Precious ¦ pjm+jjk

By bttomjjk

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Onde, mesmo envergonhado, Jimin gostava de dar amor e carinho à sua filha. ... More

My precious
Silly
Love
Precautions
Birth
Strange little thing
Extra large

Dear daughter

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By bttomjjk

Oi, meus amores. Confesso que não pretendia postar isso aqui, mas estava agoniada de deixar vocês sem nada por tanto tempo.

Esse cap em especial era uma OS, mas como decidi escrever Precious meio que inspirada no que aconteceu antes do que tá escrito aqui, decidi transformar em um cap extra.

Por favor, ignorem se alguma informação estiver divergente, não tive coragem de modificar isso aqui porque sempre foi meu xodó.

Dito isso, boa leitura, votos e comentários são bem vindos <3

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O clima não era um dos melhores naquela casa. De um lado, Jimin segurava algumas malas e tinha uma expressão preocupada no rosto, Jeongguk estava em sua frente, um pouco distante, e praticamente desesperado. No meio do casal, se encontrava a pequena Myunghee, fruto do casamento de sete anos dos pais.

A garotinha veio ao mundo alguns meses depois do casamento de Jimin e Jeongguk, o mais novo já carregava a filha em seu ventre quando a cerimônia aconteceu, porém apenas descobriram tal fato no terceiro mês de gestação. Myunghee nasceu saudável e era uma criança muito arteira e carinhosa, sendo esse último apenas com Jimin.

Ninguém conseguia explicar aquele comportamento, a menina sempre fora mais apegada ao Park e jogava todas as suas travessuras e desobediência em cima de Jeongguk. No geral, as crianças eram mais apegadas aos pais que as geraram ou as mães, mas a garotinha de seis anos não queria conversa com seu pai mais jovem.

Jeongguk já perdera a conta de quantas vezes tentou se aproximar, mas toda vez que tentava tinha que lidar com alguma travessura diferente. Já se perguntara diversas vezes o que estava fazendo de errado, se a própria filha não gostava de si porque era um pai ruim e chegou até a cogitar a possibilidade de tudo ser ciúmes de Jimin, mas seu marido sempre tirava essas ideias de sua cabeça.

A situação complicada do momento ocorria porque Jimin precisava fazer uma viagem por causa de seu trabalho e, sendo um biólogo importante de seu grupo, não podia cancelar. Jeongguk estava de férias de seu trabalho como fotógrafo, não sabia se ficava com medo de ficar sozinho com a filha e não saber como lidar com ela, ou feliz por finalmente ter uma chance de tentar se aproximar.

O vôo do mais velho sairia em pouco tempo, o Park precisava ir logo, sentia uma dor no coração por deixar os dois sozinhos, mas era necessário. O táxi o aguardava, a família já estava no portão para dar tchau. Jimin chamou a filha, que correu para seus braços e o abraçou apertado, enterrando o rosto no pescoço do moreno, pedindo várias vezes para que ele não fosse.

- Eu volto logo, meu amor. - dizia baixinho acariciando os cabelos longos da filha. - Obedeça o papai Gguk, sim?

- Não quero que você vá, appa. - a garotinha apertou mais seu pai, usando toda a sua força para o manter ali.

- Em uma semana estou de volta, prometo trazer algo bem legal para você. - lentamente o Park se soltou da filha, suspirando. - Vá para dentro, está frio e eu preciso me despedir do seu pai.

A garota choramingou novamente, encarou Jeongguk com os olhos cheios de lágrimas e foi correndo para dentro da casa. O Jeon já estava com os olhos molhados, sabia que aquela semana seria conturbada.

- Você tem mesmo que ir? Não pode adiar? Como passarei uma semana inteira sem você por perto? - jogou as perguntas no marido enquanto o abraçava forte. - Não vou conseguir lidar com ela, Myunghee não gosta de mim, nossa filha não gosta de mim!

