#SWEETP0ISON
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Quando o fim de semana chegou, tentei ao máximo me distrair de meus problemas fazendo todas as tarefas da faculdade que tinha para fazer, aproveitando para limpar meu apartamento logo em seguida, e claro, acabando tudo em poucas horas e me afundando no tédio no resto da tarde de sábado.
Minha mente ficava revirando as memórias infelizes que Kwan me proporcionou ao correr para casa com Nébula em meu colo, com medo do que poderia acontecer devido ao horário. Fico feliz por Jungkook se ele estiver feliz também, mas esse garoto é completamente insuportável em tudo que faz, desde sua voz afinada forçando ser fofo até seu jeito de respirar. Kwan pode até ser bonito, e eu entendo Jungkook manter uma relação casual com ele, já que seu corpo magro pouco musculoso é atraente, mas o cabelo dele parecia palha de tanta descoloração e sua maquiagem é feia.
Não sei se ele me estressa pelo jeito que me tratou ou por uma inveja que eu jamais admitiria, porque eu sei que meu corpo é bonito e eu o amo — às vezes —, mas não posso evitar de me sentir inseguro ao me comparar com ele. Os músculos dele eram bem mais firmes que os meus, já que eu não me exercito tão regularmente.
Pelo menos minha bunda e minhas coxas são maiores.
Entretanto, o motivo principal dele me tirar tanto do sério é a certeza absoluta que ele não gostou de mim, até porque, Yoongi me contou as coisas que ele falou.
— Ele disse isso mesmo? — perguntei, quando naquele mesmo dia nos falávamos por vídeo chamada.
— Sim, ele disse pro Jungkook que disse pro Taehyung que me contou — Yoongi falou, quase não respirando. — Falou que seu loiro platinado era o mais feio que já viu em toda a vida dele, que é ressecadíssimo.
— Que ridículo! E o cabelo dele que, se puxar, aposto que quebra tudinho. E ele é super forçado, tentando pagar de fofo. — falei, sem me importar se estava elevando a voz e Yoongi não parecia usar fones de ouvido. — "Ai, Jungkook-ah, me deixou sozinho". "Ai Jimin-ssi, você disse errado, é Jungkook não Jeongguk". Sério, ele é muito irritante. Meu sonho de princesa é dar uma joelhada no meio da testa dele.
— Meu Deus! — uma voz feminina risonha disse no fundo entre os risos roucos de Yoongi, me pegando de surpresa. — Você imita igualzinho!
— Jimin, essa é minha irmã, Yoona — Yoongi apresentou-a, assenti meio sem graça, por ter sido pego no flagra falando mal de outra pessoa. Yoona acenou para mim ao lado de Yoongi e eu fiz o mesmo. — Taehyung me disse que ele também falou pra Jungkook não ficar perto de você porque gatos pretos dão azar.
— Ele não teve a audácia de falar da minha Nébula, teve? — falei embasbacado. Peguei Nébula no colo, dando carinho, como se ela entendesse as maldades das palavras daquela bosta seca.
— Sim, mas ouvi Taehyung dizer que Jungkook disse que o repreendeu, e que ele gostava muito da sua gatinha e pra não falar assim dela. — Yoona comentou, sentada ao lado de Yoongi. Ela suspirou falsamente, forçando uma cara apaixonada — E o Jungkook faz tudo!
— Garota, você é muito fofoqueira. Quando ouviu isso? — Yoongi disse com a mão apoiada no queixo, olhando-a.
— Obrigada, aprendi com o melhor — ela riu e Yoongi a empurrou, implicando. — Jimin-ssi?
— Por favor, não me chame assim, eu tenho uma síncope lembrando daquele energúmeno.
Uma crise de riso se iniciou do outro lado da tela do celular, até que se recuperaram aos poucos.
— Certo, desculpe. — Yoona prosseguiu. — Por que não vem aqui hoje? Se não tiver nada pra fazer, claro. Podemos encher o saco do Yoongi juntos. Também queria conhecer a famosa Nébula.
Pensando na proposta, não querendo ficar sozinho num sábado à noite, aceito a oferta, já que Taehyung estaria ocupado demais em seu encontro com Hoseok e Jungkook provavelmente estaria com Kwan. Ficar de vela é inaceitável.
— Tudo bem pra você, Yoon? — pergunto, vendo o sorriso gengival dos dois abrirem.
— Sim! — ele diz, desviando o olhar parecendo envergonhado. Sempre me surpreendo com como Yoongi consegue ser tão fofo as vezes. — Eu estava pensando em te convidar de qualquer jeito, também quero conhecer sua gatinha.
— Vocês querem que eu vá pela minha presença ou pela minha gata? — Ergo a sobrancelha, brincando.
— Pela gata, é óbvio. — dizem juntos.
— Você vai ir no festival de caridade que os Jeons vão fazer? — Yoongi me pergunta. O olho confuso, porque sequer soube desse festival.
— Acho que não, não fui convidado. Na verdade, nem sabia sobre. — o respondo.
— Pois eu estou te convidando agora! — Yoongi disse e meu sorriso deslizou, mostrando minha desanimação. — Vamos, Jimin! Vai ser legal.
— Aposto que o Jungkook gostaria que você fosse — Yoona comentou com um sorrindo ladino e levantando as sobrancelhas, ganhando minha atenção.
— Vocês tem que parar de conversar com o Taehyung, ele tá acabando com minha reputação. — Os dois riem. — Certo, eu vou pensar. Mas não prometo nada!
Depois de combinar o horário que eu apareceria na casa dos Min, desligo a chamada e volto a assistir TV, ou pelo menos é o que tento fazer. Conversar sobre ontem me deixou pensativo sobre minha relação com Jungkook.
Antes era realmente difícil manter uma conversa mais profunda com ele, já que sempre tentávamos ao máximo ignorar a presença um do outro para não deixar o clima do grupo mais esquisito. Apesar de não ter sido fácil, foi o melhor, já que agora podemos nos falar sem que pareça que o mundo ao nosso redor irá desmoronar. Apesar de não ter me dado tão bem com Kwan, deixarei essa desavença de lado por Jungkook.
Não quero que ele se afaste novamente porque não me dei bem com seu caso.
Antes que me aprofunde mais em pensamentos sobre Jungkook e seu relacionamento, sou interrompido em um novo toque no meu celular. Pauso o vídeo na TV, que eu já havia desistido de prestar atenção, e suspiro frustrado, atendendo a chamada sem nem ler o nome do contato.
— Que é?
— Isso são modos? — minha mãe diz, então sinto toda a cor do meu rosto se esvair e qualquer ânimo que tinha morrer.
— Desculpa, mãe. Não vi que era a senhora. — digo quase formalmente, sentindo meu corpo todo tencionar. — Está tudo bem com você e com o papai?
— Está sim — ela disse, suspirando. — E com você?
