⚠️ AVISO DE GATILHO 》Conteúdo sensível. Dependência emocional e distúrbios alimentares. ⚠️
𖤍 T a l i s s a 𖤍
Encarar Loki com aquelas correntes me fazia sentir péssima. Toda a situação ainda parecia irreal. Parecia mentira. Eu o abracei o máximo que pude, mas não sentir suas mãos me envolverem e devolverem o carinho me deixou triste. Suspirei pesado, me afastando, e ele me encarou por completo, sorrindo.
— Queria que tivéssemos mais tempo. Queria poder me explicar, dizer tudo o que você merece ouvir. Sei que deve estar com raiva agora, e me mata saber que tudo é culpa minha, mais uma vez.
— Loki, eu estou com raiva, sim, mas isso não vai mudar meus sentimentos por você. Eu sei o que sentia por mim, sei que era verdadeiro, mesmo que envolto em mentiras para me usar. Eu estou furiosa com você, Loki, mas eu ainda estou disposta a te ouvir. Não queria que o desfecho dessa história fosse esse, por mais que você mereça. Mas por favor, não pense que isso é uma despedida. Teremos outros momentos. Você terá sua chance de se explicar, meu bem. Estou disposta a ouvir tudo o que sei que tem para dizer.
— Eu não tenho tanta certeza, my dear. Não acho que teremos mais tempo. Só posso desejar que essa raiva no seu coração não supere os seus sentimentos. Que se lembre de mim como um bom amor. Eu nunca quis te fazer mal, nunca. Um dia você vai entender tudo. E se esse dia chegar e eu não estiver com você, saiba que pensarei em nós. No seu sorriso, no seu toque... Em você. Sempre.
— Loki, por favor, não fale assim. Isso não é nossa despedida.
— É sim. Sei que se um dia eu sair dali você já não vai mais estar em Asgard. Queria poder olhar bem em seus olhos antes de te ver voltar para casa, talvez até voltar com você, mas sei que não vai ser possível, por isso estou me despedindo aqui.
— Loki, amor... Não faz isso. Não tem que ser assim.
— Tem, Lis. Você precisa disso. Precisa viver sem mim. Estou recebendo o que mereço por tudo o que fiz. Espero que você fique bem depois dessa. E quando voltar ao Olimpo, conte a eles sobre o amor épico que viveu em um mundo diferente. Sobre como foi amada por um deus que não amava ninguém. — Pede, se afastando. — Eu vou sentir sua falta, praguinha. Todos os dias.
— Eu também, meu bem. Nada será o mesmo sem você. — Digo e ele assente, se afastando mais.
Minha cabeça doía, assim como meu estômago, garganta, coração... Ah, meu coração se apertava conforme ele ia embora, levado por correntes, como um animal. A dor da perda e da distância era quase física. A perda dele, a despedida que mal pudemos ter. Doía no peito, doía na alma. Quanto mais ele ia, mais um buraco se instalava em mim, se abria no meu peito, me deixando mais e mais instável.
Saí do grande salão sem falar com ninguém. Não queria e nem conseguia conversar agora. Voltei as pressas para o corredor dos quartos, mas desisti de entrar no meu assim que passei pela porta do quarto de Loki. Empurrei-a, vendo o cômodo pouco bagunçado, da forma como deixamos antes. E adentrei o local, fechando a porta.
Seu cheiro forte e marcante ainda estava instalado aqui. Eu quase podia sentir sua presença. Me deitei na cama, me cobrindo com os lençóis e abraçando os travesseiros. Tudo tinha o cheiro dele. Tudo me trazia um sentimento vívido que eu já sentia falta.
Na verdade, já sentia falta de muita coisa.
Estava furiosa com Loki, sim, muito. Não deixaria impune todas as mentiras que contou e como me enganou, mas era ainda pior não o ter comigo. A falta dele era pior do que a raiva. Muito pior. Doía tudo o que se podia doer. Doía em todo lugar que ele costumava me tocar, me acariciar. Doía de saudade.
Ah, Loki, o que você fez comigo?