Jimin não gostava de ver o marido daquela forma, sabia que Jeongguk não tinha culpa de tudo aquilo, até já havia conversado com a filha sobre o assunto, e o que recebeu da menina foi um "ele não deixa você ficar comigo appa, sempre que você está em casa, ele quer que você fique apenas com ele!". O Park sabia que Jeongguk suspeitava que tudo fosse ciúmes, mas não deixava o mais novo acreditar na própria tese, queria que a garota explicasse. Aquela semana que estaria viajando, seria essencial para o relacionamento de pai e filha.

- Eu não posso, Gguk, tenho que ir. - afastou um pouco o rosto do marido, apenas o suficiente pra dar um selo casto em seus lábios. - E sobre Myunghee, não se preocupe, nossa filha te ama. Aproveite essa semana para tentar se aproximar e conversar com ela, entender seus motivos. Garanto que quando eu voltar, vocês estarão grudados e vão deixar o appa aqui de lado.

Jeongguk sorriu fraco, deu mais um rápido beijo em Jimin e o ajudou com as malas, podia ver que o taxista já estava impaciente. Depois de um "eu te amo" mudo, observou o carro levando seu marido para longe, e quando já não podia ver o veículo, suspirou triste e voltou para dentro de casa.

Suas mãos suavam, sentia-se nervoso como se estivesse indo brigar com um monstro, não passar um tempo sozinho com a própria filha. Fechou a porta atrás de si e procurou a menina pela sala, a encontrou no sofá rodeada de folhas de papel e lápis de cor, amava desenhar, assim como o pai.

- Myung? - timidamente se sentou ao lado da pequena, que o encarou por um instante e voltou a desenhar. - Está com fome?

Tudo o que a garota fez foi assentir, não deixando de pintar em nenhum momento. Jeongguk suspirou, se levantou e foi até a cozinha fazer algo para comerem. Estava quase na hora do almoço, então preparou uma refeição simples.

Já colocava os dois pratos na mesa quando ouviu um barulho alto vindo da sala. Largou-os sobre a pia e correu até o outro cômodo, se assustou quando viu sua filha sobre a estante da televisão, o vaso que enfeitava o local estava estraçalhado no chão. Myunghee estava com um olhar culpado, e ao mesmo tempo temeroso, não tinha muito contato com seu pai e tinha medo dele fazer algo contra ela, sem Jimin para defendê-la.

Podia ser um pensamento equivocado, mas não podia parar de pensar nos monstros que apareciam nos desenhos que assistia, esses que faziam mal quando não havia ninguém por perto. Não que achasse seu pai um monstro, apenas não tinha tanta confiança nele como tinha em Jimin.

Jeongguk suspirou novamente, teria que dar uma pequena bronca na menina, mas tinha medo de que isso fizesse com que ela se afastasse ainda mais. Passou a mão pelo cabelo e andou lentamente na direção da menor, a tirou da estante e colocou delicadamente no chão.

- Filha... o que você estava fazendo ali? - se agachou para ficar na altura da pequena, falando baixinho e calmo.

- Eu queria pegar o Chanz. - apontou para o ursinho de pelúcia que estava no alto do móvel. - Mas bati meu pé no vaso e ele caiu.

Jeongguk se levantou e pegou o ursinho no alto, deu algumas batidinhas para tirar a poeira e entregou para a filha. Esperava algum tipo de agradecimento ou um pedido de desculpas pelo vaso, mas nada veio. Myunghee apenas lhe virou as costas e voltou para o sofá.

Voltou para a cozinha, precisava terminar de fazer o almoço e não seria uma tristeza que já estava acostumado que o abalaria. Terminou rápido, a buscou na sala e almoçaram em silêncio.

O primeiro dia sem Jimin não fora fácil. Além do incidente do vaso, Jeongguk precisou correr para tirar a filha de encrencas diversas vezes, como quando a criança quase se enfiou no vaso sanitário ou quis a todo custo mexer no fogão sozinha enquanto seu pai falava ao telefone. A noite depois de ter a certeza que a menor dormia bem e agasalhada, Jeongguk apenas se jogou em sua cama e dormiu de qualquer jeito.

