Lorenzo
Assim que pisei no Brasil fui direto para o hospital ver a minha neta.
Quando cheguei no hospital dei de cara com o meu filho, ele estava na recepção sentado.
_ Oi filho!
Falo dando um abraço nele.
_ Oi pai!
_ Está esperando pra subir?
Pergunto.
_ Estou sim!
Quando eu ia dizer abrir a minha boca, uma enfermeira apareceu dizendo que podíamos subir.
Assim que entramos no elevador pude sentir que Esdras estava distante.
O elevador apitou nos lembrando que tínhamos que descer. A enfermeira nos acompanhou até uma sala onde teríamos que trocar de roupa.
Fizemos o que ela mandou.
_ Só pode entrar um por vez, então quem vai primeiro?
Ela perguntou e eu levantei a mão. Estava louco para ver a minha neta.
Ela me acompanha e me mostra onde Ravenna está.
Ela é a coisinha mais linda que meus olhos já viram. Ela é bem pequena, tem a pele bem branca e os cabelos bem pretos.
_ O senhor pode tocar nela, colocando as mãos por aqui.
Ela mostra, como fazer e eu rapidamente faço o mesmo.
_ Só peço para o senhor não tirar essa faixa que está nos olhos dela.
_ Tudo bem!
Digo já emocionado. A enfermeira saí me deixando sozinha com ela. Passo minha mão por todo o rostinho dela, fazendo carinho. Me abaixo um pouco e falo com ela.
_ Minha pequena, você tem que sair daqui logo, vovô está doido pra encher você de beijos.
Seguro na sua mão e ela segura em um dos meus dedos. As mãozinhas são tão pequenas que pareço um gigante diante delas.
Fiquei um bom tempo conversando com ela e depois sai para o Esdras entrar.
Depois que saímos do hospital e fomos pra casa, Esdras falou que queria conversar comigo e com a Vanessa.
Assim que chegamos ele pediu para a gente esperar na sala, já que ele tinha uma ligação pra fazer.
Fiquei conversando com Vanessa até ele voltar.
Assim que ele voltou se sentou e começou.
_ Preciso contar uma coisa, e nem sei por onde começar.
Ele fala e eu fico preocupado.
_ Tem alguma a ver com Ravenna? Ela está com alguma coisa?
Pergunto preocupado.
_ Tem a ver com a Ravenna. E ela não está doente, pai. É que.
Ele suspira pesado e passa as mãos pelo cabelo.
_ Ravenna não é minha filha. Bom, pelo menos não de sangue.
O mundo parou por centésimos de segundos. Mais que merda ele estava falando.
_ Como assim Esdras ela não é sua filha?
Pergunto já bravo.
_ Ela é filha de Ravier! Catarina engravidou dele e deixou que eu acreditasse que a menina era minha.
_ Meu Deus do céu Esdras. Você sabe o que vai acontecer se o conselho descobrir sobre isso. Eles irão matar essa criança.
_ NINGUÉM VAI PÔR UM DEDO NA MINHA FILHA!
Ele diz irritado. Poucas vezes vi Esdras desse jeito. Tenho certeza de que ele não irá deixar com que façam mal a ela.
_ Pode ter certeza disso meu filho. Estamos aqui para protegê-la.
Digo.
_ É sobre isso que eu queria falar. Pai preciso resolver uma coisa no litoral, mas volto no mesmo dia. Tem como o senhor ficar de olho na Ravenna pra mim?
Ele diz e vejo Vanessa se mexer, inquieta. Aí tem coisa.
_ Claro!
Digo.
Ele se vira para Vanessa.
_ Vanessa eu sei que você não gosta de mim e tem seus motivos pra isso. Mas preciso da sua ajuda.
Ele diz.
_ Se estiver ao meu alcance irei ajudar.
Ela diz seca.
_ Preciso que você monte um quarto para Ravenna, não tivemos tempo. E ela não vai demorar muito pra sair do hospital. Compre tudo o que você achar necessário, e não se preocupe com o dinheiro. Irei lhe dar um cartão para comprar as coisas.
