, de volta, saindo do meu quarto.

De pijama, eu desço as escadas e caminho apressadamente até a sala, vendo minha mãe segurar o telefone com certa impaciência — ela odeia que liguem depois da hora do jantar.

— Quem é? — pergunto assim que me aproximo dela.

— É o Jin — diz ela, me passando o telefone. — Não fica  muito tempo conversando, ouviu? Já está tarde.

— Pode deixar, mãe — digo. Quando minha mãe se afasta, eu grudo o telefone na orelha e falo: — Jin?

Jungkook! — ele grita no telefone.

Ai.

— O quê? — respondo, bravo porque seu grito machuca meus ouvidos.

— Jungkook, eu me lembrei!

Franzo o cenho, emburrado porque ele ainda está gritando e eu odeio quando ele grita, puxa!

— Lembrou do quê? — eu resmungo. — Tem como você parar de gritar? Tá me dando dor de cabeça!

Para de ser chato! E, não! Não tem como eu parar de gritar, sabe por... — ele começa e, antes que possa continuar gritando igual um doido, eu escuto a voz da sua mãe no fundo da ligação. Não entendo o que ela diz, mas imagino que seja uma bronca das boas quando o Jin completa: — Ok, eu vou parar de gritar, e vou falar rápido porque minha mãe mandou eu dormir.

— A minha também! Você, por acaso, viu que horas são? — eu questiono, me sentando no chão, em frente a mesinha do telefone.

Sim! Mas eu precisava te falar, tipo, agora! — ele diz, e dá um suspiro que arranha a ligação. Puxa! — Eu consegui, tá? Eu pensei na fantasia perfeita! Ela é tão boa que eu não sei como a gente não pensou nisso antes! É uma das fantasias mais comuns do mundo!

— Uma fantasia? Pra mim? — eu pergunto, interessado.

Não, pra minha avó — ele fala. Reviro os olhos. É claro que é pra você! É a fantasia perfeita. Você vai ficar camuflado, é simples de fazer, e não vai chamar a atenção de ninguém! Literalmente ninguém! E eu quase pensei nisso ontem, mas meu pensamento fugiu pra outra coisa, acho que foi pra comida, na hora desviou a minha atenção, mas ela voltou agora, e...

— Seokjin, desembucha! — Dessa vez, quem grita sou eu.

Não grita comigo! — ele grita.

— Eu grito sim, fala logo! — eu grito.

— Para de gritar! — minha mãe grita, do segundo andar.

— Desculpa! — eu grito, daqui. — Jin, fala logo...

Tá, tá! Meu Deus — ele reclama. Eu bufo. — Eu pensei no Gasparzinho!

Eu pisco um par de vezes.

— Gasparzinho...? — pergunto, tentando me lembrar o que é isso.

Sim! O fantasminha camarada, lembra? Aquele dos quadrinhos — diz ele, e só então me lembro quem é o Gasparzinho. — Tipo, é só colocar um lençol furado na cabeça. A fantasia de fantasma é perfeita pra você. Eles nem vão nem saber que é você debaixo do lençol!

— Puxa... parece bom — eu falo, pensando na ideia. É a primeira fantasia que não me deixa desconfortável. — E realmente... é uma das mais óbvias. Como não conseguimos pensar nela antes?

Não sei. Mas fique feliz por seu melhor amigo brilhante ter sido esperto o bastante para dar essa ideia! — Sua fala convencida me faz rir e revirar os olhos.

— Tá. Tá. Estou bem feliz pela sua mente brilhante — digo, e ele ri mais.

Muito obrigado pelo reconhecimento.

— De nada — digo, e nós rimos juntos. — Agora tchau! Vou dormir!

Tchau! Boa noite!

Nós desligamos. Pela primeira vez desde que decidi ir à festa, eu pego no sono calmamente porque eu finalmente tenho uma fantasia.

JIMIN

— Então... você vai trazer a fantasia só amanhã? — pergunto. Ela assente. — E... só depois do trabalho? Mas... não é muito em cima da hora? Eu só vou ter uma hora pra experimentar e ver se eu gosto...

Leonor olha pra mim, do outro lado da mesa de café, e dá um longo suspiro.

— Talvez seja, filho, mas a gente não conseguiu encontrar uma costureira que fizesse a fantasia tão rápido, lembra? Todas pediram duas semanas de antecedência.

— Sim... — eu digo, murchando.

— Mas eu prometo que vai ficar incrível, a Hee é muito talentosa — ela diz, notando minha insegurança. Quando a olho, ela está sorrindo. — A gente levou roupas que ficam super confortáveis em você pra ela usar de base, lembra? E, de qualquer forma, se você não gostar, pode colocar uma blusa branca e uma calça, estando com a maquiagem e o gel no cabelo você ainda vai se parecer com ele — ela diz e eu balanço a cabeça, assentindo.

— A Hee vai emprestar a maquiagem dela também? — Eu pergunto, porque Leonor não tem nenhuma.

Ah, e... Hee é uma colega de trabalho da mamãe que se ofereceu para fazer a minha fantasia quando não encontramos nenhuma costureira. Ela é bem legal.

— Vai sim — ela fala, pegando um biscoito.

— E... você acha que eu vou ficar legal? — pergunto, me sentindo meio inseguro.

A ideia de vestir algo extravagante, como um terno azul turquesa, fazer uma maquiagem colorida e passar gel no cabelo ainda é muito doida para mim, então não posso evitar ficar extremamente ansioso e inseguro.

E se eu ficar ridículo?

— Você vai ficar incrível, Jimin. Todo mundo vai entender a sua maquiagem e a sua roupa — ela diz, e parece sincera, mas... eu continuo inseguro.

Afinal... a festa da Jieun já é amanhã à noite! E além de não ter experimentado a fantasia do Bowie, eu também não tenho ideia de como ela vai ficar em mim. Eu não sei de nada até agora, poxa...

E, sabe, apesar de eu acreditar que posso ficar até que legalzinho fantasiado, não poder experimentar com antecedência me deixa muito inseguro. Tudo que eu mais queria era poder, pelo menos, ver a fantasia pronta antes da festa... mas, pelo jeito, eu vou ter que experimentar ela muito em cima da hora e isso me deixa muito aflito.

— Eu espero que você esteja certa, mãe... — digo, sorrindo pequeno, dando mais um gole no meu iogurte. — E quanto ficou a fantasia?

— Não custou nada, a Hee vai fazer ela de graça — diz ela, cortando um pedaço de queijo. — Só comprei os tecidos mesmo. Ela me disse que a roupa está ficando bem legal, ela já costurou outras coisas pra mim e eu gostei muito. Você vai ficar um charme, Ji, não precisa se preocupar.

Mesmo encabulado e inseguro, eu confirmo com a cabeça, querendo confiar nas palavras da minha mãe a todo custo. Eu espero mesmo que ela esteja certa sobre isso...