O canto de alguns pássaros davam bom dia, o sol brilhava do lado de fora e uma certa garotinha acordava silenciosamente. Ainda não sabia ver as horas, mas acreditava que estava cedo, já que não ouviu nenhum barulho que mostrasse que Jeongguk estivesse acordado.

Ah, seu pai, gostava tanto dele. Mesmo que apenas aprontasse na maioria do tempo que estivesse com ele, o amava tanto quanto amava Jimin. Em sua cabeça de seis anos de idade, o Jeon era um concorrente para ganhar a atenção do Park, a pequena pensava que seu appa ficaria triste se ela começasse a demonstrar tanto carinho pelo outro, como se estivesse sendo trocado. Foi então que decidiu ter uma espécie de rixa com Jeongguk, onde apenas ela sabia o motivo e o objetivo de tudo que fazia. Não podia deixar Jimin triste, isso jamais.

Era uma pena que, o que ela não percebia, era que enquanto tentava não magoar um, acabava machucando outro.

Totalmente largado na cama, um certo papai despertava lentamente, abrindo os olhos grandes e se espreguiçando. Sentou na cama, fez uma careta quando seus pés tocaram o chão frio e viu no relógio na mesinha de cabeceira que passava das oito horas. Prestou atenção no barulho tranquilo dos pássaros, até que notou algo estranho. Água corria pelo chão do cômodo, lembrava-se de não ter fechado a porta na noite passada, e que havia uma banheira de hidromassagem no banheiro de seu quarto. Estranhou, pois não fazia sentido, Jimin não desperdiçava água daquela maneira.

Como se sua cabeça estivesse começando a funcionar naquele instante, lembrou que Jimin não estava em casa, a única pessoa além dele era Myunghee. Se desesperou, a banheira tinha cerca de noventa centímetros de profundidade, mais que o suficiente para uma criança de seis anos se afogar. Com esse pensamento, correu até o banheiro e se apavorou ainda mais por encontrar o mesmo cheio de espuma, todos os frascos de sabonete líquido e sais de banho estavam vazios ao lado da porta. Não pensou duas vezes e se jogou no meio daquela bagunça, abrindo os braços e tentando achar sua filha.

- Myung! Myunghee! - praticamente mergulhava e jogava espuma para cima, já pensava que havia a perdido, até que ouviu uma vozinha cantarolando uma música infantil no corredor. - Eu não acredito! Park-Jeon Myunghee!

A menina levou um susto quando teve a visão de seu pai cheio de espuma saindo do banheiro e vindo até si, parecia um monstro da neve em sua concepção. Abraçou seu ursinho e se encolheu, deu um sorrisinho culpado e saiu em disparada para seu quarto.

Jeongguk respirou fundo, tirou um pouco da espuma do cabelo e foi procurar o rodo e os panos para limpar toda aquela baderna, mais tarde conversaria com a filha, daquela vez ela não escaparia.

Cerca de três horas mais tarde, estavam sentados para almoçar, cada um em uma ponta da mesa. Jeongguk observava a filha comer em silêncio, sabia que era o momento de perguntar o motivo do que aconteceu mais cedo, mas não sabia como abordar.

- Desculpa... - o silêncio estava tão arrebatador que Jeongguk pensou estar ouvindo coisas quando um sussurro baixinho chegou aos seus ouvidos. Sorriu radiante, assentiu diversas vezes e disse que estava tudo bem, apenas pediu para que não fizesse novamente.

Terminaram o almoço normalmente, Myunghee saiu de sua cadeira e correu para o sofá, onde seus cadernos e lápis já estavam a postos. Se empenhava em desenhar tudo que acontecia, para quando Jimin chegasse, pudesse saber o que a filha e o marido fizeram todo esse tempo que passou ausente.