『••✎••』
⎊ N a r r a d o r a ⎊
Exatos quinze dias se passaram desde a sentença de Loki. Ele não podia receber visitas, como fora ordenado por Odin, e por hora todos respeitavam isso, embora Frigga já pensasse em formas de vê-lo. Sempre ignorava os pedidos de Odin pelo isolamento do filho e nunca se arrependia disso. Já havia mandado diversos livros para que Loki se distraísse, mas por enquanto sua preocupação era outra.
Lis, a qual Frigga ainda considerava e chamava publicamente de nora, estava mal. Assim como o companheiro, ela também estava isolada, mas por vontade própria. Fazia as refeições no quarto de Loki, dormia lá, vivia lá. Seus vestidos já foram postos no guarda-roupas do príncipe, e ela mal usava o próprio quarto.
Frigga fez questão de levar café da manhã para ela todos os dias. O almoço era entregue por uma servente do palácio, e a entrega do lanche da tarde também era feita por Frigga, que utilizava o tempo para conversar com ela. Tentar tirá-la dessa maré de tristeza e mágoa. Algumas vezes a janta foi entregue por Thor, que também conversava com a cunhada, tentando distrai-la e distrair a si mesmo.
Mesmo com a preocupação iminente de todos, Lis comia pouco. Já obtinha uma aparência doente, estava um pouco mais magra, os dedos mais esguios e o corpo frágil. Também não havia passado muito bem os últimos dias. Se sentia cansada mesmo sem fazer absolutamente nada. Se sentia tonta em muitos momentos, quase nauseada. E isso dava mais corda para os achismos de Frigga sobre o que seria a sua “doença”.
— Deveria ir falar com Loki sobre isso. — Eira sugeriu, com Stela no colo.
— E eu vou. Odin vai conversar com Heimdall amanhã sobre a convergência, vou aproveitar para ir vê-lo,
— Por falar nisso, quantos dias faltam?
— Não sei exatamente, mas não mais que sete.
— E depois, só daqui há muitos séculos. — A companheira da rainha diz, terminando de vestir a criança. — Stela está pronta.
— E lá vou eu...
— Acha que isso vai mesmo dar certo, Frigga?
— Espero que sim. Lissa costumava ficar animada quando cuidava dela. Talvez ver Stela a faça se sentir melhor.
— Espero que sim. Não custa tentar. Quer ajuda com a bandeja?
— Aceito. Vamos.
Em silêncio, as duas caminharam para o corredor dos quartos. Frigga bateu duas vezes na porta e entrou, como já tinha o costume de fazer. O cômodo guardava um silêncio descomunal. Os últimos raios de sol que ainda tocavam a janela do quarto já se dissipavam, indicando o final de mais um dia.
Lis estava deitada. Parecia dormir. Estava encolhida, em posição fetal, enrolada nos lençóis verdes. E a sua frente, repousava o elmo dourado de Loki. Frigga sorriu com a cena, e sentiu certa pena dela. Estava sendo muito difícil os dias sem ele, mas Talissa era quem mais sentia isso. Ele era sua companhia por todo o tempo, por isso ela entendia a nora, e se solidarizava com ela.
Sabia que Lis estava superando. Pouco a pouco, dia após dia. Ela ficava melhor, mesmo que não percebesse, e estava perto de largar sua dependência emocional pelo deus. Mas isso não alterava o seu humor. Nem um pouco.
— Tali? Está acordada?
— Estou sim. — Disse, abrindo os olhos devagar e encontrando a sogra pondo a bandeja de comidas leves na ponta da cama.
Stela ficou feliz por ver Talissa, e seus grunhidos chamaram a atenção da guerreira, que sorriu para a pequena. Pela primeira vez em quinze dias ela sorriu, genuinamente. E sentou-se na cama, parecendo mais disposta, e tomando Stela nos braços.
— Sua companheirinha estava inquieta hoje. Achei que ambas gostariam de se ver.
— Fico feliz que a tenha trazido. Senti falta dela. — Talissa disse, deixando Frigga mais esperançosa.
Essa fora a única das tardes em que ela comeu tudo o que Frigga trouxe, é claro, dividindo com a pequena Stela e com a sogra. Lis sentia-se um pouco melhor, e até arriscou uma caminhada de volta até a cozinha, ajudando Frigga a levar a bandeja de volta. Passaram na enfermaria, onde Lis cumprimentou Eira e Fulla, que ficaram felizes por sua aparição, e então voltaram para o quarto de Loki.