Fiquei um pouco em silêncio antes de responder, pensando no que devo falar ou não. Por um lado, conversar sobre tudo o que me ocorreu essa semana me faria bem, mas por outro, era a minha mãe quem estava ouvindo, então poderia piorar a situação.
— Na verdade, não muito. — Respiro fundo antes de dizer pelo menos o mais importante. — Terminei com Misuk.
— Isso é bom, não é? — Me arrependi assim que terminei de dizer ao ouvi-la quase rindo de felicidade do outro lado do telefone.
— Sim, porque ele é um idiota que estava me traindo, mas apenas por isso. — deixo claro, sentindo um bolo formar em minha garganta. — Enfim, como vão as coisas aí em casa?
Quando eu fazia essa pergunta, ela já estava ciente que eu me referia ao meu pai, que se recusava a conversar comigo.
— Ah, seu pai disse que sente sua falta e que te ama muito. — ela diz, apesar de parecer que com pesar.
— E mesmo assim, ainda não consegue ao menos falar comigo. — Rio sem humor.
Um curto silêncio prevalece de minha parte quando ouço meus pais discutirem baixinho do outro lado do telefone, então tento fingir que não escuto quando ele recusa o telefone.
— Desculpe querido, ele ainda não está preparado. — Me jogo no sofá, ciente disso. — Veja pelo lado bom, agora que está solteiro pode finalmente arrumar um relacionamento decente com uma garota!
— Ou com um garoto, mãe. — digo firme pela milésima vez, não surpreso, porém exausto de suas falas desagradáveis sobre minha sexualidade. — Não vai mudar em nada com quem eu me relaciono.
— Jimin, se você não parar agora, vai acabar que nem seu avô. — ela repete o que sempre diz quando o assunto é minha vida amorosa, então eu reviro os olhos. — Você ainda tem tempo de mudar isso!
— Eu não quero mudar, mãe. Nem se eu quisesse, conseguiria. — A esse ponto, meu maxilar estava travado de frustração por ela ter me comparado com o próprio pai novamente. — Prefiro morrer sozinho sendo quem sou, do que morrer cercado de pessoas sentindo a falta de quem eu fingi ser.
Ela ficou em silêncio, e eu pude ouvir seu suspiro.
— Vou te visitar em breve, tudo bem? — finalmente diz.
— Quando vem?
— Não sei, talvez eu chegue de surpresa! — Ela sabe que odeio esse tipo de surpresas. — Tenho que ir agora, seu pai tá me chamando. Até breve, querido.
Não tive forças para me levantar do sofá, então apenas programei o relógio do celular para tocar na hora em que eu acordaria para me vestir. Parecia que ela sugava toda a energia positiva em meu corpo, como um dementador suga a felicidade. Me deitei ao lado de Nébula, que tinha o nariz escondido entre as patinhas, e junto a ela adormeci.
Tudo estava um caos quando abri meus olhos: a dor do torcicolo latejando impiedosamente, o interfone tocando incansavelmente e meu telefone tocando em uma nova chamada insuportavelmente, o que me deixou mais estressado pois não era o alarme tocando e eu poderia ainda estar dormindo. Enquanto me sento e me alongo, gemendo pela dor, Nébula se espreguiça e a chamada cai na caixa postal, então uma nova aparece novamente. Ignoro e vou até o interfone em passos lentos, atendendo-o. Não entendi o que o porteiro disse por ainda estar grogue de sono, só ouvi o nome de Seokjin e disse para mandá-lo subir.
Não fazia ideia do que Jin queria na minha casa, mas imaginei que o motivo fosse Jungkook, então comecei a ficar um pouco preocupado. Jin e eu não tínhamos tanta intimidade para nos visitarmos assim, então imagino que fosse uma emergência. A campainha tocou e eu apenas o mandei entrar, ainda tentando alongar meu pescoço.
— Caramba, achei que você tinha morrido! — Seokjin entrou, com Namjoon ao seu lado. Ambos educadamente pedindo licença, retirando os sapatos na porta.
— Sinto que estou prestes a morrer, então você quase adivinhou. — falo de olhos fechados, tentando massagear com os dedos o ponto onde doía.
— O que aconteceu? — Namjoon pergunta, se aproximando.
— Torcicolo... — digo quase que manhoso, fazendo um bico. — Dormi de mal jeito no sofá.
— Deixa eu te ajudar — Namjoon se ofereceu, colocando as mãos no meu pescoço e começando a massagear assim que disse que podia.
— Obrigado, Namu... — Tombei a cabeça pro lado, aproveitando as mãos leves de Namjoon com a massagem gostosa que ele me fazia. — Por que estão aqui? O Jungkook tá bem?
— Ué, pra te buscar — Jin disse confuso. — Yoongi não te falou que víamos? Jungkook tá com o Kwan.
Fico aliviado pela resposta. Pego meu celular e vejo as inúmeras chamadas perdidas de Yoongi e mensagens avisando que Jin e Namu iriam me dar carona para sua casa, mas eu teria que ir mais cedo.
— Desculpa, eu não sabia... — Respiro lentamente, endireitando minha postura e me levantando quando Namjoon acabou. — Ainda tenho que dar leite para Nébula e tomar banho...
— Tudo bem, podemos esperar um pouco. — Seokjin se sentou no sofá ao lado de Nébula, que ainda dorme. — Eu dou leite pra dorminhoca enquanto você se arruma.
— Jura? — Ele fez que sim com a cabeça, sorrindo sem mostrar os dentes. — Poxa, obrigado. Tem um pouco pronto na geladeira, só esquentar.
Deixei-os cuidando de Nébula e fui para o quarto, pegando minha roupa para ir tomar banho. Não prolonguei no chuveiro, me arrumando rapidamente ao colocar a calça de lavagem clara, que era dois números maiores que o meu para ficar larga propositalmente, passando o cinto preto para que não fique caindo; vesti a blusa branca de gola alta e a flanela xadrez preta, colocando as pontinhas para dentro da calça, sem fechar os botões. No espelho embaçado, depois de passar um pano para limpar, penteio meu cabelo molhado num topete ladino, deixando uma mecha cair para trás da minha orelha. No meu quarto, não me preocupei muito com maquiagem, passando apenas um pouco de gloss e levando o frasco no meu bolso.
Antes de seguir em direção a porta, peguei a caixa de transporte e a guia de Nébula, por precaução. Quando cheguei à sala, Seokjin abriu um grande sorriso ao me ver e Namjoon bateu palmas. Sorri um pouco tímido pela atenção repentina, desviando o olhar.
— Park Jimin, senhoras e senhores! — Namjoon quem disse, arrancando uma risada minha.
— Você tá lindo, Jimin! — Seokjin quem disse, com uma Nébula rechonchuda no colo e o recipiente de leite vazio.
— Obrigado, gente... — agradeço ainda sorrindo. Pego nébula com cuidado e a coloco deitada dentro da caixa de transporte, onde ela fica quietinha. — Vamos?