No dia anterior havia desenhado Chanz, a televisão, o vaso, o fogão e Jeongguk cheio de risquinhos vermelhos acima da cabeça, como se estivesse bravo. Naquele momento estava tentando desenhar seu pai cheio de espuma cobrindo seu corpo, os traços infantis com lápis cinza deixaram uma figura confusa no centro do papel, mas nada que ela não soubesse explicar.

Jeongguk não sabia explicar ao certo, sabia que já havia tido um progresso em sua relação com a filha, mas ainda queria entender o porquê de ela ter o evitado e o tratado como concorrente desde que era menor. Esperava que pudesse ter um diálogo saudável com ela e colocar todas as cartas na mesa.

O terceiro dia sem Jimin foi o mais tranquilo, Myunghee não parecia muito animada para aprontar, então decidiu dar uma folguinha merecida para Jeongguk. Os dois passaram o dia todo assistindo filmes e comendo algumas besteiras que eram proibidas quando Jimin estava em casa, o mais velho odiava comida industrializada e doces com uma quantidade excessiva de açúcar. Não sabia ao certo como foi parar naquela situação tão agradável com a pequena, mas iria aproveitar o máximo que pudesse.

- Vai ser nosso segredinho.- Jeongguk sussurrou com um olhar sapeca e fez um high five com a filha, jogando uma jujuba na boca em seguida.

O quarto dia amanhecera nublado, uma garoa fina caía desde manhã e havia uma previsão de raios e trovões para a noite.

Jeongguk desceu de seu quarto com um casaco, calças e botas para sua filha, sabia que teria trabalho para vesti-la, mas a saúde dela valia o esforço. Passou pela sala, vendo a bagunça de embalagens vazias do dia anterior espalhada pelo cômodo, e passou procurar a menina pela casa, já que ela não estava com seus cadernos no sofá.

Varreu com os olhos cada cantinho onde pensava que poderia encontrá-la, mas não havia nenhum sinal dela. Parou por um instante e colocou as mãos na cintura para pensar, a chuva do lado de fora havia engrossado, o que com certeza fez com que diversas poças fossem formadas no jardim aos fundos da casa. Como se uma lâmpada acendesse em sua cabeça, Jeongguk jogou as peças que tinha em mãos no sofá e correu para as portas que davam acesso ao local cheio de flores. Não foi nenhuma surpresa para si encontrar sua filha pulando em meio a chuva, rodando e correndo.

- Myunghee! Vai ficar doente! - à essa altura o Jeon já havia saído da proteção do telhado e estava quase tão encharcado quanto a menor. - Vem, vamos tomar um banho quente.

A cada palavra que dizia, ia chegando mais perto da criança arteira que fazia um biquinho para si. Escorregou diversas vezes no pequeno trajeto, já que usava apenas chinelos que não eram lá a melhor coisa para se andar na lama, e quando pensou que levaria a vitória tão facilmente, Myunghee correu para longe de si, o desequilíbrio causado pelo pequeno susto levou Jeongguk ao chão, espirrando água para todos os lados.

Ainda em choque, ouviu uma gargalhada infantil e levou seus olhos até a menina, que se abaixava igual Jimin quando ria demais. Estreitou os olhos, olhando-a em desafio enquanto se levantava, e assim que se colocou de pé, saiu em disparada atrás de sua filha, pouco se importando se ambos poderiam ficar doentes, voltar a ser criança por alguns instantes não seria tão ruim.

A brincadeira teve seu fim algum tempo depois, quando o primeiro raio cortou o céu, aparentemente a tempestade prevista para a noite resolveu dar o seu "olá" um pouco antes que o planejado. Jeongguk correu para enrolar a filha em diversas toalhas para que ficasse aquecida, e foi para seu quarto a fim de encher banheira com água quente antes que o clima piorasse.

