Duas horas depois, nós dois resolvemos voltar para o nosso quarto. O plano era trocarmos de roupa e assim aproveitar o resto do dia na água, de preferência em uma praia que a Charlotte não estivesse.
Depois que contei para o Bruno sobre o meu desagradável encontro com sua ex, ele ficou tenso. Já era esperado essa reação dele, mas eu não ia deixar ela estragar nossa viagem.
- Mais fotos? Você já deve ter tirado mil delas. - meu marido comentou, quando paramos em frente a porta do quarto.
- Ainda é pouco já que nossa viagem mal começou. - falei, e desliguei a câmera sabendo que ela precisava carregar. - E você tem que mudar esse humor, está olhando em volta como se a qualquer momento alguém fosse aparecer e nos atacar.
- Você também devia ficar esperta. - disse, e franziu o cenho. - Na verdade, estou surpreso com sua calma, ainda mais levando em conta a nossa atual situação.
Me afastei dele e joguei meu cabelo para trás assumindo uma postura confiante.
- Você agora está olhando para uma nova mulher. - falei, e sorri. - Essa minha nova versão não se preocupa com coisas irrelevantes, só mantenho agora minha atenção no que realmente importa. Ainda mais porque sei que nosso encontro aqui com aquela pessoa que não irei pronunciar o nome, é uma desagradável coincidência.
- Entendi, então ao invés de você encarar o problema de frente você vai criar uma nova personalidade e simplesmente ignora-lo?
- O que? - falei, parando de sorrir. - Eu não tinha pensando desse jeito.
Suas palavras acabaram me deixando pensativa.
Bruno pegou o cartão de acesso e usou ele para abrir a porta. Segui ele para dentro do quarto e vi quando meu marido pegou meu celular que estava jogado na cama.
- O que vai fazer? - perguntei, vendo que ele começou a digitar um número.
- Ligar para alguém que vai resolver esse problema de uma só vez.
Senti um frio na barriga imaginando o que esse "alguém" vai fazer.
- Olha, eu odeio essa pessoa que não vou pronunciar o nome, mas eu não quero que ela morra. Não vou dar uma de hipócrita e falar que desejo coisas boas para ela, porque não desejo, quero que ela sofra, mas mata-la? Já é demais.
Ele me olhou parecendo achar graça das minhas palavras.
- Eu não vou contratar alguém para matar a Char... - deu uma pausa quando viu minha careta. - a pessoa que não devemos pronunciar o nome.
- Não? - perguntei, aliviada.
- Óbvio que não, Helena. Não me agrada nem um pouco você pensar que tenho esse tipo de contato.
- Não me julgue, já assisti muitas séries de famílias podres de ricas que fazem isso. - exclamei.
- Não precisa se preocupar, nossa família não é assim. - garantiu.
- Isso é bom, não sei como ia preparar a meninas para te visitar na prisão caso você fosse preso.
- Por que eu ainda fico surpreso com as coisas que você fala e faz? - disse, sorrindo. - Vai se trocar, eu cuido disso.
Deixei ele resolvendo o que quer que fosse no telefone e fui me trocar. Depois de já estar usando o biquíni, vesti um short e amarrei meu cabelo.
Quando voltei para o quarto, meu marido não estava mais com o meu celular.
- Pronto? - perguntei, animada. - Acho que a câmera aguenta mais algumas fotos antes de descarregar.
- O que me impressiona é a memória dela ainda estar aguentando.
Quando saímos, liguei novamente a máquina e tirei mais algumas fotos pelo caminho até a praia. Chegando lá, vi que não tinha muitas pessoas na areia. Lembrei que no site dizia que aquela parte da ilha era exclusiva.
No entanto, como já estava começando a esfriar, resolvi sentar na areia e só apreciar a vista.
Bruno não falou nada e sentou ao meu lado.
- Eu poderia me acostumar com isso. - falei, maravilhada. - Acordar todo dia com essa vista...
Uma coisa que eu não ia reclamar. Por isso tantas fotos, não era só para o álbum.
Momentos como aqueles mereciam ser eternizados.
- Estou satisfeito com minha própria vista todo dia que acordo. - ele disse, e olhei na sua direção. - Pena que ela ainda não vê o quanto é perfeita.
- Você está quase fazendo ela acreditar nisso. - exclamei, sentindo um nó na garganta com a forma que ele estava me olhando.
Uma das razões por eu ter me apaixonado pelo Bruno foi a forma que ele me encarava.
Ele sempre disse mil coisas com um simples olhar, sempre muito transparente.
Isso um dia me assuntou, mas não era mais o caso.
Eu adorava aquilo nele.
- Acho bom, porque ela sabe que eu nunca mentiria. Não para ela.
Não me segurando, me inclinei na sua direção e beijei seus lábios.
- Eu te amo. - falei, quando afastei meu rosto do seu. - E te amaria mesmo que sua família fosse envolvida com coisa errada.
Ele riu.
- Fico aliviado em ouvir isso. - disse. - Eu também te amo.
Deitei minha cabeça em seu ombro e assim passamos as próximas horas.