No elevador, Seokjin se encarregou de segurar Nébula, dizendo que não era incômodo carregá-la. Depois de seguir Namjoon e Seokjin até o carro — enorme —, nós entramos e quem iria dirigindo é Seokjin.
— Só sei dirigir bicicleta — fora como Namu se justificou.
Comecei a chamar Namjoon pelo apelido que os meninos chamavam-no no nosso grupo de mensagens, e como ele não pareceu se incomodar, continuei — o apelido é realmente fofo e combina com ele. A este ponto não sabia dizer exatamente o tipo de relação que ele e Seokjin tinham, mas tentei manter meu olhar desviado quando, no banco de trás com Nébula, sem querer vi Jin levar sua mão até a de Namu.
Tentando me distrair do momento que os dois pareciam dividir enquanto conversavam no próprio mundo, talvez esquecendo um pouco que eu estava aqui também, abri o chat de mensagens e comecei a ler as poucas novas que tinham. Minha mãe, minha tia e minha avó haviam mandado uma corrente de oração, que eu prontamente ignorei; mensagens do grupo da vasectomia de Yoongi falando que todos estavam convidados a sua casa naquela noite e Hoseok, Taehyung e Jungkook dizendo que não iriam, pois estariam todos ocupados. Não senti necessidade de responder, já que todos que iam já sabiam, então apenas fui para o próximo chat: o de Jungkook.
jeonggukie:
ela me disse que queria dizer oi para o docinho.
Jungkook havia me mandado uma foto em que Luma tinha o rostinho bem próximo da câmera, dando apenas para ver a metade do rosto de Jungkook, que estava sem blusa mas apenas pude ver sua clavícula, já que o resto do corpo era tapado pela gatinha curiosa. No fundo da foto consegui vir Kwan de costas, sem camisa também, a pele livre de quaisquer marcas de cicatriz ou tinta. Fiquei pensativo do porquê Jungkook decidiu me mandar isso logo após ter feito algo íntimo com seu sei-lá-o-que, mas ignorei o estresse e apenas revirei os olhos antes de respondê-lo.
Jimin:
oi, coisa linda :(
jeonggukie:
obrigado ;)
Jimin:
tava me referindo a gatinha.
Se o objetivo de Jungkook era me estressar, talvez ele tivesse conseguido. Pois chegar como quem não quer nada, enviando uma foto onde a única coisa que me alegrava era os olhos curiosos da felina branca — pois sua nudez parcial me deixava estressado também — e logo depois nem se dar o trabalho de me responder de volta?
Jeon Jungkook consegue me tirar do sério.
Subitamente o carro parou e Namjoon saiu. Achei que já havíamos chegado, mas Seokjin ainda estava no banco do motorista, então notei que estávamos em um posto de gasolina, que havia uma loja de conveniência.
— Namu foi comprar bebida — Seokjin me explicou, e eu apenas fiz que sim com a cabeça. Nébula mal se mexia, dormindo a viagem inteira. Ficaria preocupado com tanta sonolência, mas como ela ainda é um filhote, é completamente normal. — Como você está, Jimin? Jungkook me disse que voltaram a se falar.
De imediato soube que ele se referia ao término do meu relacionamento, que ele presenciou. Me senti envergonhado com toda a cena que ele viu na noite em que me conheceu, então reparei que não passamos muito tempo juntos e eu não sei muito sobre ele, como ele também não deve saber muito sobre mim.
— Estou melhor, pelo incrível que pareça. — disse com sinceridade. — Fazia um tempo que a relação havia se desgastado e, apesar de gostar dele, não sei se o amava da mesma forma. E Jungkook... Eu não sei o que exatamente tinha, mas acho que foi resultado de tanto tempo de alguém não me olhar como ele me olhou, e eu não pude deixar mais nada daquilo acontecer porque não estava em um momento bom para me relacionar com outro alguém. E ainda tinha a briga que tivemos... Eu precisei de um tempo, e agora nossa amizade parece estar ficando mais firme do que antes, então não me arrependo.
— Jungkook pareceu chateado quando vocês brigaram, mas se recuperou até que rápido — Seokjin comentou, despretensiosamente. — Ele não demorou três dias pra voltar com Kwan. Talvez realmente fosse apenas tensão sexual, e agora que já amenizou...
— Claramente dá pra notar que ele não está tenso. — Rio ironicamente e Jin me olhou erguendo a sobrancelha, parecendo estar confuso. Colocando a foto que Jungkook me mandou na tela, viro o celular para ele e o mostro. — Ele está bem ocupado.
— Esse moleque é insuportável. — Jin disse rindo. Ri junto, concordando. — Mas ele ficou feliz que vocês voltaram a se falar, nem que fosse pra te encher a paciência.
— Sério? — questiono, tentando segurar o sorriso idiota em meus lábios.
— Sim, principalmente porque suas gatinhas se aproximaram. Ele ficou todo bobo dizendo que você se estressa fácil e que a Luma ama a Nébula.
— Bom, ela fugiu de perto do namoradinho dele só pra encontrar nós dois — Jin riu alto, me contagiando com a risada engraçada que tem.
— Kwan é meio chato, não sei como o Jungkook aguenta. — Jin comentou, mordi meu lábio inferior tentando não rir. — Vocês se desentenderam pelo visto.
— Na verdade, ele que não se entendeu comigo. — Jin arregalou um pouco os olhos. — E o Namjoon?
— O que tem ele? — Jin pareceu um pouco envergonhado, tentando desviar o olhar quando eu o fitei sugestivamente. — Ah, bom... Estamos nos conhecendo, por enquanto.
No momento seguinte Namjoon chegou, então Jin e eu rimos em segredo. Finalmente a rota seguiu para um bairro que Yoongi morava, bem iluminado pelas ruas mas não pelas casas. Ainda bem que não deu tempo de pensar o suficiente para alimentar minha cabeça cheia de paranoias, porque não demorou para estacionarmos na frente da única casa bem iluminada.
Quem nos recebeu fora Yoona, que tinha um sorriso enorme no rosto e fez questão de que entrássemos bem rápido para que Nébula pudesse ser solta. A casa era moderna, mas também era simples; o chão de madeira verniz brilhava e o contraste das paredes brancas deixava o ambiente mais aconchegável. Na entrada dava para ver a sala e aos fundos a cozinha, separados apenas por um balcão de mármore. Yoongi estava sentado na cadeira de frente para sala, com uma vasilha de cascas de tangerina enquanto ele levava uma goma da fruta à boca. Ele nos olhava enquanto comia, então se levantou quando acabou e foi para a cozinha, levando a vasilha consigo e deixando-a na pia, onde em seguida lavou as mãos. Então, finalmente, veio ao nosso encontro.
— Fiquem à vontade — foi o que disse, parado em nossa frente.
Eu sabia que ele estava apenas fingindo que não estava super animado para conhecer Nébula, já que os motivos de nossas conversas, além de sua vida amorosa, é Nébula.
— Tem alguém aqui muito ansiosa para conhecer o tio Yoongi. — falei dando ênfase nas últimas palavras, ganhando sua atenção por completo quando ele quase fez um biquinho pra combinar com os olhos brilhando.