Alguns minutos depois os dois estavam sentados aproveitando o conforto que aquela banheira podia lhes proporcionar, mesmo que estivesse desligada por causa dos raios. Jeongguk vestia uma bermuda e Myunghee estava entre suas pernas, ele tomava cuidado em segurá-la, já que a banheira era um pouco funda. Aproveitavam em silêncio, a tranquilidade era tanta que foi uma surpresa ter chamado a menor e ela não ter respondido, ela dormia.

Sorrindo, levou a mais nova até sua cama, a vestiu com roupas quentinhas e a deixou descansando. Desceu para a sala e ligou para Jimin, não falava com o marido desde que ele viajou, quatro dias atrás. Estava feliz em poder contar as novidades, como sua relação com Myunghee estava melhorando e queria saber como o outro estava.

- Oi. - sorriu grande assim que a imagem do marido surgiu em seu celular. - Estou com saudades.

- Também estou, amor. - o Park suspirou cansado, sorrindo triste. - Botswana é incrível, mas quero estar com a minha família de volta.

- Daqui três dias você vai estar conosco, aproveite a viagem até lá.

- Meu próprio marido não quer me ver, eu deveria me sentir magoado com isso? - colocou a mão no peito dramaticamente. Jeongguk revirou os olhos. - Onde está Myunghee? Faz alguns minutos que estou falando com você e ela ainda não apareceu.

- Está dormindo, aqui está frio e ela se cansou depois da brincadeira.

- E como estão as coisas entre vocês? Já conversaram?

- Estamos bem mais próximos, não sei dizer ao certo como ou quando as coisas mudaram, mas estou tão feliz, Minnie. - Jeongguk estampava um sorriso largo e alegre, os olhos lacrimejavam ao falar da filha. - Finalmente estou me aproximando dela, vendo que ela não me odeia como eu pensava.

- Eu disse que ela te ama. - Jimin estava muito feliz pelo marido, sabia como essa aproximação era importante para ele. - Mas vocês ainda precisam conversar, ou as coisas voltarão a ser como antes quando eu chegar. - Jeongguk assentiu, sabia que o marido estava certo, mas tinha medo de conversar com a menina e todo aquele avanço que tiveram, fosse em vão.

Já estava anoitecendo quando Myunghee apareceu na sala, pedindo para falar com seu appa. Os dois não sabiam, mas a garota ouviu grande parte da conversa entre seus pais, inclusive a parte em que o Jeon falava tão alegremente de si. Se sentiu mal por um instante, vira que seu pai queria de verdade uma aproximação, queria seu amor como Jimin possuía. Conversou um pouco com seu appa, disse que estava com muita saudade e queria vê-lo logo.

Jeongguk estava na cozinha preparando o jantar, a chuva do lado de fora não dava trégua, os trovões antes longínquos podiam ser ouvidos com mais clareza e relâmpagos iluminavam o céu em intervalos de tempo cada vez menores. Levou um susto e gritou quando, com um trovão mais alto, Myunghee pulou sobre si e agarrou seus braços, o que levou a vasilha com carne que estava em sua mão ao chão.

Respirou fundo, se acalmando aos poucos e estreitou os olhos para a menor assim que notou aquela bagunça toda, mas desfez sua expressão de repreensão assim que recebeu um meigo sorriso culpado. Mais um trovão foi ouvido, Myunghee escondeu o rosto no pescoço do pai e choramingou baixinho, Jeongguk pensou em algo que pudesse animar a menina e distraí-la dos barulhos altos.

- Ei, quer me ajudar a fazer panquecas? - a atenção da garotinha foi atraída no instante em que recebeu a proposta. Assentiu lentamente, tirando um sorriso radiante de seu pai. - Espere em sua cadeira enquanto eu tiro essa carne do chão, já começamos.

Poucos minutos foram necessários para que o chão da cozinha estivesse brilhando novamente, pai e filha estavam encostados na bancada com os ingredientes a sua frente. Se entreolharam, e logo colocaram a mão na massa. Farinha, ovos, leite, açúcar e fermento se tornaram uma massa de panquecas saborosa, que receberam um pequeno cubo de manteiga e um pouco de xarope depois de prontas. Jeongguk sabia que não era a refeição mais saudável para aquele horário, mas pelo menos conseguiu distrair Myunghee.