Só apreciando a companhia um do outro.
Mais tarde, com a lua tomando conta do céu, estávamos deitados na areia.
- Eu quero voltar a estudar. - falei, adorando o silêncio a nossa volta. - Eu pretendia fazer isso enquanto ainda estava no Brasil, mas então você reapareceu na minha vida, eu engravidei... sabe o resto.
- O que você vai estudar? - perguntou, curioso.
Virei minha cabeça na sua direção e sorri.
- Não faço ideia. - revelei. - Não fazia ideia no Brasil, e não faço ideia aqui.
- Não precisa ter pressa também. - disse, ainda encarando o céu.
- Fala isso porque você tem a vida ganha.
- Você também tem a vida ganha agora, tudo que é meu, é seu. - contou. - Não leu os papéis do casamento?
Forcei minha memória tentando lembrar o que estava escrito.
- Está falando sério? Tudo?
- Se a gente se divorciar, você leva metade. Igualmente.
- É estranho pensar em tanto dinheiro, ainda mais que ele está na minha conta bancária.
Bruno já estava acostumado, ele cresceu nessa vida, eu estava entrando agora.
- Podemos até comprar nossa própria ilha, assim ficaríamos sem roupas e eu teria você em todos os lugares.
- Você pode me ter aqui.
- Não sem que fossemos expulsos.
Realmente, e não seria nada agradável alguém nos flagrando de novo. Da última vez, quase morri de vergonha. Ainda conseguia lembrar da forma que aquela mulher me olhou depois de me ver agarrando o Bruno na escadaria do prédio.
Sentei na areia e olhei em volta tentando indentificar de onde estava vindo a música que começou a preencher o silêncio.
Era uma melodia calma e combinou com a calmaria das ondas.
Bruno não pareceu interessado em saber de onde estava vindo a música, mas sim em querer usar a nosso favor.
Ele levantou e estendeu a mão na minha direção.
- Me concede essa dança? - perguntou.
Coloquei minha mão na sua e ele me ajudou a levantar, para logo depois me puxar em direção a seu corpo.
- Então você sabe dançar? - questionei, quando ele segurou minha cintura.
- Eu já fui rei de um baile na época da escola. - contou, me surpreendendo. - Não fique tão surpresa, você pode ter domado meu charme, mas ele rodou muito por ai antes de você aparecer.
Ele falou "rodou" e me girou. Quando voltei a me aproximar do seu corpo, ergui a cabeça para encarar seu rosto.
- Eu te domei? Que bom que você sabe quem manda nessa relação. - falei.
- Você quem manda? Então por que na maioria das vezes você quem faz tudo que eu peço?
- As vezes eu fico de bom humor. - falei, sorrindo.
Bruno me girou mais uma vez e voltamos a dançar. Mesmo quando a música fechou ao fim, continuamos na mesma posição.
- Eu quero te beijar. - ele disse, e passou um de seus dedos pelos meus lábios deixando minha boca seca.
- Pode beijar. - falei, ansiando por aquilo.
- Mas o jeito que eu quero te beijar não é permitido em público.
Engoli em seco sentindo o mesmo tipo de desejo.
- Vamos voltar para o quarto. - sugeri.
- É uma ótima ideia.
O caminho até o quarto foi feito em silêncio, e assim que entramos, Bruno fez exatamente aquilo que estava querendo.
E eu retribui seu beijo com a mesma intensidade.
Me segurando, ele andou para trás até que sentou na cama. Como eu ainda estava de pé, tive que me inclinar para continuar o beijo. Meu marido desfez o nó da parte de cima do biquíni fazendo o pedaço de pano cair no chão.
Sentindo meu coração batendo rápido no peito, eu tirei meu short e a parte de baixo do biquíni, só para sentar completamente nua em cima dele.
Bruno segurou minha cintura com mais força me deixando inquieta em seu colo.
- Você não disse que ia sentar em cima de mim? - Bruno exclamou, em um tom baixo. - Agora vai ter que cumprir.
Quando ele deitou suas costas na cama, me inclinei novamente na sua direção fazendo meu cabelo cair em volta do seu rosto.
Fiquei olhando ele por alguns segundos e então abri os botões da sua camisa para beijar seu peito.
Bruno segurou meu cabelo e me puxou para voltar a colar nossos lábios.
Coloquei uma mão entre nossos corpos e desci para abrir o zíper da sua bermuda. Ficando satisfeita quando sua respiração também acelerou, eu continuei tocando ele até segurar seu membro. Antes de tirar ele para fora da bermuda, comecei a massageá-lo, fazendo o Bruno me beijar com mais força.
Quando o desejo cresceu, eu não aguentei aquele jogo por muito tempo, e enquanto meu marido continuava me beijando, conduzi ele para dentro de mim.
Foi devagar, assim eu consegui sentir cada pedaço dele. E, com nossos corpos ligados, comecei a me mexer em cima dele.
Nunca tive tanto prazer em cumprir com minha palavra.
O cap de madrugada voltou.
Desculpem qualquer erro e tchau.