— Espero que você esteja certa... se não vou ficar sem fantasia — eu digo, aos suspiros.

— Não vai nada — ela diz, abrindo um sorriso travesso. — Eu já disse que eu tenho várias tiaras, né? Se você não gostar da sua fantasia, eu te empresto uma. Eu tenho de abóbora, da folhinha da laranja, e...

— Mãe, eu não vou colocar essas tiaras! — eu exclamo, emburrado, fazendo ela rir da minha cara.

— Tá, tá... só estou dizendo que se acontecer algo com a sua fantasia, você vai poder ir na festa mesmo assim! — ela fala com um sorriso de lado.

— Por favor, que não aconteça nada com a minha fantasia — peço aos céus.

— Não vai acontecer — mamãe afirma, sorrindo com confiança. — Vai dar tudo certo, Jimin.

Eu suspiro. E, mesmo estando uma pilha de nervos, eu tento ficar confiante também:

— É. Vai sim.

***

— Fantasminha? — Abro um grande sorriso.

Jungkookie, com a cabeça aconchegada em meu colo, assente com a cabeça.

— Sim... — ele diz, dando mais uma mordida em sua barra de chocolate.

Nós estamos embaixo da escada, escondidinhos de todos, apenas esperando dar o horário dos ônibus saírem para irmos embora. Guk está deitado em minhas pernas, comendo chocolate enquanto faço cafuné em seu cabelo macio e gostoso.

— Parece muito bom — eu digo, sorrindo.

Suas madeixas são tão macias e cheirosas que acariciá-las me relaxa...

— Foi o Jin que deu essa ideia... eu gostei — ele fala. — Mas, puxa, você também não acha que é uma ideia super óbvia? Não sei como não pensei nisso antes...

— Eu também não sei... é, tipo, uma das fantasias mais clássicas de halloween! — eu falo, rindo e olhando-o com carinho. Ele parece tão pequeno quando está deitadinho no meu colo. — Mas pelo menos ele pensou nisso a tempo... e você vai poder ficar confortável durante a festa inteira.

— É... — Ele sorri, tranquilo. Lindo. Eu amo quando Guk fica calmo e confortável... — E o bom é que é só colocar um lençol velho e furado na cabeça — diz ele, e eu rio, assentindo. — E como está a sua fantasia? — ele pergunta, olhando para mim e, na boa, é tão fofinho.

Ele olhando, assim, para mim é tão... tão... ah. Os seus olhos ficam tão grandes e brilhantes vistos daqui de cima. Ele parece um anjinho...

É tão lindo que, antes de responder, eu inclino meu corpo para deixar um beijo macio em sua boca bonita. Jungkook ri baixinho e bobo do beijo repentino, e quando me afasto, percebo que suas bochechas ficaram coradas.

O sorriso que ele abre depois de ganhar um beijo é tão grande que me faz sorrir também, todo balançadopela sua fofura.

Ele é a pessoa mais linda do universo todinho...

Descendo meu cafuné para uma das suas lindas bochechas macias e coradas, eu respondo:

— Eu só vou conseguir experimentar ela amanhã... uma hora antes da festa — eu digo, com um sorriso torto ao lembrar desse fato. — Então... eu meio que nem sei se ela vai ficar boa... eu espero que fique — digo, com um suspiro.

— É claro que ela vai ficar boa, puxa... — ele diz. Então, quando eu o olho e vejo que está ficando ainda mais vermelho, meu estômago gela antecipadamente. — Tudo... tudo fica muito bom em você, Jiminnie... — ele desembrulha mais uma barrinha de chocolate, colocando tudo na boca timidamente.

Ai...

Ai, meu Deus do céu...

Ele é tão fofo... tão lindo...

— Ai... — Suspiro, e me inclino de novo, dando mais um beijinho em sua boca. Eu simplesmente não posso evitar...

Quando Jungkookie levanta uma de suas mãos para tocar minha nuca com carinho, eu não me apresso em me afastar — muito pelo contrário. Eu fecho meus olhos e o beijo novamente, sentindo sua respiração tocar a minha e seu cheirinho bom invadir todos os meus sentidos. Como eu amo o toque dos seus lábios... amo tanto a maneira que seus dedos acarinham minha nuca e meu cabelo...

Céus, como eu amo Jeongguk por completo...

Desviando meus lábios para sua bochecha, eu o dou mais alguns beijinhos quentes e breves, e quando me afasto, Jeonggukie está com os olhos fechados, as bochechas cor de rosa, e o corpo todo molinho.

Quando ele abre os olhos e me encontra olhando-o com um sorrisinho, acaba rindo baixinho, dizendo:

— Você ficou com chocolate na boca, Jiminnie... — ele fala, e ergue o polegar para limpar o meu lábio inferior.

Jungkook, muito provavelmente, nem imagina o quanto eu gosto desse toque seu em meus lábios, porque o faz despreocupadamente, sem parar de sorrir — me deixando todo arrepiado e vermelho, apaixonado por cada um de seus toques.

E antes que ele afaste sua mão do meu rosto, seguro seu pulso e falo:

— Ei! Esse chocolate é meu por direito! — O faço gargalhar quando mordo seu dedo, pegando o chocolate de volta com uma lambida.

— Ai! Você me mordeu! E me babou! — exclama ele, ainda risonho, e eu solto sua mão apenas para segurar suas bochechas, me aproximando para morder e babar elas também; o que gera várias gargalhadas e gritinhos de Jungkookie.

E é assim que terminamos a aula de quinta-feira — vermelhos, e no caso dele, com as bochechas cheias de marquinhas leves de mordidas. Pfft. Sorte a dele que eu não mordi tão forte... assim não foi tão difícil ele arranjar uma desculpinha para o Seokjin... hehe.

Ao chegar em casa, eu preciso correr no momento em que abro a porta, já que o telefone está tocando e preciso atendê-lo a tempo.

Oie, Jiminnie! — É o Tae que fala, quando atendo.

Eu sorrio, ofegante. Sempre fico feliz quando o Tae me liga...

— Oi, Tae! — falo, tirando a mochila das minhas costas. — Tudo bem?

Tudo! E aí?

— Tudo também — digo, tirando meus sapatos também.

Então, eu tô ligando pra todo mundo pra gente poder se encontrar amanhã antes de ir pra festa — diz ele, rapidamente, como sempre. — Eu estava pensando na gente se encontrar no terminal de ônibus, sabe? Aí de lá vamos todos juntos!

Eu dou um sorriso.

— Por mim, está perfeito — falo, sem mencionar que a minha casa fica muito perto da casa da Jieun e eu poderia ir, literalmente, caminhando para lá. Tudo porque parece bem mais legal ir com meus amigos...

Oba! Então, você pode avisar ao Jungkook e pedir para ele avisar ao Seokjin?

— Posso sim! — digo, feliz. — E ei, sua fantasia já está pronta?