Naquela noite, raios e trovões reverbeavam pelo céu da capital coreana, Jeongguk sorria bobo enquanto abraçava delicadamente o corpo adormecido de sua filha. O motivo? A conversa que tiveram instantes antes.

A tempestade aumentava, cada barulho alto assustava pai e filha em demasiado, então Jeongguk decidiu fazer sua menina dormir. Não seria uma tarefa fácil, quem sempre a fazia dormir era Jimin, mas teria que assumir a função naquele momento. Precisou correr por todos os cômodos atrás da pequena com um pijama em mãos, mesmo assustada, tinha muita energia para gastar, e o Jeon estava sofrendo um pouco com isso. Cerca de meia hora de corre-corre pela casa foram necessários para Myunghee cansar e praticamente se jogar nos braços do pai. Jeongguk gargalhou enquanto a vestia com a roupa quentinha, deitou na cama que dividia com Jimin e a puxou para debaixo das cobertas. Ambos pareciam uma bolinha fofa em meio ao tecido.

Myunghee estava quietinha apreciando o carinho que o Jeon fazia em seu cabelo e ouvindo as gotas de chuva batendo violentamente na janela. Começou a pensar em como estavam em vista de alguns dias antes, quando jamais cogitara ficar daquele modo com alguém que não fosse Jimin, e por um instante se arrependeu pelo modo como tratava Jeongguk. Sua cabeça de seis anos não entendia direito qual tipo de sentimentos suas atitudes despertavam, mas sabia que não era algo bom, então sabia que deveria pedir desculpas.

- Papai? - cutucou o pescoço do Jeon, que virou sua atenção para ela um pouco surpreso. - Você está triste agora?

- Não, por que pensou nisso? Eu pareço triste? - Jeongguk estava com o cenho franzido, não entendia de onde sua filha havia tirado aquilo.

- Não sei, mas acho que já te deixei triste. - Ok, agora a surpresa estava estampada em sua testa enquanto Myunghee apenas dava de ombros. - Appa me disse uma vez que eu te deixava triste, porque não brincava com você, só com ele. Eu não queria te deixar triste, mas não queria deixar o appa também.

- E como você deixaria seu appa triste?

- Se eu começasse a brincar com você também, acho que ele ficaria triste, não sei se ele gosta de dividir. - a pose da garotinha de seis anos era de quem estava pensando seriamente, concentrada. - Mas eu gostei de brincar com você, foi tão legal! Você é muito legal papai! Eu tenho que pedir desculpa, né? Você me desculpa?

Jeongguk parecia não estar entendendo o que estava acontecendo, Myunghee estava mesmo pedindo desculpas por tudo? Céus, como sua filha era madura e inteligente. Passou algum tempo a olhando com os olhos arregalados, até que conseguiu sorrir e assentir diversas vezes com a cabeça, segurando as lágrimas que queriam descer, estava tão emocionado. Não levou nem um segundo para que ela se jogasse em seu colo, dando um abraço apertado no progenitor que ignorou durante tanto tempo. Alguns minutos foram necessários para a criança bocejar sonolenta, então foi deitada e coberta novamente. Jeongguk se deitou e abraçou delicadamente o corpo menor que o seu, já estava quase dormindo quando ouviu uma vozinha sonolenta dizer algo que fez todo aquele trabalho valer a pena.

- Amanhã podemos brincar? - o sono que sentia permitiu que deixasse apenas um sorrisinho escapar quando Jeongguk assentiu. - Boa noite, eu te amo papai.

E então chegamos naquele momento onde o sorriso não saía da boca com dentinhos avantajados e o sono parecia ter ido para o espaço. Pensou em se levantar e contar tudo para Jimin, mas a chuva ainda não havia parado, o fuso horário do local que o outro estava era diferente do coreano e nem sempre o sinal estava disponível, e estava com um pouco de preguiça também, confessava. Tudo que pôde fazer foi se embolar nas cobertas e adormecer na marra.