Seokjin e Namjoon seguiram com Yoona para a cozinha para guardarem as bebidas na geladeira e Yoongi e eu fomos em direção a sala, onde coloquei a caixa de transporte em cima do tapete felpudo e observei Nébula. Ela estava estranhando o ambiente, mas nada tão alarmante, já que ainda estava deitadinha. Assim que abri a caixa, Yoongi se afastou e apoiou o queixo sobre as mãos em cima do tapete, ficando em posição de reverência, para poder olhá-la dentro da caixa. Nébula saiu com cuidado, colocando uma patinha de cada vez para fora até estar completamente sobre o tapete.
O que aconteceu em seguida foi o que derreteu meu coração: Nébula foi na direção de Yoongi e cheirou ele, como se avaliasse-o, e ele sequer se mexeu. Depois ela o ignorou e se espreguiçou, vindo até mim e se esfregando.
— Ela não gostou de mim? — Yoongi perguntou, se sentando; sua voz soou amarga.
— Se ela não tivesse gostado ela teria rosnado — expliquei. Me arrastei até que estivesse sentado ao lado dele, que pareceu ficar um pouco tenso. Com cuidado peguei sua mão, colocando-a sobre a cabeça de Nébula, que não recuou. — Faz carinho, ela gosta.
Então ele fez um carinho leve entre as orelhinhas dela, que começou a ronronar. Yoongi abriu a boca num sorriso, olhando na direção de Yoona que observava a cena junto com Namjoon e Seokjin, tirando fotos que eu logo foram enviadas no grupo de mensagens. Yoongi ficou tão feliz que começou a se aproximar de mim, para ficar mais perto dela, como se também quisesse deitar no meu colo. O cheiro de tangerina que vinha dele era forte, mas não incômodo. Mesmo assim, com cuidado o afastei enquanto pegava ela do meu colo e colocava no seu.
Enquanto Yoongi ficava todo duro sem saber o que fazer, me levantei e me juntei à conversa no sofá com os outros. Yoona me ofereceu uma garrafa de cerveja, que tem um gosto doce e uma porcentagem alta de álcool que eu nem sentia. Perfeito.
— Ele só fica assim com gatos — Yoona comenta, encostada no sofá branco. — Queria poder adotar um só pra manter a calma nele, mas nossa mãe é alérgica.
— Poxa — comentei. — E como vão fazer pra ela não perceber?
— Nós aspiramos bem o tapete e o sofá, ou qualquer lugar que ela for. — falou, me oferecendo um sorriso simpático. — Ouvi dizer que você terminou recentemente. Como você está?
Às vezes a parte mais chata do término de um relacionamento é quando você é lembrado disso o tempo todo, e pra não soar grosseiro, apenas finjo que nunca era perguntado sobre isso.
— Estou bem. — Forcei um sorriso, tentando disfarçar bebendo um pouco. — Estou evitando qualquer contato mais íntimo por enquanto, então... É, me sinto bem.
— Que bom, Jimin-ssi. — ela disse educadamente, e eu grunhi em resposta, a deixando confusa, mas seu olhar era divertido ao se lembrar das palavras que trocamos mais cedo por chamada de vídeo.
— Desculpa, é que o namoradinho do Jungkook me chamou assim de forma debochada, e ainda me dá nos nervos.
— Ah, nem me fale. Ele chama todo mundo assim. — Ela revira os olhos, me fazendo rir baixinho. — Mesmo que já tenhamos dito que ele pode nos chamar informalmente, ele prefere assim. Só não chama o Jungkook desse jeito.
— É porque com o Jungkook é "Jungkook-ah". — Ela riu, concordando. — Tinha que ver a cara dele quando eu o chamei de "Jeonggukie", que é uma brincadeira nossa.
— Falando nele — começou, parando para beber um pouco de sua cerveja. — O que rola entre vocês dois, hein?
Bebi um bom gole do álcool em minhas mãos, respirando fundo antes de sorri sem vontade.
— E eu achei que Taehyung era fofoqueiro.
— Taehyung disse pra Hoseok que vocês tinham voltado a se falar e Hoseok disse pro Yoongi que me disse — ela falou, com uma dicção incrível que eu jamais teria.
— E no fim eu sempre estou certo. Ele é fofoqueiro demais.
— Eu não contei nada pra você, sua mentirosa. — Yoongi apareceu de pé em nossa frente, segurando Nébula no colo como se fosse um bebê. Ela quase sumia no seu moletom preto. — Você é fuxiqueira e fica ouvindo minhas conversas no telefone. Jimin teve a prova hoje.
Yoona sequer retrucou, dando língua para ele.
— Não rola nada entre o Jungkook e eu — afirmo para Yoona, que me olhou desconfiada. — Rolava uma tensão estranha entre nós dois, mas isso é passado.
— Passado de uma semana atrás. — Seokjin quem disse. Namjoon e ele haviam se aproximado.
— Sem querer eu vi vocês dois na piscina — Namjoon disse. Ele tinha um braço ao redor de Seokjin, mantendo-o perto. — Não sei se aquilo pode sumir tão rapidamente em uma semana.
— Claro que pode, Namu! — retruco, endireitando minha postura no sofá. — Eu não estava com cabeça para pensar nessas coisas e o Jungkook foi enfiar a cabeça dele em outro alguém, simples assim.
— Outro alguém que te odeia — Yoongi ressaltou.
— Kwan não me odeia! — Todos riram. Nem eu aguentei e ri também. — Certo, ele aparenta não gostar de mim, mas não me odeia.
— O Jungkook disse pra mim que ele disse pra ele que te odeia. — Seokjin falou e todos o olharam. — Que foi?
— Jungkook disse ou você ouviu? — Yoona falou, e todos concordaram.
— Certo... Eu ouvi. Mas só porque ele tava falando super alto porque os dois estavam discutindo. — Seokjin confessa, e nós caímos na risada.
— Deveríamos mudar o nome do grupo para rádio fofoca. — Namjoon sugere e todos concordam. — Com o tempo pensamos num nome apropriado.
Depois de mais alguns minutos de conversa e duas garrafinhas de cerveja, Yoongi estava correndo pela sala brincando de pique esconde com Nébula e, quando percebi, todos nós já estávamos escondidos atrás do sofá e correndo dela, que se espreitava pelos cantos tentando nos assustar.
Talvez as cervejas tivessem um teor alcoólico maior do que eu imaginava.
O que nos tirou de nossa brincadeira fora a campainha tocando, então subitamente todos ficamos em silêncio, porque não estávamos esperando mais ninguém. Quando ouvimos a risada de Taehyung, relaxamos e Yoongi foi atender a porta, fazendo com que eles entrassem rapidamente por conta de Nébula.
— Ouvi dizer que aqui dão tangerinas de graça e de brinde pique esconde com gatinha? — Taehyung diz, deixando seu casaco na entrada junto de Hoseok. Yoongi leva duas garrafas de cerveja para eles.