Sim! E a sua?

— Ainda não, mas fica amanhã — eu falo, coçando minha nuca. — Você gostou da sua?

Sim! Aposto que você vai gostar da sua também. A do Hobi ficou incrível. Ele fica lindo de verde... — diz ele, dando muitos suspiros apaixonados.

Pfft. Parece até eu, quando estou falando do Jungkook... tanto que, às vezes, chega a ficar óbvio, para mim, a maneira que o Tae gosta do Hoseok. E mesmo que ele nunca tenha me contado, diretamente, com todas as letras, que tem sentimentos românticos pelo Hobi, várias falas e gestos seus deixam essa paixão bem óbviapara mim. Além de que ele meio que admitiu que gosta do Hoseok na primeira vez que fui em sua casa...

Eu acho tão bonito. Dá para ver como o Tae olha para o Hobi. Ele é completamente apaixonado por ele... assim como eu sou, pelo Jungkookie.

— Vocês dois vão ficar incríveis — digo, sorridente.

É... — ele diz. Então, surge um silêncio meio estranho para o Tae, que é sempre muito animado e carismático. — Aliás... Jiminnie, o Yoongi por acaso... pretende ir à festa...?

Sua pergunta, muito repentina sobre o Yoon, me surpreende um pouco.

Taehyung dificilmente pergunta sobre o Yoongi para mim. Na verdade, desde que tivemos aquela conversa — em que eu disse que amo muito o Yoon, que ele é o meu primeiro e melhor amigo, e que eu precisava saber o lado dele para entendê-lo ao invés de apenas e afastar porque o Tae se sente mal com a nossa amizade —, Taehyung nunca mais falou ou perguntou sobre ele. Ele só reclama, às vezes, quando passo o intervalo com o Yoon, mas nada além disso...

— Não... — eu digo. — Ele não gosta muito de festas.

E é verdade... Yoongi não gosta de festas e infelizmente... ele não vai.

Mesmo depois da conversa que tivemos na lanchonete, Yoongi não se convenceu a ir à festa. Eu até tentei puxar esse assunto de novo ao longo da semana — assim como voltei a falar da ideia dele conversar e contar os seus sentimentos ao Tae —, mas ele não quis de jeito nenhum. Eu prezo tanto pelo bem estar dos dois, que se afastaram por causa de um grande mal entendido, que disse para o Yoon que posso contar o que aconteceu ao Tae por ele, mas ele não quis. Ele ficou muito nervoso com a ideia, e depois disso, decidi não tocar mais no assunto...

Parece que ele realmente não está pronto para isso.

Que bom, então — é o que o Tae responde. Faço um biquinho. — Bom, até amanhã então, Jiminnie! E não se preocupe demais com a sua fantasia, ok? Ela vai chegar e vai dar tudo certo.

— Obrigado, Tae — eu digo, sorrindo. — Até amanhã!

Nós desligamos o telefone e, assim como mais cedo, tento manter o mesmo pensamento:

Vai dar tudo certo.

***

Deu tudo errado.

Mãe... sério? — eu choramingo. — Você... você tá falando sério?

Não pode ser sério.

Sério, eu juro — ela responde, e parece tão aflita quanto eu. Por Deus, é sério. — E pra piorar... ela esqueceu da bolsa de maquiagem dela no ônibus... não temos nem isso...

Meu Deus.

Meu Deus.

— Mãe... deu... deu tudo errado! — eu digo, e já estou com o rosto quente de frustração. — Ela... como que pode?

Eu não sei, filho. Parece que tudo conspirou pra dar errado. Eu sinto muito, sei como você queria a fantasia — ela murmura, tristemente, me fazendo fechar os olhos, desacreditado.

Ah...

Minha fantasia...

Minha fantasia... se foi para sempre.

Falta uma hora para o horário combinado entre eu, meus amigos e meu namorado. Eu passei os últimos dez minutos parado, em casa, apenas com uma toalha envolvendo meu corpo, esperando pela fantasia do David Bowie que nunca chegará.

E por quê? Bom... porque a Hee colocou a fantasia para lavar. E a fantasia?

Simplesmente encolheu.

Para piorar, ela esqueceu a maquiagem dela no ônibus e, para piorar ainda mais, só fiquei sabendo disso agora, porque mais cedo, o restaurante estava lotado e a minha mãe não pôde me avisar sobre isso — é por isso que ela também não chegou em casa ainda.

Na boa, eu sou muito azarado...

Filho, eu sinto muito... — mamãe fala, mais uma vez, depois de me escutar ficar tanto tempo em silêncio. — Pensa pelo lado bom... aquele salgadinho que você comprou está uma delícia...

— Você comeu? — pergunto, bicudo.

Só um pacote — ela diz, me fazendo bufar. — Mas é sério, filho... eu sinto muito por isso.

Eu quase nunca fico irritado e emburrado, mas dessa vez, eu estou. E muito! Porque, poxa vida, as minhas inseguranças estavam certas e tudo deu errado. Não era pra ser assim!

No entanto... eu sei que a culpa não é de ninguém. Só... aconteceu.

Então, tudo que falo é:

— Não tem problema. Tudo bem. Acontece. — Suspiro, me acalmando. — Mas... como eu vou ir agora? Eu preciso sair em, no máximo, trinta minutos...

Minha mãe fica em silêncio. Então, eu me lembro.

As tiaras dela...

Eu bufo e reviro os meus olhos antecipadamente.

Sabe... as minhas tiaras...

— Ai, não... — choramingo, e mamãe ri um pouco. — As tiaras, não...

Elas ainda estão dentro do meu armário. Lá em cima, em uma caixa roxa — ela fala, e pela primeira vez, não está rindo da própria sugestão. Ai... E eu lavei a sua camisa laranja ontem... aquela que você gosta... dá pra fazer uma fantasia improvisada. Não vai ficar ruim, Jiminnie.

Eu fico em silêncio. Minhas bochechas estão queimando de frustração e vergonha com a ideia de ir vestido de abóbora ou de laranja quando, derrotado, eu percebo.

É.

Eu não tenho outra escolha.

Droga!

— Tá... — Eu respiro bem fundo. — Mas... eu acho bom você não rir de mim quando eu chegar em casa!

Prometo que não vou! — ela diz, um tanto risonha.

Mentirosa...

— Tchau! — eu digo, emburrado.

Tchau, filho! — ela fala e, pouco antes de desligar o telefone, consigo ouvi-la soltar mais uma risadinha.

Traidora...

Dou um longo suspiro e pelos próximos minutos, fico parado em frente ao telefone, repensando toda a minha existência porque... por Deus. A minha vida deve ser uma piada! Uma piada cheia de desastres, confusões, e... argh!

— Aff... — eu murmuro, me levantando da cadeira. — Tá. Acontece...