Ele diz e Vanessa assente.
_ Mais alguma coisa?
Ela pergunta.
_ Só isso mesmo!
_ Ok. Irei dormir, estou cansada.
Ela diz, mas sabemos que ela não suporta a presença de Esdras e ela tem os seus motivos.
_ Ela não me suporta!
Ele diz.
_ De um tempo também né, você queria o que? Que ela te idolatrasse depois de tudo o que você fez? Ah me poupe né Esdras.
Falo irritado. Esdras tem que entender que tudo o que ele faz tem consequências. Esdras não passa de uma pessoa mimada.
_ Não pai! Mas queria um pouco mais de compreensão.
Diz.
_ Meu filho, você não pode simplesmente fazer as coisas e achar que as pessoas vão ficar bem com você. Elas não vão, Esdras, elas tem sentimentos. Nem todo mundo foi criado para ser frio e calculista como você. Entenda isso!
Digo isso subindo para o meu quarto. Passo pelo quarto de Vanessa e tento entrar, mas a mesma trancou a porta.
Amanhã falo com ela.
Vou para o meu quarto, preciso de uma boa noite sono.
[...]
Acordei com o alarme do meu celular tocando. Levantei, tomei banho e desci para tomar café.
Quando cheguei na sala, só encontrei a Vanessa. Fui até ela e lhe dei um selinho.
_ Está tudo bem?
Perguntei.
_ Você acha que está tudo bem?
Fala com ironia.
_ Vanessa eu sei que você não gosta do Esdras e não está feliz por está aqui o ajudando. Mas por favor tenta não ser rude e arrumar confusão por nada.
_ Por nada Lorenzo. Você sabe o que o seu filho foi fazer no litoral?
Pergunta.
_ Não!
Falo.
_ Ele foi atrás da Elena! O seu filho não sabe o que quer. Quando a minha amiga precisou dele ele preferiu aquela puta da mulher dele. E bem feito pra ele.
Só que agora ele acha o que? Que pode estalar os dedos que Elena vai voltar correndo pra ele. Quem ele pensa que é? O rei de sabá?
_ Vanessa.
Tento falar mas ela me interrompe.
_ Não, agora você vai ouvir. O seu filho é doente. Ele acha que pode usar as pessoas, jogá-las para escanteio e depois ir buscar como se nada tivesse acontecido. E os sentimos da minha amiga, não valem nada?
Ela faz o que com tudo o que passou? ENFIA NO CU?
Ela fala alterada.
_ Eu acho bom você dá um jeito no seu filho. Até porque ninguém muda do dia pra noite. E você sabe muito bem disso. E se ele tentar alguma coisa contra a minha amiga, ele vai se ver comigo.
Eu já estou cansada dessa merda. Ele não pode deixar ela em paz, e simplesmente ir seguir a vida dele?
_ Esdras não é uma pessoa normal Vanessa. Ele tem seus demônios. Suas feridas, ele não foi criado para mostrar os sentimentos dele. Então o modo como ele faz é errado. Entenda isso.
Digo.
_ Meu Deus Lorenzo. Você está se escutando? Você está mais uma vez defendendo ele. Justificando uma coisa injustificável. Esdras errou e ele tem que pagar por isso.
_ Eu sei!
Digo passando as mãos no meu cabelo.
_ Ele tem que entender que na vida, quando fazemos escolhas consequentemente, abrimos mão de alguma coisa. E ele abriu mão de Elena.
Agora ele não pode simplesmente voltar como se nada tivesse acontecido.
Ela diz.
_ Irei conversar com ele quando ele voltar.
É a única coisa que digo.
_ Acho bom. Agora preciso ir.
Ela sai e me dá um selinho.
Querendo ou não Vanessa está certa. Esdras fez as escolhas dele. Ele não pode simplesmente voltar e reivindicar algo do qual ele já abriu mão.
E meu irmão que não fique sabendo dessa história.