Mais uma vez o dia amanhecera, o penúltimo sem Jimin. Jeongguk acordou com um ótimo humor, a conversa da noite anterior ainda estava nítida em sua mente, finalmente tinha colocado todas as cartas na mesa e agora poderia viver uma relação normal de pai e filha com Myunghee. E por falar na menina, essa mantinha os olhinhos atentos em seu pai despertando lentamente.

- Bom dia, pequena. Dormiu bem?

- Bom dia papai! Dormi muito bem. - estufou as bochechas e prolongou o "u". - Podemos ir brincar agora?

- Nada disso mocinha, temos que tomar banho e café da manhã primeiro. - Jeongguk gargalhou quando a garota fez um biquinho e cruzou os braços emburrada, a mesma mania de Jimin.

Depois de fazer o que era necessário para começar bem o dia, aquela casa parecia estar sendo habitada por duas crianças. As embalagens esquecidas desde o dia dos filmes agora estavam espalhadas pela sala enquanto duas pessoas faziam uma guerra de travesseiros que rendeu muitas penas pela casa afora. As horas foram passando e a casa ficava cada vez mais bagunçada, Jeongguk sabia que teria problemas se Jimin chegasse e tudo estivesse naquele estado - o mais velho era praticamente um maníaco por limpeza -, mas esse fato não impediu as brincadeiras por todo aquele dia.

Jimin retornaria no dia seguinte, e o Jeon não mexeu nem um dedo para arrumar toda aquela baderna, pelo contrário, apenas a deixava pior. Agora brinquedos e roupas estavam espalhados junto com mais diversas embalagens de doces e outras besteiras. Myunghee estava ajudando seu pai a fazer panquecas, mas o que deveria ser apenas mais um processo normal de se fazer a massa, acabou virando uma festa de trigo voando por toda a cozinha.

A menina não resistiu em olhar todo aquele trigo a sua disposição e não fazer nenhuma travessura, por isso encheu sua mãozinha com farinha e jogou em Jeongguk. A risada infantil soou por todo o cômodo, mas parou no momento em que a vítima do ataque decidiu revidar. E assim começou uma disputa de quem deixava quem mais branco. Acabou empatando.

Depois de muito custo e alguns contratempos - como uma panqueca grudada no teto da cozinha depois de um movimento mal calculado -, finalmente estavam comendo. O tempo passou voando, apenas notaram que aquele dia estava acabando quando estavam deitados para dormir, e naquele momento Jeongguk soube que estava ferrado.

- Amanhã teremos que acordar cedo, ok? - sorriu pequeno quando um olhar confuso e sonolento focou em si. - Seu appa já deve estar no aeroporto de lá agora e chega amanhã por volta do meio dia, e essa casa está uma bagunça, vamos ter que limpar tudo antes que ele veja.

Um diálogo rápido sobre a hora que acordariam no dia seguinte foi necessário antes dos dois se entregarem ao sono, com o fato de que Jimin estaria em casa dali poucas horas e que levantariam às sete.

- Alô? - Jeongguk atendeu com a voz sonolenta, quem ligaria às nove da manhã?

- Bom dia, meu amor! Com saudades de mim? - a voz de Jimin do outro lado da linha era animada. - Logo estarei em casa, tinha uma vaga no voo anterior ao que eu ia pegar e o pessoal do grupo praticamente me jogou dentro do avião.

- Isso é ótimo! - de fato estava feliz, mas também ansioso por causa da bagunça espalhada. - E que horas você chega?

- Já estou em Seul, apenas preciso de um táxi. - um silêncio se fez presente antes de Jimin retornar a falar. - Consegui o táxi, daqui uns quinze minutos estarei em casa.