Tentando me conformar, eu caminho até a área de serviço para pegar a minha calça preta e a minha blusa laranja. Com minhas roupas em mãos, eu subo para o meu quarto e me visto, dando longos suspiros dramáticos enquanto faço isso — eu tenho o direito de ser dramático agora, tá? Saco...

Ao entrar no quarto da minha mãe, abro o armário e fico na ponta dos pés para alcançar a caixa roxa, e quando pego e abro ela, me deparo com duas tiaras:

Uma se parece com um chifre. É verde. É ridículo. E tá cheio de poeira.

— Vamos ver... — eu digo, baixinho, colocando o arquinho na minha cabeça, indo até o banheiro do quarto dela para me olhar no espelho.

Como eu esperava: ficou ridículo. Eu tô parecendo um duende-unicórnio!

— Como que minha mãe ia assim pras festas? — eu pergunto para o meu reflexo, no espelho.

Tirando a tiara de chifre (abóbora) da cabeça, volto para o quarto, guardando essa tiara e pegando outra. Essa é uma folhinha. É a tiara de laranjinha, eu acho.

— Vamos ver — eu converso sozinho, colocando ela na minha cabeça enquanto caminho de volta para o banheiro, ficando de frente para o espelho.

E... por incrível que pareça, quando eu olho para o meu reflexo, eu não odeio ou me acho ridículo.

Na verdade, acho que fiquei até meio... fofo...

— Hum... — Me aproximo do espelho, ajeitando meu cabelo e ajustando o arquinho empoeirado. — É... ficou legalzinho...

Dou um pequeno sorriso, aliviado porque apesar dos pesares, até que ficou bom, e nem tudo deu errado. Ainda bem...

Tiro a tiara para limpá-la porque apesar do formato da folhinha estar perfeito, a cor dela está meio acinzentada por causa da poeira, então é melhor limpar...

Procuro algum paninho em cima da pia da minha mãe e, quando não acho, começo a  abrir os armários embutidos embaixo dela, vasculhando eles.

— Ah, aqui! — eu digo, ao achar uma toalhinha que não é de rosto bem no fundinho do armário.

Eu alcanço ela com a minha mão e, pela pontinha, a puxo para fora do armário despreocupadamente. No entanto, a maneira que a puxei é tão descuidada que a toalha acaba trazendo outras coisas com ela — e consequentemente, derruba todas elas no chão.

— Vixi... — eu murmuro, olhando. — É melhor eu arrumar isso...

Me abaixando, começo a pegar coisa por coisa. Guardo uma caixinha de pasta de dente, dois sabonetes em barra, e por último, acabo me deparando com um folheto que não sei o que é de primeira, mas que logo me intriga.

Afinal, por qual motivo minha mãe guardaria um folheto no fundo do armário do banheiro?

Ela está escondendo alguma coisa de mim?

— De novo... — eu sussurro, sozinho, mas tento não me deixar abalar. Mamãe tem seus motivos. Eu acredito que sim. — Tudo bem... — Eu balanço a cabeça, tentando parar de pensar sobre isso.

Olho para o folheto no chão e tento ao máximo não olhá-lo diretamente, porque eu realmente não posso lê-lo. Eu não quero invadir a privacidade da minha mãe, então... não fito diretamente o que está escrito no folheto quando o pego cuidadosamente no chão, pronto para guardá-lo de volta no fundo do armário, o lugar que ele nunca deveria ter saído.

Mas algo acontece.

Há um papel dentro do panfleto. E quando estou prestes a guardá-lo, esse papelzinho escorrega e cai no chão, bem na minha frente.

E, dessa vez, eu não consigo pensar antes de colocar os meus olhos nas letras sobre o papel.

— O... o quê? — eu digo, piscando os olhos repetidamente porque, céus, dessa vez, eu realmente li o que está escrito.

Eu não queria, mas... acabei lendo, sem querer, uma palavra que faz meu coração bater forte e minhas bochechas arderem muito, muito mesmo.

Aquele papel é... é o papel de um agendamento.

Um agendamento com um obstetra.

E um obstetra é...

— Um médico de bebês... — sussurro, praticamente sem fôlego.

Ai, meu Deus.

Ai, meu Deus!

— Não! — grito, sozinho. — E-eu não deveria estar vendo isso... — eu resmungo, colocando tudo de volta no lugar com pressa, fechando as portas do armário com força.

Fico de pé e, me encostando na pia, começo a limpar a tiara cuidadosamente — mesmo que as mãos estejam tremendo de nervosismo porque, poxa, eu definitivamente não deveria ter visto aquilo.

Será que eu vou ser irmão?

E por ter cometido esse erro, vou apagar tudo que vi naquele bem agora.

Será que ela tá grávida há muito tempo? Por que ela não vomita como nos filmes, ou come coisas esquisitas, tipo melancia com arroz?

Respeitarei a minha mãe, que deve ter um motivo plausível para guardar esse segredo de mim, e não pensarei sobre...

Se bem que ela pode vomitar e comer melancia com arroz quando eu não estou vendo... ela é boa em esconder coisas de mim...

E eu não vou perguntar nada para ela. No momento certo, ela conversará comigo sobre isso, eu sei disso.

Ai, meu Deus! Será que o pai é o homem da cueca amarela? 

— Jimin! — eu grito, comigo mesmo, soltando o paninho, me olhando no espelho. — Não pense nisso! — eu grito com o meu reflexo.

E só depois de gritar, percebo que as minhas bochechas e meus olhos estão brilhando. Brilhando muito. E isso é porque... ai, meu Deus... isso é porque estou feliz!

Será que eu vou mesmo ser irmão?!

Eu não sei. Eu definitivamente não sei, mas a possibilidade existir me deixa muito feliz e animado! É um sentimento tão bom que meu coração fica batendo fortemente, e minha barriga fica com uma sensação engraçada de ansiedade boa. É tão legal que eu não me torturo mais; me permito pensar, sem parar, sobre isso.

É tão incrível que eu termino de me arrumar pensando sobre tudo que pode acontecer e, quando saio de casa e pego o ônibus para o terminal, estou sorrindo que nem um bobão.

Um irmão...

Uma irmã...

Talvez eu seja irmão mais velho e isso... isso é incrível

Espero que meu futuro irmão ou irmã seja uma laranjinha, assim como a mamãe e eu.

JUNGKOOK

— Eu sei. Eu estou incrível.

Essa é a primeira coisa que Seokjin, vestido de diabinho e segurando um pote cheio de bolo de chocolate, diz, quando eu abro a porta da minha casa.

Já eu, olho para ele da cabeça aos pés, arqueando uma das minhas sobrancelhas ao dizer:

— Por que você está segurando um garfo gigante? — eu pergunto, dando um sorriso que ele não pode ver.