— Engraçado — Hoseok começou, se sentando no sofá. — Ouvi dizer que aqui era a central de fofoca da vida amorosa do Jungkook.
— Quem te contou? — perguntei, arregalando os olhos.
— Eu! — Yoongi gritou da cozinha. — Eles vieram só pra fofocar, esses salafrários!
— Só queríamos participar da fofoca grupal!! — Taehyung disse, fazendo um bico.
— Você é o causador de toda a fofoca, já sabe de tudo! — o acuso, e ele arfou surpreso. — Contou de toda minha vida para os presentes aqui hoje, aposto que até do meu avô falou!
— O que tem seu avô? Ele tá bem? — Yoona perguntou, preocupada.
— Jamais, Jimin! — Taehyung botou a mão no peito dramaticamente, como se desse sua palavra de honra. — Esse segredo é o mais secreto, nunca contarei a ninguém!
— Ele faleceu há alguns anos na verdade, Yoona, mas tá tudo bem — a conforto.
— Mas assim — Yoongi veio da cozinha, trazendo algumas garrafas de cerveja e deixando em cima da mesa de centro. Deixei a minha vazia e peguei mais uma. — É um segredo muito secreto? Não dá pra compartilhar?
— Não é nada demais — digo, então todos prestam atenção em mim. Suspiro e conto: — Minha mãe sempre me compara com ele de uma forma negativa, dizendo que se eu não arrumar uma namorada vou morrer sozinho que nem ele. Há muito tempo ele brigou com a família inteira e se isolou, não conversou com mais ninguém. Depois que me mudei sozinho pra cá, ela só diz essas coisas, usando de pretexto que quer que meu pai volte a falar comigo, mas ele se recusa pela minha sexualidade.
Um silêncio pesou por todo o cômodo, todos um pouco desconfortáveis com uma das coisas que mais me faz infeliz. Felizmente o silêncio foi quebrado pela batida na porta e um miadinho de Nébula para um outro do lado de fora, então eu já sabia quem era.
Meu coração começou a bater mais forte, mas presumi ser pelo álcool, já que a imagem de Jungkook não poderia me afetar. Mesmo que ele tivesse ridiculamente lindo, com o cabelo penteado para trás, deixando visível a lateral raspada; os desenhos de dragão vermelho na blusa de manga curta preta de botões, estes abertos e deixando a mostra um pouco de seu peitoral, destacando as tatuagens de seu pescoço e a de seus braços, instigando meus olhos a tentar decifrar a que ele escondia por debaixo do pano. O braço esquerdo rodeava a cintura do outro ao seu lado e o direito estava estendido, segurando a caixa de transporte pela alça. Quando seu olhar varreu pela sala e me encontrou, desviei rapidamente pois o de Kwan fez o mesmo.
— Preciso ir ao banheiro — falei, não sabendo especificamente para quem, mas alguém me respondeu onde ficava.
Atordoado me levantei, sentindo o álcool fazer efeito, enquanto o casal entrava na sala. Entrei no corredor um pouco escuro e abri a primeira porta à esquerda como fui instruído, mas não era o banheiro. Tentei a porta à direita, mas era apenas um armário de vassouras. Frustrado, tentei todas as portas, entrando em cada uma, e não encontrava o banheiro em lugar algum. Na última porta do corredor, quando eu ia pôr a mão na maçaneta, a porta foi aberta antes que eu o fizesse.
— Oi docinho, se perdeu? — Jungkook disse, arrepiando todos os pelinhos do meu pescoço, me fazendo cambalear e rir quando ele segurou em meu ombro. — Alguém bebeu mais que deveria, hm?
— Eu estou ótimo, Jungkook! — falei, soando mais alto do que gostaria. — De verdade, não estou tão bêbado. Posso até ficar de quatro sem cair!
— Ficar de quatro? — Ele riu ladino, e eu assenti. Apesar de ter notado o tom safado em sua voz, decidi ignorar.
— Assim, ó! — Coloquei a perna direita sobre a esquerda, dobrando-a, fazendo um quatro. Jungkook riu. — Eu preciso muito ir ao banheiro, Jeonggukie...
— Vem cá, eu te ajudo — Jungkook passou meu braço em volta de seu pescoço como se eu tivesse impossível de me manter em pé, entretanto não o impeço quando ele rodeou minha cintura com o braço para me manter firme ao me pegar.
Jeon Jungkook está me pegando e me levando para o banheiro. Ri sozinho pensando nisso.
Jungkook me ajudou a sentar na tampa do sanitário e molhou a pontinha da toalha de rosto na torneira, passando um pouco pelo meu rosto e eu agradeci por não estar maquiado. Ele passava com cuidado o pano molhado em mim, enquanto eu tinha meus olhos fechados, aproveitando o jeito carinhoso que ele me tocava.
Jungkook estava cuidando de mim.
— Sei que água gelada te deixa mais sóbrio, docinho. — Ele se levantou e foi em direção a pia do banheiro, lavando suas mãos e me olhando assim que termina. — Venha aqui.
E eu fui. Andando um pouco torto, me esgueirei na pia de mármore e ele se aproximou, segurando meu braço.
— Se incline um pouco, vou molhar mais seu rosto. — Ele sorriu com moleza, os olhos um pouco pequenos. — Desculpe se molhar sua roupa, também não estou tão sóbrio assim.
O que fiz em seguida não sei explicar se foi pelo álcool que corre nas minhas veias — apesar de não ser tanto assim — e me torna mais corajoso e impulsivo ou se é uma vontade que tenho quando estou sóbrio, mas jamais admitiria. Em vez de ficar ao lado de Jungkook, me coloquei à sua frente, propositalmente empinando a bunda em sua direção quando me inclinei para que ele molhasse meu rosto. De imediato ele recuou, sequer permitindo que ficássemos tão encostados dessa forma. Jungkook ficou do meu lado, tentando se manter firme e de pé enquanto tentava molhar meu rosto com cuidado.
Quando ele terminou, fechou a torneira e estendeu a toalha para que eu pegasse. Entretanto, eu liguei a água novamente e molhei meus dedos, passando em meus lábios para limpar os resquícios melados do gloss que eu estava usando. Através do reflexo do espelho, vi os olhos de Jungkook atentos em cada movimento que minha boca fazia, vi ele mordendo o próprio lábio quando passo a língua pelo meu e também seus olhos encontrando os meus quando eu sorrio pela reação que causo nele.
Jungkook, em um ato que eu chamaria de impulsivo, por um instante se aproxima de mim quando me ergo novamente até que eu possa sentir sua respiração junto da minha, mas é tão rápido ao recobrar a consciência que simplesmente deixa a toalha em minhas mãos e sai as pressas do banheiro, me deixando sozinho.
Sei que quando o efeito do álcool passar vou praguejar meus atos tanto quanto praguejava-os bêbado.