— Está mesmo bem? As dores passaram?
— Quase todas.
— O que ainda sente?
— As mesmas dores abdominais. Mas agora já estão mais fracas.
— Que bom. Não hesite em me chamar se sentir algo, viu?
— Não irei, não se preocupe.
— Ótimo. Agora vou lhe dar privacidade.
— Ahm, Frigga... Se por acaso conseguir ver Loki, pode levar-lhe estes dois livros? Ele estava lendo e ainda não terminou.
— Tentarei mandar entregarem.
— Obrigada.
— Por nada. Agora descanse, sim?!
— Sim, irei...
A rainha finalmente deixou o quarto da guerreira, e já era tarde. A noite já havia chegado e a lua já brilhava sobre o céu asgardiano. Lis aproveitou o cansaço para tomar um banho, vestir-se e deitar-se. E não demorou a dormir. Cedo, sim, bastante, mas esta era sua rotina agora.
『••✎••』
O dia já havia raiado há horas. Todos já estavam acordados no palácio, mas bem dispersos. Thor fora acompanhar o pai na sua visita a Heimdall, Sif fazia seus exames de rotina com Eira, para saber de sua saúde e da bebê, que já quase completava sete meses. Lis permanecia no quarto, hoje sentia como se fosse expurgar todos os seus órgãos, pois já não havia mais o que sair e ela continuava enjoada.
Frigga agora estava bem longe de todos eles. Descia as escadas em direção as masmorras, onde ficava a prisão de Asgard. Loki permanecia em uma cela distante. Longe do barulho dos outros prisioneiros. Mais isolado, mas mais tranquilo. A rainha levava consigo os livros que Talissa pedira, e já se aproximava da cela do filho.
Ele estava sentado na espreguiçadeira. Encarava o teto como fizera várias vezes nos últimos dias. Percebeu a presença da mãe e olhou em sua direção, quase deixando um sorriso escapar. Ela passou pela magia que mantinha Loki e todos os outros prisioneiros dentro de suas celas e caminhou até o filho.
— Como você está?
— Exausto. Havia esquecido como era estar preso. — O príncipe responde com desdém.
— Não seja arrogante, Loki. Sabe o que fez para estar aqui. São suas consequências. — A rainha diz, e ele desvia o olhar. — Talissa pediu que eu os entregasse a você. Disse que estava lendo e não terminou.
— Ela mandou algo mais? Mandou dizer algo?
— Não. Pareceu querer dizer, mas não disse nada.
— E como ela está? — Loki questionou, deixando os livros na mesa de cabeceira.
— Péssima, mas melhorando. Sua prisão a deixou doente. Esteve comendo pouco nos últimos dias, só dorme e não sai do seu quarto.
— Ela está dormindo no meu quarto? — Questionou, e a mãe assentiu.
— Vive enrolada nas suas cobertas e mantém seu elmo consigo, sempre perto.
— Ela disse algo sobre ir para casa?
— Conversou sobre isso com o seu irmão anteontem. Quer voltar antes da convergência, ajudar a mãe nas batalhas.
— Odin permitiu?
— Já. Mas tenho quase certeza de que ele quer falar com você primeiro. Não seja arrogante com ele.
— É um tanto difícil.
— Loki, se continuar nessa, nunca sairá daqui. Tenho tanto medo do que pode perder se continuar assim. Se continuar preso aqui.
— Eu já perdi tudo o que era possível. Perdi a mulher da minha vida, e mais uma vez minha liberdade. O que mais posso perder?
— Um filho. — Frigga é sincera. Encara Loki, que parecia perplexo e confuso. Assustado. — Eu tenho quase certeza que Talissa está grávida.
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Oie!
Como vocês estão depois desse capitulinho bem sensível? Espero que bem.
Não vou mentir, eu vejo os comentários de vocês e sorrio horrores quando acertam as coisas que estão para acontecer, mas olha... Eu diria para não criarem muita expectativa sobre esse certo assunto não, viu?!
No próximo já vamos entender e ter muitas respostas sobre essa suspeita da Frigga.
Espero que estejam gostando até aqui! Faltam poucos capítulos também para muitas coisas serem resolvidas e talvez quem sabe um possível retorno à Midgard???
Nos vemos no próximo, amores. Se cuideeem!
Xero 💚💚