Jin desfaz o seu sorriso galanteador — ainda bem, esse sorriso me assusta um pouco — e reclama:

— Esse é o meu tridente! — ele fala, sacudindo o tridente. Eu rio baixinho, ficando ao lado dele na minha varanda. — Você tem sorte desse lençol estar te cobrindo, porque se eu soubesse onde está a sua nuca, eu te daria um tapa bem agora.

Eu rio mais uma vez, balançando a cabeça negativamente enquanto fecho e tranco a porta de casa, equilibrando a vasilha com cookies em um dos meus braços. Minha mãe ainda está no trabalho, por isso não me despeço dela...

— Você não ousaria — eu falo, guardando a chave no bolso, embaixo da minha fantasia de fantasma que é, com certeza, uma das coisas mais confortáveis que eu já vesti na minha vida.

Ela é grande, larga, e cobre o meu corpo da cabeça aos pés — apenas meus braços e pés ficam para o lado de fora. Minha mãe fez ela com um lençol branco e velho, e apesar de precisarmos cortar mais do que dois buracos para os olhos — também tivemos que cortar para os braços —, ela foi bem fácil e legal de fazer.

Eu estou gostando bastante dela, puxa...

— Você sabe que eu ousaria — ele fala, e acaba rindo também. — A sua fantasia ficou legal! Você parece uma criancinha, mas é bem legal.

— Obrigado — falo, rindo enquanto caminhamos pelo jardim da minha casa. Jin veio até aqui para podermos ir juntos para o terminal de ônibus, onde encontraremos o resto dos nossos amigos. — E tirando o garfo gigante... a sua fantasia também tá legal — eu digo, amigável, mas sem perder a piada.

E, sim, Jin ficou realmente muito bem com a sua fantasia. Ele está vestindo uma calça, que combina com a sua camiseta preta e sua jaqueta de couro vermelha. Os chifrinhos na sua cabeça ficaram engraçadinhos e legais, também.

— Muito obrigado, Gasparzinho — ele diz, me fazendo rir um pouquinho mais. Bobão. — Aliás, você sabe em que parte do terminal devemos encontrar os outros?

— Sei, sim. O Jimin me explicou — eu falo e, puxa, apenas mencionar o nome dele me deixa feliz. Vamos nos encontrar logo, logo... — Quando a gente chegar lá eu te mostro.

— Tá bom — ele fala e, me surpreendendo, agarra meu ombro e me sacode, gritando animadamente: — É a sua primeira festa, Jungkookie!

— Para com isso! — grito, com vergonha, meio cego porque esse sacode faz os furos no lençol (basicamente os meus olhos de fantasma) saírem do lugar.

— Primeira festa do Jungkookie! — E ele me sacode mais, ignorando o meu pedido. Puxa! — Vai ser incrível! Você vai ver só! — ele fala, me soltando apenas para ficar saltitando pela calçada.

Eu ajeito melhor o lençol na minha cabeça e, mesmo emburrado, acabo soltando uma risada. Puxa, esse meu melhor amigo é doidinho...

Seguimos nosso caminho conversando e brigando até o ponto de ônibus e, quando o pegamos, atraímos olhares de todos os passageiros — o que não me surpreende porque, puxa, um fantasminha e um diabinho no transporte público pode ser bem esquisito, principalmente porque ainda não é Hallowen.

Pelo menos estou escondido, então é um pouquinho menos constrangedor...

Quando o ônibus chega no terminal, nós descemos e começamos a procurar pelos nossos amigos. É um pouco difícil, já que o lugar está cheio, mas, felizmente, não demora muito para o Jin me sacudir e exclamar:

— Ei! Olha eles ali! — Ele aponta para um banco do terminal onde, daqui, vejo todos do clube de música. Eles estão carregando suas bebidas e comidas, conversando e rindo, enquanto usam fantasias incríveis.

Namsoon, está com um longo vestido preto com detalhes roxos que combinam com o seu chapéu fofo de bruxinha — por incrível que pareça, ela ficou muito elegante vestida desse jeito. A Niuke está com uma calça, uma jaqueta e um par de botas de couro preto que destacam a sua maquiagem irada da banda Kiss. Hoseok está com a roupa verde e o óculos do John Lennon em "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", e a sua fantasia é tão cheia de detalhes que, por um momento, eu quase acredito que ele está usando o verdadeiro traje do John — e Taehyung, com a sua roupa azul, idêntica ao do Paul, me traz essa mesma sensação.

E apesar de todas as fantasias serem incríveis, e muito bem elaboradas, apenas uma prende a minha atenção a ponto de me fazer esquecer, por um segundo, tudo que está ao meu redor.

Apenas uma fantasia faz o meu coração bater mais forte.

— Puxa... — eu digo, quase sem voz porque, meu Deus...

Jimin está... tão... puxa, tão fofo. Ele está com uma tiara de folhinha. Uma folhinha fofa, bem no meio da cabeça! Uma folhinha verde bem no meio dos seus cabelos ruivos!

Puxa vida, eu acho que essa é a coisa mais fofa e amável que eu já vi em toda a minha vida. A blusa bonita que ele veste também é laranja, e carrega a mensagem "Be a Good Human" nas costas — o que combina muito com ele. Tudo que é bom e bonito combina com Jiminnie...

Puxa... ele está tão fofo...

Ele sempre está tão bonito, puxa...

Taehyung é o primeiro a nos notar no meio da multidão. Ele aponta e sorri para nós, o que faz o resto do clube de música nos olhar e acenar, todos parecendo extremamente animados para a festa. Jiminnie, com uma sacolinha cheia de salgadinhos pendurada no braço, olha para mim, e parece ainda mais bonito quando sorri, com os óculos no rosto, os olhos apertadinhos, e uma folhinha na cabeça.

Eu gostei mesmo dessa folhinha em sua cabeça, puxa...

— Vocês chegaram! — Taehyung exclama, se aproximando de nós dois enquanto carrega uma travessa que deve estar cheia de batata frita. — Jin! Essa fantasia ficou incrível!

— Eu sei! — Jin diz, todo convencido. Tae ri. — A sua também está incrível!

— Obrigado — Tae diz, amigável, olhando para mim. — A sua ficou tão legal também, Jungkookie!

— Obrigado... — eu falo, tímido, acenando para os outros quando eles acenam para mim.

Felizmente, o lençol impede-os de ver como meu rosto fica estranho quando tenho que cumprimentar as pessoas...

— Jimin, você não ia com a fantasia do David Bowie? — Jin pergunta, olhando para Jiminnie, que está me olhando com carinho. Ele está tão fofinho e bonito que eu até esqueci que ele deveria estar com outra fantasia...

— Sim, mas deu tudo errado e eu tive que improvisar — ele fala, apontando para a folha em sua cabeça, o que faz o Jin rir. Apesar de ter dado tudo errado, ele não parece infeliz.

Na verdade, Jimin parece muito feliz, o que me deixa aliviado — e feliz, também. Principalmente quando ele volta a me olhar, com um sorriso doce e carinhoso.