Depois de me recuperar consideravelmente, seco meu rosto na toalha que ele deixou pra mim e passo uma nova camada de gloss em meus lábios. Me retiro do banheiro e volto para a sala, onde todos estão sentados conversando.
Assim que pouso os olhos em Kwan, ele sorri e puxa o pescoço de Jungkook para ele, que o beija com toda a vontade que eu achei que ele faria comigo no banheiro alguns minutos atrás.
E talvez ainda fosse o efeito da bebida, mas eu queria que fosse eu por um instante.
Ignorei os casais perdidos no mundo deles e fui me sentar onde eu melhor me encaixava: com Yoongi, Yoona, Luma e Nébula, que estavam no canto do sofá brincando com as felinas. Não tinha reparado quando uma música baixa tinha começado a tocar, incapaz de conseguir reconhecer quem cantava, deixando tudo mais um pouco confortável.
— Nossa, coitado do Jungkook — Yoona começou a dizer, baixinho —, parece que o garoto vai sugar a alma dele a qualquer momento.
— Tal como um dementador — Yoongi disse e nós três rimos. — Vai sugar toda a felicidade que existe no Jungkook de novo.
— E vai se repetir tudo... — Olho Yoona de maneira confusa. — Esse garoto é insuportável, às vezes Jungkook conversar comigo era motivo pra ele dar showzinho, mesmo eu já deixando claro que não gosto do que ele gosta.
— Onde você tava, Jimin? — Yoongi perguntou.
— Tava tentando achar o banheiro — me expliquei. — Jungkook apareceu e me ajudou.
— Ah é?— Yoona desviou o olhar de Nébula, que brincava em seu colo, de repente parecendo muito interessada. — Conta mais.
— Não foi nada demais, sua fofoqueira — acusei-a, que arfou fingindo estar magoada. — Ele apenas me ajudou a achar a porta e a molhar um pouco meu rosto, porque eu estava meio tonto.
Deixei de lado os detalhes, sabendo como isso correria pela boca de todo mundo até chegar em Kwan e tudo que eu não precisava era ele ainda mais no meu pé.
— E se a gente jogasse Twister? — Taehyung sugeriu, chamando atenção de todo mundo. — Só que com algumas regras mais... interessantes.
— E essa é minha deixa pra ir dormir — Yoona disse, rindo de nossas falas indignadas. — Não me leve a mal, Taehyung, mas ouvi dizer sobre seus joguinhos pelo campus e não to afim de participar de um onde só tem homens.
— Como sabe? — ele perguntou confuso. — Jimin é bi, poxa. Vocês podiam...
— Mas eu não — ela afirmou, fazendo um biquinho. Eu já estava ciente dessa informação, então não me surpreendi. Por fim ela começou a subir as escadas. — Boa noite, meninos.
— E Min Yoongi que se foda, né? — Yoongi se pronuncia, ganhando nossa atenção. — Tenho cara de castiçal, caralho?
— Você quer ficar com o Jimin? — Fiquei quietinho, observando as reações deles.
Kwan sorria de canto, parecendo se divertir com tudo isso. Hoseok, Namjoon e Seokjin faziam expressões exageradas sorrindo largo e mordendo a língua, principalmente com a última fala de Taehyung. Já Jungkook, apenas estava de cara fechada, olhando para as próprias mãos com o maxilar tensionado.
— Não foi isso que eu quis dizer — Yoongi se justificou, e todos riram para tirar sarro dele. Meu rosto, por outro lado, começou a queimar de vergonha. Ele então se virou para mim. — Só não quero ficar de fora do jogo.
— E você nem negou! — Kwan quem instigou, então os olhos de Jungkook finalmente subiram e vieram em nossa direção por um instante, mas acho que fora mirado em Yoongi desta vez, porém desviando tão rápido quanto.
— Não é isso, porra! — Yoongi se estressou, cruzando os braços. — Jimin é lindo, mas eu não quero ficar com ele. Gosto da nossa amizade como está, não quero estragar nada entre nós.
— Eu já beijei Jimin e nada estragou entre nós dois, só nos aproximou — Taehyung jogou uma piscadela em minha direção e eu revirei os olhos rindo.
Enquanto todos discutiam sobre Yoongi me beijar ou não, Jungkook pega seu celular por um instante, digitando rapidamente e logo o guardando. De canto de olho, vejo Yoongi ao meu lado abrir o chat de conversas com Jungkook, mas não consegui ler o que tinha escrito na mensagem.
— Espera aí, espera aí! — Namjoon quem interrompeu, fazendo todos ficarem em silêncio. — Alguém perguntou ao Jimin se ele quer ficar com o Yoongi ou qualquer outra pessoa?
Todos ficaram em silêncio, com os olhos voltados para mim.
— Jimin — Hoseok me chamou —, você quer ficar com o Yoongi?
Com todos os olhares em mim, principalmente o de Jungkook, eu senti que estava em uma enrascada. Iria negar, usando ainda do argumento de que não estava preparado para fazer isso, mesmo que eu estivesse indo tão bem ao me recuperar de tudo. Entretanto, mudei de ideia ao ver a mão tatuada de Jungkook subindo pela coxa de Kwan, que se aproximava ainda mais dele.
Um beijo não mata ninguém.
— Não tenho problemas em beijar o Yoongi caso tenhamos que nos beijar, por conta das regras idiotas de Taehyung. — disse mais sério do que pretendia, levando todos a darem risada do rosto vermelho de Yoongi.
— Certo, então vai acontecer dessa forma: nós vamos jogar Twister normalmente, exceto que quem cair primeiro tem que beijar se cair em cima de alguém ou beber um shot caso não caia em cima de ninguém.
— Que brincadeira ridícula — Kwan falou, descontente.
Taehyung deu o sorriso mais falso que já vi na vida.
— Não precisa participar se não quiser, Kwan. O Jimin pode tomar seu lugar.
— E novamente, Min Yoongi que se foda né, caralho? — Yoongi choramingou, segurando Nébula em seu colo. — Por isso amo mais a Nébula e a Luma do que todos vocês! Elas não me trocam nunca!
— Não, tudo bem, eu vou brincar — Kwan disse, sarcástico. — Ninguém vai sobrar.
No momento seguinte, Nébula correu do colo de Yoongi e foi pular em cima de Luma, brincando com ela no tapete felpudo da sala. Taehyung colocou o tapete do Twister longe delas, mas ainda sim em cima do tapete macio para ninguém se machucar; preparou a roleta no sofá onde um ficaria de fora para rodá-la. Como eu perdi no jokenpô, fiquei encarregado disso, enquanto os meninos iam primeiro.