- Quinze minutos!? - não era a intenção de Jeongguk dar um grito tão alto e agudo, mas foi inevitável. - Digo, que ótimo meu amor! Logo nos veremos. Eu preciso ir Jiminnie, Myunghee está chamando, até daqui uns minutos, tchau!

Ok, talvez tenha sido um pouco mal educado em desligar na cara do marido daquela forma, mas estava em desespero! Se Jimin chegasse e visse toda aquela zona, não apenas Myunghee ficaria de castigo, mas ele também! Tinha pouquíssimo tempo para arrumar tudo.

- Myung! - tentou balançar a filha delicadamente, mas não deu muito certo. - Myung, acorda!

Dois minutos foram gastos para despertar a garotinha e a tirar da cama, logo os dois estavam correndo pela casa e recolhendo tudo que havia espalhado em sacolas, que jogaram no quarto de hóspedes logo depois, ficaria lá até que tivessem uma chance de arrumar tudo. Faltavam cerca de cinco minutos para que Jimin chegasse quando foram para a cozinha, limpavam todo o trigo espalhado como se suas vidas dependessem daquilo.

Se jogaram no sofá no mesmo instante em que a porta da entrada se abriu, a figura de um Jimin sorridente passou por ela e apenas isso bastou para que Myunghee esquecesse o cansaço e corresse para os braços do recém chegado.

- Appa, que saudades!

- Também senti saudades, meu anjinho. - Jimin deixou tudo que trazia no chão e se concentrou no abraço de sua pequena. - Como foi enquanto estive fora? Obedeceu o papai Gguk?

Então a garotinha contou tudo o que fizeram naquela semana, não com tantos detalhes, e deixou Jimin com o coração quentinho ao ver que a relação de seus dois bens mais preciosos tinha mesmo melhorado.

- Pensei que vocês iam derrubar essa casa, mas está tudo tão arrumado. - Jimin estava tão entretido admirando a limpeza que não percebeu o sorriso cúmplice entre os outros dois. - Ainda bem, eu ficaria louco se chegasse aqui e encontrasse sujeira.

- Que bom que não está sujo, mas não está esquecendo de nada? - revirou os olhos quando Jimin olhou confuso e abriu os braços. - Dar um abraço no seu marido, talvez?

Os olhinhos da menina brilharam quando seus pais se abraçaram e deram um beijinho. Decidiu que continuaria a brincar com Jeongguk dali em diante, seu appa parecia feliz quando ela contou sobre as brincadeiras, não faria mal. Se surpreendeu quando um leãozinho de pelúcia foi estendido até si.

- É o novo amigo do Chanz. - Jimin piscou para si com um sorriso.

- Obrigada appa! - mais uma vez pulou nos braços do mais velho, puxando Jeongguk junto. - Eu amo vocês, papais.

Os dois sentiram os olhos marejados pela declaração da filha e tinham sorrisos gigantes nos rostos. Levou um tempo até que a menor quisesse sair do abraço e corresse escada acima, dizendo que iria colocar o leãozinho junto com Chanz e pegar alguns "documentos" importantes para Jimin, seus desenhos.

Abraçados mais uma vez, o casal contou as novidades e trocou alguns beijos antes que Myunghee voltasse. Jimin disse que estava com sede e foi para a cozinha deixando o marido sorridente sozinho na sala com o pensamento de que à partir daquele momento sua vida e rotina mudariam, pois além de seu marido, sua querida filha também estaria ao seu lado. Fechou os olhos e suspirou, o sorriso que estava em seu rosto até segundos atrás deu lugar a uma expressão assustada, se lembrou de que não havia desgrudado aquela panqueca do teto, e Jimin provavelmente já havia visto.

- Jeon Jeongguk! - o grito do marido na cozinha apenas confirmou, talvez as coisas não acabassem tão calmas quanto ele desejava.

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E então... O que acharam? Me digam, essa coisinha ficou à altura de ser postada em Precious?

Amo vocês, até quando minha criatividade decidir florescer <3

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