Puxa, tão bonito...

Tão... fofo...

— Ei! Olhem — Namsoon exclama, apontando para o ônibus que acabou de estacionar perto de nós. — Não é o ônibus que temos que pegar?

— Meu Deus, é sim! — Hobi diz.

— Então vamos logo ou chegaremos atrasados! — Niuke diz, caminhando na frente de todos nós que, concordando, seguimos ela até o busão que nos levará até a festa da Jieun.

Vamos juntos até o busão e entramos na fila para poder subir nele. Eu fico entre Jin, que está na minha frente, e Jimin, que está atrás de mim quando, depois de um tempo, conseguimos subir no ônibus lotado de adolescentes e adultos engravatados — que olham para nós com certa desaprovação e humor. Puxa, que vergonha...

No começo, é difícil conseguirmos nos encaixar no meio dos passageiros, mas logo estamos todos acomodados no corredor do ônibus — todos de pé. Quando o motorista acelera, Jin começa a conversar com o Taehyung, na sua frente, e acaba ficando de costas para mim.

Isso acaba sendo bom, porque, de repente, sinto as mãos do Jiminnie tocarem levemente minha cintura, acompanhadas do seu sussurro, bem pertinho da minha orelha:

— Você ficou tão fofinho com essa fantasia... — Minhas bochechas ardem. Puxa. — Mas é uma pena, porque eu queria muito ver o seu rosto...

Oh, puxa...

Inclinando minha cabeça para trás, eu tomo coragem para sussurrar de volta:

— Você... você também tá muito fofinho — eu digo, e engolindo em seco, completo: — Você tá muito lindo e fofo com essa fantasia, Jiminnie...

Pelos meus olhos de fantasma, posso ver as bochechas de Jiminnie ficarem rosas e um lindo sorriso crescer em seu rosto assim que ele escuta minhas palavras. Posso ver ele se aproximando mais e, fazendo minha barriga gelar e meu coração derreter, completar:

— Espero que a sua fantasia de fantasminha tenha lugar para mais um... eu preciso te dar um monte de beijos mais tarde, Guk... — ele fala, e eu rio desastrosamente.

— A-acho que tem, sim... — digo, e Jimin ri mais, soltando-me aos poucos para voltar a se segurar no ônibus. Ainda bem que ele faz isso porque se ele continuasse sendo amoroso, minhas pernas iam parar de funcionar de tanto nervosismo, puxa...

Ele mexe demais comigo, mesmo...

Depois de um tempo, descemos em um ponto próximo a casa da Jieun, e apesar de ter ficado nervoso a semana inteira por causa dessa festa, estou me sentindo muito bem vendo todos reunidos, rindo e conversando bastante.

Sabe, no clube de música, eu dificilmente falo ou recebo atenção entre o pessoal, mas de forma alguma isso me incomoda. Muito pelo contrário: eu gosto muito da sensação de estar entre eles, que não me ignoram e ao mesmo tempo não me forçam a ser extrovertido. Eles sempre me incluem nas conversas, mas não me pedem para participar mais do que eu estou disposto, e puxa, isso é muito legal da parte deles...

Ainda bem que eles são meus amigos...

Com uma sensação gostosa de que eu não estou sozinho e de que sou capaz de qualquer coisa, inclusive, de me divertir nessa festa, eu finalmente chego com meus amigos à casa da Jieun.

O portão está aberto, assim como a porta da frente, e daqui de fora podemos ouvir a música Monster Mash tocando lá dentro. A cerca em torno do seu quintal está repleta de pisca-pisca, e tem abóboras por todo o caminho até a varanda, que está cheia de teias de aranha e morceguinhos de mentira.

É tão bonito e legal que eu me sinto eu um filme americano adolescente, prestes a me divertir muito... puxa, eu nunca pensei que me sentiria assim...

— Caramba, ela mandou muito bem — Niuke diz, carregando o refrigerante que trouxe como se fosse um bebê. Acabo de perceber também que ela também está com um disco do Kiss embaixo de um dos braços.

— Sim! — Taehyung diz, e parece muito animado.

— Vamos entrar! — Hoseok exclama, passando na frente de todos, que riem e o seguem animadamente, atravessando o quintal repleto de abóboras brilhantes.

No entanto, eu continuo parado por alguns segundos, observando todo o ambiente luminoso e decorado.

É realmente... incrível.

— Guk? — Estou tão distraído que só percebo que Jiminnie ainda está do meu lado, me esperando, quando ele me chama. — Vamos? — Ele sorri.

Olhando em seus olhos, dou um sorriso sincero que ele não pode ver, e então, balanço a cabeça positivamente.

— Vamos...

E ao lado do meu namorado, dou um passo em direção a minha primeira festa.

Caminhamos pelo quintal, subimos os poucos degraus da varanda e, de repente, estamos na sala. Assim como lá fora, a decoração aqui está incrível. As luzes são coloridas, tem grandes teias de aranha por toda a escada e a cada degrau tem um lampião diferente. As paredes estão cobertas por adesivos de morcegos e corvos, e tem abóboras em cima dos móveis, o que faz com que tudo pareça mais fantasioso e divertido.

A sala é bem espaçosa e interligada com a sala de jantar — que dando uma olhada, percebo que está com uma grande mesa com panos coloridos, cheia de comidas e bebidas.

Puxa... incrível...

— Ei! Vocês chegaram! — Jieun, de repente, aparece no meio do pessoal. — Nossa, vocês estão incríveis! — ela fala, fazendo todos sorrirem.

— Meu Deus, você é que tá perfeita! — Namsoon diz, e é verdade... Jieun está perfeita.

A sua fantasia de zumbi — na verdade, de enfermeira zumbi — é muito legal e assustadora. E apesar dela estar cheia de sangue falso, Jieun continua bonita. Sempre bonita...

— Nada disso — ela diz, balançando suas mãos timidamente. — Venham comigo, vou mostrar onde vocês podem colocar as comidas e as bebidas e... ai, meu Deus, Jimin, você veio fantasiado de laranja! — ela exclama, se aproximando de Jimin.

— Não, não! Eu sou uma tangerina — Jimin diz, fazendo-a rir um bocado.

— De qualquer forma, ficou muito legal! — ela fala, e apesar da interação amigável entre ambos, não estou tão enciumado agora (só um pouquinho).

Puxa, o ambiente é tão legal que eu quase não ligo para isso...

Jieun nos mostra onde colocar as comidas, e então avisa que vai levar as bebidas que as meninas trouxeram para a geladeira em sua cozinha. Eu fico tão impressionado com a forma que luzes coloridas piscam, indo de laranja, para roxo, que nem percebo Jeonghan e Micha chegando perto da gente e nos cumprientando — só depois de um tempo eu consigo balançar a minha cabeça e acenar, recebendo um sorriso amigável de ambos.