Como esperado por todos, o primeiro a cair foi Kwan por cima de Jungkook, então os dois se beijaram mais do que realmente era necessário. Sorri sem vontade para ele quando veio em minha direção e trocamos de lugar; fiquei ao lado de Yoongi e de Jungkook do lado de fora do tapete, seguindo por Namjoon, Seokjin, Taehyung e Hoseok. Kwan rodou a roleta e Yoongi colocou o pé esquerdo no vermelho, que estava bem à nossa frente. Logo em seguida fora minha vez, que coloquei o pé direito no azul, depois Jungkook colocou mão esquerda no verde ao dar a volta no tapete; depois de algumas rodadas na roleta, Jin já estava com a mão esquerda no ver e a direita no azul, os pés cruzados com um no amarelo e outro no vermelho. Hoseok estava em posição de Homem Aranha, o que nos arrancou boas risadas. Taehyung estava com os dois pés no azul e a mão direita no amarelo, deixando a esquerda suspendida no ar ao ficar de costas.
Depois de muita bagunça e rolo entre nós, tentando o máximo que podemos para não nos mexermos e cair, eu estava lutando contra a ardência dos meus braços e coxas para não cair no chão com meus dois pés no vermelho e minhas duas mãos no verde, tendo Yoongi por cima de mim com um pé no amarelo e outro no azul, tentando por a mão no verde ao lado da minha cabeça. Quando ele tentou, um único movimento foi capaz de o fazer cair em mim, levando todos os outros a caírem também.
— Ah, eu tô velho demais pra isso — Jin disse, nos fazendo rir de seu drama.
Taehyung olhou para Yoongi e eu com o olhar sugestivo, então apenas sorrimos ao revirei meus olhos. Ainda sentados no chão, me inclinei no mesmo momento em que ele veio em minha direção e nossos lábios se encontraram num selar suave; sua palma segurou meu rosto com cuidado, enquanto minhas mãos seguraram sua nuca. Dei passagem para que a língua dele se encontrasse com a minha quando ele pediu, então nos beijamos por mais alguns segundos, sem malícia.
Quando me afastei à procura de ar, sorri contra seu lábio e ele fez o mesmo. Todos riram um pouco, mas não prestei tanta atenção pela vergonha me consumindo. Com certeza eu jamais faria algo assim na frente de outras pessoas se não estivesse em tal estado.
— Agora troca: Yoongi vai para o sofá e Kwan volta — Tae anunciou, se pondo de pé.
Todos começamos a ir novamente conforme Yoongi girava a roleta. Não sei como que aconteceu, mas em algum momento Taehyung ficou perto de mim o suficiente para que conversássemos em sussurros.
— Ele beija bem? — me perguntou. Estávamos ao lado de Jungkook e Namjoon, que riam ao olhar a cara um do outro.
— Sim! — respondi animado, mordendo o inferior. — E não vai inventar de cair de propósito só pra me beijar de novo não.
— Jamais!
Todos nos levantamos quando quem caiu dessa vez fora Taehyung em cima de mim, que beijou debochadamente minha mão. Todos nós rimos e mudamos de lugar assim que Taehyung seguiu para o sofá e Yoongi voltou, dessa vez trazendo uma rodada de shot para todos nós, dizendo que estávamos muito sóbrios.
Kwan parecia disputar para ficar sempre por cima de Jungkook, o que me fez rir meio irônico quando o vi me fuzilar com os olhos ao ver quem estava ocupando "seu lugar". Tentando manter o máximo de distância possível, meus pés estavam um em cada lado dos quadris de Jungkook, enquanto minha mão ficava na cor acima de sua cabeça, fazendo com que meus joelhos dobrassem um pouco para que eu alcançasse. Ele estava sentado no ar, embaixo de mim, segurando o peso de seu corpo com os braços enquanto as pernas se esforçam para ficar no lugar. Seus olhos percorreram meu tronco devagar, enquanto eu engolia em seco sentindo sede subitamente. Cada segundo que passava com nossos lumes se encontrando parecia que nosso olhar se tornava tão intenso quanto queimação das minhas coxas pelo esforço que eu fazia para me manter firme. Arfei quando senti meu quadril falhar por um momento, quase me fazendo perder o equilíbrio e quase caindo em cima dele, mas me recuperando logo em seguida, não deixando de reparar a tensão em seu rosto.
Jungkook começou a passear a língua entre os dentes, lambendo o próprio lábio em seguida, chamando minha atenção para o caralho do piercing no canto da sua boca. Quando vê que consegue o quer, ele sorri cafajeste e morde o lábio, parecendo se vingar
Jungkook é como um veneno. Um doce veneno; tão perigoso, mas atrativo e viciante.
Tombei a cabeça para frente quando ouvi seu risinho satisfeito, então eu ri também, mas minha risada morreu quando voltei meu olhar ao seu e minhas pernas cederam, fazendo meu quadril se chocar contra suas coxas e suas mãos me segurar pela dobra do meu joelho impulsivamente, para tentar amenizar o impacto. Minha respiração ofegante se misturou a sua mais uma vez naquela noite e, julgando pelo silêncio, todos já haviam notado que eu havia caído. Minha audição não funcionava normalmente de tão imerso que estava, mas ouvi Taehyung dizer que não precisava ser um beijo na boca para Kwan, que pelo tom de voz não parecia feliz.
Conforme tinha minhas mãos espalmadas ao lado da cabeça de Jungkook no chão, porque ele se deitou, senti seus dedos subindo por minhas coxas e apertando-as com força o suficiente para me fazer arfar de novo, tão baixo que pela confusão de risadas e discussões ninguém além dele conseguiu ouvir, dessa vez com o rosto muito mais próximo ao seu. Senti seus dedos afundando na minha carne, que fez com que involuntariamente eu empinasse um pouco a bunda quando ele me puxou para cima.
Dando o que ele queria, rapidamente me deixei levar por suas mãos e sentei mais a frente, segurando seu queixo com os dedos, o inclinando para o lado, e descendo minha boca pelo seu pescoço, raspando meus lábios de leve pela pele quente de Jungkook, lambendo devagar desde a cabeça da cobra marcada até chegar em seu maxilar, onde eu o beijei lentamente, como se fizesse em sua boca. Sentindo um arfar deixar sua boca e os pelinhos do pescoço arrepiados sobre minha língua, me mexo minimamente sobre sua pélvis, tentando não friccionar nada que possa nos comprometer, mas que é o suficiente para que ele soltasse um gemido rouco não tão audível, que me deixou mais quente do que já estava.
Imediatamente me afastei, me levantando e tentando ignorar as sensações quea bebida alcoólica intensificava no meu corpo.
Quando vi Kwan se soltando dos braços de Taehyung e vindo em minha direção, enquanto Jungkook ainda estava deitado no chão com o braço cobrindo seu rosto, eu me apressei para correr para o banheiro e me trancar lá até que acalmassem a fera. Mesmo estando ainda um pouco tonto e inebriado por ficar tão próximo de Jungkook, consegui ir antes que Kwan me alcançasse.
Algum tempo depois que a gritaria passou, alguém bateu na porta do banheiro.
— Jimin, sou eu — reconheci a voz de Taehyung, então destranquei a porta e o deixei entrar. — Tudo bem?
— Sim, só estava com medo de levar uma surra — comentei, rindo um pouco.