Aos poucos, nossos amigos vão se espalhando pela festa e ficamos apenas eu, Jimin e Jin perto da mesa de comida. Estamos todos em silêncio, olhando as bebidas, os doces e salgados sem saber o que dizer, ou fazer...

Até que Jin, do meu lado esquerdo, pergunta:

— Será que a gente já pode comer? — sussurra, fazendo-nos rir.

— Eu acho que sim... — falo, olhando para a variação de comida. Hmmm...

— Olha... — Jiminnie aponta discretamente para Han, um menino da nossa sala que está no canto do cômodo, devorando um cachorro quente. — O Han já tá comendo...

— Mas o Han bem roubou a minha caneta no mês passado — Jin observa. — Por que ele não roubaria comida agora?

— Bom ponto — eu digo, e continuamos analisando.

— Jimin... — Jin chama, passando por mim para se aproximar de Jimin. — Pode perguntar pra Jieun se podemos comer? — Ele junta as mãos na frente do rosto, fazendo cara de pidão.

Jiminnie solta uma risadinha.

— É claro — ele fala, e é tão fofo e amigável que me faz abrir um sorriso.

Quando Jieun volta, colocando guardanapos na mesa, ele pergunta para ela:

— Jieun, nós podemos comer? — Ele sorri.

— Claro! Fiquem à vontade — ela responde, sorrindo também, e logo sai quando alguém chama ela.

— Pronto, vamos atacar! — Jiminnie diz, com um sorriso ladino.

E de fato: nós atacamos. Passamos um bom tempo experimentando tudo que tem na mesa — o que é um vício porque tem uma nova comida a cada convidado que chega! E é tudo bom demais. Seokjin e Jimin riem da forma que levanto a minha fantasia para comer e eu acabo rindo a beça também. É tão bom que nem parece que estou em uma festa. Parece que estou no meu quarto, ou em um lugar extremamente confortável e familiar para mim.

Estar com eles, conversar, e rir, me dá essa sensação de que está tudo bem e, puxa... esse sentimento é com certeza um dos melhores que alguém poderia sentir.

É, com certeza, o melhor que eu já senti em toda a minha vida.

— Ai, meu Deus — Jin exclama, quando mudam o disco e a música fica mais alta. — Estão tocando Michael Jackson! — ele saltita, e me sacode. — Eu preciso dançar!

— Vai lá! — eu digo, risonho da forma que Jin gosta tanto do Michael.

E Seokjin realmente vai. Jiminnie e eu ficamos observando ele entrar no meio do pessoal e, incrivelmente, começar a liderar a pista de dança; afinal, essa não é uma música qualquer do Michael Jackson, é Thriller! E Seokjin já escutou ela tantas vezes que até criou uma dança para ela, que Taehyung imita, e em seguida, Hoseok, o resto do clube de música, e todos os outros que estavam na pista de dança.

Jimin e eu rimos daqui e é tão legal e contagiante ver meu melhor amigo tão animado que, sem perceber, começo a me balançar de levinho, envolvido pela música e pela sensação gostosa que me envolve.

Jiminnie percebe a forma que me mexo e acaba sorrindo para mim, se mexendo junto.

— Vamos nos juntar a eles? — ele fala, entrando na minha frente enquanto sacode a cabeça no ritmo da música.

— Puxa, não... eu vou passar vergonha! — eu falo, rindo bobo de tudo porque estou muito feliz.

— Não vai! Tem outros dois fantasminhas ali, nem vão saber quem é você! — ele fala, apontando para a pista de música e, realmente, há mais duas pessoas fantasiadas de fantasminha. Puxa! — Você ficou invisível, Guk! Aproveite!

A maneira como Jimin fala isso, se mexe, e segura os meus pulsos, me faz rir e ficar tontinho da cabeça. Não demonstro mais nenhuma negação a maneira que ele me puxa para a multidão, e chega um momento que eu nem sei como fui parar no meio de todo mundo, apenas aproveito que estão todos distraídos o suficiente com suas próprias danças para me remexer com Jiminnie também.

As músicas depois de Thriller continuam animadas e agitadas, e eu faço uma coisa que nunca pensei que faria antes: dançar em público. Me remexo ao som de Beat it e Billie Jean, me acabando de rir com a forma que Jiminnie faz certos passos de dança. Puxa, é tão legal e animador quando Taehyung se junta a nós e começa a dançar engraçado também, pulando e girando ao meu redor, fazendo-me rir tanto que meu rosto fica todo quente! Hoseok e Jin começam a pular ao nosso redor, e chega um momento que estamos todosjuntos, apenas balançando a cabeça e os pés ao ritmo de Michael Jackson, sem conseguir nos segurar. Eu gargalho tanto das graças que eles fazem que a minha barriga até dói! Puxa, é incrivelmente divertido...

De repente, Jieun para o disco do Michael Jackson e avisa que colocará uma coletânea de músicas que ela fez para a festa — e então, estamos ouvindo uma fita sua, que começa com a música Twist and Shout dos Beatles; que obviamente faz Hoseok e Taehyung enlouquecerem na pista de dança. Eles dançam, dão as mãos, e giram. As meninas seguram seus vestidos e mexem os pés como antigamente, e eu tento imitar os meninos quando os vejo fazendo o mesmo. Fico o tempo todo olhando para Jiminnie, que continua comigo o tempo todo, e ele parece tão feliz quanto eu, me olhando com os olhos carinhosos e animados.

— É tão bom ver você assim! — ele fala, rindo comigo enquanto se balança, e suas bochechas já estão vermelhas de tanto dançar.

— A-assim como? — eu pergunto, ofegante, rindo também.

— Se divertindo! — Ele sorri. — E se soltando! É muito bom, mesmo!

Sua fala carinhosa me pega de surpresa e me faz sentir ainda melhor. E quando penso que não posso ficar ainda mais feliz e agitado, a música que toca depois dos Beatles é, nada mais, nada menos, do que Elton John!

Crocodile Rock preenche a sala, e é uma das minhas músicas favoritas! Eu danço tanto essa música sozinho, escondido em meu quarto, que acabo me animando mais do que pensei ser possível — o que acaba fazendo Jiminnie se animar também e se sacudir todo junto comigo.

Seokjin, que estava lá do outro lado da sala — essas danças são doidinhas, em um momento estão todos perto um do outro e logo depois estão todos separados! — se aproxima e saltita junto comigo e Jimin, sabendo muito bem o quanto eu gosto do Elton. E nem em um dos meus sonhos mais loucos eu poderia imaginar que estaria em uma festa de escola, dançando uma das minhas músicas favoritas com as duas pessoas mais especiais da minha vida como eu estou fazendo, agora. Puxa!

Quando a música do Elton chega ao fim, eu finalmente posso respirar fundo. Me agitei tanto nos últimos minutos que nem percebi que comecei a suar — também não percebi como está calor embaixo desse lençol, puxa...

— Ei, podemos pegar um refri? — Jiminnie pergunta, abanando seu rosto vermelho com a mão.

— Com certeza! — eu falo, e com um sorriso, saímos da pista de dança, sem o Jin. Ele continua se remexendo ao som da música que está tocando agora, pfft... esse meu melhor amigo nunca fica sem energia.

Jimin e eu fomos até a mesa com bebidas, e depois de encher nossos copos de gelo e refrigerante, fazemos um brinde engraçado. Viro praticamente toda a bebida, morrendo de sede e calor, e Jimin faz o mesmo — o que nos faz arfar ao mesmo tempo e nos arranca ainda mais risadas.

— Mais uma rodada? — ele pergunta, e eu assinto, estendendo meu copo de refri em sua direção.

— Com certeza! — E nós bebemos ainda mais refrigerante.

— Olha, o sofá ficou desocupado! — Jimin diz, apontando para um sofá no canto da sala. — Vamos descansar?

— Sim, por favor — digo porque, puxa, minhas pernas estão pedindo por isso. Isso que dá começar a dançar do nada...

Jiminnie e eu passamos por todos e sentamos lado a lado no sofá confortável da sala. Ficamos bebendo refrigerante e observando todos dançarem, rindo quando avistamos um dos nossos amigos fazendo algum passo doido, e nos impressionando quando alguém faz um movimento legal.

Estou relaxado e risonho, mas quando Jiminnie se aproxima o bastante de mim no sofá para nossas pernas se tocarem, eu acabo sentindo meu rosto queimar — agora, de amor.

Puxa vida...

— Me dá sua mão? — ele sussurra, perto do meu ouvido, bem pertinho.

Com um sorriso, eu olho em volta e espalho o lençol sobre o colo de Jiminnie, colocando minha mão embaixo dele e, escondido de todos, seguro seus dedinhos macios. Apesar de nossas mãos estarem levemente suadas, não há nada que deixe esse momento menos especial do que ele é... principalmente quando Send One Your Love começa a tocar.

O polegar de Jimin começa a, lentamente, acariciar as costas da minha mão, e tudo que eu mais quero agora é abraçá-lo e beijá-lo — mas não posso, puxa. Apenas posso sentir seu carinho por baixo dos lençóis, sem que ninguém perceba... e apesar de não ser o suficiente, eu ainda me sinto bem. Puxa, eu sempre vou me sentir bem com o carinho e o amor de Jiminnie... sempre vou...

Eu me sinto feliz. Me sinto incrivelmente feliz, e estou prestes a virar meu rosto para agradecer Jiminnie por me convencer a vir a essa festa, e por sempre ser tão atencioso e carinhoso comigo.

Mas... eu não o faço.

Não o faço porque, virando meu rosto, percebo que Jieun está se aproximando de nós dois e, antes que eu possa pensar em reagir, ela chama:

— Jimin! — Ela para na nossa frente. Jiminnie, discretamente, solta a minha mão, e meu coração aperta um pouco. Puxa. — Eu... será que podemos conversar um pouco? Em particular? Eu quero te contar uma coisa...

Ah.

Ah, não...

— É... agora? — Jiminnie pergunta, olhando para mim de canto antes de voltar sua atenção para ela.

Meu coração bate forte, cheio de angústia. Puxa. Puxa. O que ela quer contar?

Ela vai se confessar?

Vai se confessar para ele?

— É... — ela murmura, e coloca seu cabelo atrás da orelha. Puxa. — É meio importante... vai ser rápido, eu prometo...

Puxa, não...

— Guk... — Jiminnie se vira para mim. — Tudo bem se eu for? — Ele se aproxima, olhando-me com atenção.

Puxa vida. Tudo que eu mais quero agora é que Jimin possa ver através dessa fantasia e perceber, pelo meu olhar, que eu não quero que ele vá. Tudo que eu mais quero é que ele possa ouvir meu coração batendo, enciumado, e não vá... Mas, infelizmente... ele não pode fazer isso.

E eu não posso pedir que ele não vá.

Eu... puxa, eu não posso...

— Tudo... — um sussurro me escapa, e logo me sinto mal.

Me sinto mal por querer que ele não vá. Me sinto mal por sentir ciúmes. E me sinto mal por falar que está tudo bem em ele ir...

— Vai ser rapidinho — Jieun diz, e eu me sinto mal por não conseguir olhá-la agora.

Não consigo, puxa.

— Eu já volto... — Jimin diz, e aperta minha mão disfarçadamente, se afastando.

Ele se levanta.

Ele vai.

E eu, um pouco perdido, sigo ele com o olhar. Vejo ele subir as escadas, seguindo a Jieun, e quando penso que não posso me sentir pior, eu os vejo entrar em um dos quartos.

Puxa, eles entram em um dos quartos.

E parece que, com isso, meu coração decide que é demais para mim. Eu me levanto do sofá, e sem saber por que preciso sempre me sentir tão mal, e tão enciumado, eu simplesmente corro para fora da festa semolhar para trás.

Eu só preciso ficar sozinho. Eles estão sozinhos. Só preciso pensar um pouco. Jimin é meu namorado, está tudo bem. Só preciso parar de me sentir assim. Ela vai confessar os sentimentos dela para o meu namorado.

São tantos pensamentos, meu coração está batendo tão forte, e meus passos estão tão confusos que, quando vou descer os degraus da varanda, não percebo que tem um outro fantasminha vindo bem na minha direção. Pior. Eu não percebo, e além de não perceber, não consigo desviar meu corpo do seu, o que faz com que eu me lance contra ele, o derrubando no gramado — e indo junto logo depois.

A única coisa que dá para ouvir, após isso, é o barulho de dois fantasmas caindo com tudo no chão da Jieun.

— Puxa! — eu exclamo, porque meu cotovelo está doendo e eu estou morrendo de vergonha.

Puxa vida, só eu mesmo para fazer uma coisa dessas...

— Ei! Por que você não olha por onde anda? — a pessoa reclama, emburrada.

E apesar do meu primeiro reflexo ser querer implorar por perdão, não é isso que eu faço.

Não é isso que eu faço, porque... essa voz é familiar. É familiar até demais. E eu me sinto tão surpreso por ouvi-la aqui, nessa festa, que sem conseguir me segurar, eu acabo perguntando:

Yoongi?





🎃🎃🎃


Sim, o Jimin tá igual o amonguinho us que tem a folhinha na cabeça (e sim isso é fofo demais, vo morre)

Espero que tenham gostado do capítulo, meus anjinhos! Obrigada pela leitura, e não esqueçam de me dizer o que acharam, viu? A playlist da festinha vai estar na minha bio aqui do Wattpad, não esqueçam de escutar ela também!

Lembrem-se de usar a hashtag #PuxaPuxaPuxa se forem falar da fanfic no Twitter! Estarei lá vendo tudo! 🧡

Até a próxima!

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