— Jungkook não deixaria Kwan te bater — Tae afirmou com convicção.
— Enquanto o Kwan tentava voar em mim, o Jungkook tava jogado no chão escondendo o rosto — retruquei. Taehyung estalou a língua no céu da boca.
— Eles dois conversaram e o Jungkook tentou convencer ele que vocês não se beijaram — Taehyung se encostou na pia, cruzando os braços e me encarando. — É verdade?
— Claro que é! Vocês não viram? — pergunto indignado.
— Na verdade, sua cabeça tapava o rosto de vocês dois — Passei as mãos pelo rosto, introduzindo meus dedos no cabelo em seguida e o penteando para trás. — Parecia muito que vocês estavam se beijando pra caralho.
— Eu beijei o pescoço dele — expliquei, e Taehyung ergueu a sobrancelha. — Juro! Minha boca nem chegou perto da dele. Eu nem queria beijar ele, só fiz pelo jogo!
— Do jeito que vocês estavam parecia que os dois queriam — Tae retruca, rindo de lado. — E muito.
— Provavelmente foi coisa do momento, eu cai bem em cima dele... — lamentei, apesar de não me arrepender tanto e sorrir ao morder o lábio. Taehyung riu também. — Tenho medo que nossa amizade vá para o beleléu de novo.
Taehyung abriu a boca pra falar, mas no momento fora interrompido por três batidinhas na porta.
— Tá ocupado. — respondi prontamente.
— Jimin, sou eu, o Jungkook. — No mesmo momento Taehyung e eu nos olhamos em choque. — Podemos conversar?
Taehyung e eu conversamos por gestos exagerados, tentei convencê-lo de falar que to passando mal mas ele não quis, dizendo com as mãos e movendo os lábios que precisamos resolver de uma vez. Fui em direção a porta e destranquei, abrindo-a e dando espaço para Taehyung passar.
— Licencinha — ele saiu na maior cara de pau, o que me fez rir um pouco enquanto Jungkook acompanhava seus passos.
Ele entrou no banheiro assim que me afastei da porta, que fechou atrás de si e ficou encostado, olhando para o chão. O observei, me encostando na parede e cruzando meus braços. Ele parecia tenso, algumas mechas do seu cabelo caíam na sua testa e as mangas da blusa haviam sido dobradas até o ombro. Quando senti minha respiração ficar mais difícil conforme o observava, estando a sós dentro do banheiro com ele depois de ter lambido seu pescoço, pude jurar sentir minhas pernas falharem quando seu olhar subiu de encontro ao meu de novo e vi suas pupilas dilatadas nos olhos tão escuros que quase não dava para vê-las. Desviei o olhar, tentando me manter em pé.
— Kwan foi embora — ele se pronunciou, não se atrevendo a se aproximar de mim assim como eu também não me atrevia. — Disse a ele que amanhã conversamos sobre isso porque hoje não estamos em condições, e não é te batendo que vamos resolver.
Eu acenei com a cabeça, não sabendo exatamente o que dizer.
— Hum... Obrigado. — Jungkook suspirou, deixando a cabeça encostar na porta.
— Jimin... — Ele fez menção de se aproximar, mas desistiu no mesmo momento e manteve seus pés no mesmo lugar. — Preciso saber. Você quer que eu me afaste de você de novo?
— O que? — perguntei retoricamente, não esperando sua sugestão.
— A última vez que estivemos tão próximos assim você pediu para que eu me afastasse — ele explicou, a voz soava mais grave do que normalmente. — Preciso que me deixe saber se você quiser se afastar.
— Não! — Quase saio de meu lugar para ir até ele, mas não sabendo se fora minha consciência ou a tensão pesada que nos rodeava, recuei. — Não precisa, não foi nada demais o que aconteceu.
— Nada demais? — Jungkook riu ironicamente, passando a língua no interior da bochecha.
— Estamos todos um pouco bêbados, Jungkook. — me justifico. — Não foi nada demais o beijo em seu pescoço, assim como também não foi nada demais o beijo com Yoongi.
— Certo. — Jungkook tinha o maxilar travado, cruzando os braços, deixando-o um pouco intimidador. — Então vamos fingir que você lambendo meu pescoço enquanto eu gemia pra você nunca aconteceu. Não é nada demais, docinho.
— Jungkook...
— Assim como você não pareceu gostar das minhas mão te apertando enquanto você estava sentado no meu colo, não é grande coisa. — Dessa vez, ele não desistiu de se aproximar, vindo em minha direção e diminuindo o espaço entre nós dois. — Eu só não entendo o porquê você achar que tudo bem beijar o Yoongi, já que não é nada demais porque vocês são amigos, mas não consegue ficar tão perto de mim como estamos agora. Mesmo quando estamos sozinhos você parece fugir de mim, então me responde uma coisa, docinho. — Jungkook me prensa na parede, colocando o joelho entre minhas pernas, a mão esquerda no azulejo ao lado da minha cabeça e a palma direita na minha bochecha, fazendo com que eu feche os olhos com seu toque quente, minha respiração acelerando conforme sua palma desce até sua mão tatuada encaixar perfeitamente em meu pescoço tirando todo o meu fôlego, mesmo que ele não fizesse pressão alguma com os dedos. — O problema é me beijar e não ser nada demais pra você?
Jungkook estava muito perto. Quando abri meu olhos, os dele estavam vidrados em minha boca entreaberta, até que ele sobe até os meus e ri quando pressiona ainda mais seu joelho entre minhas pernas, me fazendo soltar um gemido tão baixo que não seria capaz de ouvir se não fosse nossa proximidade. Jungkook subiu sua mão do meu pescoço e passou o polegar pelo meu lábio inferior, sorrindo enquanto via o quanto me afetava.
Então subitamente ele se afastou de uma vez só, indo para a porta novamente.
— Só quis te dar algo a mais para tentar esquecer, Jimin. — falou, mas eu não vi seu rosto por ainda estar de olhos fechados, sem coragem para olhá-lo agora. — Eu não ia te beijar de verdade, docinho.
— Por que? — foi tudo que consegui perguntar.
— Porque só vou te beijar quando você me pedir. Quando você implorar.
Ao ouvir a porta abrir e fechar, deixei que meus pés escorregassem até que me sentei no chão do banheiro, completamente frustrado e excitado, declarando meu ódio a Jeon Jungkook e tudo o que ele me causa.
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Cap importante e gostoso demais, tava muito ansiosa pra que lessem :)
Qual a parte favorita de vocês? A minha é o Yoon com as gatinhas e os jikook no banheiro, hehe.
Uma coisa super importante, que vou add nos avisos iniciais! No twitter, nem sempre as coisas que acontecem na conta dos personagens acontecem na fic, ta? São exclusivos de lá, pra entreter vocês enquanto a att não vem! :))
Aliás, o próximo é pov do nosso garoto veneno, então até lá!!
TWITTER DOS PERSONAGENS:
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Bjinhos '³' 🐾